terça-feira, 25 de julho de 2023

<>VOU- ME EMBORA PRO PASSADO QUIXADAENSE -PARÓDIA BASEADA NO POEMA "VOU-ME EMBORA PRÁ PASÁRGADA" DE MANUEL BANDEIRA E "VOU-ME EMBORA PRO PASSADO DE JESSIER QUIRINO

 

Magarefe Adauto
<>Vou me embora pro passado do meu Quixadá querido. Lá, sou amigo do rei! Vou me embora pro passado. Lá, tem pessoas do  nosso coração como Luiza Lopes, Adolfo, Professora dona Tintina, Neêmia, Francisco Segundo, Seu Capelo, Dona Fernanda, Zé Paulino, Nina, Mário Bertoldo, o magarefe Adauto, a disponibilidade dos médicos Everardo Silveira, Dr. Antônio Magalhães, Laércio, Dr. Nelson, Dr. Eudásio, o solidário farmacêutico José Forte Magalhães  e muito mais gente boa. Vou me embora pro passado quixadaense porque lá éramos mais felizes. Lá, irei passear de charrete com minha doce amada. Tem o caminhão de Zé Pilhéria alegrando as ruas, a simpatia de Zé de Melo no seu táxi branco como  a neve, o taxi corujão do Toinho, a disposição a noite toda dos que gostam da noite, o sempre bem cuidado carro do Teteu, o caminhão dirigido com maestria pelo Tuquinha. Vou me embora pro passado da terra dos monólitos. Lá, serei bem feliz dançando nos forrós do Avante, da Aliança, muitas vezes com o sanfoneiro Chico Maneiro. Lá, é tudo barra lima, bicho! Não ficamos tristes, nunca borocoxô.  Assistirei filmes de Mazaroppi, Oscarito, Grande Otelo, Elvis, Brigite Bardot, Yul Brinner, Charleston West no Cine Yara. Numa majestosa tv Colorado na casa da minha tia Baviera assistirei ao programa Jovem Guarda, Perdidos no Espaço, Terra de Gigantes, Jeannie é um Gênio e junto com mamãe e minhas irmãs acompanharei a novela com o drama de Antônio Maria e Heloísa. Se a tv falhar, levo para o Luis Adolfo consertar. Lá No passado do meu Quixadá, as pessoas acreditam nas coisas do céu e acompanham a procissão comandada pelo Padre Luiz até o açude do Cedro. Aprenderei a rezar com os ensinamentos de irmã Plácida, Rute, Cristófora. Amarei a natureza, os animais, seguindo ao santo dos pobres, São Francisco de Assis, orientado pelo padre Franciné.  Lá. serei sempre elegante e usarei camisas Volta ao Mundo, calças Faroeste, compradas na Casa Olinda e na loja do simpático Zeque Roque. Comprarei tecidos na loja do senhor Expedito e mandarei a costureira Juju da rua da Palha preparar calças bem invocadas.  Comprarei espelhinhos e pentes Flamengo nas feirinhas perto do velho prédio da prefeitura. Para ficar tinindo de cheiroso pego desodorante Senador na mercearia do Pedrosa  e para triunfar pela cidade, usarei brilhantina Glostora e meu cabelo será a La Elvis Presley. Ouvirei A Volta do Boêmio, Amor Fingido, Asa Branca nos serviços de Alto falantes de  Zé dos Santos na rua Flores, na Solon Magalhães, na Voz do Norte do Paroara. Gastarei minha mocidade me divertindo no bar do Apulco junto com os amigos e na Cova da Onça. À noite, ficarei bem pertinho da lua curtindo a roda gigante do parque Brasil.  Terei merenda das melhores ao beber o refresco super saboroso no ponto do senhor Zé Pinto. No passado quixadaense, tem o passeio de bondinho para o açude do Cedro e nas paradas, ajudarei o boleeiro Chico Cangalha a alimentar os burros e fazer agrado na burra Canindé que é a mais carinhosa. Vou me embora pro passado da terra dos monólitos. Lá, tem paquera na praça Dr. Revi depois da missa relâmpago do Padre Bezerra. Tem o melhor picolé do mundo na lanchonete do Nivaldo e a simpatia do senhor Geraldo Paz. Lá, tem lindas senhoras e meninas que ficam prá frentex adquirindo produtos na loja do Zé Neco e Maria Hemetério no velho mercado. Naqueles tempos, Quixadá tinha tudo de bom e do melhor. Pegarei minhas revistas preferidas na tipografia do simpático José da Páscoa: Zorro, Revista do Esporte, Revista do Rádio, Fantasma, Mandrake. No meu Quixadá antigo tem carnaval de muita alegria com os bloco dos motoristas, do Zé Pereira, do Chico China e a folia do Balneário com o som de Os Monólitos nos enchendo de felicidade. Dançarei a música de Renato e Seus Blue Caps, Fevers, Roberto, Tina Charles, Dave Maclean lá no Terraço Clube do gente fina Carmélio. À noite, meu coração dará pinote no peito na hora da luz negra nas noites de domingo na AABB. Farei serenata para as meninas mais lindas da cidade utilizando uma radiola chique comprada na loja de Zélia Modas. No rádio Semp da sala ouvirei os programas "Cartões Postais" da Rádio Vale do Jaguaribe, Alô Sertão da Rádio Assunção. Irei rir muito ouvindo o programa "Bola de Meia", vibrarei com a narração de gols de Gomes Farias e acompanharei os comentários de Paulino Rocha, o campeão de audiência. No passado do meu Quixadá querido irei estudar na escola da  professora Neêmia e fecharei os olhos na hora de por as mãos para a temida palmatoria. Num caderno avante, escreverei versos com a orientação da professora Baviera de Carvalho. No meu Quixadá daquele tempo, tem saúde bem legal e se por alguma infelicidade deslocar um braço tem o senhor Quinzinho para colocar no lugar certo. Cuidar de meus dentes não será problema, pois Dr. Belizário deixa-os prá lá de bonitos. Se eu e minhas irmãs precisarmos de remédio meus pais providenciam Biotônico Fontoura, Pyralgina, Minancora, Sympatol e prá tosse forte mamãe aplica banha de cururu. Vou me embora pro passado de Quixadá também porque lá não tem violência, se dorme com portas e janelas abertas e apenas um carro da polícia, o fusca apelidado de Pretinha faz a ronda em toda a cidade. Lá, minha infância será mais feliz e caminharei pela cidade com os pés descalços e os bolsos pesados cheinho de bolachas Estrelas compradas na padaria do Manezinho

Médico Everardo Silveira

Professora Neêmia

Pereira no bloco Foliões da Bossa Nova

Mestre Adolfo-O pai da radiofonia quixadaense

Porteiro do cinema, Zé Paulino e Nina, vendia os ingressos

O táxi branco de Zé de Melo

Padre Luis, benfeitor quixadaense

Mário Bertoldo-alegrava a cidade com seu cavaquinho
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