sexta-feira, 29 de novembro de 2019

LUIZ PIPOQUEIRO - NUMA VIDA SIMPLES, O MODELO DE FÉ NO TRABALHO, NA FAMÍLIA E NOS AMIGOS

Luiz e seu amado carrinho de pipoca
<>Das doces lembranças que guardamos da infância uma das mais presentes é a imagem daquele carrinho de pipoca que olhávamos arregalados escutando o barulhinho de milho estourando. Naqueles verdes anos sempre nos esbaldávamos de brincar de bolas de meia, piões, baleeiras, amarelinha, esconde-esconde, petecas, mas sem a presença do carrinho de pipoca era uma infância sem poesia. Felizmente, alguns guerreiros resistem e mantém viva esta tradição e encantam as crianças de hoje. Podemos encontrá-los, em pequeno número, é verdade, nas praças da Catedral, José de Barros e em outros locais da cidade. Dentre esses heróis da resistência, podemos destacar o simpático vendedor ambulante Luís Pinto Bezerra, chamado por todos, em especial pelas crianças, de Luís Pipoqueiro e que desde 1981 exerce com orgulho e alegria  este honroso trabalho. Foi uma opção que   encontrou para ter sua renda e cuidar de sua querida família. Sabia que a pipoca tem admiradores em muitos lugares como nas praças, cinema, parques de diversões, eventos esportivos e religiosos. Com o dinheiro que havia recebido dos trabalhos executados anteriormente comprou o tão sonhado  carrinho ao senhor Paulo Afonso. A primeira panela(o pipoqueiro nunca esquece) foi comprada no comércio do senhor Eliezer Firmino e os outros produtos como bombons, saquinhos, foram adquiridos no Novinho e na dona Judite. Todos esses detalhes são contados por Luís com muita emoção, afinal, ser pipoqueiro é a grande paixão de sua vida. Jamais esqueceu o primeiro dia de trabalho e depois da oração da tardinha, partiu rumo a praça da Catedral, onde já trabalhavam há algum tempo, o professor de todos os pipoqueiros, senhor Juvenal, de quem se tornaria grande amigo e Seu Zé do Alto e Pedrinho. Faz questão de lembrar o fato de que quando as vendas eram maiores e algum produto chegasse a faltar em algum de nossos carrinhos, nos ajudávamos e socorríamos uns aos outros. Antes de exercer o atual trabalho, ali pelos anos anos 70(século passado), trabalhou durante algum tempo em Fortaleza no Canecão e , claro, ganhou bastante experiência tornando possível trabalhar em diversas atividades. A partir de 1974, passou a trabalhar no Posto Bandeirantes e lá permanecendo por cinco anos. Tornou-se um funcionário da confiança de Sebastião Holanda Pinto e garante ter encontrado não apenas um patrão, mas um amigo que nunca lhe faltou quando dele precisou. Tanto é verdade que lembra ter recebido com tristeza a notícia do falecimento do conhecido empreendedor quixadaense que aconteceu em 16.03.1988. Depois, foi trabalhar na borracharia do seu irmão Chico Pinto, um irmão muito querido e que sempre lhe deu forças para enfrentar a difícil rotina que é próprio das famílias simples. Os natais em Quixadá naqueles anos 80, eram muitos divertidos e Luís montava neste período a sua barraca, próximo ao parque do seu Pedro, o inesquecível Parque Brasil. Nos dias atuais, é possível encontrá-lo com mais frequência na praça José de Barros e sua presença é uma alegria para as crianças e os de mais idade, pois seu carrinho transmite uma linda paz e por algum tempo, todos parecerem voltar aos belos dias da infância. Sabemos que um homem não pode edificar seu trabalho e sua vida estando sozinho e por isso mesmo, Deus presenteou Luiz com uma verdadeira deusa e que sempre lhe deu apoio incondicional em todos os seus momentos. Conheceu Raimunda Maria quando ainda trabalhava no Posto Bandeirantes e ela num hotel bem próximo, e no primeiro momento que se conheceram surgiu um enorme desejo de que acontecesse um namoro. O casamento aconteceu em 28 de maio de 1975 com as bênçãos do Padre Orlando e desta união nasceram as filhas Cosma e Damiana que encontram nos seus queridos pais o porto seguro de que tanto precisam para enfrentarem esta vida que, como falou o poeta, não é brincadeira não. Luiz Pipoqueiro é um homem de muita fé e desde 2010 participa do terço dos homens e sempre estar a lembrar que a presença do homem na igreja é imprescindível para a formação de famílias cristãs. Com tanta gente mergulhada na falta de coragem para enfrentar os desafios da vida, história bonita como a de Luiz inspira e dar esperanças e, com certeza, levanta a auto-estima das pessoas que estão sem trabalho, mostrando que se pode enfrentar os desafios da vida em qualquer idade. Leva demais, à sério, o seu trabalho e tem um zelo todo especial com o seu material de trabalho e eu mesmo pude constatar que seu carrinho está sempre imaculadamente bem limpinho, as panelas bem lavadas e por fim, todo o equipamento do trabalho.  Luiz pediu que publicasse nesta sua história, um pedido que ele pretende fazer: "Nunca desanimem da vida, tenham fé, todo trabalho é digno e há um Pai fiel que não nos abandona". Que bonito é,  que inspiradora é a vida deste trabalhador que é um pai amoroso, um amigo verdadeiro, um exemplo de cidadão que fascina pelos belos exemplos. Ver Luiz passar com seu carrinho é lembrar com ternura, pedaços de nossa infância e ter de volta aqueles verdes anos quando guardávamos moedas no cofrinho e corríamos felizes para comprar um saquinho de pipoca.
Luiz tem orgulho de sua profissão

Luiz com a esposa Raimunda Maria e a filha Damiana

Luiz tem em Dom Adélio um grande conselheiro

Com o irmão Chico Pinto

Anos 70- trabalhando no posto Bandeirantes
O pai Antônio Joaquim Bezerra

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

FRANCISCO ROSA ALBUQUERQUE-SÍMBOLO DE DIGNIDADE, SERENIDADE E HONRADEZ-ELE FOI UM DOS PIONEIROS NA COLETA DE EXAMES BIOLÓGICOS NA TERRA DOS MONÓLITOS

Chico Rosa e Fátima-uma encantadora história de amor
Momentos com a querida família
<>Ele fez daqueles dias tristes de seus familiares, colegas de trabalho e amigos, os mais bonitos e felizes e deixou motivos para todos sorrirem. Ele foi(e é), o motivo maior do sorriso sempre presente na família que tanto amou e lutou feito um guerreiro para que nada faltasse a essas pessoas que eram as suas pedras preciosas. Francisco Rosa Albuquerque eternizou sua presença entre nós por muitos motivos, em especial, por nos ter mostrado o grande valor de amar e ser amado. Com certeza, Deus o escolheu para iluminar nossas vidas com sua doce presença, estivesse em casa, no trabalho ou com os amigos. Sempre levou muito à sério,suas atividades profissionais, pois tinha plena consciência de que o trabalho sempre foi um dos degraus para a plenitude na vida de todos. Atuou durante muitos anos como Laboratorista em Análises Clínicas, sendo um dos pioneiros na coleta de materiais biológicos para exames na terra dos monólitos. Francisco Rosa ganhou a confiança dos médicos e de todo o pessoal da área médica e, em especial, dos pacientes pois realizava com profissionalismo os exames que lhes eram solicitados e sempre seguindo todas as exigências legais necessárias. Começou a desenvolver suas atividades na fundação "SESP", ali permanecendo por vários anos. Sempre correto no desempenho de sua atividade profissional, foi convidado a trabalhar na Clínica Rui Maia ao lado de médicos que viriam a se tornar grandes amigos como Dr. Arlindo, Dr. Antônio Magalhães, Dr. Ítalo,  Dr. Raimundo Amorim e Dra. Iris. Foram seus colegas de trabalho, Humberto Queiroz, Graça, Narciso, Kaká, Maria, Loyola, dentre outros. Em meados dos anos 70, fez surgir o Laboratório Quixadá que viria a se tornar uma referência em todo o sertão central. Se faz necessário afirmar que para se obter  os conhecimentos  necessários no exercício de tão nobre missão, Chico Rosa, como era carinhosamente conhecido na terra dos monólitos, obteve a sua capacitação profissional num curso realizado no estado do Pará. Extremamente organizado e tratando os pacientes e colegas de profissão sempre com muito carinho, em pouco tempo, conquistou o respeito e o carinho de todos. Detentor de um valor inestimável que é a solidariedade, jamais deixou de atender algum paciente que não estivesse em condições de pagar. Sempre estava a lembrar que não podíamos ficar indiferentes ao sofrimento das pessoas que estavam a necessitar de nosso socorro. Todos que o conheceram afirmam que ele sempre trabalhou com muito afinco na busca de atingir seus objetivos profissionais. Deus que a tudo vê e conforta os seres humanos sabia da necessidade da presença de uma verdadeira companheira, uma mulher de virtudes incontáveis na vida do jovem batalhador com quem sempre pudesse contar em todos os momentos, fosse na alegria ou na tristeza. Maria de Fátima Bezerra Albuquerque foi a mulher de sua mocidade, da vida adulta e de toda a eternidade enquanto durou uma das mais belas histórias de amor.  Existem pessoas que demoram muito a vir gostar de alguém, mas no caso de Francisco Rosa e Fátima uma grande paixão se apossou de ambos de uma forma bastante rápida. Na verdade, houve um encantamento naquele primeiro encontro que incendiou o coração daqueles jovens. Com certeza, já naquele encontro que aconteceu num ambiente de trabalho, os dois perceberam ter encontrado o amor de suas vidas. O Natal é o momento mais inspirador do ano e foi exatamente nesta santa noite do ano de 1967 que começou, verdadeiramente, um grande amor entre dois jovens. Naqueles verdes anos, os enamorados frequentavam os bailes de formatura, passeios nos parques de diversões e nas noites de luar, aquele bom e gostoso namoro antigo com promessas de amor. Naquele Quixadá cheio de muita paz, as noites de junho tornavam a cidade mais bonita e muitas fogueiras iluminando os belos monólitos e aqueles jovens trocando juras de amor e dando vivas aos santos joaninos: João, Pedro e Antônio. Bom lembrar que nas décadas passadas, os enamorados precisam da permissão dos pais para Namorarem e assim, tinha sempre por perto a vigilância de alguém da família. O Cine Yara, inesquecível cinema de rua, se tornou ponto de encontro dos apaixonados, mas a garota sempre se fazia acompanhada de algum familiar ou pessoa responsável. Foram exatamente um ano e mais um dia de namoro. E chegou o dia do casamento, o tão sonhado momento! Sob às bençãos do Padre José Dourado, na Catedral lotada de familiares, amigos e colegas de trabalho, Francisco Rosa e Fátima foram declarados marido e mulher. Desta abençoada união nasceram os filhos Ítala, Rosa Junior, Ítalo Robert, Jansen e João Paulo que se tornaram os seus principais motivos de viver. Nosso estimado amigo Chico Rosa participava de outras atividades em Quixadá, como por exemplo, fazer parte de diretorias de clubes sociais e esportivos e foi um grande colaborador da justiça local, atuando no juizado de menores. Depois da família,, sua grande alegria eram os incontáveis amigos, entre os quais podemos destacar, Tavares, Ribamar Lima, Sinval Carlos, Dioclécio, Alceu, Helder Cortês, Dr. Paulo  e era ainda ainda muito querido pelos profissionais da área médica. Algumas vezes, se transformava num seresteiro e emprestava sua bela voz a lua que ria muito daquilo tudo. E acompanhado pelo plangente violão do Armando da Brasilia, fazia suspirar os belos monólitos cantando os versos de Paulo Vanzolini,  "De noite eu rondo a cidade a te procurar, sem encontrar... Nesta vida existem pessoas maravilhosas, quem sabe, são anjos enviados por Deus para enriquecer nossas vidas. O que sabemos ,verdadeiramente, é que Francisco Rosa foi  um pai amoroso, esposo amantíssimo de sua querida Fátima,  profissional correto e verdadeiro amigo que se dizia presente até nas horas incertas das pessoas de sua convivência. Foi um ser humano maravilhoso, mas sabemos que tudo na vida tem um tempo e o do nosso querido amigo foi muito curto. No dia 26 de novembro de 2005, Francisco Rosa Albuquerque partiu para o mundo maior, onde se encontra a mansão dos justos, pertinho do grande arquiteto do universo que o deve ter acolhido de braços abertos. Te pedimos que lá do céu, com toda a sua bondade, seu espírito elevado, nos guie, olhe para todos nós, família e amigos que jamais te esquecerão. Fostes símbolo de dignidade, serenidade e honradez.

Colegas de trabalho na Clínica Rui Maia:Socorro, Maria e Kaká
Estar sempre junto à família foi sua maior alegria
Imagem da família Albuquerque

Tavares, Fátima e Chico Rosa
O casal sempre estava junto aos amigos

Chico Rosa com os amigos Sinval Carlos e Raimundo Costa
Imagem do tão sonhado casamento

terça-feira, 5 de novembro de 2019

OS ANOS DE CHUMBO NA TERRA DOS MONÓLITOS(Parte 3)<>FRANCISCO BRASILEIRO-UM JOVEM QUIXADAENSE QUE SONHOU COM UM MUNDO MELHOR





 Um jovem quixadaense que nunca será esquecido. Gastou parte de sua juventude sonhando e até lutando por um mundo sem tantas injustiças, misérias e um individualismo presente de forma contundente na sociedade. Ele mesmo sentia na pele esta situação e estudando na escola pública sentiu de perto as dificuldades naqueles anos anos de estudante. Sonhava ser médico e poder de alguma forma, diminuir o sofrimento de muita gente. Com muito sacrifício realizou seu grande sonho. Chegou a conclusão de que entrando na vida política, quem sabe, poderia combater com mais forças as injustiças com as pessoas simples. Foi eleito vereador com apenas 18 anos de idade mas a Ditadura não permitiu que ele chegasse ao fim do mandado. Os jovens tiveram um peso importante na luta pela democracia. E como aconteceu com muito deles, nosso Chico também foi humilhado, maltratado, processado e acusado de subversão e até mortos. Quis Jesus, Maria e José que ele não sofresse o mesmo destino de um grande número de jovens que foram assassinados no tempo da ditadura. Faço questão de destacar a atuação do procurador da Justiça Militar na época, Dr. Júlio Carlos Crispino Leite, que considerou improcedente as acusações contra Francisco Brasileiro. Este grande quixadaense morreu em 15 de julho de 1996 e o seu amor e a sua luta pelos mais humildes não sairá da lembrança dos filhos da terra dos monólitos. Das doces lembranças que trago dos meus tempos de adolescente, o Chico já era rapaz de seus vinte e poucos anos,foi o fato de tê-lo acompanhado ,algumas vezes, quando cantava nas nossas praças ou colégios, canções de Gilberto Gil, Chico Buarque e Geraldo Wandré. Eu no violão e ele: "Quem sabe faz a hora não espera acontecer..."
<>Imagens retiradas da Internet
Francisco Brasileiro
Chico Buarque
Gilberto Gil
Geraldo Wandré
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sexta-feira, 1 de novembro de 2019

SOU UM QUIXADAENSE QUE NASCEU HÁ TREZENTOS ANOS ATRÁS

 Num dia qualquer, caminhava, à toa na vida, nas ruas da minha bela Quixadá quando deparei com um senhor, cercado por muitas pessoas e falando, com segurança, que tinha nascido há trezentos anos atrás! Aquilo chamou a atenção de todos! A cada fato contado, passava uma bacia, pedindo uma(ou mais) moedinhas. Ele falava sobre o nosso passado, mais ou menos, assim: Eu vi José Ferreira de Barros, em 1755, tomar posse do seu sítio Quixadá. Vi a imagem da sagrada família que ele trouxe nas bagagens carregadas em costas de burros. Ei vi tudo isso! Nasci há trezentos anos atrás! Presenciei os terríveis três anos de seca: 1877-78-79. Andei pelo grande curral, cercado de arame, levei mantimentos preparados pela minha mãe para aquela gente que tentava sobreviver ali, naquele local. Vi sim! Eu vi! Carreguei as malas de Dr. Revy, o grande nome da construção do açude do cedro.Vi, muitas vezes, a marchambomba(carreta com rodas de ferro, movida a vapor), transportando material para a construção do açude. É, não tem nada sobre Quixadá que eu não saiba demais!Vi tudo! Mamãe me carregou nos braços com medo da sangria do açude, em 1924. Eu fui o entregador do primeiro jornal quixadaense "O Matuto". Eu vi o Pe. Antônio Alexandrino de Alencar abençoar o prédio da estação ferroviária. Vi mesmo! Nasci há trezentos anos atrás! Não tem nada sobre Quixadá que eu não saiba demais! Andei, sem pagar, nos bondinhos que fazia o percurso do açude do cedro até a estação ferroviária. Chorei muito ao ver, ali, no começo dos anos 20, um carro marca Overland, cair no açude, matando meu mais novo amigo, o Pacatuba. Eu vi! Na verdade, não tem nada sobre Quixadá que eu não saiba demais! Acompanhei na Serra do Estevão a inauguração do Colégio São José. Tive o prazer de apertar a mão de Dom Maurício e outros professores. Não pude estudar ali mas, tinha orgulho ao saber que meu avô, Nabor Crebilon de Sousa, era professor de música. Vi tudo isso! Pois nasci há trezentos anos atrás! Assisti missa celebrada pelo padre Cláudio Pereira de Farias, primeiro vigário da paróquia da terra dos monólitos. Fui testemunha, ali por volta de 1910, da criação do Instituto Chaves, onde, conheci, dentre muitos outros alunos, o futuro general Juarez Távora. Eu Vi! Vi sim! Não tem nada sobre Quixadá que eu não saiba demais! Andei pelos sertões, pedindo galinhas, perus, patos, porcos, a pedido do Padre Luis, com o objetivo de ajudar na construção do Colégio das Irmãs. Vi lindas rainhas dos partidos "branco" e "encarnado" nas quermesses realizadas para angariar recursos que tornariam possível a construção da casa de ensino. Pedia ao Mestre Adolfo para colocar mensagens no "Serviço de Alto-Falante Solon Magalhães". Aproveitava e pedia a Dona Luisa um pastel, precisava matar a fome. Eu vi os jagunços quebrando todos os móveis da casa do prefeito Joaquim Costa Lima por este apoiar Franco Rabelo. Vi sim! Ora, se vi! Não tem nada sobre Quixadá que eu não saiba demais! Vi ainda a inauguração em 1922 da Casa São José e a simpatia do senhor Jorge José Roque. Tomei muitos banhos no rio Sitiá e brinquei no sítio das Liinha(hoje Baviera) Vi, muita vezes, uma senhora por nome de Luzia a fazer caretas pedindo esmolas nas ruas de Quixadá. Participei da eleição do primeiro prefeito eleito pelo voto direto, Manoel Freire de Andrade. Não pude esconder meu voto pois, era a chamada eleição "bico de pena", a gente falava para o juiz. Todas as manhãs, tomava café na venda de Antônio Besouro. Fazia compras na mercearia do Paisinho, na rua do Prado. Comprei muito na bodega do Quinzinho. Vi as crianças da escola da professora Nana, conhecida como "minha mestra", encantando a todos, nos desfiles da Independencia, ali pelos anos 30. Presenciei a chegada do presidente Getúlio Vargas, na estação ferroviária. Me sentei, muitas vezes, no banco da praça e tirei prosa com Maurício Holanda, Chagas Holanda, Firmo de Holanda. Comprei carne e sempre no velho fiado nos açougues de Zé Medonho, Zé Laranjeiras.Vi e vivi tudo isso! Pois eu nasci há trezentos anos atrás e não tem nada sobre Quixadá que eu não saiba demais! Beijei a mão do Padre Luis na sua chegada a nossa terra, na estação ferroviária. Rezei na chuva no alto da pedra do Cruzeiro na colocação da cruz de madeira, símbolo da fé dos quixadaenses. Vi os carpinteiros José francisco dos Santos e José Feliciano confeccionando grandes portas para serem colocadas na nova catedral. Chorei como um cão quando perde o dono, ao ver os altares, um trabalho feito por artistas, serem todos destruídos por ordem do Pe. Dourado. Chorei porque, como todo quixadaense, ajudei na construção. Vi tudo isso! Se alguém tem provas que não estou falando a verdade, dou de presente as moedas que ganhei. SOU UM QUIXADAENSE QUE NASCEU HÁ TREZENTOS ANOS ATRÁS!!!