quarta-feira, 22 de agosto de 2018

EDUARDO BANANEIRA-UMA SAUDADE ETERNA DE TODOS NÓS QUIXADAENSES

Eduardo sempre estará no coração dos quixadaenses
<> É com um enorme peso no coração que confirmamos neste espaço a partida do nosso estimado amigo Eduardo Bananeira(Carlos Eduardo Nogueira). Nós, seus amigos quixadaenses, nos unimos à consternação e dor que neste momento vive a sua família. Obrigado Eduardo por teres nos mostrado o verdadeiro sentido da palavra amizade. Obrigado por nos fazeres fortes quando pensávamos ser fracos no enfrentamento da dura realidade que todos vivenciamos no dia à dia. Por trás daquela pessoa que parecia sempre muito séria, um coração de criança e jamais contaminado pelo orgulho ou pela prepotência. Ele gostava de fazer amizade até com quem  nem sabia o nome e era chegado a uma boa prosa como os amigos mais constantes. Com certeza, este jeito brincalhão herdou do pai vovô Bananeira(Carlos Nogueira de Milão) e o carinho para com os colegas de trabalho e amigos aprendeu com a mamãe Maria Soledade. Vovô Bananeira foi um símbolo da alegria e da irreverência na terra dos monólitos. Eduardo era uma espécie de bússola para toda a família pois alertava para a necessidade do estudo, sempre lembrando que os objetivos e as metas que se pretende atingir só o estudo é capaz de realizar. Com sacrifício, foi estudar em Fortaleza e sempre chamou a atenção de professores e colegas pela inteligência e dedicação. Chegou a obter aprovação em vestibulares mas não efetuou matrículas pois a sua vocação situava-se entre a Medicina e a carreira de professor. Era sempre requisitado por escritores para a revisão de textos literários o que garantia qualidade nas publicações. O escritor João Eudes Costa que o chamava de "Nego Eduardo" devido a grande amizade entre os dois, afirmou que na missão de revisar textos ele se destacava pela seriedade e por identificar logo no primeiro contato com o texto as inadequações gramaticais. Devotava um amor imenso aos irmãos Martelo(José Alberto), Cem(Francisco Carlos), Manoel, Caetano, Baía(Maria Raimunda), Elvira, Florinda, Ozélia, Leide, Teonília e Benvinda. Pai amoroso de Carlos de Milão e Elton Luís, soube transmitir com habilidade todo o amor de que eles necessitaram para se tornarem corretos profissionais em suas atividades. O caráter dos jovens Carlos de Milão e Elton refletem a grandeza de seu querido pai. Naquelas horas incertas que todos os seres humanos enfrentam, Dudu(como era carinhosamente chamado pelos amigos) tinha um anjo da guarda ao seu lado por nome de Edna Queiroz que lhe foi presenteado pelo bondoso criador. Por vários anos, lecionou no Colégio Estadual e em outros estabelecimentos e destacou-se como educador no ensino da Língua Portuguesa, sendo muito requisitado pelo público jovem que iria se submeter aos concursos públicos. Na verdade, ele era um apaixonado pela língua de Machado de Assis e era um devorador de livros, em especial, de Guimarães Rosa, Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz e gostava de repassar para os amigos os contos de Moreira Franco.  No Colégio Estadual teve como colegas Valda Alves, Raimundo, Wanderlei, Pery, Lolota, Betinha, Florinda, Hill Holanda, Ailson Silveira, Sargento Moreira, Nivaldo, Valdomiro, Carlinhos, Miranda, Oswaldo Silveira, Gilson, dentre outros. Durante alguns anos, pertenceu ao quadro de funcionários do Banco do Brasil que lhe serviu como grande aprendizado segundo afirmou para algumas pessoas. Mas a saúde não lhe permitiu permanecer muito tempo na profissão. Certa vez, me falou que fez grandes amigos naquela instituição e jamais esqueceu aqueles que foram morar distante de Quixadá. Era um amante e estudioso da evolução da Música Popular Brasileira e tinha uma verdadeira admiração pelo cantor Orlando Silva a quem considerava o melhor de todos até os dias atuais. E agora, como serão nossas idas para a igreja do Alto de São Francisco sem a presença do Dudu sentado em uma cadeira de balanço na calçada de sua casa e sempre pronto para uma boa prosa. Mas, houve apenas o desaparecimento físico. Com certeza, aquela alegria sempre presente, o brilho nos olhos pela chegada de um familiar ou amigo há de continuar presente na vida de todos nós. Mantermos uma atitude sempre de coragem no enfrentamento da vida, gostar das pessoas, da natureza e dos animais é ter a garantia da presença de Eduardo  para todo o sempre entre nós. Dudu, agora que estás na suave companhia de Deus, pede paz para a nossa querida cidade que tanto amas.  Receba um forte abraço deste teu simples amigo radialista. Olha, se aparecer algum portador, mando notícias chocantes aqui de Quixadá. Permanecerás sempre vivo em nossas lembranças!
Estar perto da família era sua maior alegria

Foi um revisor de muitos talentos de textos literários

Tempos de Colégio Estadual(Eduardo é o sexto)

Com colegas do magistério
Vovô Bananeira de quem herdou vocação para uma boa prosa
Eduardo nos verdes anos e uma foto de 2017

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Dr. CHIQUINHO(Francisco Chagas da Costa)- A ADVOCACIA EXERCIDA COM PAIXÃO E SIMPLICIDADE

Dr. Chiquinho e seu eterno mestre Rui Barbosa
<>"Pode entrar que a casa é sua!" É desta forma que o advogado Francisco Chagas da Costa(Chiquinho) acolhe aqueles que o procuram. A porta do escritório está sempre aberta e a simplicidade do cordial profissional faz com que as pessoas fiquem bem à vontade. Por algum tempo, as pessoas se sentem como se estivessem em suas casas. "Só me tratem por Chiquinho, nada de doutor!". Simplicidade é o que mais encanta neste profissional que há muitos anos exerce a desafiadora carreira de advogado.  Quando o casal Geraldo Xavier Costa(Juvino) e Maria Agostinha Costa saíram do Rio Grande do Norte e vieram para a terra dos monólitos, o menino Francisco Chagas Costa contava com 10 anos de idade. Estávamos no começo dos anos 60 e o sapateiro Juvino logo conquistou a clientela e fez grandes amizades.Ele começou a desempenhar seu ofício na oficina do senhor Teófilo, localizada próxima a atual Casa Olinda. Não demorou muito e passou a trabalhar por conta própria. Enquanto o pai trabalhava para o sustento da família, Chiquinho que nasceu em Macau-RN e não em Quixadá vivia a pureza da infância. Foi o momento das brincadeiras com os amigos  mais  constantes como Paulo Inácio(cacete), Didi da Mengarda, Zé bodega, dentre muitos outros. A atenção para com o estudo das crianças sempre foi uma grande preocupação da mãe Maria Agostinha  e  era parte da rotina daquele feliz lar. A primeira professora do futuro advogado  e que estará sempre em sua lembrança foi dona Neusinha e diz não esquecer quando ela colocava os alunos em fila para prestar contas sobre a sempre temida Aritmética. Se o  menino(ou menina) não prestasse conta direitinho da tabuada de somar, dividir e multiplicar, era a hora daquele instrumento de punição física, a temível palmatória. Chegou a hora do Ginásio Waldemar Alcântara onde recebeu ensinamentos de Padre Clineu(era craque na Língua Portuguesa), Iracilda, Jaime, Socorro e Francy  que muito lhe ajudaram a obter conquistas na vida de aluno.  Sempre esteve motivado a prosseguir nos estudos mas teve que dar uma parada indo residir e trabalhar em Santa Helena-GO atendendo a um chamado do seu irmão Geraldo Costa que ali já se encontrava trabalhando no escritório da fábrica do Senhor Joaquim ventura. O irmão e outros quixadaense que trabalhavam naquela cidade voltaram para Quixadá mas Chiquinho lá continuou e mesmo trabalhando resolveu fazer o curso de Contabilidade no Colégio Estadual Vital de Oliveira concluindo o mesmo no ano de 1979. Neste momento, alguns quixadaenses se transferiram para aquele estado indo trabalhar em uma fábrica na cidade de Maurilândia bem próximo a Santa Helena sob a coordenação de Sotero Nogueira Lima Leite, cunhado do senhor Renato Carneiro. Chiquinho foi então trabalhar na fábrica de Rio Verde administrada por Sotero nascendo daí uma grande amizade. Ganhando a confiança de toda a equipe da fábrica, foi realizar um trabalho em Uberlândia, cidade localizada no triângulo mineiro. Um certo dia, caminhando pelas ruas daquela bela cidade deu de cara com a presença de muitos jovens em um espaço de educação superior. Parou por algum tempo, olhou atentamente e percebeu se tratar de uma Faculdade de Direito. Apaixonado pela profissão de advogado e devorador de livros de Rui Barbosa, criou coragem e se informou do valor da taxa de inscrição do vestibular. Na verdade, essa vontade de um dia se tornar  profissional vinha desde a adolescência e sabia que concretizar esta meta não era uma situação inatingível e estava mesmo disposto a tirar leite de pedra, a enfrentar os maiores obstáculos. O jovem comunicou este desejo ao senhor Sotero que concordou e até o incentivou a fazer a inscrição e concluir o tão sonhado curso. Parece até que Chiquinho foi escolhido para seguir o caminho do Direito pois passou por situações verdadeiramente incríveis. Interessante foi que a família em Quixadá só foi comunicada quando houve a conclusão do curso. O irmão Geraldo  pensou até tratar-se de uma brincadeira quando lhe foi dada esta informação da conquista do esforçado irmão. Todos ficaram muito felizes mas não compareceram a festa devido a grande distância entre Quixadá e Uberlândia. Faz questão de lembrar da enorme gratidão que tem para com o senhor Soterro e para com um mecânico por nome de Pedro Machado de Lima que trabalhava na algodoeira de José Baquit e que muito lhe ajudou nos seus estudos superiores. "Finalmente, agora posso afirmar que sou advogado" foram as suas palavras logo após a colação de grau. Tinha plena consciência de que não bastava a graduação mas outra luta viria mais a frente  que seria a aprovação no exame da OAB(Ordem dos Advogados do Brasil). É Sabedor de que nesta profissão é necessário estudar permanentemente pois há a necessidade de se estar sempre atualizado nas questões relacionadas a área jurídica.  Na verdade,  o advogado deve ser um profissional atento ao que  que acontece na sociedade e que impacta na vida das pessoas. Voltou para Quixadá no ano de 1982 deixando bem feliz toda a família mas ainda era um desconhecido para a maioria das pessoas, pois esteve ausente durante muitos anos para dar conta do trabalho e do estudo. Neste seu retorno a terra dos monólitos foi importante o apoio do senhor Lafayete que era um amigo dos mais próximos. O tão sonhado primeiro escritório localizava-se na rua Irmãos Queiroz, próximo ao cartório e em pouco tempo conquistou muitos clientes. Esteve  em outros endereços mas atualmente atende na rua Rodrigues Junior já por mais de dezesseis anos e sempre mantendo uma clientela fiel. Naqueles anos 80,  a terra dos monólitos contava com poucos profissionais do Direito e  Chiquinho cita Dr. Júlio Queiroz que fora juiz e depois ficou advogando durante alguns anos. Lembra quando ele e Dr. Julio se enfrentaram numa ação em que um poderoso mercantil local moveu uma ação contra um cliente muito simples, residente em Itapiúna e com argumentos convincentes foi vitorioso neste embate judicial livrando aquele senhor de uma situação muito complicada. "Foi aquele neguinho que me derrotou, ele é bom, vai trabalhar comigo!" Foi desta forma que Dr. Júlio falou para o senhor Lafayete que sabia que o jovem advogado era sempre bem informado. Se faz necessário destacar que durante alguns anos, atuou na defesa de pessoas necessitadas prestando assistência jurídica e substituindo os colegas que residiam em fortaleza e nem sempre compareciam na defensoria pública.  Atuava como "Ad-hoc", ou seja, advogado que era nomeado para a defesa pública de um réu que comparecia a uma audiência sem um profissional para o defender. Por ter contribuído para uma maior operacionalidade do judiciário quixadaense naqueles anos de dificuldades neste setor foi homenageado em um espaço que recebeu o seu nome no Fórum Desembargador Avelar Rocha. No entanto, uma lei não permitia homenagens as pessoas vivas. Ao contrário de alguns escritórios de advocacia que apresentam um local bem elegante, o do nosso amigo se destaca e cativa as pessoas que o procuram pela simplicidade.  Chama a atenção a placa que identifica o local de trabalho do estimado advogado. Nela apenas consta o nome "Dr. Chiquinho" o que dá um toque de leveza ao espaço.  O relato de algumas pessoas nos mostram que ele exerce a profissão por paixão e pelo desejo de servir aos mais necessitados e que nem sempre podem pagar pelos serviços advocatícios. Para os colegas com menos tempo de profissão os orienta a se empenhar com afinco na defesa do cliente independente do valor a ser cobrado. Sente-se feliz ao ser procurado por jovens colegas pois isto confirma que a experiência é fundamental nesta desafiadora mas atraente profissão. Segundo o jovem advogado Saraiva Leão, quando verdadeiramente for contada a história do direito na terra dos monólitos, o nome do Dr. Chiquinho, com certeza, merecerá um capítulo especial. Muitas vezes, foi buscar clientes em lugares distantes para as audiências pois os mesmos não tinham condições de deslocamento. Não poderia deixar aquelas pessoas serem prejudicadas pelo fato de não poderem pagar as ações de que necessitavam com o objetivo de eliminar possíveis prejuízos em sua vida. Sempre procurou defender os mais humildes combatendo aqueles que se acham superiores as demais pessoas mas no campo do direito, pois é de praxe ser amável e atencioso para com todos. Mesmo com todo este tempo no exercício da profissão que abraçou e com relevantes serviços prestados a comunidade, foge de ostentações e afirma com tranquilidade que  jamais foi o dinheiro que o guiou na sua atuação como profissional e sim a vontade de servir aqueles que necessitam defender seus direitos. Sempre soube que o dinheiro melhora a qualidade de vida de todo profissional e lembra que isso vem naturalmente. Tem consciência de que é difícil conciliar o exercício do direito com a paixão mas é exatamente isso que deve ser a força motriz de um advogado na expressão da palavra. Quando estava terminando a entrevista que realizei com o objetivo de produzir este texto, Chiquinho chamou-me para perto de sua biblioteca, pegou um livro de Leon Tolstói e leu em voz alta: "Não existe grandeza onde não há simplicidade, bondade e verdade".  
A simplicidade do escritório

Ele não é quixadaense como muitos pensam 

Como aplicador do direito tem paixão pelo conhecimento
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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

MEMÓRIA DO FUTEBOL QUIXADAENSE-TIME DO ROTARY CLUB DE QUIXADA

<>Nesta imagem rara, vemos o time do Rotary Club de Quixadá no começo dos anos 80(século passado) que participava de competições com equipes amadoras de outras cidades do interior. Pela ordem:Albuquerque(nosso amigo da Cooperativa) que ficou conhecido como "garapeiro" pois ficava só lá na frente esperando que os companheiros lhe entregassem a bola para marcar gols; Célio Oliveira, jogador de frente mas, às vezes, ocupava o gol e com brilho; Wilson Magno(que foi chefe do INSS em Quixadá; Antônio Gilvan(agrônomo); Dr. Mesquita que era um defensor no estilo do zagueiro Brito(seleção de 1970) pois jogava com muita raça, a bola passava mas, o cara não) e Armando. O time tinha uma torcida bem apaixonada e era aplaudido em qualquer lugar que se apresentasse.
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sexta-feira, 27 de julho de 2018

JOSÉ LINHARES DA PÁSCOA- A VITÓRIA DO TOSTÃO SOBRE O MILHÃO!

Páscoa-na galeria dos grandes prefeitos
 O ano, 1967. O Brasil vivia sob o regime militar. Castelo Branco cumpria seus últimos dias à frente do governo. Marechal Artur da Costa e Silva o substituiria  na presidência. As massas populares ficavam excluídas da vida política e social. Numa bela cidade encravada no sertão central do Ceará, o povão resolveu  por conta própria fazer diferente. E o fez! E fez bonito! Numa das mais disputadas eleições que se tem notícia no interior, o candidato das massas populares, dos "lisos" no bom "cearensês", conseguiu derrotar o candidato apoiado pelas elites, os "forrados", vocabulário pertencente a mesma categoria. Nem o mais acreditado analista político daquele momento, admitiria o fato. Mas quem foi este cidadão que deu ares rebeldes a terra dos monólitos? Quem era este "Zé Povão"? Seu nome, José Linhares da Páscoa. Foi  ele, foi ele sim, que derrotou o candidato apoiado pelas principais lideranças locais, o respeitado médico Everardo Silveira. Durante muitos dias, os eleitores do candidato vencedor comemoram a vitória. Alguns, portando moedas coladas à roupa. Numa atitude ainda hoje, enaltecida por todos, Everardo  foi cumprimentar o vencedor na sua própria residência. Naqueles tranquilos anos os políticos não eram inimigos mas apenas adversários. Aquela histórica eleição foi marcada pelo mote da campanha de José da Páscoa "O TOSTÃO CONTRA O MILHÃO".  Segundo o memorialista João Eudes Costa  foi uma das melhores administrações já realizadas em Quixadá pois priorizou às áreas da Saúde(construção do hospital, por exemplo). Na educação, merece registro a construção do "Ginásio Municipal", a instalação de uma biblioteca pública, novas escolas nos distritos.Mas o candidato do povo  também executou outros benefícios que ainda nos dias de hoje fazem parte da vida da população. Gostava de esportes e fez vários melhoramentos no estádio Luciano Queiroz(hoje, Abilhão) como a construção de arquibancadas de cimento, túneis e alambrados. Na sua administração foi construida a Avenida Plácido Castelo com 1400 metros de extensão que mudou o perfil urbano da bela cidade. Tornou possível uma fácil comunicação entre a cidade e os distritos com a criação de um centro telefônico Interdistrital. Marcou de forma irreversível seu nome na cultura local pois reorganizou a banda de Música Municipal que se tornaria um símbolo da terra dos monólitos. Merece destaque a construção de 3.678 metros de esgoto beneficiando diversas ruas de nossa cidade. José da Páscoa não participava apenas da vida política da cidade e sempre gostou de estar perto dos amigos não importando classe social. A sua presença era sinal de que a alegria estaria presente pois gostava de contar causos engraçados que a todos faziam rir. O seu lugar favorito era estar no coração das pessoas e tinha a capacidade de transformar lugares comuns em extraordinários encontros.  Mas o tempo que a tudo apaga e destrói, não permitiu que o revolucionário cidadão voltasse a vencer no jogo eleitoral. Tentou ser deputado estadual e por duas vezes tentou voltar a Prefeitura, não obtendo êxito. Mas, o seu nome ficou marcado para sempre em nossa história como o "O candidato das massas. José Linhares da Páscoa morreu em 25 de agosto de 1995 em Fortaleza. Mesmo tendo nascido em Ubajara, seu último pedido foi atendido: ficar para sempre na terra que tanto amou. A terra dos monólitos o adotou como um filho muito querido e em sua homenagem temos a praça José Linhares da Páscoa numa proposição do vereador Carlos Augusto Vitorino Cavalcante e sancionada pelo prefeito Hilário Marques(1996). A vida deste ser humano maravilhoso foi um exemplo de decência, honestidade, caráter e espírito de luta. Uma de suas grandes marcas era sempre ter respeito com o   adversário político sem jamais denegrir sua imagem.  Quando necessário, tomava as decisões que achava as mais corretas mas sem jamais ferir os que trabalhavam com ele. Não há dúvida de que seu nome está na galeria dos grandes prefeitos cearenses. Pai amoroso, dividia com sua deusa Neci Páscoa a responsabilidade na condução de um lar repleto de um verdadeiro amor.  Como não existe uma grande preocupação com a nossa memória, os mais jovens, quase não sabem da existência desse notável homem. Mas fiquem sabendo ,caros moços, que este cidadão  foi um exemplo! E quando perguntarem a vocês, aonde nasceram? Respondam com altivez: "Sou da terra em que o tostão venceu o milhão!"


Busto do benfeitor na praça que leva seu nome

Páscoa gostava de conviver com os amigos

quinta-feira, 5 de julho de 2018

ALMIR DA SORVETERIA- HÁ QUASE 50 ANOS ELE É CONSIDERADO O REI DOS PICOLÉS. O SEGREDO DO SABOR ELE NÃO CONTA PARA NINGUÉM

              Ali pela metade dos anos 60(século passado) um menino muito esperto se aproximou do balcão da icônica sorveteria  do Nivaldo e pediu ao bondoso Paisinho(Francisco Paes de Oliveira) que lhe desse um picolé quebrado(aqueles que não servem para ser vendidos) e ouviu dele: "Vou lhe dar um de verdade, dos bons da casa e você irá entregar umas compras lá em casa. Feliz como toda criança parece sempre estar cumpriu com ar de gente grande aquela missão que lhe fora confiada. E assim, todos os dias o garoto executava esta tarefa e agora já atendendo outras pessoas da família como o Senhor Nivaldo que lhe confiou a entrega de bolos, uma das especialidades daquele tradicional comércio. Nivaldo logo percebeu nele uma vontade enorme de trabalhar e ajudar em casa. Mesmo ainda um garoto queria ajudar em casa pois seu pai abandonou a família e sua querida mãe teve enorme dificuldades no sustento das crianças. Depois de algum tempo, Nivaldo chegou para ele e lhe deu a notícia de que  iria trabalhar na lanchonete. O menino José Almir Pereira da Silva ficou muito feliz e falava para os seus amigos das horas das brincadeiras: "Agora vou ajudar minha mãe Feliciana, ela e meus irmãos! Tudo que ganhar é para eles!" Era o ano de 1972 e a sorveteria do Nivaldo já fazia enorme sucesso sendo frequentada pelas famílias quixadaenses não importando classe social. Foi a partir do ano de 1966 que o frequentado ponto comercial iniciou suas atividades. Significa então dizer que o Almir ali trabalha há exatos 42 anos. Começou atendendo no balcão mas em pouco tempo, foi aprendendo a preparar os picolés e sorvetes tendo como professores o Coã, André e Hélio que lhe repassaram os segredos do preparo daqueles produtos. Depois de alguns anos, o Almir passou a executar as tarefas sozinho e cada vez mais conquistando a confiança dos proprietários. Chamava a atenção o sabor, o gosto que o Almir conferia aos picolés. Como sempre lembra o professor Davi, até hoje não se sabe o segredo daquele sabor especial. Dizem(Almir não confirma) que a fórmula usada no preparo só é do conhecimento de 3 pessoas. Verdade ou não, o certo é que até os dias de hoje aquele espaço é bastante frequentado, seja por filhos da terra dos monólitos ou de outras localidades. Por fim, sabemos que o calor é persistente na bela Quixadá e então, sorvetes, picolés sempre foram bastante consumidos.  Quando Almir iniciou seu trabalho, a sorveteria vivia o que podemos chamar de   embriaguês do sucesso. Depois do expediente de trabalho, era tempo de curtir os saborosos picolés acompanhado de uma boa conversa nas dependências daquele espaço que não era apenas comercial mas também um encontro de amigos e de jovens enamorados. Ali, foram gastas a mocidade de muita gente que  se divertia e ficava feliz ao ser atendida pelo bondoso Geraldo, o dedicado Nivaldo, o novato Almir e toda a equipe. Estávamos nos inesquecíveis anos 70 e aquela sorveteria era frequentada até pelas autoridades do município. Vereadores  como Adauto Lino, Francisco Brito, Agenor Magalhães, Raimundo Nobre, Geraldo Alves, Zilcar Holanda, Samuel  e outros conversavam sobre os problemas da cidade mas sem deixar de elogiar os gostosos picolés que pareciam ter sido preparados no céu. Bom lembrar que naqueles anos  foi inaugurada a nossa rodoviária e ao término das festividades, deu-se quase uma invasão a sorveteria com muita gente lanchando ou curtindo os já consagrados picolés. Naquele tempo na nossa bela Quixadá havia um campeonato interdistrital que movimentou os desportistas locais. As equipes vencedoras foram Rinaré e Custódio e logo depois do jogo final no estádio municipal, atletas e torcidas foram comemorar no popular espaço. Na atualidade, mesmo com o crescimento enorme de nossa atividade comercial, a sorveteria do Nivaldo continua na crista da onda. Hoje no comando está Fred Capistrano que faz questão de manter o mesmo padrão de qualidade.  O segredo para esta longevidade muitos creditam aos picolés preparados pelo Almir e durante algum tempo corria o boato pela cidade que aquelas barrinhas de gelo davam muita sorte no amor o que certamente fez com que muitos enamorados frequentassem aquele aprazível local. Almir ri muito quando se fala nesta possibilidade e garante que o grande diferencial é a seriedade no trabalho, a forma como são preparados. Tem doces recordações de quando entregava os picolés para aqueles trabalhadores ,sempre honestos, que saiam naqueles bonitos carrinhos e vendendo picolés por toda a cidade. Lembra de alguns como Humberto, João Mendes, Ceará, Zé Augusto, Manezinho do Combate, Palaca, Dedé, Zé Picolezeiro e muitos outros. Quando os carrinhos saíam pela cidade famílias abriam as portas e as crianças sempre traziam uma bacia na esperança que algum adulto pagasse a conta. Almir lembra que alguns faziam uso de uma buzina para atrair compradores e muitos usavam a própria voz e com pose de tenores quase gritavam: "Chegou o rei do picoléééééé!!!" Nos dias de hoje, a presença destes trabalhadores é em pequeno número e Almir faz questão de lembrar que na atualidade até nas farmácias são vendidos esses produtos. Mas as maravilhosas barrinhas geladas continuam a ser consumidas por crianças e adultos. Este dedicado profissional lembra de alguns acontecimentos no exercício da profissão como um incêndio que aconteceu no Mercantil Cícero Bezerra vizinho a lanchonete no ano de 1984. Como era um dia de domingo e o mercantil se encontrava fechado, Almir e seus colegas de trabalho tiveram que abrir as portas daquele estabelecimento comercil de qualquer jeito para apagar aquele fogo que poderia ter causado sérios problemas na vizinhança. Saborear picolés preparados pelo Almir é lembrar da nossa feliz infância naquele Quixadá que não esquecemos quando andávamos descalços, pulando e brincando sem se importar com as cobranças que os relógios fazem sobre os adultos. É lembrar dos passeios até o Cedro, pegando mangas espalhadas pelo chão e ficar com medo olhando para aquele monstrinho chamado "Marchambomba" que deixaram fora da estrada, na verdade, uma carreta com rodas de ferro, movida a vapor que transportava material para a construção do majestoso açude do Cedro. Os que hoje moram distante de sua querida terra natal ainda guardam na boca o gosto daquelas barrinhas de gelo preparadas pelo dedicado trabalhador. Nos seus 42 anos de batente, Almir não amealhou bens materiais mas pode sentir o carinho e respeito que as pessoas devotam a sua pessoa pois, certamente, personifica na sua vida simples o caráter, a honestidade. Tanto tempo de trabalho, nenhum deslize e só faltando quando a saúde não permitia que exercesse suas atividades. Arrisco perguntar se apenas os que têm mais podem se considerar verdadeiramente ricos? Talvez, nesta sociedade  que exalta mais o "ter" do que propriamente as virtudes do homem simples e correto, isto realmente funcione. No entanto, mais feliz que os outros, acho que não. Feliz mesmo é quem pode desfrutar das colheitas semeadas com muito esforço. Poderia afirmar mesmo sem entender nada de psicologia que o nosso amigo Almir vive o que podemos chamar de alegria sincera, ou seja, ser feliz com o pouco que tem. Não merece nosso aplauso um profissional que só vive para o trabalho e executando as tarefas com total dedicação e honestidade? Almir na sua bondade e simplicidade nem imagina o grande valor que tem. Ele é um símbolo da cidade, na verdade, assumindo a condição de um tipo popular que até divulga a a terra dos monólitos. Afinal, não é difícil um visitante perguntar: "Onde se saboreiam os picolés preparados pelo senhor Almir? " Ele nos mostrou que enfrentar os desafios da vida requer coragem, determinação, enfrentamento dos mais diversos problemas. Já passou o tempo de homenagearmos este profissional que no duelo "Dinheiro X Valores Morais" fez vencedor a segunda hipótese. Essas pessoas nos conseguem fazer um bem inexplicável pelo jeito como vivem e nos fazem sorrir. Que graça teria nossa vida sem convivermos com estas pessoas maravilhosas? Almir só plantou o bem e por isso colhe todo este carinho dos seus irmãos quixadaenses. Gosta de ser solidário dentro de suas possibilidades. Só não lhe peçamos para  contar o segredo do preparo dos seus apreciados picolés. Isto, ele não conta para ninguém! Os brechadores de minha coluna podem ter certeza de uma coisa: Estamos valorizando uma pessoa certa! O Almir realmente merece os aplausos de todos nós!

       

Qual o segredo do inigualável sabor dos picolés preparados pelo Almir?
Fred Capistrano(novo administrador) e Almir
Almir é uma pessoa muito querida na terra dos monólitos
Nivaldo foi o responsável pela presença do Almir na famosa sorveteria







quarta-feira, 23 de maio de 2018

AZIZ BAQUIT-11 ANOS DE SAUDADE -ELE ADMINISTROU A TERRA DOS MONÓLITOS EM DOIS MANDATOS E A TODOS CONQUISTOU COM A SUA SIMPLICIDADE E RESPEITO PARA COM OS MAIS HUMILDES

Aziz conquistou a confiança dos quixadaenses
Aziz e o industrial Benjamin Oliveira

Aziz e Adauto Lino que foi vereador em quixadá
<>Durante certo tempo, a terra dos monolitos parou para acompanhar com bastante apreensão o estado de saúde de um de seus filhos mais ilustre e querido não só na cidade mas nos sertões a quem tanto deu atenção durante os anos que esteve à frente do governo quixadaense nos anos de 1973 a 1977(primeiro mandato) e 1983-1989(segundo mandato). O coração de Aziz Baquit não teve como suportar a imensa carga de preocupações e responsabilidade de proporcionar uma vida melhor para os filhos da terra dos monólitos, em especial, os mais humildes. E durante algum tempo ficou longe daqueles que tanto o amavam. Prova maior desse carinho e grande tristeza que tomou conta de todos foi o fato de todos se unirem em preces para que seu coração continuasse a bater e assim continuar servindo a cidade que sempre amou. Para ele não havia este papo de distinção social e a todos recebia com aquela mansidão e habitual cumprimento: "Tudo bem ,meu jovem?". Mas Deus que tudo comanda, confortou a todos e trouxe de volta ao nosso convívio o homem que foi símbolo da simplicidade e do amor ao próximo. Jamais, em tempo algum, foi político profissional mas um funcionário do povo como gostava de ser chamado. A sua volta parece ter alegrado até as pedras pois delas recebeu um afetuoso abraço. Parece até que elas tinha certeza de seu retorno. O carinho que Aziz recebeu nos seus difícieis momentos  foi uma forma de gratidão dos quixadaenses a uma pessoa que não se negou a socorrer quem dele precisasse. O ex vereador e industrial Junnior Capistrano contou a nossa reportagem que uma senhora muito doente precisava ser transferida para Fortaleza com urgência mas só que ninguém quiz emprestar seu transporte pois a terrível doença contaminava qualquer ambiente. Aziz que havia comprado um carro na véspera, ordenou que o motorista conhecido como Coquinho a levasse até a capital com a recomendação de só retornar quando ela fosse atendida pelos médicos, inclusive indicado por ele.  Quando esteve à frente dos destinos de sua querida Quixadá esta possuia uma vasta área territorial, pois ainda não tinha acontecido a emancipação política de Ibareama, Banabuiú e Choró. Mesmo dispondo de parcos recursos conseguiu com habilidade e serenidade imprimir um governo cujo objetivo maior era dar assistência as áreas mais pobres da bela cidade. Os analistas da administração de Aziz sempre exaltaram o fato da Educação ter sido a sua meta prioritária, daí o fato de ter sempre contado com a firme colaboração de José Airton Borges, Francy Gurgel, Regina Holanda Amorim, professor Luiz Oswaldo e outros nomes de escol da área educacional. O envolvimento de aziz, dos educadores e de toda a comunidade foi fundamental para o surgimento da tão sonhada FECLESC(Faculdade de Educaçao Ciências e Letras do Sertão Central). Ele construiu 17 prédios escolares nos distritos de Ibaretama, Choré e Banbuiú para funciionamento de escolas de primeiro grau e realizou melhoramentos na parte física de muitos estabelecimentos de ensino. Sempre teve grande precupação  com as pessoas idosas e que estavam desamparadas, tendo fundado a  "Casa do Idoso" que foi responsável por amparar durante bom tempo essa fatia da população. Louve-se o trabalho das senhoras Paula Francinete Diógenes Baquit, primeira dama, e Maria Vilanir França de Lima. Se faz necessário lembrar que a vice-prefeita Regina Amorim participava das grande decisões tomadas por Aziz que fazia questão de ouvir a todos os seus auxiliares. Algumas vezes, Regina Amorim assumiu a chefia do executivo e o fazia com seriedade e dedicação. O memorialista João eudes Costa faz questão de afirmar que durante seus dois mandatos, Aziz sempre contou com o apoio incondicional do seu amigo Everardo Silveira que na qualidade de médico e deputado sempre se mostrou disposto a colaborar. Gostava de esportes e nos seus dois mandatos,  aconteceram diversas competiçõe esportivas. Foi em seu governo que foi construido o Ginásio coberto Governador Gonzaga Mota com capacidade para 6.000 pessoas. A iluminação do Estádio Municipal então com a denominação de Imigrantes foi iniciativa da Prefeitura e possibilitou uma melhor utilização daquela praça de esportes. Nos bairros que apresentavam as maiores carências, o inesquecível homem público deu total assistência dentro das possibilidades financeiras do município. Citamos apenas algumas das realizações das administrações do prefeito que ,verdadeiramente, se tornou um amigo do povo. Filho do industrial Abraão Baquit, nasceu na terra dos monólitos em 25.08.1936 e é irmão de José Baquit que também administrou Quixadá nos anos de 1963 a 1967.  O seu filho Osmar Baquit é deputado estadual e outros componentes da família atuam em setores ligados as últimas adiministrações, seja no poder executivo ou legislativo. Por mais que o nome Aziz seja ligado ao fator político, ele sempre será lembrado como aquela pessoa que sempre despertou nas pessoas sentimentos de confiança, de amizade e uma simplicidade a toda prova. Sabe aquele tipo de pessoa que nos faz bem? Assim era este quixadaense querido  que tornou-se cidadão do céu em 24.05.1997. Uma verdade absoluta foi que Aziz amava Quixadá e sua gente. Quando esteve em São Paulo onde foi operado pela equipe médica do renomado cardiologista Dr. Zerbini, logo que iniciou o período de  recuperação perguntava aos familiares e amigos quando voltaria a sua querida Quixadá?  Certa vez quando lhe propuseram uma candidatura a Câmara Federal, Aziz assim se expressou: "Se for para sair de Quixadá não quero nem a Presidência da República!". Aziz Baquit, com certeza, continua vivendo em nossa saudade.
Aziz e o grande amigo José Adolfo

O filho Osmar Baquit é deputado estadual

O pai industrial Abraão Baquit
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sexta-feira, 11 de maio de 2018

JOSÉ VIANA- UM TALENTO DA SANFONA QUE BRILHOU NA TERRA DOS MONÓLITOS

                                                 <>Durante muitos anos, José Viana foi considerado o melhor sanfoneiro da região de Quixadá e outros municípios. Começou seu aprendizado musical muito jovem na bandinha de Mestre Ayres e logo chamando a atenção dos puxadores de fole e dos que já naquela época viviam da musica.  Durante muitos anos do século passado fez a alegria de gente da cidade e do sertão. Tocou nas feiras, nas festinhas familiares, num rela bucho de um chão batido e em clubes de maior porte. Os que não dançavam ficavam a olhar para aquela sanfona que fechava e sabria, abria e fechava  guiada pelas mãos mágicas  daquele   sanfoneiro que era pura poesia. E para espanto geral ele também tocava por partitura, condição que muitos outros tocadores não tinham. Ele, com certeza, dava dignidade a sanfona. Ele não nasceu na terra dos monólitos mas no município de Pereiro em 5.12.1898, vindo para Quixadá junto com a família por motivo da inclemência da seca no ano de 1915. Nos primeiros anos, muito trabalho na agricultura e exercendo ainda as profissões de marceneiro e pedreiro. Nas tocatas que sempre fazia lá para as bandas do Riacho do sangue(depois Frade e depois Jaguaretama) conheceu a jovem Maria Gercília peixoto, daí surgindo um bonito namoro e depois um feliz casamento no ano de 1935, gerando desse enlace os filhos Francisca(Fransquinha), Maria(Mariinha), Pedro e Paulo(Paulinho). Em Quixadá ampliou seus conhecimentos musicais e graças ao seu talento foi convidado para tocar na bandinha de Mestre Nanan e executando outro instrumento, o clarinete. Uma certa noite quando a bandinha estava tocando no "Cine Paroquial" , o maestro saiu para tomar um cafezinho e como o filme ia começar(era exibido com acompanhamento musical), José Viana percebendo a demora do mestre pegou no clarinete e assumiu a responsabilidade até a chegada de Mestre nanan que ficou encantado com o talento do jovem músico. Como quase todos os artistas, passou por várias dificuldades e precisou ir a Fortaleza para trabalhar. Na capital ficou muitas vezes tristonho por ter que tocar em lugares que não condiziam com sua condição de homem muito sério e religioso.  De Fortaleza foi para Sobral chegando a trabalhar numa pedreira e devido ao pó oriundo das pedras adoeceu dos olhos e quase cegando. Um detalhe é que na firma americana em que trabalhava não o chamava pelo nome e sim pela senha. Foi o jeito voltar para Fortaleza e começou a procurar amigos de profissão como Clementinho(conhecido como Preto) que lhe prestou muita solidariedade. Também se aproximou de Gavião e Macacão que muito lhe ajudaram no momento mais difícil de sua carreira artística. Também compunha e inclusive teve um dobrado para acordeon gravado pelo seu sobrinho neto, no caso, o aplaudido sanfoneiro Adelson Viana. Adelson leva adiante a tradição de uma família verdadeiramente musical. Acredita-se que dois motivos o levaram  a abandonar a arte musical na década de 50(século passado): A primeira, talvez, pela desvalorização aos artistas da época e a segunda, conforme nos contou a sua filha Mariinha, foi quando o músico estava tocando na Aliança Artística e Proletária de Quixadá aconteceu um triste episódio que o deixou chateado e decepcionado: Ele estava executando uma valsa e logo que terminou um dançarino aproximou-se e pediu bis, foi quando outro dançarino(desafeto do solicitante) não aceitou o pedido e aí começou uma briga resultando de um deles cair esfaqueado aos pés do sanfoneiro, causando-lhe um grande susto e transtorno. Esta deve ter sido uma das causas que o fez abandonar a arte musical. Muito conhecido pelo seu caráter e capacidade conseguiu tempos depois  arranjar emprego no DNOCS e foi trabalhar em Banabuiú como marceneiro. Como funcionário público aposentou-se e foi, definitivamente, morar em Fortaleza. Como organista da igreja N.S. do Perpétuo Socorro no bairro Carlito Pamplona, José Viana marcou sua última atividade como músico. Faleceu em Fortaleza em 26 de maio de 1978. Apesar de ter nascido em Pereiro adotou Quixadá como a cidade do seu coração e esta o recebeu de braços abertos para enriquecimento de sua cultura musical. Na terra dos monólitos temos a travessa Irmãos Viana numa justa homenagem ao grande músico José Viana e seus irmãos Raimundo e Antônio também grandes talentos da arte musical. O consagrado músico e artista plástico Waldizar Viana  afirma que os quixadaenses, especialmente os mais velhos, não esquecem a arte dos inesquecíveis músicos. José Viana sempre será lembrado como um sanfoneiro de primeira grandeza e também pela pessoa amiga que foi de todos aqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele.

                                                                           
José Viana-um sanfoneiro de muitos talentos
Marrinha filha do músico e seu marido Manoel
A sanfona de josé Viana parecia falar