segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O CEGO DA ALEGRIA- JOAQUIM FRANCALINO ENXERGA TUDO COM O CORAÇÃO

Ser cego não é motivo para desespero
Caminhando sozinho pelas ruas que conhece
 <>Se para muitos a cegueira é um castigo, uma grande desventura, um cruel golpe do destino, não é bem assim que pensa Joaquim Francalino, figura das mais queridas das ruas de Quixadá, cego desde os 22 anos. Transformei o feio em belo, as dificuldades em conquistas e passei a enxergar situações que até então não tinha percebido, mesmo com a visão, assegura o bom homem. Faz questão de lembrar que, quando ainda tinha visão, não conhecia outras situações da vida como, por exemplo, a ternura e a solidariedade. Garante que as pessoas lhe tratam melhor agora, são mais acessíveis e tem sempre boa vontade, socorrendo-o nos momentos em que precisa caminhar por espinhos. O mundo visível se afastou de Francalino, mas possibilitou conquistas que o tornaram feliz e, como pode ser comprovado, está sempre a sorrir. Ele, para espanto de muitos, lembra que a cegueira o fez mais útil, mais participativo. Gaba-se do fato de vir da zona rural, praticamente todos os dias, sozinho e brinca com aqueles que querem lhe ajudar falando que os dois olhos daquele amigo não veem mais que o seu. Chama a atenção de todos o conhecimento que Joaquim Francalino tem de nossas ruas e, mais ainda, o pedido de orientação de muita gente para que ele indique a localização de um banco, um colégio, uma loja. Este simpático homem sempre é visto nas proximidades da "Rádio Monólitos" e sua agradável companhia é dividida com pessoas de todas as idades e classe social. Cedo da manhã, funcionários de uma loja próxima lhe oferecem o café da manhã. Cheio de otimismo até brinca: "Tá vendo, como cego tem suas vantagens?". Joaquim Francalino ribeiro dos Santos, seu nome completo, veio de Itapiúna  com os pais Manoel Francalino e Maria Ferreira com esperança de dias melhores. Para aqueles que tem curiosidade sobre o motivo da perda da visão, explica que alguém esqueceu de fechar as portas e o vento penetrou, por toda a noite, na casa em que morava, mas, logo descarta a possibilidade dos médicos atribuir esta mesma causa a cegueira que o vitimou. De uma coisa podemos ter certeza, este simples, mas grande homem, é uma das pessoas mais queridas da terra dos monólitos. Hoje, aos 67 anos, consegue nos transmitir que não devemos desistir, deixar de gostar da vida, nos momentos em que aparecerem as adversidades. Nos enche de emoção quando diz que a cegueira lhe ofertou conquistas que jamais esperou alcançar. "Aprender a gostar mais das pessoas foi a maior conquista".  Gozo do privilégio de o ter como amigo e lembro que, certa vez, ele me pediu que se fosse escrever algo sobre ele o chamasse de " O Cego da Alegria". Minha admiração por ele aumentou quando, ao entrevistá-lo", saiu-se com esta: "Se o poeta Aderaldo", a majestade da poesia, era completamente cego, por que não eu