 |
O trabalho com prazer no lugar que ninguém quer ir |
<>Ninguém deseja ir prá lá! Mas, o simpático coveiro Babá trabalha lá, no cemitério, quero dizer, desde a década de 80. Acreditem, conheço gente que se afasta quando um coveiro se aproxima. Eu, não! Adoro ir conversar com esta pessoa tão especial. Ele cumpre, incrível! Até 24 horas de serviço. Ele gosta muito quando recito para ele Augusto dos Anjos: “NÃO ENTERRES COVEIRO O MEU PASSADO, TEM PENA DESSAS CINZAS QUE FICARAM;
EU VIVO DESSAS CRENÇAS QUE PASSARAM,
E QUERO SEMPRE TÊ-LAS AO MEU LADO!
NÃO, NÃO QUERO O MEU SONHO SEPULTADO
NO CEMITÉRIO DA DESILUSÃO,
QUE NÃO SE ENTERRA ASSIM SEM COMPAIXÃO
OS ESCOMBROS BENDITOS DE UM PASSADO!
AI! NÃO ME ARRANQUES D’ALMA ESTE CONFORTO!
– QUERO ABRAÇAR O MEU PASSADO MORTO
– DIZER ADEUS AOS SONHOS MEUS PERDIDOS!
DEIXA AO MENOS QUE EU SUBA À ETERNIDADE
VELADO PELO CÍRIO DA SAUDADE,
AO DOBRE FUNERAL DOS TEMPOS IDOS
 |
Ele trabalha com a indesejada das gentes como afirmou Manuel Bandeira |
 |
Na juventude, exerceu outras atividades |
 |
Seus momentos mais duros são enterrar familiares e colegas de profissão |