sexta-feira, 27 de março de 2020

<>O DIA EM QUE A PROFESSORA BAVIERA SAIU DE CASA PARA BRIGAR COM O PADRE.

Professora Baviera

<> A minha inesquecível tia Baviera que foi uma querida e destacada professora do Jardim da Infância era daquelas católicas praticante. Era católica, apostólica, romana quixadaense. Tivesse missa pela manhã, tarde, noite e nunca duvidei que até de madrugada ela iria. Rezar, rezar e rezar! E além das missas participava de novenas em vários espaços da cidade e sem esquecer o fato de que durante o mês de maio comandava a novena de Nossa Senhora na sua residência. Menino, ainda, ajudava nos cânticos e algumas vezes conduzia as leituras das orações. Parece que ainda escuto: " A treze de maio, na cova da Iria, no céu aparece a Virgem Maria". Muitas vezes, pulava as orações porque estava interessado que a novena terminasse logo, pois queria assistir na tv o programa"A Grande Parada". A tia Baviera gostava muito das missas celebradas pelos padres Luís Braga Rocha, Padre Clineu, Padre Hélio e dos demais. Baviera, pessoa da igreja, doce criatura, mas sincera até demais. Falava o que sentia na frente de quem quer que seja. Foi por ali, já pertinho da década de 70(século passado) que os católicos da terra dos monólitos se revoltaram com o fato do vigário da paróquia, Padre Dourado, ter mandado demolir os belos altares da Catedral. Minha tia quando soube deste fato ficou em estado de choque e lembrou logo do seu amigo Padre Luís, falando que a saúde dele não iria suportar aquilo. Lembro demais que ela mudou de cor e falava alto para quem quiser ouvir que tinha participado de rifas, leilões, quermesses e outras campanhas para a construção dos altares. Ela me encontrou no quintal de casa cuidando do carneiro Belém e com a moral que sempre estava lá em cima, ordenou: Vamos ali no salão paroquial, pois quero tomar umas satisfações com o Padre Dourado! Pensei. lá vem problema meu Deus! Ela notou que não concordava com ela e me calou, falando: "Não gosto de cabra frouxo, honre o nome do seu pai, vamos!" Baviera era uma espécie de mãe, tia, professora, conselheira, e nós a obedecíamos. Naquele anos, não tínhamos vergonha de ser feliz e para ganhar tempo, ela e eu, fomos na carroça do Cristovão que morava aqui perto. A carroça do amigo Cristovão parecia um "Puma", pois corria demais e não demorou a chegar na morada do Padre. Meu coração dava pinote dentro do peito. Para mim, parecia que seria o começo da terceira guerra, pois minha tia não tinha medo de ninguém. Decidida, se aproximou do portão. Nos meus olhos juvenis, pensei estar diante da heroína Maria Quitéria! Cabeça erguida, bate palmas com tanta força que pareciam os tambores de São Luis do Maranhão. Cadê o padre, quero falar com ele? De dentro da casa, saiu uma mulher mais parecida com uma santa por nome de Estelita e informa: Baviera, o Padre Dourado teve que viajar para visitar uma pessoa da família. Ufa! Que alívio! Juntei minhas mãos ainda inocentes e agradeci a Nossa Senhora. Fizemos o caminho da volta para casa, mas ela me pediu que a acompanhasse até a Catedral e ao ver aquelas imagens destruídas, chorou copiosamente. Me abraçou e chorei junto com ela. Chegando em casa, a nos esperar estava a mãe Sinhá que com a razão sempre acima do coração, falou: "Minha amada Baviera, Jesus e Nossa Senhora estão dentro de nossos corações e aqui eles nunca serão destruídos!"
O Pe. Dourado é o primeiro pela ordem

Padre Luis Braga Rocha

Painel da igeja de Nossa Senhora do Perpétuo Socoro