


O mestre nasceu em Quixadá em 24.12.1894 . Conforme nos informou o memorialista João Eudes Costa, ele sempre se dizia filho de Baturité mas a carteira do Ministério do Trabalho consta ter ele nascido em Quixadá. Filho de Raimundo Rodrigues e Cordolina de Lima. Casou-se em 1932 com Elfisa Nunes , nascendo desta união, Francisco Nunes Rodrigues que se tornaria um famoso jogador de futebol conhecido como Pacoty. Do segundo casamento com Maria do Carmo(foto) nasceram os seguintes filhos: Agenor, Josimar(ambos, jogadores), Irene,Graça e Arlene. Segundo um dos netos, Daniel Rodrigues da Silva, professor da Faculdade Católica Rainha do Sertão e presidente do Conselho Municipal de Saúde de Quixadá, seu avô era um apaixonado pelos filhos e netos, sempre dando orientações para o enfrentamento das mais diversas situações. Morro de saudades dele, afirmou com emoção.

Laranjeira foi magarefe durante 47 anos. As pessoas se dirigiam a sua banca não apenas para comprar mas também para ouvir narrativas folclóricas do mestre . Liduíno, que trabalha no Colégio César Cals e que frequentava seu comércio, ficou muito admirado ao ouvir do mestre que, ele quando criança, brincava pulando a pedra do Cruzeiro, de um lado para o outro. Outro grande admirador de Laranjeiras é o morador do bairro Baviera, Eudásio Carneiro. Nos contou o fã de Laranjeira que ele dizia viajar a Fortaleza colocando sabão nos trilhos e se equilibrando num cabo de vassoura e apenas pedia para alguém dar um leve empurrão. Eduardo Bananeira, um estudioso da filosofia popular de laranjeira, nos relatou que, certa vez, Laranjeira chegou a duvidar da inteligência dos bancários. Não entendia como, naquele tempo acontecia muito isso, se rasgava tanto papel e colocava-os no lixo. Se o papel não tinha nenhuma importância, por que usá-los no expediente bancário? Segundo Pacoty, o seu inesquecível pai queria apenas que as pessoas ficassem felizes, era tudo brincadeira.

Ao entardecer, a sua casa na rua Tenente Cravo, era visitada por muitos vizinhos e até pessoas residentes em outras partes da cidade. A calçada, com muitas cadeiras, mais parecia um pequeno auditório. Todos queriam escutar as últimas do Mestre. Mas não apenas ouvir estórias mas também se alimentar de otimismo e de muita alegria, fortes características de Laranjeira. Otimismo mostrado com mais intensidade, por ocasião dos festejos do seu centésimo aniversário quando, para admiração de todos, declarou querer viver 200 anos. E encantou os presentes cantando"Sertaneja", famosa canção gravada por Orlando Silva. Ao seu aniversário compareceram não só o povão mas também diversas autoridades do município e do estado. Claro que não realizaria seu sonho de viver o tempo desejado mas sua doce figura, suas tiradas irônicas ficarão para sempre guardadas e protegidas por esses belos monólitos que nos abraçam o tempo todo. O grande filósofo popular fez a grande viagem em 15.09.1996, já com quase 102 anos de idade. Divulgar nomes como o de Laranjeira é uma forma de manter de pé as pilastras mestres de nossa História. Certo está o memorialista João Eudes Costa ao afirmar que um povo que não tem zelo pela sua cultura, não existe. Não pode jamais mostrar o seu valor sem o registro do passado.
VIVA O MESTRE LARANJEIRA! VIVA!
-Nas fotos, gentilmente cedidas pela família, Laranjeira com a família e amigos; Sua segunda esposa,Maria do Carmo e Eudásio Carneiro, fã de carteirinha de Laranjeira
_Nota do autor do texto: A História não é definitiva! Novas informações podem ser acrescidas! Ela se faz com várias mãos.