sábado, 24 de janeiro de 2015

IRISMAR E EDINHO - - - UM AMOR SEM LIMITES





Edinho e Irismar - um amor que não encontrou palavras para defini-lo

Edinho com o irmão Marcondes
 Ao cair da tarde, no  doce Quixadá dos anos 60, crianças e jovens. se encantavam com as atrações do "Parque Brasil", dirigido pelo simpático Senhor Pedro. Era, como se fosse a "Disneylândia", para aquela geração. Tudo atraía a atenção, como a roda gigante, carrossel de cavalinhos, as barquinhas, os aviões. A difusora do espaço de diversão era o "e-mail", daqueles belos tempos. Brotinhos se declaravam, fazendo juras de amor. Naquele ambiente mágico, um jovem tímido, então com 18 anos, servindo já ao "Tiro de Guerra", recebe um bilhetinho de uma linda menina, que fora enviado por uma prima sua. Naquelas mal traçadas linhas, a jovem falava do interesse em namorar com ele. O rapaz, encantado com os olhos daquela menina, disparou: Quero namorar com você e não com ela! Começava ali, naquela noitinha mágica, uma das mais emocionantes, sofridas(é bem verdade) mas, acima de tudo, belíssima historia de amor. Nasceu, naquele momento, um amor cheio de cumplicidade e afeto. É assim que podemos definir, a abençoada união entre Paulo Edson de Sousa, o querido e saudoso Edinho, e Maria Irismar Duarte(a nossa querida Dó). Os primeiros momentos de namoro foram de algumas dificuldades. No tempo daquela comportada juventude, se fazia necessário o  consentimento dos pais. E, como dez, entre dez jovens, ali nos anos 60, os poéticos encontros, se davam, às escondidas. Num desses encontros, o irmão de Irismar, o hoje popular, Tião da baladeira, obrigou a irmã  ir, correndo para casa.Era permitido assistir filmes no "Cine Yara" mas, acompanhada da presença de um irmão, papel, muitas vezes desempenhado, pelo Evandro. E o primeiro beijo(roubado, é claro!), se deu no portão da casa dos pais do brotinho. Mas isso, só quando o motor da luz, parou de funcionar, às 22 horas(era assim mesmo no Quixadá, dos anos 60). Mas, em pouco tempo, os pais de Irismar, senhor Alberto(então, magarefe no velho mercado) e dona Lídia, descobriram no Edinho, um jovem honesto, de caráter e, com certeza, seguidor das orientações de seus pais, Raimundo Nogueira e Francisca  Alice, gente honesta, da localidade de Marizeiras. E o tão sonhado(ah, tão sonhado!) casamento, se deu no dia 24.12.1966, na igreja de Santo Antônio, em Quixeramobim, em missa celebrada pelo padre Pimentel. O enlace se deu na vizinha cidade, em razão do Marcondes, irmão do noivo, ali morar. Aconteceu um detalhe, bem interessante: O Edinho demorou a chegar na igreja e os presentes, se indagaram:Ou aconteceu alguma coisa ou ele não quer mais casar!" Irismar, então, falou que podia ter acontecido algo, mas ele desistir dela, jamais. Dizia que o amor entre eles estava bem escrito nas estrelas. Irismar jamais esquece o fato de que um serviço de alto-falantes local, ter executado, durante toda a cerimônia, a música de maior sucesso no momento, "Cinderela" na voz de Angela Maria. Veio o ano de 1967 e com ele, uma grande alegria. Nasceu o primeiro filho do feliz casal, George. Em 1970, Deus presenteava o casal com um novo menino que ganharia o nome de Rivelino, numa homenagem a um dos craques da vitoriosa seleção brasileira, daquele ano. Mas, como tudo na vida, entre os casais, há também obstáculos, desafios. O bom Edinho, também tinha outra grande paixão, o futebol. E essa incontrolável paixão atraiu muitas dificuldades para o casal, especialmente no aspecto financeiro. Para que se tenha uma ideia, o jovem marido era proprietário, junto com o irmão Zé Hélio, na então rua Joaquim Nabuco, de uma casa especializada em peças para vespas(coqueluche da galera daquele momento). Corria tudo bem nas despesas do casal mas Edinho, de um coração enorme, começou a ajudar os jogadores do seu querido time, por nome de Avante, e as suas famílias. Então, vieram as dificuldades financeiras. Ele encontrou forças na sua esposa(mais amiga que esposa), Irismar. Numa demonstração, do quanto se amavam, enfrentaram juntos, as dificuldades. Se faz necessário registrar, nesta linda história de amor, a presença do senhor José da Páscoa que entregou a sede do "AVANTE"  ao Edinho, para ele administrá-la.  Também, começou a integrar a equipe de apoio do grupo escolar José Jucá. "Páscoa foi um pai para nós", acrescenta Irismar, com lágrimas nos olhos. Mostrando que as dificuldades não são barreiras para terminar um grande amor, ela também começou a trabalhar, em meados dos anos 70, na agencia do "Inamps", como faxineira, faz questão de ressaltar. Lembra do grande apoio dos médicos Antônio Moreira Magalhães, Ítalo Silveira, Laércio, Mesquita, José Alves, Rômulo e dos colegas Maria José, Mazinha, Eunice, Bidida, Maria Monte, Inacinha, Chico Batista, Waldizar, Airton Choró. O casal não esmoreceu, sempre foram compreensivos e, depois de algum tempo, a questão financeira foi controlada. Mas, um inimigo perigoso, rondava aquela casa, em que reinava a felicidade.  Nosso Edinho não estava conseguindo controlar o vício do álcool, que minava a sua saúde e deixando todos, muito preocupados. Apesar da dedicação de Irismar, George, Rivelino, do restante da família e dos amigos, Edinho veio a falecer em 7.11.2003, aos 64 anos. Quixadá ficou triste e uma grande multidão foi dar adeus aquele homem que personificou a bondade, a honestidade, o caráter.Valder, colega dos tempos de José Jucá, nos lembra que o Edinho foi a pessoa mais dedicada aos amigos, que já conheceu. Apesar dos problemas advindos dos gastos do futebol, do vício do álcool, o casal, jamais chegou, a explosão de brigas, intrigas. Até nos momentos mais cruciais,  a calma, o respeito, de um para com o outro, foi sempre mantido. O casal sempre teve uma grande reserva de ternura, em qualquer situação. Hoje, os dias de Irismar, dos filhos e dos incontáveis amigos, são de belas recordações daquela criatura, tão presente na vida de todos, tão amigo, solidário, alegre. Irismar e Edinho, o casal que nos fez ver que, nos momentos de tormenta, deve prevalecer um grande amor. Depois de contar uma trajetória tão emocionante, permito-me, perguntar: A terra dos monólitos conheceu outra mais bela história de amor? Cartas para meu blog -
A família sempre na igreja

Festa em família

Avante,  uma grande paixão
Na comemoração dos 60 anos

Edinho amava os netos

domingo, 18 de janeiro de 2015

<>A SAUDADE QUE FICOU<>NECY- O AMIGO QUE GUARDAMOS DENTRO DO CORAÇÃO

Necy no "Belas Artes"
<>Desde criança, escuto alguém falar, frases como estas:"O homem só vale o que tem!  Vale o que tem no bolso!" Na realidade, no nosso mundo atual, funciona, mais ou menos, assim. O "TER" é mais importante do que o "SER". Quem tem dinheiro, poder, é mais valorizado, não importando, se é uma pessoa de caráter, de boas atitudes, honesta. Tendo grana e fama, é admirado por quase todos. Se é uma verdade absoluta, então, como explicar, o fato de existirem pessoas, bem simples, humildes mas que conseguem ser admiradas, queridas e respeitadas? Como essas pessoas conseguem enfrentar esse sistema social, excludente, injusto  e serem reconhecidas? Dentre vários exemplos, merece destaque especial um ser humano ao nos mostrar que, bondade, honestidade, caráter, é o que deve balizar a vida do homem. José Vituriano da Silva, carinhosamente chamado pelos amigos de "Necy", foi um quixadaense que nos fez ver, ser possível uma pessoa se sentir feliz, mesmo sem desfrutar de bens materiais.Aprendeu, ainda criança, com seus pais Viturino e Dona Carminda, a lutar pela vida, baseado no trabalho honesto. Exercendo a profissão de garçom, profissão ainda desprestigiada em nosso país, Necy conquistou muitos amigos, não importando a classe social. Quem pode esquecer o querido Necy do "Belas Artes"? Foram 20 anos, atuando como garçom, nesta tradicional churrascaria da terra dos monólitos. Décadas de 70 e 80, do século passado.  Os clientes, os colegas de trabalho e os patrões Evanildo e Baísa, sempre tiveram um carinho muito grande, para com aquele jovem, dedicado e amigo. Necy levava, tão à sério, a sua profissão que, quando algum cliente não encontrava sua bebida preferida, ele vinha até a cidade e comprava do seu próprio bolso. Depois de todos esses anos no "Belas Artes", começou a trabalhar, por conta própria, levando a experiencia para outros embates, no trabalho, que tanto gostava. Montou uma churrascaria no "Putiú", formando uma equipe unida, constituída de familiares e amigos: Gonzaga, Maria do Cabeção(assim conhecida), Francisca, Reginaldo e claro, a sua querida esposa, companheira de todas as horas, a simpática Graça. Pouco tempo depois, foram para o centro da cidade, começando na Plácido Castelo. Mas, foi na rua José Maria Rocha, no calçadão, que Necy conheceu, digamos, a "embriaguez do sucesso ". Não demorou muito e sua churrascaria passou a ser uma das mais frequentadas da cidade e também, pelos que visitavam a bela Quixadá. Dentre os amigos mais próximos, podemos citar: Dr. Antônio Magalhães, Dr. Laércio, Dr. Sebastião, Renato Carneiro, Agenor Magalhães, Dr. César Oliveira, Dr. Agripino, Dr. Helder, Jonas Sousa, Franzé, Tomé, Sinval Carlos, Mailson, Mailton, Lucivaldo, dentre muitos outros. Necy casou-se em 1971 com a simpática jovem Graça e, desta união, nasceram os filhos Nazareno, Regina Cláudia, Robério, Jorgiana e Paula. Esta linda história de amor começou, lá pelos meados dos anos 60, quando os dois se conheceram na praça Coronel Nanan. Sentados no coreto, noites lindas do Quixadá antigo,suspiros ao luar, promessas de amor eterno. Felizes, como num sonho, os jovens enamorados até pensavam que a banda do maestro Benício tocava só para eles. Necy era apaixonado por futebol e era só terminar o expediente, corria para as "peladas' com os amigos. Se sentia um verdadeiro Vavá, o craque artilheiro da seleção brasileira das copas de 1958 e 1962. O seu grande amigo Franzé, chegava para a dona Graça e dizia: "O Necy tá dando show de bola, fazendo muitos gols!" Mas, ela ouvia aquilo tudo e demonstrava grande preocupação. É que o nosso amigo, durante a madrugada, começava a gemer de dor, estava doente, mesmo sem quase nunca demonstrar. Certamente, não queria preocupar a família e os amigos. Mas um dia, Necy sentiu fortes dores e Graça pediu socorro ao seu vizinho e velho conhecido, Lairton, que, prontamente, adotou as primeiras providências. Roberto Hamilton conduziu Necy até o hospital local mas, de uma forma imediata, foi encaminhado a Fortaleza. A cidade ficou triste, as pessoas ficaram preocupadas. Nesses momentos, Deus torna todos iguais e muitas orações aconteciam, pela recuperação do querido amigo. Mas, no dia 8 de outubro de 2006, o coração deste ser humano maravilhoso, deixava de bater. A notícia entristeceu os incontáveis amigos e os frequentadores da sua churrascaria. Católico, não perdia missa, participava do terço dos homens e, sempre acompanhava de um mesmo banco, na lateral da igreja. A dona Graça, em homenagem ao seu querido companheiro, assiste às missas, no mesmo local, até os dias de hoje. Necy será sempre uma doce lembrança! Contando, só um pouco, da bela história deste ser humano incrível, tenho que concordar com Patativa do Assaré, ao se manifesta desta maneira: "NÃO HÁ DOR MAIOR QUE A SAUDADE!"

Necy-doce juventude

No "Belas Artes" com Otávio, Toinho, o humorista Mussum e uma pessoa não identificada

Necy era um pai amoroso


Vinicius, Agenor, Isidoro,, Ediberto,  Alberto, Chico Bumba e Necy 
O amigo certo das horas incertas

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

"EMOÇÕES EM CONTA GOTAS" - PRIMEIRO LIVRO DE CRONICAS DE JOÃO EUDES COSTA

<> Que se rejubilem os leitores e amigos do escritor quixadaense, João Eudes Costa. Vem aí novo livro do nosso Pelé, o craque da literatura regional, respeitado pela crítica e amado pelo seus conterrâneos. Deste ano, não passa! Gozando do privilégio de sua amizade, ele me deu a notícia. E agora, repasso para vocês. Livro deste escritor para os adultos, é sempre um convite a leitura. Para a mocidade, que devora seus livros nas escolas e bibliotecas, tem esse comentário: "Livro do João é massa!". A História da terra dos monólitos forma a sua essência como escritor, historiador e memorialista, presente em livros como "Retalhos da História de Quixadá", "Ruas que Contam a História de Quixadá". O que nem todos sabem, é que João Eudes também se destaca como um cronista de muitos talentos, tendo produzido, desde a juventude, textos com muita qualidade e sempre, tendo como inspiração, fatos que que se desenrolam em sua querida cidade. Há muitos anos, suas crônicas estão presentes nos jornais "O Povo" e outras publicações do estado. Mais recentemente, nos encantamos com seus textos no jornal "Diário do Nordeste". Suas crônicas tem gosto de poemas, são elaboradas com meiguice, emoção, ternura. Durante muitos anos, foi levado ao ar pela "Rádio Uirapuru(hoje, Monólitos), ao meio dia, o programa "Boa Tarde para Você", apresentando crônicas escritas pelo João e  seu amigo, Luiz Oswaldo.  João Eudes ver o cotidiano de sua bela Quixadá, com os olhos da emoção. Fez registros inesquecíveis, como o acidente sofrido pelo médico Everardo Silveira, num texto marcante. intitulado"As Mãos do Amor". Destacou que, as mãos que ampararam tantas crianças, filhas de mães pobres, não podiam ficar sem os movimentos. Quando Aziz Baquit esteve doente, preocupando os quixadaenses, João registrou o fato na emotiva crônica"Coração que Não Deve Parar". Como poderíamos definir um cronista? Um reinventor da vida? Um poeta disfarçado? Um construtor de novos caminhos? Um crítico do cotidiano? Sei lá! Só sei que seus textos, além de exaltar a beleza da terra dos monólitos, também evocam a saudade, o sentimento, a infancia, a bondade. João Eudes fabrica, tendo as letras como  instrumento, um território mágico, rico de muitas emoções. Daí, o nome do livro que apresenta suas melhores crônicas: EMOÇÕES EM CONTA GOTAS"

sábado, 10 de janeiro de 2015

-A SAUDADE QUE FICOU _DEUSIMAR MENDES DA SILVA- A SIMPLICIDADE EM PRIMEIRO LUGAR

Deusimar um apaixonado pelo futebol
<>Ele teve suas origens na simplicidade, no trabalho. Bateu a enxada no chão,  plantou milho, limpou roçado, colheu algodão, sempre ajudando o seu velho pai, Luiz Gonzaga. Jovem, se alistou para trabalhar nas chamadas "frentes de serviço", no período das grandes estiagens. Aprendeu então, a valorizar as coisas simples da vida e procurar agir, sempre com humildade. No começo dos anos 70, veio morar em Quixadá, administrando uma pequena bodega. Sempre disposto a trabalhar, conseguiu emprego na loja "Zilvan Rabelo" e, com um jeito todo especial de atender os fregueses, foi conquistando espaços, construindo amigos. A jovem Irani Lucino de Oliveira Silva gerenciava este comércio, não demorando muito, o surgimento de um bonito romance. Casaram-se, no ano de 1972. Dispostos a trabalhar, em pouco tempo, se tornaram empresários de sucesso. As "Lojas Mendes" se transformaram numa referencia do comércio da região, sempre apostando no crescimento da terra dos monólitos. Se faz necessário ressaltar a dedicação ao trabalho de Irani que, sempre esforçada e organizada, foi a grande responsável pelo êxito do empreendimento.  Sempre simpático, valorizando o que é simples, entrou na política, elegendo-se por três legislaturas. Apaixonado por futebol, chegou a presidencia do Quixadá Futebol Clube, nos anos 80, quando o querido "Canarinho do Sertão" chegou a realizar bons campeonatos. Apaixonado pelo sertão, jamais o abandonou. A fazenda "Várzea da Onça" era sua maior alegria. Mesmo tendo casa e comércio na cidade, era naquele pedaço de chão que achava tudo bonito. Quando descansava numa rede, com os olhos embargados de saudade, lembrava da imagem do seu pai, trabalhando no solo do Riacho do Meio. Lembrava da sua mãe, dona Luiza, sempre cuidando muito bem de todos, jogando milho para as galinhas, fervendo o leite, preparando o almoço. Deusimar era apaixonado pelo sertão. Era assim porque conheceu o sofrimento daquela gente, os longos períodos de seca. Ele mesmo chegou a trabalhar em construção de açudes. Estes detalhes, que estiveram presentes em sua vida, forjaram o seu perfil, de um homem exageradamente simples, atencioso para com todos e mostrando que, o mais importante nesta vida não é engordar contas bancárias e sim, perceber em cada ser humano, a presença de Deus, constatando que não há ninguém superior neste mundo. Mesmo tendo construído um expressivo patrimônio, Deusimar sempre afirmou que sua maior riqueza eram seu filhos: Lindon Jhonson, Kerla, Suyana, Erick Bayves e Farney Guthierry. O querido Deusimar nos deixou em 05.02.2003. Aquele, que foi em vida, um símbolo de bondade, simplicidade, hoje é uma eterna saudade.

O Quixadá Futebol Clube foi sua grande paixão

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

CINE YARA - O "SÃO LUIZ" DO SERTÃO"

Inauguração do Cine Yara em desenho de Waldizar Viana
 <><><>As lembranças dos quixadaenses, com relação ao "Cine Yara", ainda são muito fortes. Falar de Cine Yara é evocar coisas belas da terra dos monólitos. Crianças, jovens, adultos, todos ficavam fascinados com a magia da sétima arte. Foi José Adolfo, o grande nome do cinema, quem deu a ideia da construção do "Yara" para o senhor José Capelo. Foi, então, inaugurado em 20.09.1952, com a exibição do filme "O Castelo Invencível". O cinema foi também um símbolo de distinção social pois, existia um espaço denominado geral, frequentado por pessoas de menor poder aquisitivo e o das cadeiras especiais. Nas laterais do prédios, as luzes iam se acendendo, muito lentamente, anunciando o início da película. Foi nesta inesquecível sala exibidora, que os quixadaenses riram com as peraltices de Oscarito, Grande Otelo, Mazzaropi e se emocionaram ao assistir épicos de Hollywood, como por exemplo, "Os Dez Mandamentos"; "Sansão e Dalila"; "Ben-Hur" e outros. Permitiu, ainda, que os frequentadores conhecessem ídolos do rádio como Orlando Silva, Angela Maria, Nelson Gonçalves, os astros do movimento "Jovem Guarda", divulgados em inesquecíveis musicais. O "Cine Yara" era o templo da cultura e do entretenimento, naqueles anos dourados. Lendas do cinema se tornaram familiares na cidade, como Cary Grant, Marlon Brando, Kirk  Douglas, Jonh Waine, Burt Lancaster e muitos outros. As crianças imitavam esses astros, fazendo uso de um revólver de brinquedo, adquirido na mercearia do senhor Zé Metero, localizada na praça Coronel Nanan. Os adolescentes imitavam Elvis Presley com muita brilhantina(cosmético em forma de pomada), comprada no comércio do senhor Pedrosa. As meninas se sentiam como Audrey Hepbum, doce estrela do filme "Bonequinha de Luxo". Tabuletas, espalhadas em vários locais da cidade, anunciavam a programação do Yara". Acontecia, às vezes, das projeções serem interrompidas e aí, muitos gritavam, protestando, "Olha o roubo!". Na queda da energia, existia um motor por detrás do prédio e aí, o problema era solucionado. A praça Coronel Nanan era, na verdade, um seguimento da sala exibidora. Ali, aconteciam verdadeiros rituais, até a hora de adentrar ao cinema. Alguns, iam até a merenda do senhor Zé pinto, tomar aquele refresco(o refrigerante daquele momento). Como era costume, naqueles anos de poesia, os jovens ficavam circulando pela praça, quem sabe, a sonhar com um futuro amor. A praça explodia de uma alegria contagiante! E, aquele cheirinho de pipocas bem quentinhas! Mas, já dentro do cinema, os frequentadores ouviam aquele barulhinho das caixinhas de "mentex", usadas principalmente pelos mais jovens. Na bilheteria, a simpatia de dona Nina. Entregávamos os ingressos aos senhores, Chico Nascimento, Zé Paulino ou Pedro nunes. Os trabalhadores do cinema eram verdadeiros amigos dos frequentadores, como Dedé Sousa, Tarcísio, sebastião Mamede, José Adolfo, Luiz Marinho, Téo Miranda, João da Geral e Zé Fernando. Assim, como aconteceu com outros cinemas de rua, o querido "Cine Yara" também teve seu fim decretado pela invasão da televisão, do vídeo cassete, aí pelos meados dos anos 70. Nossa bela Quixadá conta com salas exibidoras de qualidade, confortáveis, modernas mas, não conseguem apagar as boas lembranças que os quixadaenses sentem do "Cine Yara", o inesquecível "São Luiz" do sertão". Na verdade, uma alusão ao famoso cinema da capital.
foto recente do inesquecível Cine Yara

Zé Adolfo deu a ideia para o surgimento do novo cinema

Dedé Sousa revisava e rodava os filmes