terça-feira, 28 de abril de 2015

Dr. BENEDITO GONÇALVES DE MELO: ELE CONTINUA VIVO EM NOSSOS CORAÇÕES

Dr. Benedito- grande amor com os pacientes
<> "O grande problema do mundo é a falta de fraternidade". Este comentário foi feito pelo médico Benedito Gonçalves de Melo, numa tarde, daquelas bem quentes, no tranquilo Quixadá dos anos 80. O companheiro de papo, irmão Leca, concordara plenamente. Realmente, o desenvolvimento de ações humanitárias marcaria, de forma irreversível, o nome deste médico entre os grandes benfeitores de Quixadá e Banabuiú(município a partir de 1988). Filho do casal Valdimiro Gonçalves Pimenta e Maria Helena Gonçalves, nasceu em 29.04.1947, em Laranjeiras, Banabuiú, ainda distrito. Prestou inestimáveis serviços e acolheu, sempre com muito amor, os mais pobres, levando conforto e esperança. Sua imagem de bondade, caridade, humildade, ainda hoje são lembradas por muitos. Gostava de estar no meio das pessoas do povo. Uma cena tornara-se comum, naqueles dias, ou seja, um médico conduzindo pacientes em seu próprio carro, do hospital de Quixadá até Banabuiú. Quando se tratava das senhoras que tinham dado à luz,  Benedito conduzia o recém nascido no colo, enquanto a mamãe ficava no banco detrás.  Era visto, com frequência no ponto do seu amigo Quin, aonde passava horas, brincando na sinuca com os amigos. Em Banabuiú, chama a atenção, o fato da presença nas paredes, em diversas casas, de um retrato do estimado médico. Prova maior da gratidão daquelas pessoas ao seu trabalho solidário. Queridíssimo, pelos serviços prestados como médico, tornou-se o primeiro prefeito do novo município, tendo administrado com probidade, responsabilidade e respeito à coisa pública. Correspondendo plenamente aos anseios da população da jovem cidade, retornaria a prefeitura para um novo mandato, no ano de 1996. Quando esteve exercendo a medicina no hospital de Quixadá, atendendo ou, nas vezes que o dirigiu, conquistou o carinho dos pacientes e funcionários.  Era grande amigo dos colegas médicos e dos funcionários Chico da Babá, Airton do Choró, Valdecíria, Lindalva, Nirinha, Leda, Branquinho, enfim, de todos.  Nos dias em que fazia atendimento, era grande o número de pessoas que queriam ser atendidas por ele. Teve que fechar a sua clínica particular, montada, com muito sacrifício. O motivo? Na maioria das vezes, não cobrava pelas consultas e em outras ocasiões, bancava o remédio dos clientes. Dr. Benedito concluiu o curso de medicina, em São Luís-MA, no final dos anos 80, começando a trabalhar em cidades do vizinho estado. Foi trazido para a terra dos monólitos pelas mãos dos médicos Everardo Silveira e Laércio. Sempre teve o respeito e o carinho de José Linhares da Páscoa, homem público de evidentes virtudes,  que via naquele jovem, um futuro líder. Dr. Benedito fazia questão de ressaltar a grande gratidão que tinha pelos colegas Sérgio Pavão, Mesquita, Edvando, Arimatéa, Ednilson, Antônio Moreira Magalhães, citando apenas alguns. Numa manhã de quinta feira, mesmo exausto do trabalho, como médico e administrador, teria que ir à Fortaleza, com o objetivo de levar professores que iriam receber títulos. Naquela manhã, Dr. Benedito percorria um caminho, já tão familiar,  pois, por muitas vezes, ali passara. Um pouco depois das 7 da manhã, perdeu o controle da direção, nas proximidades do posto são Paulo, em Pirangi. Terminou ali, naquele momento, uma vida de um  médico que sempre priorizou o amor pela vida humana. Terminou ali, a caminhada de um médico que transformou tantas lágrimas em sorrisos. Pouco atrás do carro de Benedito, vinha Dr. Mesquita, que também conduzia professores até a capital. Foi ele e os que o acompanhavam, os primeiros a se depararem com aquele panorama. Ao se aproximar e tentar socorrer o querido amigo, concluiu que nada poderia ser feito. Naquela manhã, de uma linda quinta feira(18.12.1997), a vida deu adeus ao jovem médico e político. Padre Giovani, um dos companheiros de viagem, falou que pressentiu um grande cansaço demonstrado pelo amigo e, algumas vezes, percebia o carro, saindo um pouco da estrada. Muito interessante o fato do irmão Leca ter perdido a hora desta viagem à Fortaleza, aonde também deveria comparecer. O irmão, no entanto, estava feliz pois Benedito iria assistir aos seus amigos professores serem agraciados. De repente, o amigo Roró se aproxima e comunica ao Leca, a triste notícia da morte de Benedito. O anúncio da morte do médico humanitário foi acolhida num clima de intensa tristeza e a emoção se apresentava nas reações expressas pelos colegas de trabalho e, em especial, pelas pessoas humildes. Tutu, que trabalhara com ele, assim reagiu, com lágrimas nos olhos:" Perdi um amigo, um irmão, ele se preocupava tanto com a gente, mesmo dispondo de pouco tempo". As cidades de Quixadá, Banabuiú e todo o sertão central, choraram a morte de Dr. Benedito e lhe renderam as justas homenagens. Hoje, a imagem do carismático médico é uma doce recordação no coração dos amigos e irmãos Leca(foi vereador de 1992 a 1996, em Quixadá), Benedita, Fátima Gonçalves, Edvanda e vilanir. O filho Henrique, então com 13 anos, perdeu mais um amigo que um pai. Tanta vezes, o pai lhe recomendara um grande respeito para com todos e, principalmente, em relação aos mais simples. O inesquecível médico deixou muitas saudades pela sua doação aos pacientes e amigos, pelo exemplo de vida, por ter nos ensinado a grande lição da humildade. Sua memória será sempre reavivada em todas às vezes que se pratique o amor ao próximo. Nunca te esqueceremos, amigo!

Leca e o irmão médico
Sempre perto dos colegas de trabalho

José da Páscoa- quase um pai

Dia da formatura

atenção especial as crianças


terça-feira, 14 de abril de 2015

PROFESSORA BETINHA - A MESTRA QUE CONQUISTOU O CORAÇÃO DOS ALUNOS E COLEGAS DE TRABALHO





Betinha- força e dedicação

Como diretora, ao lado da colega Teresinha

Na concha acústica da UFC-anos 80
 <><>Segundo a escritora Cora Coralina, feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina. Quando vivemos os anos verdes, saboreando a doce juventude, recebemos, mas ainda não entendemos as sementes que foram plantadas por mestres que nos mostravam os melhores caminhos a seguir. Só depois de um bom tempo, é que percebemos o quanto os ensinamentos desses anjos do saber foram importantes para o crescimento de seus alunos. Somos imensamente gratos aqueles educadores que serviram de farol na vida de todos nós. Dos muitos professores que passaram pela nossa vida, uma merece destaque especial, pelo que semeou na sua árdua, mas nobre missão de ensinar.  Elisabeth Brito de Alencar, a nossa sempre querida BETINHA, ainda hoje, desperta saudade em seus ex alunos porque fez, de cada um deles, um amigo, um irmão, quem sabe, às vezes, um filho. Para esta simpática mestra, cada aluno tinha grande valor e fazer do aprendizado um contentamento e não um sofrimento era a sua preocupação maior. Quantas lembranças lindas temos das aulas desta querida profissional! Elisabeth nasceu em Morada Nova, vindo para Quixadá, no ano de 1946. Seus pais José de Alencar Macedo(pastor Zequinha) e maria Brito de Alencar vieram com o objetivo de fundar a Igreja Evangélica Assembléia de Deus. Betinha aprendeu as primeiras letras com a irmã Vasthi que sempre a incentivou no gosto pela leitura. No final dos anos 50, matriculou-se no Grupo José Jucá, tendo como professores, Irene, Dolores, Neide Roque, Neidinha, Naidinha.  Pastor Zequinha, sempre preocupado com a sua educação e de todos os filhos, desejava que ela estudasse no Sagrado Coração de jesus(colégio das irmãs), o que não foi possível de imediato, por pertencer a família de evangélicos. Por sugestão de Neide Roque, foi marcada uma reunião com as presenças do Padre Luis e Ir. Plácida. Foi então, permitida a sua matrícula, por se tratar de uma adolescente de ótimo comportamento. No ginásio teve como professores, Angélica, Teresinha Ribeiro, Francy Gurgel, as irmãs Clarice, Marieta, Plácida, Rosalina, Marciana e os padres Hélio, Francisco Clineu.  No Pedagógico, foram seus mestres: Everardo Silveira(Anatomia); Emílo(Física e Química); José Airton(Higiene e Puericultura); João Forte(Biologia) Ir.Ideltrade(Psicologia); Ir. Ângela, Angélica, Rosalva, Antônio Magalhães, Magnólia, dentre outros. Teve como colegas do Pedagógico, Darci Capistrano, Marliete, Maria de Jesus, Fátima Viana, Cleide Almeida, citando algumas. Terminado o curso, tendo se destacado pelo esforço e dedicação, foi convidada para lecionar  no Colégio que, anos atrás, não queria aceitá-la pelo fato de ser evangélica. E assim, Betinha começou a grande missão que Deus lhe confiara, de despertar sabedoria, germinar o saber, encaminhar jovens para conquistas na sua vida pessoal e no futuro mercado de trabalho. No começo dos anos 70(do século passado), passou a lecionar no Colégio Estadual, atendendo a convite do diretor, naquele momento, professor Will Holanda, atendendo sugestão dos professores Rosa Fonseca e Maria Luisa(Lolota). Começou na disciplina de O.S.P.B, mas por muito pouco tempo. Os professores Carlinhos e Aires que lecionavam Língua Portuguesa, pertenciam aos quadros do Banco do Brasil e não tinham condições de trabalhar nos turnos da manhã e tarde. Foram então substituídos pela professora Betinha que abraçou com muito entusiasmo, este novo desafio. Formada em Letras, pela Universidade Federal do Ceará, logo ganhou a confiança da direção, dos colegas e dos alunos. Nas suas aulas, priorizou a leitura, realizando uma conexão com as temidas regras gramaticais. Com certeza, o grande compromisso da escola com a sociedade é "ensinar o aluno a aprender ler e escrever". Mas com todo esse profissionalismo, o que a tornou uma mestra muito querida foi a sua paciência, um amor mesmo, quase de mãe, para com os jovens. Lembra, com muito carinho, dos colegas Pery, Raimundo, Wanderley, Carmelita, Conceição, Valda, Florinda, Evaldo, Socorro Silva, Lúcia, Angélica, Maria Luisa, Dr. Ailson, Rosita, Socorro, Rosalva, Salim, Wellington, Averlene, Sandra Guedes, João Nogueira, Glauco Magalhães, Francy Gurgel, Nivaldo, Cleune, Eduardo Bananeira. Sempre séria no desenvolvimento do seu trabalho, chegou a dirigir o Colégio Estadual, sempre mantendo o diálogo e o respeito para com seus colegas professores e funcionários.  Lecionou, durante algum tempo, no Ginásio Municipal. Hoje, aposentada, lembra dos tempos em que corria de uma escola para outra. Das lembranças que ex alunos guardam de suas professoras, Betinha é uma terna lembrança. Ela foi uma doação sem limites. Só agora estamos realmente percebendo o significado de seus ensinamentos. Sua voz, seu sorriso, nos deu força em momentos difíceis. Somos, ex alunos, colegas de trabalho, bastante gratos,por tudo que fizeste pelo nosso crescimento. Conseguistes mesclar a arte de ensinar com o dom da convivência e assim, cada aluno ou colega de profissão, tornastes teu amigo. Um famoso artista brasileiro, em uma de suas famosas canções, falava das dificuldades em encontrar palavras para definir o forte amor que sentia por uma mulher. Nós também, de certa forma, nos sentimos assim e falamos: "Como é grande o nosso amor por você, Betinha!"
adolescente, no Colégio das Irmãs-anos 60
Quando começou a lecionar-

com colegas de Escola(a primeira da esquerda)

terça-feira, 7 de abril de 2015

MÁRIO BERTOLDO DO CAVAQUINHO(10)- UM SÍMBOLO DA RUA DO PRADO(Tenente Cravo)

Mário: nua vida simples, um grande exemplo de dignidade
<>Ali, pelos anos 30, um menino escapava da vigilância dos pais João Bertoldo e Maria Madalena, seguindo até a estação ferroviária, aonde aconteciam o pernoite de trens. Vários funcionários da extinta "RFFESA" como maquinistas, condutores, guarda freios, ficavam até as primeiras horas da madrugada, improvisando uma seresta, cujo único instrumento  era um cavaquinho, tocado por um dos funcionários. Aí estava a razão da escapada do menino Mário. Ele queria ver(ver muito) e ouvir aquelas notas musicai que adorava, apesar da pouca idade. Fez amizade com os maquinistas Diaquino, Seu Mundico, Antônio de Oliveira(pai de José Limeira, folclórico torcedor do Ferroviário), Manoel Paiva, Antônio Mourão e outros. Com o tempo, João Bertoldo(também funcionário da extinta empresa), permitiu que Mário pudesse ficar algum tempo na companhia desta boa gente. Foi ali, no velho galpão ou na estação de passageiros que teve o primeiro contato com o instrumento. Certa vez, era 25 de dezembro, o menino se afastou e foi até o curral, próximo à estação e chorou copiosamente. O maquinista Chaga de Aquino que, várias vezes deixou o menino passear na maria fumaça, quis saber o porquê daquele choro. Mário falou que fizera um pedido a papai Noel de um cavaquinho e não foi atendido. "Nem todo mundo é filho de papai Noel, pequeno Mário!", explicou o bom amigo, garantindo que ele iria crescer, trabalhar e realizar seu sonho, comprando aquilo que, para ele, significava felicidade. Foi o próprio Mário  Bertoldo Nunes(nascido em 3.01.1921) que nos prestou essas informações em um dos programas da "Rádio Cultura". Falou que não sabia explicar o motivo deste encantamento. Ainda adolescente, já realizando alguns trabalhos, comprava discos de Valdir Azevedo, Demônios da Garoa(onde se destacava o cavaquinho de Roberto Barbosa). Na juventude, chegou a integrar grupos musicais, como por exemplo, o regional de Zé Raimundo que tinha ainda como músicos, Alcides, Vinícius, Zé Mário. Um de seus professores que o levou a tocar com eficiência foi o amigo Chico sabiá. Quem passava pela rua do Prado(como chamavam a rua Tenente Cravo), com certeza, se deparava com aquele simpático senhor e seu inseparável cavaquinho. Mário Bertoldo era um símbolo daquela rua(para seus moradores, a mais bonita da terra dos monólitos). Naquele espaço, a vida parecia ser sempre uma festa! Famílias conversando nas calçadas, até tarde da noite. Nas novenas, os pedidos para boas chuvas, saúde e ,vez por outra, felizes casamentos. Nos serviços de alto falantes de Zé do Santos e Paroara, a voz possante de Nelson Gonçalves lembrava aos jovens apaixonados que "Nem sempre o primeiro amor é o primeiro namorado!". Mário estava sempre  acompanhado e, em especial,  do amigo(aquele certo das horas incertas), Vicente padeiro. Parte de sua juventude, Mário passou em Fortaleza, integrando os quadros da guarda civil. Vindo definitivamente para a terra dos monólitos, começou a exercer atividade comercial. Por toda a década de 60, montava sua banquinha num terreno, aonde hoje existe o calçadão, proximidades da câmara municipal. O filho caçula Hélio(hoje, professor de reconhecida competência), era o responsável pela montagem das barracas que protegia da chuva os produtos expostos à venda. Tempos depois, começou a trabalhar no centro telefônico da cidade que permitiu o contato com os distritos,  à época do prefeito José Linhares da Páscoa(25.03.1967-25.03.1971). Convidado pelo amigo Dário Alves Cidade, ficou responsável pelo setor de vendas de bebidas da "AABB",tendo como colegas de trabalho, Chinês, Miúdo, Queixinho, Zé Cachorro. Seu último trabalho foi no restaurante "O Helano", tendo se destacado pelo bom atendimento aos clientes. No começo dos anos 90, o doce Mário começou a apresentar problemas de saúde, culminando com a amputação de uma perna. A dedicada Antonia Teixeira Nunes(esposa e amiga), junto aos filhos Hélio, Hélia, Ecinho, Célio, Helena, Antônio, Elza, Elinalda e Anita, tudo fez pela recuperação de Mário. Segundo a filha Hélia, o seu pai nunca perdeu a alegria de viver e nem deixou de tocar o seu cavaquinho. No dia 19 de maio de 1998 o querido quixadaense morreu, deixando uma grande saudade nos familiares e amigos. Com certeza, sem Mário e seu cavaquinho, a rua do Prado(Tenente Cravo) nunca mais foi a mesma. Ele, em toda a sua existência dedicou-se ao trabalho, à família, aos amigos e deu mostras de como viver com dignidade.

O filho professor Hélio e o neto Miguel
1976- Mário sempre cercado de amigos
Antônia Teixeira Nunes-Mário foi e sempre será o grande amor da minha vida

Célio e Hélia, filhos não esquecem o querido pai

sexta-feira, 3 de abril de 2015

MARIA ROCILDA FERREIRA DA FONSECA- UMA QUIXADAENSE À FRENTE DE SEU TEMPO

Maria Rocilda: uma mulher à frente de seu tempo
<><>Naquele paraíso que era a praça da matriz na doce e pacata Quixadá, meados dos anos 30, jovens e  senhores conversavam nos bancos, outros volteavam, uns tentando vencer a timidez para se declarar a um(quem sabe!) futuro amor. Casais passavam pela praça e indo até o mercado público fazer compras na banca dos magarefes Zé Laranjeiras, Antonio Vidal. Animados adolescentes se dirigiam ao Grupo Escolar para acompanhar as aulas da professora Nila(ensinou o bê-a-bá a muitos filhos da terra dos monólitos).  O cheiro de pão quentinho vindo do balaio de Zé Migalha enchia a praça de um aroma que parecia vir do céu. O canto dos pássaros só era interrompido pelo apito do trem que evocava a saudade ou a festa pela chegada de alguém. Por um momento, as atenções de todos se voltaram para a passagem de um transporte bem popular na cidade, a charrete. O que chamava a atenção de todos era o fato de ser conduzida por uma linda jovem, de cabelos curtos, pele brilhante, rosada. Era uma mulher, uma jovem bem à frente de seu tempo. Quem era esta quixadaense que rompia preconceitos? Nas outras vezes, andava de bicicleta, escalava montanhas. Maria Rocilda Ferreira da Fonseca foi, sem nenhuma dúvida, responsável pela mudança de comportamento de gerações. Uma mulher revolucionária, pioneira e corajosa, certamente. Desempenhou um papel fundamental para extraordinárias conquistas na terra dos monólitos(para ela, a mais linda cidade) que tanto amou. Participou da vida política de Quixadá, tendo subido no palanque para defender a candidatura de Anastácio Eudásio Barroso numa disputa acirrada com José Forte Magalhães e Antonino Fontenele(desistiu da candidatura), passando a apoiar o médico candidato. Na noite de 28.11.1954, acompanhou e bem feliz, a diplomação do Dr. Eudásio Barroso nos salões do "Cine Yara", o nosso "São Luiz" do sertão. Católica fervorosa, participava das atividades da igreja em eventos com o objetivo de angariar recursos para a construção da catedral e outros trabalhos na paróquia. Sempre esteve presente nas festas dos padroeiros da cidade tendo acompanhado durante muitos anos a procissão até o açude do Cedro. Atendia ao chamado do Padre Luiz que pedia a todos que  cantassem com fervor o hino da Sagrada Família. E ela entoava com muita dedicação os versos: "Soldados de Jesus, marchemos sobre a cruz com São José e Maria". Maria Rocilda casou-se em 27.12.1941 com o jovem português Manoel Rodrigues da Fonseca, em Fortaleza. A paixão que alimentava este casal renderia o mais lindo texto, a mais bela história de amor. Desta divina união nasceram 11 filhos, sendo 4 homens e 7 mulheres, dos quais dez nascidos pelas santas mãos da parteira Mãe Júlia(era assim que, carinhosamente, a chamavam). Distante de sua terra, longe de seu querido Portugal,  Manoelzinho encontrava forças neste anjo da guarda e juntos ouviam, coladinhos um ao outro, belos fados nas vozes de Amália Rodrigues e Ada de Castro. Rocilda conseguiu que seu doce amado, também apreciasse as mais lindas valsas brasileiras como "Branca" e "Aurora". Era uma amante da natureza mas fazia questão de afirmar que a de Quixadá era a mais bela do mundo. Brincava com a família declamando os versos de "Luar do Sertão" de Catulo da Paixão cearense. Assim declamava "Não há, ó gente, ó não, luar como esse de Quixadá". Para que os amados filhos pudessem prosseguir nos estudos foram residir em Fortaleza no ano de 1975. Eram os terríveis anos da ditadura militar e Rocilda sofreu muito por defender seus filho, que sempre estiveram engajados na luta contra o regime militar. Sua filha, Rosa da Fonseca, por exemplo, foi presa e torturada mas, sem nunca ter desistido da luta ao lado dos irmãos. Visando proteger a integridade dos filhos, enviou até cartas para o papa. Rosa sempre afirmou que sua mãe foi uma inspiração de luta, de combate as injustiças que ainda hoje estão presentes em nosso país e no mundo todo. Possuidora de uma vasta cultura, Rocilda devorava textos de Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, José de Alencar, Machado de Assis(de quem admirava a forte ironia). Mas, mesmo detentora de talento e grande destaque na cidade tinha um carinho todo especial com os mais simples. Prova maior é que reunia na calçada de sua residência, crianças das vizinhanças para, junto aos seus filhos, lhes contar belas histórias que retirava dos livros. Muitas vezes, uma pequenina ou pequenino terminava dormindo em seus braços.  Sabe-se que adquiria saquinhos de pipocas no carrinho do senhor Juvenal para distribuir com as crianças que residiam próximo a sua residência. E assim conquistou o coração de todos que a conheceram. Seu grande interesse pela Literatura, lhe permitiu escrever e publicar o livro "Contos de Nossas Vidas" sobre a história da família. A guerreira faleceu em 9 de maio de 2001. Aqueles que conviveram com Rocilda garantem que se sentiam bem mais felizes estando pertinho dela. Quando alguém a ela se dirigia, em certos momentos de dificuldades, sempre afirmava, com os olhos cheios de uma ternura infantil: "Nunca se sinta abandonado!Deus está sempre nos esperando de braços abertos!
doce juventude

união pela lei de Deus
Sempre esteve à frente de seu tempo
Manoelzinho e seu anjo da guarda
sempre teve participação ativa na cidade

Juntos ouviam os fados de Amália Rodrigues

quinta-feira, 2 de abril de 2015

JOÃO CLÓVIS- O CAÇADOR DE RELÍQUIAS

João Clóvis-um apaixonado por objetos antigos
 <>Passado e presente se confundem quando visitamos a residencia de João Clóvis de Queiroz. Este quixadaense sustenta e, com muita dedicação, o hábito de colecionar objetos antigos. Em seu acervo encontramos velhas máquinas de escrever, ferros de engomar, radiolas bem antigas(ainda compradas na loja de d. Zélia), rádios, máquinas de costuras, vídeo cassete, balanças, debulhador de milho manual. Garimpar peças antigas faz parte do cotidiano e, certamente, há de constituir-se numa valorização do passado. Clóvis nos conta que começou a colecionar essas raridades há mais de 30 anos e diz não querer parar. "Me considero um guardião desses objetos de grande valor para mim. Na verdade, é um diálogo entre o antigo e o moderno. Destacou ainda que há pessoas que estranham este hábito, mas assegura que, na verdade, está se mostrando culturas passadas para a comunidade, em especial, para os mais jovens. Prova disto é que sempre recebe a visita de alunos, professores e outros interessados em conhecer peças antigas. "Sou um caçador de relíquías", assim se define este filho do casal João Batista de Queiroz e Isabel Fernandes Queiroz. Aos nove anos de idade foi morar em Ibicuitinga, aonde seu pai montou uma loja de variedades. João Batista vendeu uma padaria que administrava na terra dos monólitos. Aos 12 anos, veio com os irmãos estudar em Quixadá. Lembra que seus pais sempre se interessavam pela educação dos filhos. Em 1975, casa-se com Marileide da Páscoa, filha do ilustre homem público, José Linhares da Páscoa. O casamento aconteceu na igreja matriz e teve como celebrante, o saudoso padre Pedro Paulo. É pai devotado de Kristian e Kênia que respeitam e também curtem esse lance do pai de preservar objetos do passado. Algumas peças são compradas, mas recebe muitas doações, em especial dos amigos Lairton, Zé Aparecido, dentre outros. Garimpando peças antigas, conheceu novos amigos, inclusive, de outras cidades. Perguntado sobre o que mais lhe atrai neste hábito, bem pensativo, afirma que é o fato de saber que outras pessoas utilizaram esses objetos, em algum momento de suas vidas. Isso é fantástico, assegura o caçador de relíquias da terra dos monólitos.
anos 70

Clóvis e seus velhos vinis

debulhador de milho-uma rariadade

ferro de engomar

Clóvis ainda utiliza a velha máquina de escrever

velha radiola adquirida na Zélia Modas