segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

<>A SAUDADE QUE FICOU <> LADISLAU- FAZER O BEM FOI SUA MAIOR ALEGRIA

               <>Não é novidade que o grande segredo da verdadeira felicidade está em fazer o bem para alguém. Mesmo na correria dos dias, há pessoas que dedicam parte de seu tempo a motivar pessoas no seu  crescimento. São pessoas necessárias, que tornam possível um mundo melhor. Ladislau foi um desses anjos enviados por Deus para nos mostrar que nossa passagem por aqui é para dedicarmos parte de nosso tempo, no socorro aqueles que tem necessidades especiais e nos fazer ver que somos todos irmãos mesmo nas diferenças. Queridíssimo pela sua simplicidade, bondade  e caráter, permanece entre nós, aquela figura humilde, amável, prestativa e amiga. Ainda criança, quando já trabalhava na Padaria Estrela, conquistava as pessoas, pela forma gentil como tratava a todos. Logo ganhou a confiança do proprietário  Manoel Rodrigues da Fonseca que começou a se interessar pelos seus estudos. Apaixonado pela igreja católica, participava dos movimentos religiosos, chegando a dirigir grupos de jovens, tendo realizado um grande trabalho em prol das famílias do bairro "Alto de São Francisco". Foi um dos coordenadores do movimento de cursilhos, colaborando para uma convivencia cristã com maior intensidade. Presença constante na Associação de São Vicente de Paula, colaborando para a missão de caridade e ajuda ao próximo. Em 1972, casou-se com Joana D'arc Dias de Oliveira, com quem teve cinco filhos: Cristiane, Tony, Cleiton, João Paulo e Cidney. Nos momentos de alegria e de tristeza,  estava ao lados dos filhos que tanto amava. Como eles gostariam de tê-lo, sempre ao seu lado! Assim como nós também! José Ladislau de Oliveira nasceu no, hoje, município de Choró, em 27.06.1950. Faleceu em 11.10.1992, quando pilotava sua motocicleta. Ladislau, na sua permanencia, entre nós, deixou um rastro de bondade, de dignidade, cumprindo com resignação e sacrifício, a missão que lhe foi confiada por Deus. Tive o privilégio de conviver com Ladislau, especialmente devido a sua profissão de fotógrafo e me incluía dentre seus privilegiados amigos. Certa vez, encontrei-o ajoelhado no banco da igreja do "Alto de São Francisco" e lhe perguntei: "Por que você vem tanto aqui?". E ele, com aquela mansidão de sempre, me respondeu: "É aqui que encontro a paz, posso até chorar e ainda conversar com Jesus". 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

FRANCISCO DE ASSIS BRASILEIRO - O MÉDICO QUE AMAVA OS PACIENTES COMO A SI MESMO

<>Ha pessoas que nascem para realizar o bem e fazem desta condição, a sua razão maior de viver. Com certeza, se preocupar com  situação das pessoas, foi a maior felicidade vivida pelo médico Francisco de Assis Brasileiro. Este quixadaense(filho de João Brasileiro Filho e Antonieta Bezerra Silva), já na fase dourada de sua vida, na  doce juventude, se revoltava com a situação social de pessoas que não tinham direito a uma alimentação de qualidade,  uma escola que ensinasse lições de cidadania e que, enfim, desfrutasse de uma vida digna.  Ousou contestar a Ditadura Militar implantada em nosso país(1964-1985) e, como aconteceu com muitos jovens, foi vítima de grande violência mas sem que jamais tenha sido destituído de sua mente, o direito a liberdade de expressão, a luta por uma melhor qualidade de vida para as pessoas. Muitas vezes, o jovem Brasileiro foi visto na sua querida Quixadá(que tanto amava)  cantarolando a canção "Prá Não Dizer que Falei das Flores" de Geraldo Vandré, considerado um hino de resistência do movimento civil e estudantil e que sofreu forte censura dos idealizadores do Regime. Bastante querido, especialmente pelos jovens de quixadá, resolveu ingressar na política, sendo eleitor vereador com apenas 18 anos de idade, não chegando a concluir o mandato, por perseguição daqueles que viam no moço, um inimigo do regime totalitário. Chegou a ser preso, torturado, sofreu humilhações mas sem abrir mão do sonho de ver um país livre, com sua gente feliz.<> <>Teve que fugir do país, residindo inicialmente em Moçambique mas, pouco tempo depois, se transferindo para Portugal e, com grande esforço, muito estudo, ingressou na Faculdade de medicina. Sempre contou com o apoio do Senhor Zé Baquit, industrial e ex- prefeito de Quixadá, que o ajudou a concluir o curso na Universidade gaúcha de Santa Maria e Faculdade Federal do Ceará, isso depois do retorno ao Brasil. E foi como médico, que Francisco Brasileiro mostrou todo seu amor e dedicação as pessoas, sem levar em conta, cor, classe social, condição financeira. Amava os seus pacientes como a si mesmo, sendo ainda hoje lembrado por pacientes de Fortaleza(trabalhou durante algum tempo) e de Quixadá. A cura dos pacientes era seu principal comprometimento na profissão. <><> <>Humilde, dócil no trato com os amigos, compreendendo as diferenças, paciente com as pessoas idosas, Francisco Brasileiro marcou, de forna irreversível, seu nome no coração dos quixadaenses. Ele foi  um homem público, médico de muitos talentos mas, bem acima de tudo, um ser humano maravilhoso que amou a família, os pacientes e todos aqueles que sofreram injustiças. Por isso, permanece vivo em nossas lembranças. Francisco Brasileiro foi chamado por Deus para outras missões em 15 de julho de 1996. Receba o carinho de todos os quixadaenses, amigo Brasileiro!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

PALHAÇO PARAFUSO - 33 ANOS ALEGRANDO QUIXADAENSES DE TODAS AS IDADES

Palhaço Prafuso: a alegria das crianças quixadaenses
 <><>Nos anos 70, um palhacinho animava a feliz residencia do casal João da Cruz e Maria Alta, dando logo a entender o que pretendia ser na vida. Com pintura alegre no rosto, roupinha muito colorida, sapatinhos pequenos mas compridos, narizinho de bolinha, um sorriso cativante, aquele menino nos seus verdes 7 aninhos, fazia com que a família e vizinhos esquecessem, mesmo por pouco tempo, os problemas nossos de cada dia. E na sala da casa caía, pulava, subia em cadeiras, dançava, cantava, dava piruetas para todos os lados. Já adorava o circo, vibrava com trapezistas, domadores, acrobratas, dançarinos mas, gostava mesmo, era do palhaço. João Elder Tomé, tratado carinhosamente como pebinha, viria a se tornar, em pouco tempo, um mestre na arte de fazer rir, representando o personagem "Palhaço    Parafuso". Há muitos anos, arranca gargalhadas das crianças e adultos quixadaenses. É preciso destacar o pioneirismo do nosso pebinha. Ainda adolescente, realizava apresentações no quintal  de sua casa e, além de suas palhaçadas, se destacavam outros astros como mágicos, equilibristas. O acesso para acompanhar o espetáculo(a família assim chamava o show do filho), dava-se pela porta de entrada da casa. Havia a recomendação do palhaço adolescente: "Mamãe, as crianças que não puderem pagar, deixe entrar". Aquelas noites quixadaenses eram mais alegres e nem precisava de picadeiro, de lonas. A lua e as estrelas pareciam chegar mais perto para ver aquele circo improvisado mas, que era o mais bonito do lugar. E o palhaço Parafuso, no palco do quintal da sua casa, fazia a chamada para iniciar a apresentção: "Hoje tem marmelada?" E as crianças, numa alegria indescritível, respondiam: "Tem sim senhor!". O sucesso foi tão grande que Parafuso teve que buscar outros espaços. E assim, chegou a se apresentar na quadra da residência do médico Everardo Silveira que sempre apoiou o jovem artista e no galpão da fábrica do Senhor Renato Carneiro. Em pouco tempo, virou ídolo das crianças e sempre sendo convidado para apresentações em aniversários, batizados, festinhas nas escolas, shows beneficentes. Todos os anos, realizava
com grande sucesso, o show especial do dia das crianças, lotando clubes e praças. Passou a se apresentar em diversas cidades do Ceará e até em outros estados. Sempre teve a acompanhá-lo nas suas apresentações, dentre outros artistas, Everardo, Moca, Ruela. Parafuso jamais esqueceu da apresentação realizada pelo circo do famoso e querido palhaço Carequinha, na quadra do Colégio Estadual, em meados dos anos 70. Ficou encantado com o talento do grande astro que alegrava as pessoas, sem jamais apelar para baixarias.  O talentoso artista quixadaense há quase 40 anos, trabalha no "Duarte Drinks Bar" e sempre recebe o carinho das pessoas que o admiram como pessoa e talentoso palhaço. O nosso querido Pebinha é um grande artista da terra dos monólitos e, sem nenhum exagero, podemos afirmar ser um dos melhores palhaços em atividade no nosso estado. Certa vez, lhe perguntei como poderia ser definida a figura deste artista que nos dá tantas alegrias e Parafuso, assim nos respondeu: " Ser palhaço é fazer da alegria a razão de sua existencia. É também não deixar os outros perceberem que, às vezes, também é um sofredor.        


                                                                                                                                                                                                                
Palhaço Parafuso continua se apresentando para todas as idades

Parafuso tem  muitos admiradores

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A SAUDADE QUE FICOU: ALES: A DIGNIDADE DO HOMEM NÃO ESTÁ NO TAMANHO

Ales: a vitória contra o preconceito
 <> Sua estatura era de 1,20 m. Por causa do tamanho, da condição de anão, poderia ter sido bastante discriminado pela sociedade. Mas, Francisco Ales Bezerra ,viveu como qualquer semelhante de estatura normal: estudou, trabalhou, constituiu família, se divertiu muito. Evidente que, em algumas ocasiões, enfrentou problemas relacionados ao preconceito, por caraterísticas físicas fora dos padrões mas, nada que atrapalhasse o seu grande amor pela vida e pelos amigos. Filho de Morada Nova, nasceu em 31.12.1935, vindo, ainda adolescente, para a terra dos monólitos. Inicialmente, morou na residência da senhora Magela(esposa de Raimundo Nobre) e, com muito entusiasmo, estudou no então, Ginásio Valdemar Alcântara. Fez parte da primeira turma do curso ginasial e sua dedicação, seu esforço, foram enaltecidos na noite festiva da entrega dos certificados, ocorrida em 27.11.1960, nas dependências do próprio ginásio. Por ter se destacado nos estudos, o jornalista João Eudes Costa fez publicar no jornal 'O Povo", o feito daquele jovem que nunca faltou a um dia de aula.                                                                                                                                                           Ales trabalhou durante quase 20 anos, no escritório do senhor Aziz Baquit, ao lado de amigos como Murilo Viana, jacinto Gomes, Evandro, Jonas Rocha, dentre outros. Dedicado, honesto, gozava da confiança de toda a equipe de trabalho. A sua biografia se torna mais bonita, ao destacarmos uma linda, linda demais, história de amor. Bem próximo ao seu trabalho, funcionava o posto do "INPS" e naquele local, uma jovem muito bela, por nome de Liduina,esperava na fila, a hora do atendimento. Ales, no caminho para o trabalho, ficava a olhar, imaginando a oportunidade de comunicar seu encantamento. Numa linda noite de natal(todas as noites de natais são lindas), depois da missa na Catedral, os jovens foram à praça e, em meio aquela magia, declararam o amor de um para com o outro. E em meio a tantos jovens, tanta explosão de alegria, o passeio de mãos dadas; a parada na barraquinha para saborear o pedaço de bolo mais gostoso; a volta na roda gigante, pensando alcançar as nuvens e o tão sonhado primeiro beijo. O casamento aconteceu em meados dos anos 70, fazendo a alegria dos incontáveis amigos. Este grande e verdadeiro amor, durou até o falecimento de Ales, ocorrido em 19.07.1984. Desta união, nasceram os filhos Jaqueline e Junior, que fazem valer os ensinamentos dados pelo inesquecível pai. Os irmãos Edmar, Edvan, a eterna esposa Liduina, os filhos e os  amigos, jamais esquecerão aquele homem que nos mostrou, não ser a  condição física, um motivo para se indignar. Ao contrário, Ales amou o quanto pode, à vida, a família e os amigos. É por isso e algo mais, que não sai de nossas lembranças. Um abraço de todos nós, amigo ALES.
Ales(última fila), numa excursão com os colegas da escola a cidade do Crato-1960
Momentos de desconcentração com os amigos Clóvis e Evandro

réveillon-1969, Balneário

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

ZÉ BODEGA- CRAQUE DE UM TEMPO EM QUE SE JOGAVA POR AMOR

 <>Nos anos 50, o então adolescente José Augusto da Silva(Zé Bodega), recebia as orientação do treinador Manoel Abílio e vestia a camisa do Ypiranga, que marcou época na terra dos monólitos. Muitos desportistas ainda lembram daqueles craques que se apresentavam e enchiam os olhos da torcida, como por exemplo, Truman, Sassá, Dema, Zé Wilson, Adão, João do Pedro, Cleber, Carlos Capistrano, Tarcísio Nobre, dentre outros. Naqueles anos(50, 60, 70), havia muitos espaços e campos de treinamento eram improvisados pelos Times. Por exemplo, o Ypiranga realizava seus treinos, em frente a casa do senhor Elisiário. Além de enfrentar clubes locais como o forte time do Colégio Valdemar Alcântara, a equipe se apresentava em outros municípios e isto acontecia mais vezes, na vizinha Quixeramobim. A rivalidade era enorme, sendo necessária, em algumas situações, a presença de policiais nos campos de jogos. Zé Bodega, apelido colocado, em função de sua atividade comercial, também defendeu a equipe do treze, comandada por joão Marcos. Com o uniforme idêntico ao do Ceará Sporting, conseguiu angariar a simpatia de muitos torcedores. Se apresentando bem nessas equipes, sendo atacante de qualidade,  logo foi convidado para jogar no Bangu, equipe consagrada e detentora de muitos títulos. João Eudes Costa e toda a diretoria recebeu de braços abertos, a nova aquisição. Jogou ao lado de Wagalume, Catolé, Flávio, Gibi, Mano, Benedito Maia, Cacete(irmão), Tarcísio Nobre, Nonato. Zé Bodega nunca esqueceu de uma apresentação, desta vez, defendendo o Avante, em Limoeiro do Norte.  A seleção de Limoeiro do Norte era muito forte, naqueles anos mas o tricolor quixadaense venceu por "1 X 0", gol marcado pelo Cacete, irmão do Zé. Mas toda a jogada que redundou no gol, foi trabalhada por Zé Bodega que, inclusive, recebeu convite para ir morar e jogar, naquela cidade, o que não foi aceito.A equipe quixadaense viajava em duas kombis, de propriedade do Senhor Zé matias, quando se apresentava fora de Quixadá. O craque era amigo de todos mas, principalmente, do treinador Edinho e de Adão, colega de time. Foi convocado por Saldanha e defendeu a seleção quixadaense que disputou o Intermunicipal, de 1961, onde outros craques se destacaram, como Wagalume, Zé Leônidas, Perpétuo, Epitácio e Neco. Os três últimos, paraibanos. O prefeito desportista Zé Baquit, mandava busca-los em suas cidades de origem, em dias de jogos. Antes do Quixadá Futebol Clube, a nossa Seleção era o "xodó' da torcida.                                                                                                                                                                                                  Paralelo a sua atividade como atleta, Zé trabalhava com muito afinco, exatamente para que nada faltasse a família que tanto amava. Trabalhou com o Senhor Gersário, Zé Crispino, Afonso Carcará. Casou-se em 1967 com Antonieta(Pitonha) e desta união nasceram os filhos Paulo Sérgio, Carlos Eduardo, Maria do Socorro, Maria das Graças, Ivana. O craque foi chamado por Deus em 18.12.2010. deixando muitas saudades na família, amigos e desportistas. Com certeza, Zé Bodega tem um cantinho reservado no coração daqueles que apreciam o futebol, jogado com amor.
Com o craque e melhor amigo Adão

doce juventude, anos 70, no açude do Cedro

Com Francisco e Tutu, decada de 2000

Depois de uma operação-o apoio de todos

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

TIPOS POPULARES DE QUIXADÁ(9): PEDÃO DA ÁGUA BOA- UM SÍMBOLO DA CIDADE

O colorido tambor chama a atenção de todos
 <>Assim, como em outras cidades, a bela Quixadá também tem seus tipos populares. Eles significam a alma das ruas, dão vida e personificam, com seus estilos comportamentais, a alegria, o otimismo, a simplicidade. Deles, recebemos grandes lições de amor à vida, desprendimento, desapego as convenções impostas por uma sociedade que se caracteriza pelo "sempre ter mais". O senhor Pedro Nogueira Viana, conhecido como "Pedão da água boa" se enquadra, perfeitamente,  neste perfil. Desde 1957, quando tinha 17 anos, este pacato senhor trabalha como carroceiro, abastecendo as casas com água, um bem tão necessário a vida. Seria apenas mais um, não fosse o fato de exercer o trabalho de uma forma bem diferente, criando uma forma toda especial de comunicação com as pessoas, fazendo uso de um "marketing" próprio, divulgando o seu produto, enfeitando de cores e acompanhada de frases, o tambor de sua carroça. "Mamãe chegou o Pedão da água boa", curiosa frase que está bem à mostra, no tambor, todo colorido de azul, vermelho e branco, com as cores de seu time de coração, que é o Fortaleza Esporte Clube. Pedão nos informou que pegou esta frase de uma criança, avisando a sua mãe da chegada do alegre trabalhador. É claro que Pedão virou uma atração na cidade, um personagem muito interessante e que sempre atrai a atenção, inclusive da mídia, já tendo sido motivo de várias matérias, algumas com grande repercussão.                                                                
                                                                                    Tudo começou quando seu tio, Chico medonho, lhe pediu que tomasse conta de sua carroça, pois iria desenvolver outras atividades. E o jovem aceitou o desafio. Quixadá era ainda uma cidade muito pequena e pacata, nos anos 50. Alguns de seus companheiros de profissão eram Raimundo Rufino, Afonso da carroça, Joãosão, Zé Grande, Malaquias, Seu Liliu. Segundo nos informou Pedão, no bairro do São João, sua morada ainda nos dias de hoje, só existiam umas vinte casas. Durante muitos anos, abasteceu o velho mercado público, Campo Novo e outros espaços da cidade. A água, então, de ótima qualidade, era retirada nos canais do açude do Cedro e esta atividade, acontecia até a chegada da noite. Se faz necessário informar que os carroceiros quixadaenses, naquele tempo, forneciam água para o funcionamento do precário sistema energético de alguns equipamentos.                                                                                                Sempre ao seu lado e tornando possível, uma linda história de amor, a doce Mirtes é a grande companheira de todas as horas. Enfrentaram muitas barreiras mas, venceram todos os obstáculos. Casaram-se no dia 30.10.1965, na catedral, com as bençãos do Padre José Bezerra Filho. Desta união, nasceram os filhos: Luis Alexsandro(trabalha com o pai), o
 professor Claudemir, Reginaldo, Wladimir, Pedro Junior, Lindovânia e  Lindaiana. Com certeza, ao desenvolver esta simples atividade, os carroceiros nos mostram que é possível  viver com dignidade, criar a família, mesmo na modernidade. O radialista Alexandre Magno(trabalhou na pioneira Rádio Uirapuru e Monólitos), definiu, com muita propriedade, a figura de pedão da água boa: " Ele é um cronista da cidade, uma mistura de trabalhador e repórter, pois na sua labuta diária, toma conhecimento do que acontece e divulga o incontrolável crescimento da terra dos monólitos! Ele é um símbolo da bela Quixadá!"                                                                                                                                                                                                                                              
Pedão- tipo popular muito querido

Ainda jovem, virou atração na cidade

Anos 70- assistindo o crescimento da cidade

Mirtes e Pedão - anos 70 - uma linda história de amor

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

MOACIR COSTA LOPES: ELE É QUIXADAENSE, SIM SENHOR!

Escritor pouco conhecido em sua terra natal
 <>No ano de 1978, no aeroporto internacional Sky Harbor, no estado do Arizona, Estados Unidos, uma pequena multidão formada, em sua maioria, por alunos, professores, jornalistas e curiosos, aguardavam, com ansiedade, a chegada do escritor brasileiro, Moacir Costa Lopes. Ele veio participar de um simpósio sobre sua obra, aplaudida pelo público e crítica deste país. No Brasil, recebe o reconhecimento do meio acadêmico e do público leitor. Seu primeiro romance, "Maria de Cada Porto" lhe rende os prêmios "Coelho Neto-Academia Brasileira de Letras" e "Fábio Prado-União Brasileira de Escritores". Em 1997, o filme "A Ostra e o Vento", baseado num livro de sua autoria, leva multidões a cinemas do Brasil e do exterior. Além de escritor famoso, também lecionou na Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizou traduções do inglês, fundou editoras. Mas, apesar de sua grande importância para a cultura brasileira, Moacir é muito pouco conhecido pelos seus conterrâneos. O blog visitou bibliotecas de algumas escolas do município e quase nada encontrou deste senhor que tanto amava a sua terra natal. E pasmem, a indiferença de algumas autoridades que indagam e com pose de intelectual: "Quem é ele?"
                             "Ele é quixadaense, ele é da nossa família, é papaema!" É desta forma que reage o escritor João Eudes Costa ao rechaçar, com veemência, o fato de alguns biógrafos informarem que o autor de "A Ostra e o Vento" nasceu em Fortaleza. Foi no dia 11 de junho de 1927 que este predestinado veio ao mundo. Predestinado sim, pois cedo, conheceu momentos difíceis, tendo perdido os pais, ainda bem criança. Chegou a fugir de casa devido a maus tratos recebidos. Para ganhar alguns trocados, escrevia cartas atendendo a pedidos de comerciantes, em trânsito. Segundo João Eudes, por ter cometido uma má ação em um comércio, adentrou para a Escola Aprendizes Marinheiros, em Fortaleza. Em cada navio que servia, o marujo quixadaense montava uma biblioteca, através de doações, tamanha a sua paixão pela leitura. "Maria de Cada porto deu o início a uma imensa e valiosa produção literária. Merecem ainda destaque: "Chão de Mínimos Amantes"; "Cais, saudade em Pedra"; "O Navio Morto e Outras Tentações do Mar"; "As Fêmeas da Ilha Trindade", dentre outros, de igual qualidade. Merece ser destacado a grande preocupação de Moacir com o escritor brasileiro, tendo sido presidente do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro. Publicou obras, enfatizando a dura realidade enfrentada pelos seus colegas. Deu para perceber, com este simples texto, a grande importância do escritor para a cultura brasileira? Agora, só falta um maior conhecimento de sua obra por parte de seus conterrâneos. Que tal, o setor cultural da terra dos monólitos, adquirir seus livros e alimentar nossas bibliotecas. Que tal filmes baseados em seus livros serem exibidos e discutidos? E nós, que tal fazermos a nossa parte, mostrando aos nossos filhos este escritor que é um nosso irmão "pai d'égua!" - O autor faleceu em 21 de novembro de 2010.
Escritor João Eudes Costa é da família de Moacir Costa Lopes
o escritor com a amiga e fã Edna Letícia






sábado, 16 de agosto de 2014

SÃO CRISTOVÃO; O REI DO SERTÃO

Time base: Gennaro(presidente),Gilberto,Nemem,Cícero Peroba,Calhambrey,Zé Raimundo,Branquinho,Chico pelado,Vaqueiro, Aélio,Gilberto Dinamite,Antônio Peroba e Antônio Carlos 
 <>O sertão tem sala de reboco prá se dançar um forró de Luiz Gonzaga, tem novena, vaquejada, cantoria, reisado e também futebol. Aquela gente querida, honesta, trabalhadora, que sabe como ninguém, enfrentar as adversidades, encontra tempo para se divertir, ficar alegre. E, como acontece em outros espaços por este Brasil afora, o futebol é a grande paixão. Não é só Cego Aderaldo, Patativa do Assaré, Gonzagão, Jackson do Pandeiro que são amados e admirados no sertão. Também Garrincha, Pelé, Rivelino, Neymar e outros craques, possuem uma grande legião de fãs e seguidores. Dividindo espaços com o curral, roçado, açudes, a capelinha, temos os campos, onde acontecem as partidas disputadas por jovens sonhadores, que almejam jogar num clube profissional. Diversos times foram formados e, alguns chegaram a conquistar títulos, mesmo participando de torneios nas cidades. Craques foram revelados e chegaram a jogar profissionalmente. Cada equipe sertaneja tem sua própria torcida, que acompanha, vibra com as vitórias e chora nas derrotas.  Merece um destaque especial, a equipe do São Cristovão, que ganhou a denominação de " O Rei do Sertão", chegando a conquistar a admiração e o respeito, inclusive de torcedores que moram na zona urbana. O São Cristovão, até meados dos anos 90, era a grande atração,  muitas vezes, sendo confundida, com uma equipe profissional, tamanha a seriedade, a organização que foi montada pelo seu fundador, presidente, técnico e até jogador, Gennaro, que sempre recebeu o apoio da família, torcida e amigos. Chico Pelado, se destacou como treinador, recebendo convites para dirigir equipes da cidade. Muitos craques vestiram a linda camisa azul do "Rei do sertão" como Pedro Ismael, Careca(jogou também co Cruzeiro do Alto), Waltenberg, Gilberto(irmão do Deda), Nemem(filho do Dezinho carroceiro), Cícero Peroba, Chico Calhambrey(irmão do radialista Jonas Sousa),Zé Raimundo, Branquinho, Vaqueiro, Aélio(filho do presidente Gennaro), Gilberto Dinamite, Antônio peroba e Antônio Carlos.  Um craque, se destacou, de modo todo especial, pois se tornou o maior artilheiro da equipe, uma espécie de "xodó' da torcida. Chamado carinhosamente de Gilberto Dinamite, se tornou o grande atrativo dos domingos no campo do São Cristovão e, tirar fotos ao lado dele, se tornou uma cena bastante comum. No sertão, o futebol é tão idolatrado que, muitas vezes, as disputas entram pela noite, e a luz do luar que cai sobre o campo, transforma aquele jogo em pura poesia e até folclore. Certa vez, o eficiente e querido goleiro Chico Calhambrey, tomou um gol fácil e foi questionado pelos colegas do time. O craque, com bastante tranquilidade, se justificou desta forma: "A LUA ESTAVA TÃO LINDA! NÃO CONSEGUI TIRAR OS OLHOS DELA!".
Gilberto Dinamite-artilheiro do São Crisstovão

Gilberto hoje curte seu netinho Davi

terça-feira, 5 de agosto de 2014

ZÉ MARIA BARBEIRO - 50 ANOS DE CHÃO!

Zé Maria Barbeiro:amor à profissão 
 <>" Tesoura, Pente e Navalha!" Estes são meus principais instrumentos de trabalho! Devo tudo a eles! Com eles, criei toda a minha família e cumpri meus deveres de cidadão!" Desta forma, se manifestou Zé Maria Barbeiro(José Maria Ferreira) que, há mais de 50 anos, exerce uma das profissões mais antigas de que se tem notícia. Por meio de sua atividade profissional e pela dinâmica que ela engendra no perfil urbano quixadaense, os barbeiros podem ser considerados como "guardiões da memória". Tal realidade pode-se comprovar pelo fato desses espaços proporcionarem um convívio social, tornando possível narrativas que, mesmo não tendo sido utilizadas para registros históricos, permite-nos conhecer melhor a nossa história. Muitas pessoas vão ao barbeiro não apenas para fazer a barba mas, para reencontrar velhos amigos. Quando criança, em Caio Prado, Zé Maria, ajudava o pai,  no roçado, até o meio dia. Seu pai, que era conhecido como 'Preto Laurentino", mantinha um salão de barbearia, no mercadinho local. Depois do grupo escolar, corria para ver e admirar seu pai naquele lindo trabalho. Ficava horas prestando atenção ao jeito de Seu preto cuidar do cabelo, barba e bigode daquela gente que, aos meus olhos de criança, pareciam anjos. Não havia nenhuma dúvida, seguiria a profissão do pai.                                                                                                                                                                                    Em 1963, pelas mãos do irmão Careca(irmão e professor do ofício) veio para Quixadá e ,em pouco tempo, estava exercendo a profissão, trabalhando inicialmente, num salão que existia em frente ao portão do velho mercado, vizinho a farmácia de Miguel Aguiar, ao lado de Carioca, Chico Cabeleireira, João e outros. Depois de algum tempo, foi trabalhar com Hemetério Bandeira, Raimundo Barbeiro.  Atencioso e muito correto, no desempenho da profissão que amava(e ama), em pouco tempo, fez amizades com colegas de profissão e clientes.  Um grande amigo foi(e é) fundamental na vida deste correto profissional. Trata-se de Ernandes Campina que comprou a barbearia, em 1970, na rua Tenente Cravo(a velha rua do Prado), local onde trabalha, até os dias de hoje e o presenteou. Faz questão de ressaltar a generosidade deste grande amigo. No ano de 1974, foi convidado pelo capitão Lucas para trabalhar no quartel da" PM" local  e no ano de 1981, participou de um concurso em Fortaleza, exigencia para se manter na ocupação. Foi aprovado e lá permaneceu até 2010. Lembra com emoção e saudade, alguns fregueses e amigos com Carlos Bananeira, Antônio Caetano, Zé Maria Caetano, Marcelino Queiroz Dr. Weimar, Dr. Wilson, Assis belo, dentre muitos outros. Um detalhe sobre este profissional é que ia até a residencia dos clientes,quando estes se encontravam doente. Foi assim com o Senhor Marcelino Queiroz, um dos mais fiéis, presença certa no salão do Zé.                                                                                                                                               A extraordinária inovação tecnológica, as novas ferramentas de trabalho, mudou drasticamente o comportamento das pessoas em relação ao cuidado com a aparencia.  Mas não eliminou completamente, a atividade de barbeiro. Zé Maria afirma que muitos preferem ainda o velho salão pois, além das estórias(ou histórias) que se desenrolam naquele ambiente, tem a questão da velha e sempre boa amizade. Digamos que a barbearia é um espaço humanizado e não apenas um local de negócios. Zé Maria Barbeiro e seus colegas que mantem seus espaços funcionando, até os dias de hoje, são detentores de um significado enorme na construção da bela história quixadaense. Com eles, com certeza, o passado se efetiva no presente. "VIVA ZÉ MARIA BARBEIRO! VIVA NOSSOS HERÓIS!"                                                                                                                        
instrumentos de trabalho
material de trabalho(foto da Internet)

Material de trabalho


sábado, 2 de agosto de 2014

A PAIXÃO DE UM HOMEM PELO QUIXADÁ FUTEBOL CLUBE- ZENÓBIO MARAVILHA CHORAVA QUANDO O CANARINHO PERDIA

Zenóbio:garra e entrega
<> Preciso na marcação, eficiente na saída de bola, Zenóbio conquistou o respeito e o carinho da torcida quixadaense. Mas a sua principal característica era a garra, a determinação, a dedicação em busca do resultado. Muitas vezes, partia para a bronca, exigindo um maior empenho dos companheiros. O comerciante e torcedor Zé do Pão, era fã do lateral, aplaudia o craque e
 afirma ter  visto, em diversas ocasiões, o Zenóbio Maravilha chorando copiosamente, após uma derrota. Tal comportamento gerou o apelido "o craque chorão". Começou ainda garoto, jogando na equipe comandada pelo Chico Dem, no bairro do Alto do São Francisco, na década da 60. Neste time, jogava ainda o Pepe, o Boneco, Franco Henrique(hoje, radialista), Santana, Mano, Airton Lélis, Zé Gogó(o Xavier, que ganhou destaque no futebol nordestino). Não demorou muito e Zenóbio Maravilha foi convidado para integrar a famosa escolinha do Avante, treinada pelo Freitinhas, aquele que passou mais tempo, dirigindo a equipe canarinha. No Avante, jogou ao lado de Paulo Cotó, Zé Leonidas, Maninho, Wilson Pé de Macaco, Zé Perequeté, Brasa(famoso centro-avante), Zé Burrego, dentre outros. O Bangu, que se também se destacava  no futebol, fisgou o jovem craque. Foi o Padinho, roupeiro e olheiro, que o convidou, com o aval de João Eudes Costa(hoje, famoso escritor). No novo clube, jogou com o goleiro Mauro, o lateral Bilino, os meias Airton Lélis e Xavier, os craques irmãos, Djalma e Vilmar, Wagalume(lenda do nosso futebol).                                                                    Se destacando na lateral dessas equipes e com grandes atuações, foi convidado a defender o Quixadá futebol Clube, time que viria a ser a sua grande paixão. Convidado por Zé Abílio e Freitinhas, meados dos anos 70, dentro de pouco tempo, firmou-se como titular absoluto. Jogou ao lado de Célio Cavaco, Waldir, dentre muitos outros. Conquistou a torcida canarinha que aplaudia, de forma entusiástica, a sua dedicação, mesmo nas derrotas. De pequena estatura, conseguiu anular o galalau Ferréti, além de grande estatura, um goleador nato, numa atuação irrepreensível de toda a equipe. Zenóbio Maravilha afirma que os melhores jogadores que viu atuando em sues clubes, foram Amilton Melo, Facó, Mesquita(o famoso canhão do Pici), Neto(do calouros), Aldir(o famoso cabecinha de ouro, pai do radialista Audílio Moura), Zé  Leônidas, Mafia.                                                                                                                                                                     Encerrando a carreira, não queria se afastar do futebol e  exerceu outras atividades como administrador das equipes, treinador(brilhou na seleção do município de Santa Inês-MA); preparador físico e até mesmo foi árbitro, durante algum tempo. Hoje, futebol só mesmo na torcida do seu querido Fluminense  não perdendo um só jogo. Atualmente, pertence ao mundo da música, administrando a banda "Bandas de forró.  A sua grande incentivadora, sempre foi, a esposa Neuma(casaram no ano de 1975, na igreja velha, recebendo as bençãos do padre Zé Bezerra). Quando alguém pretender personificar o craque do empenho, da dedicação, da raça, com certeza, lembrará o nome de Zenóbio Maravilha.
Zenóbio no Balneário(o  quinto, da esquerda para a direita)
Fluminense é sua grande paixão

com o craque Amilton melo-anos 70

Zenóbio seguiu a carreira de árbitro

terça-feira, 29 de julho de 2014

CANAIS DE IRRIGAÇÃO DO AÇUDE CEDRO EM QUIXADÁ-CE

A presente matéria foi extraída de um relatório de atividade de campo feita por uma equipe de alunos do Curso de Direito da Faculdade Católica Rainha do Sertão, na disciplina de Direito Ambiental (9º semestre), composta pelos alunos: FRANCISCO SARAIVA/ HUGO FERNANDES/ JOAQUIM NETO/ LUIS ANTONIO, que utilizaram-se de fotografias para registrar a atividade realizada, tendo início no nascedouro do canal principal, que fica na torre de controle de dispersão de água, localizada na parede da barragem principal do Açude Cedro, percorrendo do canal principal, e suas ramificações laterais, até as comportas distribuidoras (denominada pelos nativos de “repartidouro”), local aonde o canal se divide em dois: o canal norte e o canal sul, que formavam um perímetro irrigado na cidade de Quixadá.

Galeria principal de dispersão de água.
Não seria exagero dizer que os canais de irrigação visitados, e o próprio complexo do Cedro representa um dos primeiros grandes projetos de interferência do homem na natureza visando o desenvolvimento econômico no Brasil, levando-se em consideração que na época de sua construção, o seu objetivo era criar um reservatório de água, capaz de modificar aquela triste realidade em razão dos períodos de grandes secas que o Estado do Ceará passou, principalmente entre os anos de 1877 a 1879, onde cresceram na época os chamados “currais da fome” (era o local cercado com arame farpado aonde as pessoas flageladas eram aglomeradas como gado, e na saída recebiam mantimento, em geral foram criados para evitar que os vagantes chegassem até a capital, Fortaleza).
Segundo o historiador João Eudes Cavalcante Costa, em seu livro Retalhos da História de Quixadá, por todo o estado do Ceará, bem como em Quixadá, “... os gemidos da fome se tornaram tão fortes, não pela fortaleza dos que sofriam, mas pela quantidade, cada vez maior, dos que padeciam as agruras da terrível seca” (COSTA, 2002. Pág. 34), referido sofrimento, despertou o império adormecido, tanto é que existe a famosa frase atribuída a D. Pedro II, que ordenou: “Venda-se o ultimo brilhante da minha corroa, contanto que não morra nenhum cearense de fome”.
Nesse contesto foi construído o açude do cedro, com seus canais de irrigação, projetado inicialmente para irrigar uma área de 1.000 (mil hectares de terra), sendo que a sua construção levou 22 anos.
Ainda conforme constatação histórica em seu livro, João Eudes, atribui ao complexo do cedro e seus canais de irrigação, a própria expansão da cidade de Quixadá e o desenvolvimento da região: “... O açude do Cedro que representa um belíssimo cartão postal para quem nos visita, mostra a sua importância para um município, a quem norteou o caminho de seu desenvolvimento cultural e econômico..." (COSTA, 2002, pág. 63).
Segundo João Eudes, no auge de seu desenvolvimento impulsionado pela riqueza da água que se espalhava com abundancia e com aproveitamento planejado, Quixadá foi exportador de frutas, pois tanto do lado norte quanto do lado sul da cidade, havia grandes plantações de frutas e hortaliças, (locais hoje substituídos por grandes empreendimentos imobiliários), além do mais, nos arredores do açude do Cedro, existiam cerca de trezentos assentados ou como são denominados arrendatários.
Para se ter uma ideia da dimensão e da importância do açude Cedro e seus canais de irrigação para a região, no ápice de seu desenvolvimento econômico, Quixadá se tornou o maior produtor de algodão do nordeste, concentrando grande poder econômico com a abertura de fabricas de processamento de derivados do algodão, o chamado “ouro branco”, conforme João Eudes, que também foi funcionário do Banco do Brasil, o banco chegou a aportar cerca de 10.000 (dez mil) financiamentos agrícolas para a região.
Além do mais, o complexo do Cedro se insculpiu nas próprias formações rochosas, e seu impacto ambiental embora não tenhamos encontrado registros, dada a situação e o período de seca, é possível deduzir, que qualquer impacto ambiental causado pela construção da referida obra, certamente melhorou e potencializou a fauna e flora existentes, além do mais, aos que observam, o açude do Cedro se incorpora a beleza do local, formando um par perfeito com a "galinha choca".
No complexo do Cedro, também se desenvolveu o primeiro horto de reflorestamento do nordeste, onde posteriormente foi criado o órgão denominado ACOCECE, e após um ano de funcionamento do horto, já dispunha de 104.255 exemplares das diversas espécies selecionadas para reflorestamento (utilizada principalmente por onde se instalava a estrada de ferro no Ceará).
Pode-se concluir que o açude do Cedro foi e ainda é um grande potencial para o desenvolvimento da região, representando não só uma relação de preservação do meio ambiente (fauna e flora), pois trouxe água de forma abundante garantindo maior viabilidade, mas foi essencial para o desenvolvimento sustentável da cidade de Quixadá e da região, em uma época em que preservação do meio ambiente não tinha a conotação atual, mas que possibilitou a própria existência e sobrevivência dos sertanejos tão castigados pela seca que se beneficiaram com a sua construção.
Canal principal

Desta forma, utilizando-se das palavras do historiador João Eudes Cavalcante Costa, “não haverá valor maior para a região nordestina do que a contenção das águas e o seu aproveitamento racional em benefício de todos que se dedicam às atividades rurais no polígono das secas”e completa:

Valeta distribuidora


"... a irrigação provou, através do Açude do Cedro, que será a redenção de um povo, que não pode continuar escravo dos caprichos de quem o governa e daqueles que o querem dependente. Assim, será muito mais fácil tangê-lo para os humilhantes currais eleitorais, onde ferrado como animais, coagido e obrigado a manter, no poder, os incompetentes e corruptos, políticos profissionais, escravocratas do ideal de um povo..." (COSTA, 2002, pág. 63)

Vista da parede da barragem principal
Concluindo com o desabafo:

“... Para o turista que não tem obrigação de conhecer a nossa história, até que se admite ignorar o que aquele reservatório representou para Quixadá. Na realidade, a visão do açude do Cedro é encantadora e deixa embevecido o visitante.
Enquanto para os quixadaenses, o desconhecimento da influência do Cedro para o nosso desenvolvimento e o que ainda representa para que Quixadá permaneça entre as mais importantes cidades do Estado, é imperdoável”, (COSTA, 2002, pág. 53)

Torre das comportas

DADOS DO RESERVATÓRIO

Capacidade...................................... 125.694.200 m3
Profundidade máxima.............................16 metros
Profundidade média...............................6,3 metros
Área da bacia hidrográfica.......................210 km 2
Área desapropriada da b. hidráulica......6.700 ha
Parte submersível da b. hidráulica..........2.180 ha
Contorno da bacia hidráulica.......................91 km



DADOS DA IRRIGAÇÃO
Extensão dos canais principais...............................................................................14.570 metros
Extensão das derivações de primeira ordem..........................................................16.570 metros
Valetas distribuidoras.............................................................................................43.930 metros
Extensão da área irrigada..................................................................................................500 ha
Extensão da área irrigável..............................................................................................1.000 ha

Outro trecho do canal principal

Comportas distribuidoras (norte e sul) "repartidouro"

Comportas distribuidoras (norte e sul) "repartidouro", visão invertida.
Historiador João Eudes com integrantes da equipe de pesquisa
Todas os dados apresentados tiveram como orientação o Livro Retalhos da História de Quixadá, e complementados em conversa direta com seu autor, o historiador João Eudes Cavalcante Costa, um quixadaense apaixonado por sua terra, a quem agradecemos por suas valiosas informações, bem como ao professor de história e radialista Amadeu Filho, por sua contribuição em possibilitar o encontro da equipe com o referido historiador.<>


CONSTRUTORES DE QUIXADÁ<> JOÃO RICARDO SILVEIRA<>O TRABALHO E A EDUCAÇÃO DOS FILHOS EM PRIMEIRO LUGAR

<>Razão tem até demais o escritor João Eudes Cavalcante Costa, ao afirmar categoricamente que,  quixadaense não é apenas aquele nascido na terra dos monólitos, mas também, os que contribuíram, de forma marcante, para o engrandecimento da bela cidade. Encaixa-se, perfeitamente, neste perfil, o comerciante e produtor rural, João Ricardo da Silveira, nascido em Pacoti, cuja beleza teria inspirado o poeta João Gonçalves Dias, muito antes de se tornar município, no século 18, levando-o, como creem alguns historiadores, a criação dos imortais versos:"Não permita Deus que eu morra/Sem que volte para lá/Sem que desfrute os primores/Que não encontro por cá/Sem qu'inda avista as palmeiras/Onde canta o sabiá/. Filho de Antônio Ricardo Silveira e Apolônia Apolinária Silveira, nasceu no dia 01 de maio de 1907. Seguindo os passos do pai, logo demonstrou interesse pela atividade agropecuária, considerada a mais poderosa locomotiva do progresso brasileiro. Em 1935, com 28 anos, veio morar em Quixadá, aonde, com certeza, poderia desenvolver suas atividades e cuidar do futuro das crianças. Apesar da grande vocação para o comércio, a preocupação com a educação dos filhos afetava o coração de João Ricardo. O aprendizado dos filhos sempre foi, aliás, o objetivo  primeiro do casal.                                                                                                                                                                                                                       Inicialmente, um armazém de cereais foi sua primeira atividade na cidade. Amável no trato com as pessoas, logo conquistou um grande número de fregueses e amigos. Abastecia uma grande parcela do comércio varejista, o que permitiu-lhe comprar algumas propriedade rurais. Conhecendo, aprendera com o pai, a trabalhar na agropecuária, sabendo da importância da água e do solo, recursos naturais indispensáveis para esta atividade, comprou fazendas em espaços que permitiam a criação de rebanhos, mesmo em tempos de ausência de chuvas. A proximidade com o rio Banabuiú, permitiu que as fazendas apresentassem ótima colheita agrícola, a formação de um expressivo rebanho, tanto para o corte, como para a produção de leite. Preocupava-se com a situação de seus colegas pecuaristas e para tanto, foi criada uma cooperativa com o objetivo de defender os seus interesses. A terra dos monólitos conquistou o bom homem que ficava feliz com o progresso da bela cidade.                                                                                                                                                                                                                           João Ricardo é pai de Ednardo, Everardo, João Bosco, Edvaldo, Eunardo, Ednilson, Ednildes e Ednilce. Faleceu em 5.12.1986, deixando em seu convívio, entre nós, um rastro luminoso. Lembro que, ainda criança, na bodega do meu pai no velho mercado, João Ricardo fazia as compras e dizia: "Seu Amadeu, minha maior alegria é que meus filhos estudam em bons colégios da capital!!"É Por isso e muito mais, que permanece vivo nas lembranças dos filhos, que o amam muito, e claro, também na saudade dos incontáveis amigos. Não há nenhuma dúvida: "JOÃO RICARDO SILVEIRA É UM DOS CONSTRUTORES DE QUIXADÁ" -                                                                                                            .............................................   ..................................................  .....................................................