sábado, 23 de março de 2013

A SAUDADE QUE FICOU<><> ALMEIDINHA! UMA ESTRELA QUE PERMANECE CONOSCO!


A cidade de Quixadá cresceu bastante nos últimos anos. O panorama urbanístico, o aumento da população, o ritmo  das atividades comerciais e a  presença de um grande número de pessoas, ocupando, diariamente, os espaços urbanos, fez desaparecer, em parte, os tipos populares que se diferenciavam dos demais pelas suas singularidades, um modo de viver bem diferente da grande maioria das pessoas. Na verdade, foram símbolos de uma época.  Aquele velho Quixadá que permitia um contato quase familiar entre as pessoas foi substituído por um espaço onde predomina uma massa de anônimos provocando um distanciamento entre as pessoas.  É possível ainda encontrar essas figuras únicas mas eles estão bem menos presente na terra dos monólitos de hoje.  Mas, com certeza, os tempos mudaram e os tipos populares que eram a alma das ruas, segundo a professora Ana Maria(na foto, com seu esposo Liduino),  com sua ausência, tornaram a cidade menos humana, fria.  Dentre esses seres especiais, um se destacou bastante, provocando fascínio e conquistando toda uma cidade, pela forma carinhosa como convivia com as pessoas, tornando-se até um símbolo da cidade, atraindo a atenção de todas as classes sociais: FRANCISCO ALMEIDA DA SILVA, o queridíssimo "ALMEIDINHA".

                                        Almeidinha chamou a atenção de toda a comunidade pelo fato de acompanhar os enterros de então, não importando a distância. Tomava conhecimento dos falecimentos ouvindo os programas de rádio. Por mais que sua mãe, a costureira  Maria Elina tentasse evitar, Almeidinha acompanhava, fosse aonde fosse. Uma de suas irmãs nos contou que, algumas vezes, ele foi até Fortaleza. Argumentava que eram seus amigos e não podia faltar.  Outro fato marcante na vida de Almeidinha e que permitiu sua morada no coração dos quixadaenses, foi o fato de, por ocasião do aniversário das pessoas, ele comparecia na casa ou no trabalho do aniversariante para desejar com todo carinho, um feliz aniversário. "FELIZ  ANIVERSARIO, AMIGO! Da  para imaginar como ficava imensamente feliz aquela pessoa cumprimentada por ele. Interessante e que, muitas vezes, era o proprio Almeidinha quem recebia presentes. 

                                         Este ser humano unico, nasceu no dia 24 de outubro de 1963, em Lagoa dos Cavalos, distrito de Laranjeiras, no atual municipio de Banabuiu. Seus pais, Manoel Barbosa da Silva e Maria Elina de Oliveira Silva(falecida). Seus irmaos, Antonieta(na foto, com seu neto Daniel), Irene, Antonia e Francisco de Assis. Faleceu em 27 de Novembro de 1994, quando se dirigia a um velorio, em Oiticica. Foi atropelado por um veiculo, em alta velocidade e nao foi socorrido pelo motorista. 

                                         Almeidinha nao foi apenas um tipo popular de nossa cidade. Ele foi muito mais! Ele foi um amigo de todos nos e que cultivaremos sempre num clima de gratidao! Falam que ha pessoas cometas e pessoas estrelas. As cometas, logo desaparecem, sao apagadas da mente pois nao viveram para fazer o bem. Nao temos nenhuma duvida que ALMEIDINHA era uma estrela e que permanece viva entre nos. 
Nas fotos(arquivos do Blog), 3 momentos de Almeidinha- Sua mae, Elina- A irma Antonieta e seu neto Daniel e os amigos de Almeidinha, professora Ana e Liduino.



terça-feira, 19 de março de 2013

A SAUDADE QUE FICOU<><> MARIA INÁCIA ALVES(INACINHA)- A ENFERMEIRA QUE AMAVA OS DOENTES COMO SE FOSSEM SEUS IRMÃOS E FILHOS

As enfermeiras tem uma missão quase divina, grandiosa e sublime. São estas notáveis profissionais que com dedicação e ternura, amenizam o sofrimento daqueles que precisam de cuidados especiais. Não importa a idade, a cor, a classe social. Não importa o dia, a hora, os anjos de branco estão sempre prontos a transmitir, acima de tudo, a esperança na cura. Optaram por esta santa profissão porque respeitam a vida, em primeiro lugar. Tudo o que elas fazem é por amor. Muito se fala que só amamos aquilo que conhecemos mas, nesta profissão, se faz tudo por um doente sem nunca tê-lo visto.


O pioneirismo na enfermagem coube a britânica Florence Nightingale que cuidou dos feridos na guerra da Crimeia. No Brasil, Ana Néri, cuidando dos feridos da Guerra do Paraguai,  se tornou a nossa primeira enfermeira, passando a história como uma mulher que dedicou-se de corpo e alma, a cuidar dos que precisavam de seus serviços. Por decreto do presidente Getúlio Vargas, em 1938, foi instituído o dia do enfermeiro. A nossa Quixadá sempre contou com grandes profissionais da Enfermagem, dentre elas,  a querida  Maria Inácia Alves, chamada por todos pela forma carinhosa de"Inacinha", devido ao grande amor que devotava a todos mas em especial, aos doentes. Ela tinha certeza e sempre falava que a sua profissão era uma determinação dada por Deus. Esta extraordinária mulher, nasceu em 17.07.1939. Foi aluna do Grupo Escolar José Jucá(veja em uma das fotos) sempre se destacando pela sua dedicação e inteligencia. A maior alegria de sua vida foi tornar-se enfermeira profissional, tendo estudado com grandes professores na Santa Casa de Misericórdia, em Fortaleza.
Em Quixadá, marcou sua presença, exercendo com muita dedicação a profissão que abraçou com tanto amor. A forma como atendia os doentes, com bondade, paciência e caridade, tornou-a querida por todos. Por muitos anos, trabalhou no hospital Eudásio Barroso. Sempre teve um carinho especial com os mendigos. Cuidou até o momento da sua morte, do popular"olho de Bila' que a tratava como um anjo. Jamais se negou a atender um doente, mesmo em sua própria residencia, sempre levando conforto e esperança aos que a procuravam. Foi concursada do "INANPS" onde trabalhou por vários anos ao lado dos médicos que se tornaram seus amigos como Dr. Laércio, Dr. Mesquita, Dr. Antônio Magalhães, Dr. Jorge. Era amicíssima de Dr.Mesquita que a tratava docemente como "Inácia das catingueiras". Foi colega de outras grandes profissionais da Enfermagem como Nirinha, Fátima Bananeira, Neide Holanda, Getúlia e muitas outras.
Inacinha foi também uma pessoa muito ligada a igreja católica, participando ativamente das celebrações das missas, batizados, procissões. Na rua que tanto amava, a Tenente Cravo, celebrava a novena de São João Batista com a presença de muitos fiéis. Comparecia aos velórios e rezava o terço e quando era em casa de evangélicos, o fazia sem que fosse notada. Foi muito amiga do Padre José, a quem considerava  da família.  Mesmo com uma vida intensa, jamais deixou de dar amor integral aos filhos Inalda(Educação), Idalba(Educação), João Bosco(Árbitro de futebol) e Júlio Cesar(Repórter de TV). Gostava imensamente de música, sendo admiradora de Orlando Silva e Vicente Celestino. Mantinha álbuns com fotos dos astros do cinema, da tv, acompanhava os programas do rádio. Mas, gostava mesmo era de rezar e cuidar de doentes. A cura deles é o que a deixava mais feliz.
 Esta grande mulher quixadaense dedicou sua vida a confortar, a consolar corações aflitos. Para ela, um dever cristão. Branco é a cor que as enfermeiras usam simbolizando a supremacia da vida. Estes anjos vestem branco para irem a luta, na defesa da vida, na cura dos enfermos. Homenageando Maria Inácia Alves, com certeza, estamos mostrando toda a nossa gratidão a essas divinas profissionais da terra dos monólitos e do Brasil. Inacinha nos deixou em 29.06.2006 mas nunca será esquecida pois quem viveu para se dedicar aos outros, tem um lugar garantido, para sempre, num cantinho do coração. Ela foi um anjo que Deus enviou para cuidar dos filhos desta linda terra. 
Nas fotos(arquivo pessoal), Maria Inácia Alves nas atividades da igreja; Nos tempos de "José Jucá"; Na formatura, em Fortaleza; Seu filho João Bosco e seu inseparável amigo, Padre José.
                                                  

quarta-feira, 13 de março de 2013

A VIDA COMEÇA AOS 100 ANOS! "SEU FAVORÁVEL", UM CANTO DE AMOR À VIDA!

 Os títulos de pessoas mais velhas do mundo são atribuídas a francesa Jeanne Calmente(122 anos) e ao japonês Jiroemon Kimura(pouco mais de 115).  No Brasil, mais de 25 mil pessoas já passaram dos 100 anos. Por ser famoso, o nome que despontou para a mídia e o grande público foi o de Oscar Niemeyer. É certo que os brasileiros estão vivendo mais. Hoje, temos 3 vezes mais brasileiros acima de 65 anos do que há meio século. Segundo o IBGE, em 1960, os brasileiros com 65 anos ou mais eram 2,7% da população. Em 2010, chegaram a 7,4 da população. E os quixadaenses que chegaram aos 100 anos? Existe algum estudo para localizar e dedicar uma assistência especial a essa gente? Existe de nossa parte, esta preocupação? Quem são e onde estão os nossos cidadãos centenários?
                                          Em uma das últimas casas da bucólica rua da Palha, em frente ao trilho,  reside um maravilhoso ser humano que chegou a marca de 109 anos de idade.  Localizamos  e estamos apresentando o Senhor Francisco Batista de Queiroz, conhecido por todos como "Seu Favorável", apelido que, segundo ele mesmo, ganhou de um prefeito de Aracati. Fomos muito bem recebidos pela família, a Senhora Osmarina, o neto Carlos, enfim por todos. Lá estava "Seu Favorável" na calçada, com seu inseparável rádio. Um sorriso lindo, olhar de quem sabe da coisas da vida. "Pode se chegar, rapaz! Falo já com você, deixa o Seu Luiz Gonzaga terminar de cantar! Tamanha recepção, aquela explosão de otimismo vinda daquele homem, fez daquela manhã, a mais linda, a mais poética de todas. Terminada a canção "Asa Branca", começamos a conversar. Me falou,com um olhar sincero e profundo, não entender porque muita gente, fica triste, pois a vida é bela. Tem nossas dores, mas é bela.
                                           A filha Osmarina e os dedicados netos, gente simples mas tão puros, fizeram questão da prova documental da idade de "Seu Favorável" e nos apresentou o registro de nascimento, carteira de trabalho e outros documentos. Ele é pai de Osmarina, Zélia, Sueli, Juvenal, Lourival, Francisco e Antônia. Osmarina nos informou que seu pai, andou por quase todo esse Nordeste. Viajava, quase sempre, em lombo de animais e trabalhou na agricultura, na construção de açudes, em várias cidades onde sempre fez amigos, pela honestidade e pela seriedade com que encarava o trabalho. Quando se instalou definitivamente em Quixadá, produzia,  em casa mesmo, vinhos, zenebra, cachaças e outras bebidas que já tinham compradores certos. Um detalhe muito interessante sobre este fantástico homem, é que preferia morar, não por necessidade,  em lugares inóspitos, como bueiros, por exemplo. Quem o conhece, sabe disto muito bem. "Gostava de ficar só, refletindo sobre a vida, trabalhando. E sempre fui feliz! E pude conhecer pessoas que não tinham lar mas tinham  beleza no viver pois me tratavam muito bem", nos contou
o querido "Seu Favorável". 
                                           Até perto de completar 100 anos, andava com um carrinho vendendo, trocando garrafas e realizando outros serviços. Aposentando e apresentando alguns problemas de saúde, passou a morar com sua filha Osmarina, na rua da Palha. Ali, tem o carinho da família e dos vizinhos a quem considera grandes amigos. Alguns poucos amigos da cidade, vão visitá-lo como o Senhor Geraldo(pai do Chinês das motos), vicente dos bolos, José Maria, francisco Holanda de Lima e outros. Todos os anos, no seu aniversário, é celebrada uma missa na "Comunidade Rainha da Paz" dedicada a ele pelos padres e outros religiosos.
                                           Ele não é um centenário famoso mas "Seu Favorável" está aí para nos mostrar que a vida não perdeu a graça com a idade. Se a juventude não volta mais, ficaremos lamentando isso a todo tempo? Não existe um bem mais precioso do que o fato de estar vivo. E para não estender essas considerações, basta lembar que a felicidade é um estado interior. Agora, que já conhecemos um pouco da bela história deste homem, que tal localizarmos nossos centenários? Quem sabe, assim como aconteceu comigo, ganharemos um novo amigo. Feliz com esta linda manhã que vivi, me despedi do meu novo amigo,sem deixar de lado, a última pergunta. "Qual o segredo de se viver tantos anos e ainda, ser muito feliz?"  A resposta de "Seu Favorável foi bastante firme e forte: " AMIGOS(os bons); BARRIGA CHEIA(feijoada com toucinho, de preferencia) e "MULHER CEARENSE".  
NR: as fotos deste matéria pertencem ao arquivo do "blog"
                                               
                                            

domingo, 10 de março de 2013


MEMÓRIA DO FUTEBOL QUIXADAENSE<><><> CÍCERO RAMALHO: O ETERNO ÍDOLO DA TORCIDA DO QUIXADÁ FUTEBOL CLUBE. TORCIDA NÃO ESQUECE SEU NOME!
                                          "Golaço  de Cícero Ramalho!" "Bola na rede, Cícero ramalho, o matador" "Cícero deixa Pedro Basílio na saudade e fuzilou para o gol" "Ninguém segura o artilheiro! Durante um bom tempo e por incontáveis vezes, era assim que o vibrante narrador esportivo Audílio Moura(foto) narrava mais um gol do maior artilheiro da história do "Canarinho do Sertão", Cícero Ramalho, o eterno ídolo da  torcida do Quixadá Futebol Clube.  O objetivo deste artilheiro, nas equipes por onde passou era o "gol" e nisto, virou especialista. Com ele, não tinha bola perdida, se arriscava nos meios dos zagueiros que não conseguiam marcá-lo.  Este ídolo se tornou uma unanimidade para os torcedores do Quixadá e sempre uma grande dor de cabeça para os adversários. Cícero Ramalho levava muitos  torcedores para o nosso velho estádio. Virou "xodó" da torcida, referencia para crianças e jovens. Como ficou o nosso futebol sem a presença do artilheiro no "Abilhão"? Assim, como Gildo é o eterno ídolo da torcida do ceará; Croinha, o deus da alegre torcida do Fortaleza; Amilton Melo, o príncipe do Ferroviário, Cícero Ramalho é o  craque, ainda hoje, mais lembrado pela torcida canarinha.
                                          Este goleador, nascido em Mossoró, RN, passou por muitas equipes nordestinas. Segundo contou ao "Blog", começou sua carreira no Potiguar de Mossoró, aos 17 anos de idade, anos 80; No futebol cearense, esteve por 3 meses no Ferroviário. Veio para o "Canarinho do Sertão" pelas mãos do técnico Oliveira Ceará, 87, com  20 e poucos anos, se tornando o vice-artilheiro do "Estadual", daquele ano. Fazendo um grande campeonato, foi parar no Ceará, mas não ficou por muito tempo. Retornou e disputou o campeonato de 88, sendo o principal artilheiro da competição. A sua fama de artilheiro logo se espalhou, tendo se tornado uma das principais atrações dos programas esportivos da "TV" e do rádio. Ainda voltaria ao Ferroviário, de lá saindo para a Espanha onde ficou por 5 anos, onde vestiu a camisa de três clubes, o "Real Murce", "Levante" e "Valência". Parecia coisa do destino e voltou para o Ferroviário, 94, tendo sido campeão naquele ano. Saindo do futebol cearense,  jogou em outras clubes do Nordeste. Voltou ao Potiguar, onde sempre foi ídolo, jogou no América de Natal, 96, ano que o clube subiu para a primeira divisão, tendo sido um dos artilheiros da "Série B". No quadrangular, foi decisivo, marcando 5 gols que permitiram a subida do time americano. Ainda vestiria a camisa do Corinthians(o de Caicó), RN);  voltaria ao "Canarinho", 98, vestiu a camisa do Itapipoca, sendo o responsável direto pelo acesso do time. Conquistou ainda a torcida da equipe do Baraúnas, marcando gols decisivos.  Parou de jogar em 2002, iniciando a carreira de treinador, não obtendo o mesmo sucesso da carreira de atleta.   Mas a torcida do Baraúna exigiu a sua volta como jogador, 2005, disputando a "Copa do Brasil", onde voltou a brilhar, tendo o Baraúna eliminado o Vitória, Vasco da Gama, América(MG). Ficou então, nacionalmente conhecido, recebendo do jornalista Jonas Sousa, a denominação de"O Romário do Nordeste", e sendo motivo de muitas reportagens da imprensa esportiva. 
                                        Cícero Ramalho, tem muitas  lembranças do tempo de jogador aqui em Quixadá, conquistando não só a torcida mas muitas pessoas, pela simplicidade e por gostar muito da terra dos monólitos. Diz não esquecer um gol que marcou contra o Ceará, tendo se livrado de praticamente, toda a zaga alvi-negra. Foi o gol mais bonito  da rodada. Tem uma saudade imensa  de nossa cidade e principalmente, da torcida. Lembra de uma faixa, conduzida pela "Fiel Canarinha" que homenageava o artilheiro "Hey, Hey, Cícero Ramalho é nosso rei". Não há dúvida, foi o grande ídolo da torcida canarinha. Agora, que nosso querido time tenta voltar a primeira divisão, que tal uma homenagem ao nosso eterno artilheiro? Com certeza, ele ficaria muito emocionado e nós também, seus fãs.
Fotos: Audílio Moura(arquivo do blog); As fotos do ídolo Cícero Ramalho foram retiradas da "Internet".
                                          
                                         

sexta-feira, 8 de março de 2013


CÍCERO BRANCO E OUTROS ARTISTAS QUIXADAENSES ESPERAM O RECONHECIMENTO DO PODER PÚBLICO ATÉ HOJE.


 <><><><> Quixadá ficou conhecida como a "Hollywood do Sertão" depois que emprestou sua  natureza bela(no inverno, no verão) para  servir de cenário a diversas produções, nacionais ou não. Na maioria das vezes, filmes que retratam a dura realidade nordestina como a seca, a injustiça social, governos desonestos, a fome,  os cangaceiros, os coronéis, a  religiosidade do povo. No final dos anos 50, a terra dos monólitos serviu de cenário a uma das maiores produções nacionais, sucesso de crítica e público e tendo sido até indicado ao "Oscar" na categoria de melhor filme estrangeiro: " A MORTE COMANDA O CANGAÇO". A cidade recebeu com muito carinho,  consagrados astros como Alberto Ruschel, Milton Ribeiro, Edson França, Aurora Duarte, Leo Avelar, além da presença do premiado diretor, Carlos Coimbra. E durante meses, a presença de tão ilustres  visitantes, alegrou a comunidade que acompanhava com bastante interesse, cada filmagem, acontecesse em qualquer lugar. Alguns quixadaenses tiveram o privilégio de se integrar ao elenco e participar de cenas importantes. Um dos mais presentes na fita foi o Senhor Cícero pinto de Araújo, 78 anos, conhecido mecânico e desportista, chamado por todos de Cicero Branco. Tal apelido surgiu devido a outro mecânico do mesmo nome mas de cor negra. Ambos, trabalhavam consertando carros em plena praça José de Barros. O nosso astro fazia no filme o papel de Aluísio, servindo ao  Coronel Nesinho(interpretado por Gilberto Marques) que era protetor do perverso Capitão Silvério(magistralmente interpretado por Milton Ribeiro). Os cangaceiros, os coronéis, sempre levando sofrimento ao sertão, eram combatidos por um grupo formado por pequenos fazendeiros, tendo a frente Raimundo Vieira(Alberto Ruschel). A cena mais marcante foi o duelo final entre Capitão Silvério e Raimundo Vieira, vencido por este, devolvendo a tão sonhada paz e justiça ao sofrido sertão.
                                        Cícero Branco nos contou que a equipe ficou instalada no Fonseca, tendo recebido todo o apoio da família do Senhor Maurício Holanda. No próprio local, aconteceram diversas cenas. Tem dificuldade ao lembrar outros quixadaenses que trabalharam no filme, mas citou alguns como Álvaro Holanda(rastrejador), Zé Macaco,  Moacir, Zé Bodó, Dona Ingrácia(aquela senhora que corre em uma das cenas, carregando uma criança, fugindo dos cangaceiros),  Luís, Justino. Mas admite que muitos outros participaram das filmagens. Cícero lembra que a cena mais importante de que participou foi aquela em que fica pendurado num pau, frente a frente com o perverso Silvério(foto) sendo obrigado a dizer o nome do macaco(policial era chamado assim pelo cangaço) que havia matado o Coronel Nesinho. Lembra emocionado do diálogo:" Capitão Silvério, não me mate, pelo amor do Padim ciço, tenho filhos para criar".
                                       O espaço, aonde hoje existe uma pracinha, no Putiú, foi o local de uma das cenas mais emblemáticas do filme( a chegada do Capitão Silvério), na vila, causando pânico aos moradores e até desafiando os macacos(foto). A senhora Francisca Morena de Sousa, moradora do bairro lembra com saudade daquele dia em que quase toda a população de Quixadá, se deslocou até o local da filmagem.
                                        Cícero Branco diz que jamais  esquecerá o dia em que Aurora Duarte(Florinda, no filme) chegou na oficina do Senhor Nequin, onde trabalhava e lhe perguntou"Quer trabalhar no filme, moço?". Consultou a querida esposa,Maria Zilma Siqueira, o anjo de sua vida   que concordou plenamente. E acompanhou a equipe até o encerramento das filmagens. Lembra ainda que, à noite, depois de um duro dia de trabalho, os astros compareciam ao "Cine Yara" para conferir as cenas.
  "A Morte Comanda o Cangaço" foi exibido muitas vezes em Quixadá e em todas elas, a platéia vibrava  com a presença do Cícero Branco e dos outros quixadaenses atuando no filme. O filme ganhou diversos premio nacionais e internacionais. Os atores então já consagrados e equipe receberam várias premiações no Brasil e no exterior. O mesmo não acontecendo com nossos astros que hoje, apenas matam a saudade, assistindo o filme, felizmente, disponível em dvd. Não seria então, o momento de reunir estes nossos astros e homenageá-los? Eles também ajudaram a divulgar nossa cidade. Cícero Branco e todos os outros ficariam muito felizes se forem lembrados  pelos que fazem a nossa Cultura. Vamos então, localizar e homenagear essa gente. Vamos!!!

                                           Nas fotos(arquivo do Blog), Cícero Branco, sua esposa, Senhora Zilma. Nas outras imagens, retiradas da Internet, Cícero Branco e Milton Ribeiro e em outra cena, no bairro Putiú, macacos e cangaceiros.





quarta-feira, 6 de março de 2013

<><> GERALDO MACENA: O TRABALHO COMO ATO ESSENCIAL DA VIDA

                                         "Através do trabalho, enriquecemos a nossa vida, o nosso espírito! O Trabalho sempre fez parte da minha vida.  Ele me fez enfrentar os desafios que a vida nos apresenta. Não posso imaginar o que seria da minha vida sem ele!". Lindas, sábias palavras de um ser humano maravilhoso que fez da sua profissão de torneiro-mecânico, uma das razões de sua existência. Geraldo Macena faz questão de lembrar que o trabalho lhe ensinou a perder o medo  de enfrentar a vida. O trabalho sempre exerceu na vida deste grande homem uma influencia determinante, em diversos fatores como profissional, na vida afetiva, enfim, foi e continua sendo, a realidade mais importante do seu viver. Com certeza, o trabalho é revigorante em sua vida. Geraldo de lima cavalcante, há 55 anos trabalha como mecânico e sempre, na sua querida Quixadá onde sempre conquistou clientes e grandes amizades.
                                        José Xavier de Lima, seu avô, foi o primeiro e mais importante dos seus professores na  profissão que exerce com tanta dedicação. A oficina do seu grande mestre, localizava-se  em frente ao prédio do motor da luz, na rua Epitácio Pessoa e  que gerava energia para iluminar a pequena(na época) Quixadá. Ele me ensinou os procedimentos corretos na operação das máquinas, próprias da atividade. Depois de algum tempo, passou a trabalhar nas fábricas da família Baquit e ali, teve a oportunidade de ampliar seus conhecimentos pois passou a conviver com um grande colega de trabalho e que se tornaria  grande amigo, o Senhor Miranda(marido da Dona Bela), a quem devota imensa gratidão e hoje lembra com muita saudade da feliz convivência.
                                       Geraldo continua, firme e forte, exercendo o seu trabalho. Nem(não, de jeito nenhum!) imagina parar. Como foi dito no começo da matéria, o trabalho para ele é UM ATO ESSENCIAL DA VIDA!  Para ele, a nossa vida precisa de trabalho para não nos sentirmos inúteis. Para Geraldo Macena, o trabalho é força, é encantamento. Para esta pessoa queridíssima, só tem valor igual ao trabalho a sua querida família, os meninos(como ele chama carinhosamente): Carlos Augusto(meu Carlinhos), César(Cezinha), Junnior, Margarida, Íris, Maria José, Carlos Henrique. O meu(de voces) "Blog" está aí, para mostrar esta gente de valor. Nós do "Blog" acreditamos nessas pessoas.  Geraldo Macena é a personificação da honradez, do trabalho sério, do pai(paizão). Prova que vale viver com dignidade, com vontade de trabalhar e, sempre, gostar da família e dos  amigos. Por tudo isso, nosso querido amigo Geraldo é "GENTE ASSIM COMO A GENTE"
Fotos:arquivos do "Blog"

segunda-feira, 4 de março de 2013

JOAQUIM FRANCALINO-ELE ENXERGA COM OS OLHOS DO CORAÇÃO




Numa dessas tardes quentes(e bota quente nisso!), caminhava pela tranquilas ruas(já não tão tranquilas assim!) do meu Quixadá querido, quando então percebi que do outro lado, um deficiente visual esperava o momento de atravessar à rua. Mesmo um pouco distante, pude perceber naquele semblante um ar de homem bom, pois demonstrava uma tranquilidade impressionante.Estava sozinho e sem ninguém por perto, sem cão-guia. Na verdade, os únicos companheiros eram a bengala e uma bacia, com certeza, para a colocação de algumas esmolas. Imaginei que surgia uma oportunidade(elas não voltam) de realizar uma boa ação(nem me lembro mais da última boa ação, se é que a fiz)! E também, claro, fazer média(o ser humano é vaidoso!), afinal, a rua era bastante movimentada. Me aproximei, me sentindo um soldado do bem(não do partido) e ofereci ajuda: "Deixe-me ajudar o Senhor a atravessar a rua, por gentileza!"  Pensei estar abafando, dando uma aula de bondade, quando, de repente, mais que de repente, o show acabou! Terminou ali mesmo, a oportunidade de voltar a pensar no céu(dizem que sem boas ações, São pedro aplica um cartão vermelho). Terminou também minha curtíssima vida de ator. O Senhor Joaquim Francalino (é assim que todos o conhecem) foi taxativo: "Obrigado moço(quanta gentileza!), não preciso de ninguém para atravessar a rua, pois conheço todo o meu Quixadá". Para a Ciência ele é completamente cego. Mais impressionado fiquei quando alguém perguntou a localização de uma loja. E ele, nem deixou que eu abrisse a boca e explicou tudo  direitinho, aonde ficava a loja, como a pessoa chegava lá. Não me senti totalmente perdido naquele momento, pois logo me veio a ideia de realizar uma matéria focalizando aquele homem simplesmente fantástico. Pedi a ele para acompanhá-lo, durante algum tempo e cada vez mais, ficava intrigado com tudo aquilo. "aqui é a rua da Caixa"; "Lá na frente o prédio da Câmara Municipal'; "Vamos lá na praça José de Barros, é bem ali, vamos!"


   Tudo que estamos escrevendo nesta matéria, é a mais pura verdade! Vocês mesmos, que acompanham meu "Blog" e são brechadores de minha coluna na RC, podem testemunhar. Este homem extraordinário fica sempre ali, nas proximidades da "Rádio Monólitos". Joaquim perdeu a visão, muito jovem ainda, 21 anos de idade. Hoje, aos 66, afirma com bastante tranquilidade que perdeu a visão, não a vontade de viver. "A VIDA É A COISA MAIS BELA QUE DEUS CRIOU! NADA SE COMPARA E E ELA NÃO ESTÁ APENAS NOS MEUS OLHOS. OUVIR AS VOZES DAS PESSOAS QUE AMO, É MARAVILHOSO!" O que viria a ser mais um trabalho na vida de um repórter, transformou-se numa verdadeira aula de otimismo, de coragem, de verdade. Depois daquele dia que entrevistei Joaquim,  nunca mais fui o mesmo. Ele me mostrou que os problemas devem ser enfrentados e não motivos para limitações. Mais pessoas cegos ainda quero conhecer. Aprender com elas que nos mostram que a verdadeira beleza, não é a física mas sim, a interior. Dizem(e dizem mesmo) que é muito feio um homem chorar. Pois, então, me desculpem mas depois de aprender tantas lições, de ouvir tanta coisa bonita, chorei como um cão que perde seu dono. 
NR-nas fotos, Joaquim caminhando pela cidade e com seu amigo, Francisco das Chagas.



sábado, 2 de março de 2013

PADRE LUIS BRAGA ROCHA- PARA MUITOS, O MAIOR BENFEITOR DA TERRA DOS MONÓLITOS




<>PADRE LUIS BRAGA ROCHA: PARA MUITOS, O MAIOR BENFEITOR DA TERRA DOS MONÓLITOS

"TODOS! TODOS!" "VAMOS DAR VIVAS A SAGRADA FAMÍLIA!" Assim, o Padre Luis Braga Rocha pedia aos fiéis maior entusiasmo ao cantarem o bendito em homenagem a Sagrada Família, na procissão que seguia até o açude do Cedro. Enquanto os adultos pediam o céu como futura morada, os mais jovens apanhavam as mangas, espalhadas pelo percurso, em grande quantidade. Fé e diversão conviviam de forma harmoniosa. Durante mais de 50 anos, este filho de Caucaia( 06.06.1907)  se dedicou aos quixadaenses. Ainda criança ingressou no Seminário Arquidiocesano de Fortaleza, ordenando-se padre em 15.08.1931. Assumiu a paróquia de Quixadá em 17.01.1932. Considerado por muitos como o maior benfeitor de nossa cidade e sendo visto por outros, como uma espécie de segundo fundador da terra dos monólitos. Exagero? De forma alguma!  Porque mesmo sem descuidar do seu rebanho, fez valer o seu dinamismo empreendedor dotando a cidade de inúmeros benefícios que viria mudar, quase que por completo, a estrutura organizacional  da terra que tanto amou. Foi o responsável direto pela construção de um novo templo que tivesse condições de abrigar em suas dependências um maior número de fiéis e que viria a se tornar a nossa tão sonhada Catedral. O novo vigário contou com o apoio das famílias quixadaenses que realizaram muitas promoções para angariar donativos que seriam convertidos em material de construção. A partir daí, as festas dos padroeiros, Jesus, Maria e José passaram a acontecer na "Igreja Nova". Construído o novo templo, iniciou a construção de várias capelas na zona rural. Para que se tornasse um símbolo de fé, mandou construir na pedra do Cruzeiro uma cruz(hoje, símbolo ofuscado por vários equipamentos de comunicação). Resolvidos, em parte, os problemas da área religiosa, as atenções se voltaram para a área social tendo o Padre logo se dedicado a amenizar o sofrimento das pessoas devido a grande seca de 32 tendo se empenhado pessoalmente,  visando conseguir junto as autoridades do estado, trabalho para socorrer aquela gente tão necessitada.
É realmente extensa a folha de serviços  prestados  a terra dos monólitos pelo Padre Luís: Na área da educação podemos citar as fundações do Instituto Sagrado Coração de Jesus , do Ginásio Valdemar Alcântara e a construção do Grupo Adolfo Siqueira; Na área da saúde, a construção da Maternidade Jesus, Maria e José(1953). Além desses benefícios tão necessários a uma cidade que crescia a passos largos,instalou o Cine Paroquial, para o lazer das famílias. O cinema se tornou a alegria dos quixadaenses.  Só não eram permitidas cenas com algum molho de romance. Na tela, não aparecia o beijo dos mocinhos mas a mão do vigilante Padre.
Homem de grande visão, intervinha na vida econômica da cidade. Conseguiu junto as autoridades de então, a construção da "Estrada do Algodão", tão necessária para o transporte de nossas riquezas, com destaque maior para o algodão( o tão decantado ouro branco).Se tornou, com méritos, uma autoridade da Igreja, chegando a receber o título de "Monsenhor" mas, sempre sendo tratado pelo povo que o amava muito como "Padre Luís". Afastou-se da Paróquia em 30.04.1967. Foi o diretor da Maternidade Jesus, Maria e José até ser chamado por Deus para outras missões, em  26.12.1985.  Se faz necessário afirmar que em todas as suas grandes realizações, o querido sacerdote contou com o apoio total dos filhos da terra dos monólitos.  Não há nenhuma dúvida, Padre Luis Braga Rocha foi um dos "CONSTRUTORES DE QUIXADÁ".
NR- As fotos que ilustram esta matéria foram gentilmente cedidas pela equipe do "Museu Jacinto de Sousa".