terça-feira, 13 de outubro de 2020

<>"GLÓRIA DOS HUMILDES" - CRONICA DE AUTORIA DE RACHEL DE QUEIROZ DEDICADA AO ARTISTA QUIXADAENSE JACINTO DE SOUSA PUBLICADA NA REVISTA "O CRUZEIRO"

                                                                        <>Guardo e muito bem guardado, um recorte de  uma crônica da escritora Rachel de Queiroz publicada na  Revista "O Cruzeiro" que me foi presenteado pela minha tia e eterna professora, Baviera Carvalho.  Num texto emocionante, ela destaca o grande talento do astro quixadaense, Jacinto de Sousa, um grande escultor, reconhecido como um dos grandes artistas plásticos do Ceará e eu vou mais além, pois sou atrevido quando o assunto é defender os valores da terra, um dos mais qualificados do Brasil. É de arrepiar e Rachel fala que o artista tinha acima de tudo, um grande coração. Resolvi publicar no meu "blog" pois o recorte está já bem estragado pelo tempo:                               

                                  <>GLÓRIA DOS HUMILDES(Rachel de Queiroz)

                                                                        Segundo o conceito clássico, cabe aos poetas celebrar a glória dos grandes homens. Ai de mim, não sou poeta. Felizmente o morto que celebro aqui nunca pediu muito da vida nem dos homens, nunca forneceu as próprias medidas a algum alfaiate de glórias.

                                                                        Chamou-se em vida Jacinto de Sousa. Nasceu em terra pequena, morreu em terra pequena. E em terra pequena viveu sempre por escolha própria, por vocação de humildade. Poderia ter abandonado a sua cidadezinha de interior, vindo disputar a consagração da cidade grande; E tinha, é claro, mil possibilidades de vencer; Vêem-se aí cobertos de louros muitos que valem infinitamente menos do que ele valia. Pois Jacinto de Sousa tinha talento, tinha coragem, tinha coração.

                                                                         Sózinho, silencioso, mas consciente de sua vocação, foi escultor. E escultor à maneira artística mais pura, como o sabiam ser os primitivos, pelo simples amor de criar coisas, de fazê-las belas e perfeitas. Esculpir a madeira ou modelar o barro movido apenas por uma obscura necessidade de dar forma e vida a matéria bruta - arte pela arte na sua expressão mais autêntica, mais genuína e sem mistura. Tinha nas mãos, de nascimento, o dom de compor semelhanças, de transformar um bloco seco de pau num homem, num bicho, numa rapariga; e durante todos os anos em que viveu, cultivou pacientemente esse dom. Os outros não entendiam aquele esforço - Se ele não cuidava em glória, em triunfo, em posteridade - Se não tinha ambição... E ao artista seria difícil ou impossível explicar que aquele esforços se pagava sózinho, não exigia um preço porque em si próprio encontrava a sua recompensa. 

                                                                        Ofereceram-lhe viagens, cursos de aperfeiçoamento, exposições, - ofertas que ele sempre recusou, obstinadamente. Nada mais queria do que a vida discreta na sua cidade pobre - O Quixadá - e o direito de modelar figuras a seu capricho: belas, ou satíricas, ou dramáticas. 

                                                                         Talvez para a maioria dos homens de hoje - criados na lei brutal do mundo moderno - "vencer" esse artista voluntariamente obscuro não passe de um ingênuo, um apoucado, quase um falido. Afinal podia ter sido tanto - e morreu sem ser nada! Porém, ao contrário,  não teria sido ele simplesmente um sábio? Não conheceu a dureza das competições, a amargura das disputas de prêmios e medalhas, a sórdida mesquinharia das panelinhas artísticas. Lá na sua terra ele era o primeiro, - mais do que o primeiro, o único; querido, admirado, precioso, como uma roseira solitária num jardim de pobre. Ornou a cidade com uma estátua do seu cinzel - enfeitou a cidade com as suas mãos. Morreu pobre, deixou pobre a família grande. Mas que é a pobreza afinal? O grande horror da pobreza é o medo da fome, da necessidade.  Aquele que vive remediado, que com o fruto da sua indústria tem onde morar e o que comer, que não passa fome nem frio, será realmente um pobre?

                                                                        O rico não come os broches de ouro, as ações e as apólices, nem os anéis de brilhante. Nem dorme com eles, nem com eles satisfaz nenhuma necessidade do corpo. E assim a única diferença que existe entre o rico e o remediado é a posse de coisas que o mundo estima como valiosas e a sensação de superioridade que lhe dá a posse dessas coisas. Mas quem já tem nas mãos o poder de criar esses tesouros, criar e possuir e acumular à vontade aquilo que os ricos cobiçam e pagam? Não parece que esse homem se possa chamar de pobre. 

                                                                       Antes, o que dele pode se dizer é o que foi dito de Maria,  irmã de Marta - que soube escolher a melhor parte. 

(Rachel de Queiroz) - Crônica na revista "O Cruzeiro"




<>Jacinto de Sousa nasceu na terra dos monólitos em 03 de Julho de 1896 e faleceu em 29 de Janeiro de 1941
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segunda-feira, 13 de julho de 2020

"O QUE É QUE LHE FALTA FAZER MAIS?"- HOMENAGEM DE MIGUEL PEIXOTO AO CENTENÁRIO DA ESCRITORA RACHEL DE QUEIROZ.

 <>Uma das escritoras mais aplaudidas pela crítica e público, Rachel de Queiroz, faria 100 anos no dia 17.11.2010. Primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras recebeu homenagens não só nas capitais do país como também nas cidades do interior que ela tanto apreciava. Aqui na terra dos monólitos, o poeta e pesquisador da cultura nordestina, o saudoso Miguel Peixoto, elaborou um trabalho no gênero cantoria com o título: "O QUE É QUE LHE FALTA FAZER MAIS?" Miguel confiou a apresentação de seu trabalho a famosa dupla Nonato Costa e Raimundo Nonato que interpretaram como sempre o fazem, com muita arte e recebendo do público os merecidos aplausos. Na noite de 26.06.1999 aconteceu o festival de cantoria intitulado "Nosso Louvado a Rachel de Queiroz" numa promoção da Prefeitura Municipal de Quixadá com o total apoio do prefeito Francisco Martins de Mesquita. Mantemos em nossos arquivos esta publicação e vamos repassar para os nossos brechadores: "O QUE É QUE LHE FALTA FAZER MAIS? Em Rachel de Queiroz, a escritora/Não se prende a amarras ou perfis:/De romances a textos infantis/Da melhor qualidade ela é autora/Também é teatróloga e tradutora/E na crônica ninguém lhe deixa atrás/Na verdade, sequer possui rivais/Campeã sempre foi como cronista/Por favor, me responda normalista, O QUE É QUE LHE FALTA FAZER MAIS?/Tinha menos de 20 anos de idade/Quando o livro de estréia publicou,/O qual best-seler se tornou/Graças a sua genialidade/O romance O QUINZE, na verdade,/Uma de suas obras principais,/Engrandece as letras nacionais/E a língua de Pero Vaz promove/Se O QUINZE ela fez aos dezenove, O QUE É QUE LHE FALTA FAZER MAIS?/Uma norma na casa de Machado/de Assis às mulheres proibia/De entrar na famosa Academia,/Porém, o regimento foi mudado,/Quando o nome Rachel foi apontado/Para vir a ser um dos imortais,/No porão da história agora jaz/O preceito que antes vigorou,/Se até preconceito derrubou,/O QUE É QUE LHE FALTA FAZER MAIS?/Com 89 anos de idade/Poderia se dar por satisfeita/Porém ela encostar-se não aceita,/De deixar de escrever não tem vontade,/Continua com a mesmo assiduidade/Do início, dos tempos joviais,/Está toda semana nos jornais,/De uma hora para outra um livro aflora,/Como a CASA DO MORRO BRANCO agora,/O QUE É QUE LHE FALTA FAZER MAIS?/ Na revista O CRUZEIRO ela escreveu/Uma crônica durante 30 anos./Nem Chatô, ao chamá-la tinha planos/De a manter por 3 décadas, penso eu,/Nem a fama, o prestígio, o apogeu/Da revista, sabia-se, aliás,/Tinha haver com as crônicas semanais/De autoria da nossa jornalista,/Se já foi até âncora da revista,/O QUE É QUE LHE FALTA FAZER MAIS?/Jânio quadros, eleito, a procurou,/Revelando a Rachel sua intenção:/A queria gerindo a Educação,/Para chefe da pasta a convidou./Se Rachel de Queiroz não aceitou/É porque o poder não lhe apraz./Quixadá muito mais lhe satisfaz/Que o planalto ou palácio da Alvorada./Se até para ministra foi chamada,/O QUE É QUE LHE FALTA FAZER MAIS?/Quem o Graça Aranha arrebatou/Quando apenas tinha 20 de idade;/Quem da pena de Mário de Andrade/Elogios apenas conquistou;/Quem com Mestre Aurélio combinou/Próclise, ênclise e construções frasais;/Quem privou com Vinícius de Moraes;/Quem Bandeira louvou nos versos seus/Prá ser grande e brilhar a criou Deus.../O QUE É QUE LHE FALTA FAZER MAIS?/Em 66 representou/Nossa pátria na ONU, honrosamente,/Atendendo ao amigo presidente,/Com Oyama, aos states viajou./Nos debates que participou/Demonstrou o quanto ela é capaz./Se até em certames mundiais/Ela é a estrela que mais brilha,/Quixadá, orgulhoso, diz da filha/O QUE É QUE LHE FALTA FAZER MAIS?

Capa da publicação do trabalho de Miguel Peixoto
 O pesquisador e divulgador da Cultura Popular, Miguel Peixoto, morreu em 26.08.2011.
Nonato Costa e Raimundo Nonato-imagem retirada da Internet
Rachel, jovem e na vida adulta e o pesquisador Miguel Peixoto
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terça-feira, 9 de junho de 2020

SAUDADE DAS FESTAS JUNINAS NO SÍTIO DAS LILINHAS(Hoje, bairro Baviera)

Os balões de Zé Viana iluminavam as noites na terra dos monólitos
<>Como eram lindas as noites do mês de junho no sítio das Lilinhas(hoje, bairro Baviera) nos belos anos 60 que o tempo nos roubou. Saudosas festas juninas que aconteciam no terreiro da casa de meu pai, Amadeu, e de minha mãe, a doce Itamar. Na noite de São João, a lua ficava mais bonita do que nas outras noites. Ao meio dia, a lenha da fogueira já era arrumada e à noitinha era acesa por Luis Nabor, Chico Caetano,Raimundinho, Beca e Nego Véi. Em poucos minutos, as brasas estavam tinindo! Era uma noite que parecia encantada e sorrisos presentes nos lábios e coração das pessoas, não só da família, mas dos amigos vizinhos. O terreiro era enfeitado por bandeirolas multicores preparadas pelas minhas irmãs Cecê e Corrinha e pelas primas Aparecida, Angélica, Mazé. Por orientação das tias Elba, Robéria, Maura e da vizinha Ambrosina, as bandeirolas eram mergulhadas numa bacia d'água para purificar o terreiro. Eram tempos ingênuos, mas belos e cheios de bondade e esperança no coração de todos. Eu, meus primos Jonas, Raimundo, Dedé, Francisco, nos sentíamos os rapasinhos  mais importantes do lugar  ao conseguirmos saltar as fogueiras. A voz de Luiz Gonzaga, Marinês e Trio Nordestino invadiam aquele espaço  de felicidade vindos de uma pequena radiola "Philips" comprada pela tia Baviera na Zélia Modas. É necessário lembrar que antes dos festejos, aconteciam as orações de agradecimento pela colheita conseguida e pelo bom inverno. Mamãe corria para o corredor da casa e sem que ninguém visse, beijava uma medalhinha de São José. Um dos momentos mais alegres da festa se dava quando íamos a uma mesa e tínhamos a nossa disposição: Milho cozido, canjica, bolo de milho, pamonha, cuscuz. Como só gostava de milho assado, pedia ao vovô Paidete para assá-lo na fogueira. Ainda tenho na boca o gosto das batatas assadas na fogueira pela minha querida mãe Sinhá. Sob aplausos de todos, chega no terreiro, minha tia Maria(Baitinha) trazendo o Aluá que só ela sabia preparar e não dizia para ninguém o segredo, nem mesmo para suas amigas Maria Paula e Lica. Os olhos das crianças estavam fixos na linha férrea, esperando que aparecesse a figura de meu pai que trazia fogos para distribuir com todos, fosse da família ou não. Meu inesquecível pai era uma espécie de Deus das crianças, pois as tratava com muito amor e carinho. As crianças corriam para receber os traques de massa, as chuvinhas, as cobrinhas. Ah, as cobrinhas! Fiz muita gente correr pelo terreiro! Aqueles de mais idade, preferiam o foguetinho ou os rasga-latas  e ainda as pistolas. Quando a fogueira deixava de iluminar prá valer o terreiro, mamãe mandava colocar mais lenha. Lembro que lindas mocinhas que moravam aqui perto de casa(não lembro os nomes), acendiam velas que ficavam pingando numa bacia e juravam que ali aparecia os nomes de seus futuros namorados. Confesso, nunca vi nome nenhum. Jovens dançavam no terreiro e a alegria só era  interrompida quando eu e outros meninos soltávamos as cobrinhas que botavam todo mundo para correr.  Que noite colorida! De repente, aplausos, muita alegria, chegou o rei dos balões, o Pelé dos balões! Era Zé viana que chegou no terreiro com a linda criança Suzana que a todos saudava com um lindo sorriso.  Zé Viana tinha o poder de fazer a noite ficar iluminada e os seus balões faziam as estrelas sorrirem! Nunca se teve notícia que um balão feito por Zé Viana tenha caído no chão de Quixadá. Mamãe dizia que as estrelas os protegiam. Até hoje, não sei como mamãe conseguiu esta informação. Que saudades tenho das noites joaninas no meu Quixadá querido. Os tempos são outros, só a saudade é o que ficou e a certeza de que aqueles anos foram os mais felizes da minha geração. Agora mesmo, estou na janela aqui de casa na inútil espera pela passagem de um balão feito por Zé Viana.



A hora mais esperada era a hora de Zé Viana soltar os balões


Amadeu, era um "deus das crianças" e distribuía fogos para todas elas do sítio

Zé Viana, o rei dos balões em foto de alguns anos atrás com o neto Filipe, os filhos Suzana, Thiago e Francisco e seu anjo da guarda, a Lúcia 
O sítio das Lilinhas era muito alegre nas festas joaninas
<>As imagens da família pertencem aos arquivos do "blog" e as demais foram retiradas da Internet

quinta-feira, 4 de junho de 2020

<>LAGOA CINZENTA- MEMÓRIAS DE MENINO DO CRONISTA QUIXADAENSE GILSON FERREIRA LIMA

A lagoa estava incrustada ao pé da Pedra do Cruzeiro

 <><><><><><>Ao contrário da LAGOA AZUL, tão cantada pela sétima arte, tivemos no Quixadá a LAGOA CINZENTA, tão lembrada nas minhas memórias de menino. É assim, a gente nasce, cresce, mas não esquece das coisas boas nas nossas vidas de menino, coisas ruins (?) talvez inconscientemente ou pretensiosamente, não nos prendemos muito. Poucos ou talvez nenhuma pessoa não mais se lembrem dessa lagoa maravilhosa. Ela estava incrustada numa área que hoje abrange o pé da pedra do Cruzeiro, os trilhos do trem, beirava a rua da Pedra, rua Epitácio Pessoa, o Posto Quinzinho e os fundos da Padaria do Senhor Cisne Carneiro. Uma casa havia, penso que do senhor Cisne isso porque ali foi morar seu filho Kleber Carneiro logo após seu casamento com D. Albanita. Uma casa simples, mas de grande conotação pois ali se imponha uma casa de engenharia diferenciada das demais casas da cidade. Um chalé. A primeira construção a lhe tomar espaço foi a Igreja Presbiteriana cujo Pastor era o Senhor Zequinha. Seguidamente vieram outras…que acabaram com os gorjeios dos pássaros que lá vicejavam. Bem a leste daquela lagoa havia um cacimbão que até hoje resiste ao progresso como assim dizendo; “eu sou o cisne que só vou morrer quando não mais houver necessidade de minha existência.”


<><><><><><><>Por ser um baixio, quando ela secava, não de todo, ela se tornava o depositário do lixo da cidade, ainda bem que naquele tempo até o lixo era puro, e o seu contraste era que ali também os carroceiros retiravam o barro roxo para fazerem tijolos deixando assim os buracos que vinham se tornar umas verdadeiras piscinas para nossos deleites, daí apelidei a de LAGOA CINZENTA. A maior lembrança que tenho dessa lagoa era quando cheia e no inverno, seu único estuário era as aguas que desciam do imenso monólito. O perfume que exalava os busca-pés, as vitorias régias com as jaçanãs em sua superfície fazendo seus ninhos e os seu cantar, as marrecas, galinhas d’água, os paturis e tantos outros enfeites naturais. Minhas noites, minhas manhãs eram tocadas por rumor festivo pois eu morava quase na sua beira: Epitácio Pessoa 127.

<><><><><><><>A marcha do Progresso é inexorável. A especulação imobiliária não retarda e avança inexoravelmente e então vemos a olhos vistos tudo se modificar peremptoriamente, e como já dizia Adoniram Barbosa: ” Vem ver Etelvina venha ver a Força do Progresso., como tudo está bonito o Viaduto Santa Efigênia”. Ademais só nos resta avivar a força do progresso e mortificar nossas memórias...............gfl.

Pedra do Cruzeiro em imagem recente



Imagem antiga do Posto Quinzinho-cortesia da família

Gilson Ferreira Lima evoca mais um fato de sua infância
Nos anos passados, o lixo não era um problema de saúde
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quarta-feira, 3 de junho de 2020

ISÍDIA MARIA DA SILVA FERNANDES- PRIMEIRA MULHER A FAZER PARTE DA BANDA DE MÚSICA DE QUIXADÁ.

Isídia-inspiradora de muitas mulheres que lutam por suas conquistas
<>Todos nós somos sabedores de que a mulheres sempre travaram grandes batalhas contra o preconceito e discriminação.  Mas nos conforta saber que a grande maioria não admite o título de "Sexo frágil". Por outro lado, reconhecemos que  o caminho a ser percorrido  é longo porque ainda existe, sim, muito preconceito. Para alguns, mulher não pode ser uma jogadora de futebol, não pode comandar uma empresa, etc. E ser profissional da música, tocar numa banda, cuja grande maioria é de homens? Dissabores ainda margeiam e fere a dignidade feminina, mas se pode e até demais, comemorar muitos avanços. São tantas mulheres para  servir de exemplo e até de inspiração para as demais. Gostaria de lembrar e enaltecer e tenho certeza de que aqueles que lerem este texto haverão de concordar. Se for necessário destacar uma mulher de fibra, que lutou por aquilo que gostava enfrentando reações conservadoras, o nome de "Dona Isídia" deverá ser lembrado. Esta guerreira foi a primeira mulher a adentrar como instrumentista na Banda de Música de Quixadá. Era uma jovem sonhadora com vinte e poucos anos de vida quando decidiu fazer aquilo que gosta. Daí para à frente, a sua atitude fez com que outras jovens seguissem os seus passos.  É necessário destacar e ela sempre fez questão de afirmar que encontrou novos amigos e até professores que lhe orientaram nas possibilidades da execução do trompete, instrumento com o qual se identificava. O maestro Zé Pretinho foi uma espécie de pai para a esforçada e talentosa Isídia. O maestro fazia questão da presença feminina  e criou espaços para o aprendizado de violão, clarineta e outros instrumentos. Segundo o relato dos amigos, Isídia ficava encantada com as apresentações da nossa banda e daí surgiu aquela paixão incontrolável de fazer parte daquela gente bamba da arte musical. "A senhora toca trompete, instrumento mais adequado aos homens?" alguém questionou e ela com altivez respondeu: "Por que não? Por que este preconceito?" E por isso logo conquistou o respeito e a admiração dos quixadaenses. -Ela nasceu no Choró, então, distrito de Quixadá e nos primeiros anos da década de 70(século passado) a família se transferiu para a sede do município. A jovem historiadora Elielma Rodrigues da Silva, filha do popular radialista Alexandre Silva, realizou um grande trabalho sobre a presença de mulheres na banda de música da terra dos monólitos. Orientada pelo jovem professor Edmilson Alves Maia Junior que deu dicas importantes, refinou a produção do trabalho tornando possível a elaboração de uma bela fonte de pesquisa que é a monografia de Elielma. A escolha do tema foi bastante aplaudida não só nos espaços da Faculdade, mas sendo motivo de pesquisas por parte de diversos seguimentos. Gostaria de destacar o fato do total apoio da senhora Raimunda Evangelista que não mediu esforços para que a jovem seguisse o seu ideal. Seguindo os passo de Isídia, outras mulheres passaram a integrar a Banda de Música como Maria Jacinta Ferreira, Raimunda Maria Dantas Costa, Francisca de Queiroz dos Santos, Verônica Maria, Teresinha Baltazar de Castro, Maria Lúcia Ferreira da Conceição, Maria de Fátima Leandro e outras. A entrada de Isídia em um espaço até então só ocupado por homens mostra o quanto esta mulher maravilhosa e corajosa foi forte no enfrentamento de preconceitos que sempre existiram. Esta querida quixadaense tornou-se cidadã do infinito em 13.03.2018 e seu nome continua servindo de inspiração para muitas mulheres que lutam por seus ideais. Ela é um exemplo de coragem e soube superar todos os desafios que a vida lhe impôs.
Isidia-primeira mulher a integrar a Banda de Música de Quixadá

Maestro Zé Pretinho sempre incentivou a presença das mulheres na Banda de Música 

A presença das mulheres na Banda de Música embeleza a arte musical
<>As imagens foram retiradas da Internet.
<>O blog "AMADEU FILHO O REPÓRTER" agradece a equipe do "Diário de Quixadá", ao radialista Gomes Silveira e a historiadora Elielma Rodrigues pelas preciosas informações. 
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segunda-feira, 1 de junho de 2020

O DIA EM QUE O GOLEIRO DO QUIXADÁ F.C. TIROU O DINHEIRO DE MUITOS BRASILEIROS

 <>um dia de domingo dos anos 80. Cidade de Quixadá recebeu a presença de mais de 10 ônibus com a torcida do Ceará. E chegaram, à noite. Hotéis, pousadas, tudo lotado. Cidade fervilhando, comércio funcionando. Dinheiro ficando na cidade, empregos extras. Quixadá X Ceará, o grande jogo daquela tarde de domingo. Jogo 13 da loteria esportiva. O Brasil todo acompanhando! Corações e dívidas de muita gente, à mil! Nos prognósticos, 15%, vitória do canarinho; 15% empate e 75%, Ceará. Jogo de matar o coração porque foi o último que terminou daquele concurso da loteria. Ave Maria, muita gente no estádio com o cartão na mão já comemorando a riqueza que estava tão pertinho! Eu pensava comigo: Irei transformar a bodega do meu pai num grande mercantil igual ao do Cícero Bertoldo e compro um corcel para sair cartando pelas ruas de Quixadá. Agora, Atenção, para o que vou contar e é verdade: 40 e poucos minutos do segundo tempo. Pênalti para o vozão! Gritaria, choro no estádio, eu dei 3 voltas correndo perto do alambrado do estádio: "Ai, ai, tá chegando a hora, vou ficar rico finalmente". Como a cobrança demorava, me acalmei comendo bolo e suco na banca do Jacu(Fiado). O Brasil em expectativa. A voz de Gomes Farias ecoava por todo o estádio e nervoso quebrei meu rádio "ABC". Farias gritava: "Olha o gol do Vozão, lá vai, lá vai e(silêncio) no estádio: ATENÇÃO BRASIL!!! CORREU PARA A BOLA JORGE LUIS COCOTA, É O GOL DO VOZÃO DO MEU POVÃO!"MILAGREEEEEEE NA TERRA DA GALINHA CHOCA! DEFENDE O GOLEIRO WAL, TORCIDA ALVI NEGRA!". Muita gente como eu não acreditava naquilo! E no Brasil todo também! Foi a maior zebra da loteria esportiva. Nesta noite, não assisti o fantástico pois não queria ver aquela zebrinha mangando da gente. O Wal é como um irmão meu, mas bem que poderia ter deixado seu amigo Amadeu e muita gente em Quixadá e no Brasil todo pegar aquele dinheirão. Por que tu defendeu, irmão Wal? kkkkkkkkkkkkk.

<>Agradecimento: A história nunca está pronta. O radialista Audílio Moura vem em meu Socorro e dá a informação que este jogo aconteceu no dia em que morreu o querido Padre José Bezerra Filho: 17.08.1980. O placar do jogo foi "0 X 0".
<>Da série de reportagens: Memória do Quixadá Futebol Clube(canarinho)





quinta-feira, 28 de maio de 2020

VOVÔ PAIDETE FOI MEU PRIMEIRO MÉDICO

Quem, no passado, não tomou estes remédios?

Banha de cururu devolveu minha voz(dizia meu avô)
<> Considero a grande maioria dos médicos como se eles tivessem vindos do céu enviados por Deus para nos curar das doenças. Muitos são amigos da minha família e, louvado seja Deus, da nossa tem dois anjos de carne e osso que são o meu sobrinho, Dr. Fábio, filho do Dr. Lessa e de minha irmã Socorro e o sempre estudioso e esforçado, Dr. Roberto. Mas, hoje, quero lembrar e homenagear meu primeiro médico que não cursou nenhuma Faculdade, mas dizia ter sido curandeiro quando morava no Amazonas. Como estou com tempo suficiente, dei uma olhada no velho e amarelado caderno "Avante" e lá tinha anotado os remédios que meu Avô Dr. Paidete(médico eleito por mim) me receitava. Quando somos jovens, temos grandes dores de dente. Que sofrimento, meu Deus! Quando a danada batia a minha porta(quer dizer, na boca) corria para o vovô que receitava e debochava daquele menino magrinho que era. Com pose de quem sabe muito foi lá dentro e trouxe uma pequena caixa contendo um pequeno frasco onde estava escrito "1 minuto". "Tome Zé mole, ver se não passa!" Não é que passou mesmo, amigos!" .Mas a dor voltava e aí só tinha um jeito e meus pais me levavam para Dr. Belizário. Acho que muita gente já levou picada de inseto e comigo aconteceu algumas vezes e quando tal se dava, lá vinha meu protector(escrevia-se assim mesmo) com uma pomada por nome de Minancora. Além de receitar, meu médico(ou curandeiro?) particular, sentia prazer em debochar e falava: Sua mãe não tá vendo que você tá magrinho e isso é verme!" Mas, apesar de nem ler direito tinha momentos de muita sabedoria e falava que tinha que procurar o Dr. Eudásio porque desse problema ele não entendia "patavina" e não ia se arriscar. Agora, lembro como se fosse hoje, pisando no chão batido de sua casa, pegava logo um vidro de "Biotônico Fontoura" e fazia piada me chamando de Jeca Tatu. Nos jovens anos, nós rapazes, adorávamos uma pelada e vez por outra sofríamos uma pancada no joelho e eu corria para o meu médico que mandava que passasse um tal de "Iodex" no joelho. O cheiro era fortíssimo, mas aliviava e muito. Uma vez, quebrei o braço numa disputa no racha de bola de meia e fiquei desesperado, pois vovô disse que não sabia fazer nada mas, de repente, deu a solução: "Vá no seu Quinzinho" que encana seu braço! O homem é macho, vá sem medo!". E em pouco tempo, já estava nos rachas. De todos os remédios que me foram receitados, o que mais me incomodou e me fez passar vários dias tristes foi ter sido obrigado a engolir, "à força mesmo", banha de cururu. Foram necessárias três pessoas me segurando. Lembro, foram Vovô, Luís Nabor e Raimundinho(pai do Jonas Sousa, da Mazé). É que minha rouquidão(ainda existe) chegou num limite que quase não conseguia falar. Alguns anos depois, um médico em Fortaleza me falou para meu grande espanto que se não fosse aquela banha, provavelmente, estaria sem voz. Só depois que Paidete morreu orei por ele e lhe pedi perdão. Não caiam para trás do que vou lhes contar, diletos amigos! Uma vez, mas sem saber, bebi minha própria urina que engoli tão rápido que não sabia o que era. Fiz uma coisa que não me é habitual que é gritar com Vovô(Não o faria hoje) argumentado que ele não devia ter me dado aquilo e ele respondeu com moral e segurança: "Rapazinho, isso é usado há mais de 5 mil anos!". Saudades do meu primeiro médico que não esqueço. Ainda não entendia muito das coisas e se fosse hoje, não tomaria aqueles remédios, pois não se deve combater os males do corpo sem o conhecimento dos médicos. Mas, acreditem, teria muita coragem de tomar um remédio e até em doses fortes. Acredito muito em Deus mas, uma vez, quando, muito jovem, discordei de um padre que me falou que a melancolia era uma punição divina. Nunca aceitei isso, nem hoje. Até agora, só pude entender Deus como apenas um grande amor por nós todos. Jovens também têm seus momentos de angústia, é claro! Acho que todos nós temos medo da tristeza e continua mais ainda nos dias de hoje. O remédio indicado por vovô naqueles anos que foram carregados pelo tempo foi quase um discurso: "Aproveite suas forças enquanto as tem! Seja solidário com aqueles que precisam de ajuda! Visite os doentes, encoraje-os! Vá nas casas de alguns vizinhos, leve roupas que você não usa mais, ajude na alimentação! Não pode fazer nada, pois dê um sorriso, trate as pessoas com carinho!" E de repente, escrevendo este texto, se apossou de minha pessoa uma imensa melancolia. É que este remédio que vovô me indicou para que me sentisse um ser humano de verdade, não tem feito muito efeito. Se fiz algo de bom para o meu próximo foi muito pouco. Fiz, mas não bastou! Poderia ter feito muito mais. Mas, Deus sempre nos dá novas chances! Quem sabe, com o remédio que me foi indicado, não seja uma pessoa melhor. Obrigado Dr. Vovô Paidete! "Obrigado Dr. Quizinho por não ter perdido meu braço! Em dúvida, sem saber onde encontrar este remédio que me fora indicado faz muito tempo, procurei uma pessoa de minha confiança que tinha o remédio. O remédio que ela me deu foi este: "AME COMO JESUS NOS AMA! SONHE COMO ELE COM UM MUNDO DE AMOR E FRATERNIDADE!
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Acreditem! me fizeram beber minha própria urina

Remédio contra dor de dente

Meu avô Paidete e eu nos jovens anos
<>A imagem do meu avô e eu pertence ao arquivo familiar e as demais foram retiradas da Internet

quarta-feira, 27 de maio de 2020

<>MEMÓRIA DOS MEUS VERDES ANOS(1)

soltar pipas
<>Quase todos os dias, pela manhã, da janela da minha casa vejo lindas crianças na calçada olhando seus celulares e sem em nenhum momento se olharem. Meu pensamento, então, foi mais longe e me lembrei das minhas brincadeiras de infância. Mergulhei fundo, então, no rio da saudade. Lembrei dos meus bolsos cheios de bilas compradas no Zé Metero e quando vencia os colegas acertando várias vezes num buraco que fazíamos. Naquelas manhãs e tardes felizes me sentia o melhor dos marinheiros jogando os barquinhos de papel num cacimbão no sítio dos pais da Aparecida, Chico Caetano e dona Robéria. Um dia me senti uma criança rica pensando montar um cavalo árabe, na verdade, um cavalinho de pau. Um dia na infância parecia que não passava, pois, havia tempo ainda para soltar pipas. Assobiava chamando o vento, mas mamãe Itamar alertava para para não fazer isso e que cobra podia aparecer. Foi o único tempo que fui, verdadeiramente, muito rico pois tinha muitas cédulas de carteira de cigarro. Só não queria do cigarro "BB" pois se dizia que não tinha valor nenhum. Mas, já conhecia dinheiro de verdade, pois papai mandava comprar querosene com cédula de cinco cruzeiros. Lembro da brincadeira de cabra cega quando com os olhos vendados tentava acertar um amiguinho(a). Brincávamos muito de esconde-esconde. Colocava as mãos nos olhos e deixava o amigo(a) procurar um bom esconderijo. Carrinhos de corrimão não faltava em nossa rua e quando não tínhamos os nossos, usávamos os do vizinho. Brincadeiras que pareciam não ter fim. Lá em casa, só parávamos para saborear o famoso doce de leite preparado pela tia Baviera ou comer os famosos "Capitão" preparado pela Mãe Sinhá ou beber aluá preparado pela tia Maria(Baitinha). Barrigas cheias, mais brincadeira. As meninas davam verdadeiro show no bambolê e algumas até tinham violão e imitavam a Celly Campelo. Algumas vezes me sentia um Jonh Waine brincando de revolver de espoleta. Pedia a minha prima Angélica e ela fazia umas máscaras e aí pousava de Zorro. Outra alegria eram os rachas com bolas de borracha quando nos sentíamos verdadeiros pelés e garrinchas. Mesmo na farra com outras crianças, de longe sentia o cheiro de um remédio chamado "Iodex" que vovô Paidete passava nas pernas no combate ao reumatismo que sempre reclamou. E lá vinha mamãe com uma chinela na mão lembrando que tava na hora de tomar "Biotônico Fontoura". E falava "Toma logo menino senão tu fica igual ao Jeca tatu". E ainda tinha as corridas de saco, pular corda. Aqui no quintal de casa tinha um pé de jucá e passávamos muitas horas num gostoso balanço. Quando estava sozinho brincava de trem feitos de caixas de fósforo ou fazia um curral de ossos. Amava meus curralzinhos e ainda os trago na lembrança. Tinha também os momentos de menino mau e junto com outros, íamos à rua, escondido dos pais e tocávamos as companhias de algumas casas e saímos correndo demais. Chegava à noitinha, acabou as diversões? De jeito nenhum porque era a hora de correr atrás das galinhas para levá-las até o galinheiro. Não esqueço que levei muita corrida de mamãe galinha protegendo seus pintinhos. Já noite, tentava pegar vaga-lume e achava muito bonita aquelas luzes de pisca-pisca. Quando criança, nosso sono chegava mais cedo e recebia de mamãe o tão esperado beijo na face e a bênção de meu pai, avós, tios e até de pessoas vizinhas de maior idade. Quando não tínhamos sono, a ameaça de que o véi babau tava pegando menino e levando para o buraco de Santo Antônio. A última tarefa da noite era a oração à Nossa Senhora e ao amado jesus. Junto com minhas irmãs Conceição e Socorro e nossos pais, rezávamos ajoelhados e agradecidos por mais um dia feliz. Lembranças de minha infância que o tempo soube roubar! Desejei muitas vezes crescer, ser adulto. Hoje, daria tudo para ser criança outra vez. Vocês também, não é meus amigos? 
cabra cega

soltar pião

carrinho-corrimão

Esconde esconde
Barquinhos de papel

<>Todas as imagens foram retiradas da Internet
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QUIXADAENSES SE DESPEDEM DO MÚSICO DAVI DO PISTOM


Davi-grande músico e querido ser humano

<> O coração de muitos quixadaenses e, em especial, os músicos, vestiram luto porque o músico Davi foi chamado por Deus para outras missões. Levaremos bem viva conosco as lembranças deste ser humano maravilhoso e grande artista. A notícia da morte de Davi do Piston atingiu violentamente nossos corações porque não estávamos preparados para perder uma pessoa tão próxima da gente. Só nos resta pedir muita coragem para aceitar os desígnios daquele que nos deu a vida. Não nos esqueçamos que Deus permitiu que ele brilhasse em vida com a sua arte, a sua doce presença, grande bondade e simplicidade. Com lágrimas nos olhos, eu e todos nós, lamentamos que ele não teve tempo para nos dizer adeus. Ele nos tratava com tanto carinho e respeito. Foi integrante da banda de música, tendo participado das grandes conquistas da mesma. Segundo Tony Remelexo que tocou com ele no Vôo Livre, nunca em momento algum, percebeu o Davi com raiva e sempre estava à sorrir. Era muito querido em Baturité onde brilhou no grupo "Bic Show". Os músicos Dudu Barros e Didi sempre elogiaram a performance do talentoso músico ao executar o pistom de onde tirava notas angelicais. O casal Regina(prima de Davi) e Esenhower sempre enalteceram as virtudes do bondoso ser humano. Davi, agora, está recebendo o carinho daquele que mais o ama que é Jesus e o abraço dos pai, Acúrcio. A sua mãe, a bondosa Lurdes, ficará em orações para o filho que tanto amava. Junto do pai, com certeza, intercederá por todos nós para que entendamos que somos todos irmãos e necessitamos um dos outros. Paro por aqui, não aguento mais continuar a chorar. Deus te abençoe, Davi! Nunca vamos lhe esquecer! Saudades, muitas saudades!
Davi, Toinho e Mazé-doce infância


Davi e a bondosa senhora Lurdes
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domingo, 24 de maio de 2020

<>UMA SAUDADE IRREMOVÍVEL(texto de autoria de Gilson Ferreira Lima)



<><><><><><>Em Quixada CE, tem uma rua de nome RODRIGUES JUNIOR, na qual até aos dias de hoje, vivencia-se com grande intensidade toda ebulição social daquela cidade. Outrora, 1960, era naquela artéria que os transeuntes percorriam, da estação ferroviária até ao centro: praça da Matriz. Por ali se via toda a movimentação social; os passageiros dos trens, os carreteiros (chapeados), o comercio mais importante da tímida cidade era lindo. Romântico, todos sabendo quem vinha, quem saia, cortando três grandes e memoráveis praças: Praça da Estação (hoje praça Dedé Preto), Praça coronel Nanam e ao final dela, a praça da Matriz. No intercorrer dela, de início tinha a casa do Agente da REFESA, na época o Senhor Alencar que também tinha um comercio muito surtido que na falta desse o seu filho Jose Maria Libório Alencar veio a gerenciar. Não vou minudar face toda ela ser contida de história memoráveis e nesse espaço o meu objetivo é um outro que ainda me salta em todos meus pensamentos. Além do que. Nesse relato possa eu falhar em algum dado e ou em algum nome celebre. Citá-los-ei, topicamente, só para enfeitar o meu relato. Pela lado direito de que vai da estação ferroviária ao centro: Assis Belo, Barbearia do Júlio Lélis, Jose Heméterio, Bar do Nilo Lopes, Posto de Táxi do Neném Nascimento, Loja do Marcelino Pessoa de Queiroz, Sede do Bangu F.Clube, Sapataria dos Paraíbas, Residência do Senhor Fausto Cândido e no quarteirão seguinte a Farmácia do Senhor Jose Forte, Usina de Luz, Padaria e residência do Senhor Zilcar Holanda, Banco do Brasil, centro Espírita Humberto de Campos, Residência do Senhor Lalu e D.Liinha, Farmácia Pasteur e Residência e consultório do José Belisário de Sousa. Antes que entre no quarteirão seguinte, pelo lado esquerdo dessa rua pouca edificação, mas das poucas existentes, a imponência da Usina de Algodão do senhor Abrahão Baquit e a casa do Anísio Lopes. O quarteirão final, que vai da esquina dos Jucás até ao comercio do senhor Júlio Português e D.Branca. 
<>Aquele quarteirão ficava em frente à praça da Matriz, colégio C.S.C.J e, no meio desse quarteirão havia uma tamarineira situada em frente da casa do Senhor Luiz Ricardo da Silveira e Alaíde, duas Filhas Cleine e Cleide, e dois filhos Ítalo e Welington(falecido) que cheguei ainda a conhece-lo. Que chovesse ou fizesse sol, estávamos lá no uso fruto daquela sombra, curtindo uma radiola vermelha do Ítalo a escutar velhas músicas e grande brincadeiras. Dos tantos amigos frequentes me lembro do Rubens Targino Braga. José Augusto Monteiro (Dudu), Luciano Ferreira Lima (Fanin), Gerardo Gomes, Carlos Eduardo Nogueira, e vez por outra chegava a Alaíde com suas prosas, sua alegria enfeitava aquele pedaço e ali era o ponto estratégico para visualizarmos as garotas que saíam do Colégio com suas fardas azuis, linda, meias brancas e sapatos pretos invariavelmente. Uma visão inesquecível.


<><><><><><>Esse conto me veio à mente porquanto havia eu há poucos minutos tentar definir o que realmente é SAUDADE ? E DIZIA EU: É A FALTA DAQUILO QUE NÃO TEMOS MAIS. LONGE DOS OLHOS E PERTO DO CORAÇÃO e por essa razão me lembrei dessa fase boa de minha vida. Não vivo de saudades, porém elas me acompanham “ad aeternum.

<>O autor do texto é funcionário aposentado do Banco do Brasil e apaixonado pela terra dos monólitos.
Alunas do Colégio das Irmãs: Socorro, Elileuda e Conceição
O Cine Yara funcionava próximo à praça Coronel Nanan

O bar de propriedade de Nilo Lopes tinha uma frequência animada

José Forte Magalhães mantinha uma farmácia na rua Rodrigues Junior 

Eduardo Bananeira-um amigo inesquecível

Assis Belo é citado no texto de Gilson ferreira
Imagem da praça Coronel Nanan nos dias atuais




José Maria Libório ocupava a direção do comércio da família quando o Senhor Alencar necessitava se ausentar

O velho abrigo que estava localizado na praça da estação
Gilson Ferreira Lima sempre escreve sobre memórias da terra dos monólitos, a sua grande paixão