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soltar pipas |
<>Quase todos os dias, pela manhã, da janela da minha casa vejo lindas crianças na calçada olhando seus celulares e sem em nenhum momento se olharem. Meu pensamento, então, foi mais longe e me lembrei das minhas brincadeiras de infância. Mergulhei fundo, então, no rio da saudade. Lembrei dos meus bolsos cheios de bilas compradas no Zé Metero e quando vencia os colegas acertando várias vezes num buraco que fazíamos. Naquelas manhãs e tardes felizes me sentia o melhor dos marinheiros jogando os barquinhos de papel num cacimbão no sítio dos pais da Aparecida, Chico Caetano e dona Robéria. Um dia me senti uma criança rica pensando montar um cavalo árabe, na verdade, um cavalinho de pau. Um dia na infância parecia que não passava, pois, havia tempo ainda para soltar pipas. Assobiava chamando o vento, mas mamãe Itamar alertava para para não fazer isso e que cobra podia aparecer. Foi o único tempo que fui, verdadeiramente, muito rico pois tinha muitas cédulas de carteira de cigarro. Só não queria do cigarro "BB" pois se dizia que não tinha valor nenhum. Mas, já conhecia dinheiro de verdade, pois papai mandava comprar querosene com cédula de cinco cruzeiros. Lembro da brincadeira de cabra cega quando com os olhos vendados tentava acertar um amiguinho(a). Brincávamos muito de esconde-esconde. Colocava as mãos nos olhos e deixava o amigo(a) procurar um bom esconderijo. Carrinhos de corrimão não faltava em nossa rua e quando não tínhamos os nossos, usávamos os do vizinho. Brincadeiras que pareciam não ter fim. Lá em casa, só parávamos para saborear o famoso doce de leite preparado pela tia Baviera ou comer os famosos "Capitão" preparado pela Mãe Sinhá ou beber aluá preparado pela tia Maria(Baitinha). Barrigas cheias, mais brincadeira. As meninas davam verdadeiro show no bambolê e algumas até tinham violão e imitavam a Celly Campelo. Algumas vezes me sentia um Jonh Waine brincando de revolver de espoleta. Pedia a minha prima Angélica e ela fazia umas máscaras e aí pousava de Zorro. Outra alegria eram os rachas com bolas de borracha quando nos sentíamos verdadeiros pelés e garrinchas. Mesmo na farra com outras crianças, de longe sentia o cheiro de um remédio chamado "Iodex" que vovô Paidete passava nas pernas no combate ao reumatismo que sempre reclamou. E lá vinha mamãe com uma chinela na mão lembrando que tava na hora de tomar "Biotônico Fontoura". E falava "Toma logo menino senão tu fica igual ao Jeca tatu". E ainda tinha as corridas de saco, pular corda. Aqui no quintal de casa tinha um pé de jucá e passávamos muitas horas num gostoso balanço. Quando estava sozinho brincava de trem feitos de caixas de fósforo ou fazia um curral de ossos. Amava meus curralzinhos e ainda os trago na lembrança. Tinha também os momentos de menino mau e junto com outros, íamos à rua, escondido dos pais e tocávamos as companhias de algumas casas e saímos correndo demais. Chegava à noitinha, acabou as diversões? De jeito nenhum porque era a hora de correr atrás das galinhas para levá-las até o galinheiro. Não esqueço que levei muita corrida de mamãe galinha protegendo seus pintinhos. Já noite, tentava pegar vaga-lume e achava muito bonita aquelas luzes de pisca-pisca. Quando criança, nosso sono chegava mais cedo e recebia de mamãe o tão esperado beijo na face e a bênção de meu pai, avós, tios e até de pessoas vizinhas de maior idade. Quando não tínhamos sono, a ameaça de que o véi babau tava pegando menino e levando para o buraco de Santo Antônio. A última tarefa da noite era a oração à Nossa Senhora e ao amado jesus. Junto com minhas irmãs Conceição e Socorro e nossos pais, rezávamos ajoelhados e agradecidos por mais um dia feliz. Lembranças de minha infância que o tempo soube roubar! Desejei muitas vezes crescer, ser adulto. Hoje, daria tudo para ser criança outra vez. Vocês também, não é meus amigos?
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cabra cega |
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soltar pião |
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carrinho-corrimão |
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Esconde esconde |
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Barquinhos de papel |
<>Todas as imagens foram retiradas da Internet
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