terça-feira, 30 de abril de 2013

NO QUIXADÁ É ASSIM-CABRA NAMORADOR FOI PAQUERAR NO CÉU

Zé Maria era dos tipos populares mais queridos na cidade

Alguém já escreveu e é verdade! A terra dos monólitos é uma cidade de  povo alegre e irreverente. Diversas situações interessantes e tipos populares únicos foram criados pela verve dos quixadaenses. Olho de Bila, Almeidinha, Ferrugem, Raimundo Padeiro, Adonias cantor, Mala Velha, Sempre Serve, são apenas alguns poucos exemplos. Mesmo com a população em ritmo alucinante de crescimento, ainda é possível encontrar essas pessoas que com sua maneira de viver e conviver, atraem a atenção de todos.
"Onde é banca do Cabra Namorador?" Muitas e muitas vezes se fez esta indagação. Eram feitas por pessoas que iam viajar para algumas cidades como Capistrano, Itapiúna, Baturité, Canindé. É que na banca(onde se vendiam lanches), funcionava também como uma espécie de rodoviária. Lá, se dava todas as informações aos viajantes. Na banca, um Senhor, com um sorriso sempre presente, atendia a todos com muita alegria. Aquele simpático homem era o famoso, consagrado na cidade inteira, como "Cabra Namorador". Este título lhe foi dado pelas pessoas que o conheciam e queriam muito bem. Não se sabe se o título expressava uma verdade ou apenas uma gostosa brincadeira. Mas José Maria de Oliveira criou fama! Se tornou uma das pessoas mais conhecidas e amadas na cidade por todas as classes sociais. Nascido em 18.08.1947, aprendeu logo com o pai, João André a gostar do trabalho e por muitos anos, trabalhou na agricultura. O sei pai trabalhou por muitos anos com o Senhor Manesinho e D. Rocilda, casal muito querido em Quixadá. Com a partida do Senhor João André, Zé Maria, então, ficou tomando conta da casa da família. Como os filhos do casal foram morar em Fortaleza, coube ao Cabra Namorador tomar conta do imóvel. Na calçada, montou uma banca de lanches que, em pouco tempo, se transformou num ponto de transporte para vários locais e também espaço de uma boa conversa onde o querido Senhor contava os causos mais interessantes só conhecidos pelos apaixonados de plantão.
Suerlândia mantém funcionando a banca do cabra namorador
Honesto, solidário, logo conquistou a todos. Fez vários amigos, sendo os mais frequentes, Senhor Aluísio(o chefe), Chico do Detran, Nilton Cesar, Nel Carreteiro, Dr. Paulo, radialista Jonas Sousa. O Padre Adalberto, que mora perto da banca, o tinha como, quase um irmão. José Maria de Oliveira, nem todos tomaram conhecimento, deixou muitas devotas de Santo Antônio em pânico e foi paquerar no céu. Foi agora, em Janeiro, deixando muito triste os seus amigos. A sua filha, que sempre esteve pertinho dele, continua mantendo a banca funcionando. A equipe do "Blog" lhe perguntou se esta fama de namorador era verdadeira e ela educadamente respondeu "Tinha um tiquinho de verdade. Mas o importante é que foi o melhor pai do mundo". Por não motivar projeções políticas, as autoridades não lhe deram o merecido reconhecimento e não foram lhe dar o último adeus! "TEM NADA NÃO, CABRA NAMORADOR! O MELHOR JULGAMENTO É O DO POVO E ESTE LHE AMAVA! NAMORE SOSSEGADO!

-As fotos pertencem aos arquivos do blog

sábado, 27 de abril de 2013

WALDIZAR VIANA É O AUTOR DA BANDEIRA DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ

  1. <>NO QUIXADÁ É ASSIM<> MAIORIA DOS QUIXADAENSES NÃO CONHECE O AUTOR DA BANDEIRA DO MUNICÍPIO- Ele é um grande criador de obras de arte. É um artista plástico que muito nos orgulha. O nome do astro: Waldizar Viana. Ainda criança, já mostrava tendência para as artes. Estudando com a professora Irene Pinheiro, na escolinha do Alto do São Francisco, chamava a atenção pelo fato de ficar rabiscando livros, cadernos. Algo o impulsionava a ficar sempre desenhando. Ainda adolescente, ficou impressionado com um desenho na parede, feito à lápis,na casa de seu vizinho, Manuel Cunha(Coquinho). Era uma maria -fumaça. Nunca esqueceu aquela imagem. Prestava muito atenção aos quadros nas paredes das casas dos amigos. Na casa de outro amigo, o Geraldinho(filho da Maria do Dedé Soares), ficava contemplando por horas, um quadro em que um homem, montado num cavalo e puxando outro , na beira de um lago. 14 anos incompletos e o menino fez o seu primeiro quadro, na parede da casa, utilizando tintas comuns. O "Chalé da Pedra" foi seu primeiro desenho. Os pais ficaram encantados e uma vizinha por nome Maria das Dores Afirmou com ar de certeza"Nesta casa, mora um artista". O adolescente Waldizar caminhava pela sua bela Quixadá e parava para admirar os letreiros feitos por Antônio Saraiva, nos muros, em várias partes. Além dos letreiros, desenho de animais, casas, instrumentos. Antônio Saraiva foi, sem dúvida, seu primeiro ídolo. Na oficina do Mestre Furtado, onde trabalhava seu irmão Joaquim, ficava contemplando cartolinas penduradas na parede, com lindos desenhos. O autor Antônio Piroba, era conhecido na cidade como desenhista de muitos talentos. Sempre passava em frente a casa do bancário Narcílio Bezerra, filho do Senhor Hercílio Bezerra para admirar as paisagens lindas, presentes na fachada da casa.Era a década de 60! Muitos frequentadores do extinto "Cine Quixadá", além dos filmes, curtiam os cartazes desenhados por Waldizar e seu amigo Jocineide. Estava decidido a ser artista, a não parar mais de pintar. Precisava lapidar a sua vocação e fez um curso por correspondência na "Escola Panamericana de Artes" que lhe foi de grande utilidade. 

  •                                           Profissionalmente, sem primeiro quadro foi " A Degolação de São Batista". O artista é admirador de pinturas sacras, sendo um dos temas mais utilizados na sua arte. Precisava trabalhar e na loja do Senhor Henrique expunha seus trabalhos, chamando a atenção de muita gente. Um quadro mostrando uma cena nordestina chamou a atenção da escritora Rachel de Queiroz e o jovem artista a presenteou. Pouca gente sabe mas Waldizar é o autor da bandeira do município. Era o ano de 1967 e o prefeito José da Páscoa designou uma comissão  para falar com o artista, formada por Fernando Turbay, Maura Capistrano, Antônio Capistrano. O trabalho foi muito elogiado. O dono da loja, Senhor Henrique, certa vez falou: "O Viana não nasceu para o balcão e sim para as artes". Na loja mesmo, desenhava pessoas, conhecidas na cidade como Maurício Holanda, Senhor Nobre e outros. As encomendas de desenhos aumentavam a cada dia. Então, Waldizar já era considerado um grande artista.
  •                                         Naqueles anos na terra dos monólitos, a arte teatral explodia, envolvendo um grande número de jovens atores e adultos. Waldizar era o responsável pela cenografia, ou seja, a arte presente na parede do fundo do palco. E aí, muita emoção, veio a primeira exposição que aconteceu no "Teatro Alberto Baquit Junior", dezembro de 1969. Se faz necessário afirmar que no tempo que morou em Fortaleza, participou de várias exposições sendo bastante elogiado por grandes mestres da pintura cearense. Meados dos anos 70! Na capital, teve contato com consagrados artistas plásticos que lhe passaram muitas informações. Em Fortaleza, como também na terra dos monólitos,  participou de exposições individuais e coletivas. Em Fortaleza, trabalhando como desenhista publicitário, realizou trabalhos para grandes veículos da comunicação escrita. Mas em 1981, veio embora definitivamente para sua cidade natal pois havia sido aprovado num concurso do "Inamps";Não demorou e organizou um atelier em sua própria casa, o lugar em que mais gosta de ficar e que é bastante visitado. 
  •                                       O artista plástico quixadaense é bastante requisitado por grandes escritores para a confecção das artes  presentes na capa e no interior dos livros. Foi bastante elogiado o seu trabalho realizado nos livros "Retalhos da História de Quixadá" e "Ruas que Contam a Nossa História" de autoria do escritor João Eudes Costa. Agora que já sabemos mais sobre o autor da nossa bandeira, que tal conhecê-lo mais de perto, admirar seus quadros. Afinal, todo artista gosta de estar perto do povo.  8 de maio, é o dia dedicado ao artístico plástico. Vamos abraçar este grande talento nosso.  Vamos!!!                        


quarta-feira, 24 de abril de 2013



<>OS MONÓLITOS: GRUPO  MODIFICOU O PANORAMA MUSICAL DOS ANOS 60 NA TERRA DOS MONÓLITOS   -- Anos 60. Anos de agitação política na vida brasileira. Ecoa no país a explosão do rock and roll . Artistas que cantam versões dos sucessos internacionais abrem caminhos para sintonizar nossa gente na nova onda musical do mundo. Surge uma música consumida em grande escala pela juventude. Roberto Carlos se torna o grande nome da canção jovem. É a época do programa "Jovem Guarda". Foi o tempo dos festivais da canção promovidos pelas grandes redes de televisão, no momento, merecendo destaque a "Record". Surgem as canções de protesto tendo como alvo a ditadura militar. Quixadá não ficaria  distante daquela realidade, alheio ao que acontecia. E foi neste contexto que surgiu um grupo musical que viria a modificar, por completo, o panorama artístico de todo o interior cearense: "Os Monólitos". Conquistaria, não só a terra dos monólitos mas todo o interior. Em pouco tempo, deixou de ser um grupo local, realizando diversas apresentações, até mesmo fora do estado. 
                                         O grande idealizador do famoso conjunto, o jovem músico, conhecido no mundo artístico como Dudu Viana, graças ao estrondoso sucesso de "Os Monólitos" se tornaria respeitado e uma referencia para seus colegas de arte. Tudo começaria em Caio Prado onde o jovem sanfoneiro realizava apresentações acompanhado apenas por um pandeiro. Vindo para Quixadá, tocou no prédio dos motoristas, na Aliança. Em Senador Pompeu, Dudu conheceu mestres que muito lhe ensinaram. Foi amigo de Zé Maria do Sax que pertencia a uma orquestra de Baturité que lhe propôs tocarem juntos numa febre daqueles anos, a chamada tertúlia, espécie de bailinho organizado pelos brotinhos(como eram chamados os jovens da época). Dudu topou na hora e falou com Zé Abílio, diretor do  "Comercial" que cedeu o clube para aquele grupo em formação. Aí  Dudu convidou o Tarcísio, apesar da deficiência, um cantor bem afinado. Janeiro de l965. A receptividade foi extraordinária! E o grupo nem tinha nome ainda. E devido ao sucesso, foi convidado para tocar o carnaval daquele ano no clube. Um dos diretores, José Maria Libório, falou da necessidade de um nome para identificar o conjunto. O primeiro nome do grupo, "Os Intrépidos" que teve pouca duração, surgindo o definitivo. Dudu, além do talento inquestionável como músico, também entendia de promoção e apresentava para os frequentadores dos clubes, a grande vedete dos famosos astros, guitarra elétrica, que só era mostrada e utilizada, depois da meia noite. Isso se tornou uma grande atração na  cidade. 

                                      O tempo foi passando e "Os Monólitos" primava pela organização e, em pouco tempo, começou a ser um símbolo da cidade. Novos e outros já reconhecidos como músicos de qualidade, foram se incorporando ao grupo como Manuel Viana(piston),  Lunga(contra-baixo), Vinicius(guitarra), Zé Pretinho(saxofonista) que Dudu foi buscar no Cedro. Surge então um probleminha com a saída de Tarcísio. Dudu foi encontrar em José Maria Ferreira, um substituto, à altura. José Maria atraia a atenção de todos, cantando no mercado público. "Rapazinho, você canta demais" afirmavam os que o escutavam. Depois de servir ao exército, em Crateús, Dudu o convidou para fazer parte do grupo. O novo cantor virou uma atração especial com um jeito diferente de se apresentar, atraindo as atenções, principalmente quando apresentava os sucessos de Wilson Simonal e Tony Tornado, então em grande evidência naqueles anos. Mas o notável artista passou a desempenhar a função de bancário, sem tempo, portanto, para continuar no conjunto. Com a saída de Zé Maria, Dudu chamou Adaílton Meneses que, em pouco tempo, ganharia o coração dos fãs e admiradores. Outras vozes viriam a compor o grupo como Ronaldo Miguez, Romulo César e outros instrumentistas. Durante muitos anos, o grupo comandou o carnaval do "Balneário" e os quixadaenses aguardavam, com ansiedade, a chegada da folia. E em 1974, num concurso promovido pela "Rádio Cristal de Quixeramobim" foi eleito o melhor grupo musical do interior cearense, com uma votação consagradora.
                                      O grande momento do grupo foi a gravação de um compacto simples(2 músicas) sendo o primeiro do interior a conseguir tal feito. O ano, 1981, e com uma formação já bastante alterada: Dudu, Maciel, beto, Zé Antônio, , Toinho, Vinicius e Adaílton. Duas músicas, logo caindo no gosto do público Atutubaê" e "Segue o teu Caminho". Em menos de um mês, 3 mil cópias vendidas. As rádios executavam, à exaustão, os dois sucessos. 
                                        O grupo encerrou suas atividades, em meados dos anos 80, apresentando-se, em algumas ocasiões especiais. Segundo o jornalista Jonas Sousa, o grupo liderado por Dudu Viana, foi o grande acontecimento na vida artística de Quixadá.  Com certeza, sem "Os Monólitos", o carnaval dos próximos anos, não serão iguais aquele que passaram.
-As fotos foram retiradas da INTERNET

Nota do autor do texto_ Esta é uma simples mas sincera homenagem ao grande maestro Dudu Viana
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terça-feira, 23 de abril de 2013

CHIQUINHO RÁDIO LEMOS





<>CHIQUINHO RÁDIO LEMOS-- A paixão desenfreada que nutrimos pelos instrumentos de que dispomos para exercer determinadas atividades humanas provoca uma intimidade, digamos, até mesmo uma química, que somos muitas vezes identificados por esses elementos do trabalho que desenvolvemos. São muitos estes exemplos, dos quais podemos citar alguns: Jacob do Bandolin, Jackson do Pandeiro, Beto do Sax, Chico do Queijo, Zé do Táxi e tem até mesmo, Chiquinho do Acordeon. Na terra dos monólitos, tem um Chiquinho mas não do Acordeon e sim, CHIQUINHO DO RÁDIO. Se alguém o procurasse pelo nome Francisco de Almeida Lemos, com certeza, encontraria alguma dificuldade em encontrá-lo.  Mas a simples citação do nome rádio mostrará aonde se encontra o cidadão a ser localizado. Este pacato senhor, prestes a completar 83 anos, desde 20-07-1953,  conserta rádios(há algum tempo, também "TV") na "Eletrônica Lemos",  no centro de Quixadá.
                                                   Tudo começou na sua querida Quixeramobim(onde nasceu). Terminado o duro trabalho na agricultura, ao lado de sei pai, Belarmino, corria  a cidade para admirar o trabalho daquele que viria a ser seu grande mestre, o rádio-técnico, Gaía, o mais conceituado na época, na terra de Antônio Conselheiro. Ficava impressionado ao olhar para aqueles rádios valvulados e a maestria do rádio-técnico.  Ao voltar para casa, deitado numa rede muito boa(costume na sua terra natal), sonhava com aqueles transístores à válvula. O mestre Gaía, ao perceber, certa vez, o fascínio daquele jovem lhe perguntou; "Quer aprender a consertar estes aparelhos que fazem a alegria das famílias? Francisco não se conteve e teve até dificuldade de responder. "Você aprende comigo mas tem que estudar. Fará um curso por correspondência(naqueles anos, era uma febre) no "Instituto Monitor de São Paulo".  Anos 50! A família se reunia, em um canto da casa para ouvir rádio. Mamãe e vovó, torciam pelos mocinhos das novelas; os rapazes, imitavam Elvis e as mocinhas, queriam ser igual a Cely Campelo. Claro que ser rádio-técnico, naquele momento,  com certeza, era uma atividade bem renumerada. Mas o nosso Chiquinho teve que ir a Fortaleza, cursar o Colegial, exigência dos pais. Mas parece que seu destino estava traçado para exercer sua atividade na terra dos monólitos. O comerciante Daniel Capistrano foi o responsável pela sua vinda pois precisava de um profissional de confiança para consertar seus aparelhos. Veio e daqui não saiu nunca mais. Com muita dedicação montou a sua eletrônica que funciona, ainda hoje, no mesmo local. Faz questão de lembrar da grande ajuda do Senhor Leal que tinha um comércio de redes e também da professora Maria Cavalcante Costa e família. Mas muitos o ajudaram, recomendando"Levem o rádio para aquele rapazinho de Quixeramobim".
                                                  Chiquinho do Rádio nos lembra que um dos primeiros na profissão foi o Senhor Belisário, também dentista. Lembra que a família Adolfo(Luís, Zé) também se destacaram na atividade. "Minha eletrônica também foi escola para muitos profissionais", faz questão de destacar. O certo é que, além do profissionalismo, a sua maneira afável de tratar as pessoas o fez querido por toda a cidade. Seguidor da doutrina espírita, mantém com todas as religiões um profundo respeito.É Casado com a Senhora Aldenora, o seu anjo da guarda de todas as horas. O lar do casal sempre acolheu as pessoas da família(ou não) que precisavam estudar ou mesmo trabalhar. Ficou conhecido como "pai Chiquinho" pelo amor que sempre devotou, em especial aos mais jovens.
                                                 Sempre sorridente diz que Quixadá o adotou. É cidadão quixadaense, propositura da vereadora Dadá. CHIQUINHO DO RÁDIO é um símbolo de nossa cidade. O seu respeito para com todos, o otimismo com que encara o passar dos anos, a fé inabalável num ser superior nos encoraja a enxergar o mundo de uma maneira mais bonita. Ele pode até sentir uma saudade danada do seu Quixeramobim mas daqui não o deixaremos sair. Podemos afirmar com muita certeza que "CHIQUINHO DO RÁDIO É COISA NOSSA!!!
-Fotos(gentilmente cedidas pela família)
                                                 
                                             

sexta-feira, 19 de abril de 2013





<>A SAUDADE QUE FICOU<> JEAN SILVA- DE VENDEDOR AMBULANTE A VEREADOR E SECRETÁRIO MUNICIPAL -- Um dia, um menino de 8 anos de idade, que brincava de bola de gude na rua, resolveu terminar mais cedo com a brincadeira. Entrou correndo em casa e foi direto para a cozinha, onde se encontrava sua mãe e falou"Mamãe, vou trabalhar com o tio Neci, lá no "Belas Artes" para ajudar a senhora. Aquela decisão pegou de surpresa a D.Socorro que reprovou de imediato: "Você tem que estudar lá na escola da Cohab, a professora Silvana não quer que falte as aulas". Apesar de estar na aurora da vida, sentia necessidade de ajudar nas despesas da casa. E ainda diria mais"Depois de ajudar o tio, vou vender verduras com meu irmão Eliano. Ele até já me deu uma bacia." Muita gente irá me comprar no meu Campo Novo". O nome deste garoto, José Jean da Silva Pereira(1-03-1980). Esta cena acontece em muitos lares brasileiros e o pequeno Jean logo teve que largar a bola e outras brincadeiras. E mesmo sem entender praticamente nada desse negócio de cuidar da casa, queria ajudar a qualquer custo. Queria contribuir para que sua mãe tão querida e seus irmãos(que amava tanto) desfrutassem de uma vida com mais qualidade. Pode-se afirmar que ele assumiu muito criança ainda, responsabilidades de gente grande.
                                          Chegando na adolescência, começou a trabalhar como vendedor ambulante e ia de porta em porta, oferecendo os mais diversos produtos. Com sua dedicação, seu jeito simples e uma bondade expressa nas ações, logo fez grandes amizades por toda a cidade. Durante muitos anos, Jean exerceu esta atividade que o tornaria querido e respeitado. Empurrando o carrinho, instrumento de trabalho, foi ajudando a família a ter uma vida mais qualificada. Para ele não importava nem mesmo o cansaço e sim dar a D. Socorro e aos irmãos, condições de se alimentarem melhor, ajudar na compra do material escolar e algum dinheirinho para os momentos de lazer. Nas horas de folga, Jean se dedicava a uma de suas maiores paixões, o futebol. Organizava torneios, treinava meninos e meninas e tinha a consciência formada de que precisava ocupar os jovens do bairro, retirando-os de determinadas diversões que poderiam desviá-los dos estudo, de um futuro mais promissor. Ele sabia que o esporte, talvez fosse naquela realidade do bairro, o único instrumento capaz de reunir um grande número de crianças e adolescentes pois era uma atividade que não exigia muito dinheiro, além de ser disciplinadora. Tinha a maior das certezas de que o esporte contribuiria para a cidadania daquela gente a quem tanto devotava respeito e carinho. 
                                           Cultivando uma bondade natural, tratando os jovens e os de mais idade com muita simpatia, em pouco tempo se tornaria o queridinho do bairro Campo Novo mas desfrutando também de ótimo conceito em toda a cidade. E veio então a sugestão de entrar na política, se tornar um vereador e, quem sabe, a grande oportunidade de mudar a realidade do lugar. A D. Socorro, repetiu o mesmo gesto ao não aceitar que seu filho trabalhasse, quando criança. "Não! Não quero meu Jean metido nisso, de jeito nenhum!" Mas assim como todo nós, Jean não era perfeito e desobedeceu aquela ordem. E com uma estrondosa votação foi eleito vereador, causando euforia no bairro. Mas nem chegou a sentar na cadeira de vereador pois foi convidado pelo prefeito Rômulo Carneiro para assumir a Secretaria de Esportes e Juventude do município. Para boa parte dos moradores do Campo Novo poderia ter feito bem mais como vereador mas o certo é que imprimiu um melhor desempenho daquela pasta e conseguindo, em parte, atrair jovens para o esporte, seu maior sonho. Sempre mostrou competência, simplicidade e dedicação. Não se limitou aos eventos esportivos e esteve sempre nas atividades da igreja, participando de batizados, realizando casamentos coletivos. 
                                          Numa tarde de quinta-feira, 12.01.2012, o querido jovem foi assassinado com 5 tiros pelo mototaxista Francisco Reginaldo e, segundo informações, amigos desde criança. Muitos não queriam acreditar no que aconteceu. O velório de Jean aconteceu no Pólo Campo Novo com a presença de muitas pessoas, de todos os cantos da cidade. O seu enterro, praticamente parou a cidade, com crianças, jovens, adultos, com lágrimas nos olhos.  Terminava a trajetória de um ser humano que venceu pelo trabalho honesto e se fez respeitado, querido, exatamente pelo grande amor aos pais e respeito aos amigos. Amigos que, inclusive deixaram de residir no bairro, para afastar as lembranças daquele cidadão que fez do calor humano uma realidade sempre presente. "Foi a melhor pessoa que conheci neste mundo, presente nas nossas alegrias e tristezas", afirmou Dias, o seu fiel amigo nas promoções que Jean realizava. Jean será sempre uma doce saudade. Quem priorizou em vida o trabalho honesto, o caráter, a solidariedade, permanecerá presente no coração das pessoas. Fechamos este texto sobre o Jean, lembrando o poeta Carlos Drummond de Andrade: "SENTIMOS SAUDADES DE CERTOS MOMENTOS DE NOSSAS VIDAS E DE CERTOS MOMENTOS DE PESSOAS QUE PASSARAM POR ELA".

-Nas fotos, várias fases de Jean Silva(arquivos gentilmente cedido pela família)
Nota do autor do texto: A História não é definitiva. Novas informações deverão ser acrescidas. Ela se faz com várias mãos. Me Dê as suas

domingo, 7 de abril de 2013

<>TIPOS POPULARES DE QUIXADÁ(1)<>LARANJEIRA: O MESTRE DA FILOSOFIA POPULAR


Ele chegou a desafiar a Ciência ao afirmar que só acreditava no peso da terra(seis sextilhões, 586 quintilhões, 242 quatrilhões e 500 trilhões de toneladas) se a ele fosse mostrada a balança com a qual ela foi pesada. Só acreditava que a capacidade do açude do Cedro é de 126 milhões de metros cúbicos se lhe mostrassem quantas canecas foram retiradas do reservatório. Brigou feio com a imprensa esportiva do estado ao afirmar que o maior jogador do mundo fora Pacoty, seu filho(jogou no Ferroviário, Vasco da Gama e em clubes da Europa) e não Pelé, pois ele nunca foi expulso numa partida de futebol. Criou polêmica com autoridades municipais ao solicitar que, em vez de  árvores na praça, deveria existir plantação de hortaliças. Desta forma, a população não precisaria comprar verduras. Era desta forma que se manifestava sobre as mais diversas situações o mais famoso mestre da filosofia popular que a terra dos monólitos já conheceu: José Rodrigues da Silva era seu nome mas se tornou popularmente conhecido como Laranjeira. Com suas narrativas carregadas de ironia e de um humor afiado, conquistou a admiração de todas as classes sociais.

O mestre nasceu em Quixadá em 24.12.1894 . Conforme nos informou o memorialista João Eudes Costa, ele sempre se dizia filho de Baturité mas a carteira do Ministério do Trabalho consta ter ele nascido em Quixadá. Filho de Raimundo Rodrigues e Cordolina de Lima. Casou-se em 1932 com Elfisa Nunes , nascendo desta união, Francisco Nunes Rodrigues que se tornaria um famoso jogador de futebol  conhecido como Pacoty. Do segundo casamento com Maria do Carmo(foto) nasceram os seguintes filhos: Agenor, Josimar(ambos, jogadores), Irene,Graça e Arlene. Segundo um dos netos, Daniel Rodrigues da Silva, professor da Faculdade Católica Rainha do Sertão e presidente do Conselho Municipal de Saúde de Quixadá, seu avô era um apaixonado pelos filhos e netos, sempre dando orientações para o enfrentamento das mais diversas situações. Morro de saudades dele, afirmou com emoção.

Laranjeira foi magarefe durante 47 anos. As pessoas se dirigiam a sua banca não apenas para comprar mas também para ouvir narrativas folclóricas do mestre . Liduíno, que trabalha no Colégio César Cals e que frequentava seu comércio, ficou muito admirado ao ouvir do mestre que, ele quando criança, brincava pulando a pedra do Cruzeiro, de um lado para o outro. Outro grande admirador de Laranjeiras é o morador do bairro Baviera, Eudásio Carneiro. Nos contou o fã de Laranjeira que ele dizia viajar a Fortaleza colocando sabão nos trilhos e se equilibrando num cabo de vassoura e apenas pedia para alguém dar um leve empurrão.  Eduardo Bananeira, um estudioso da filosofia popular de laranjeira, nos relatou que, certa vez, Laranjeira chegou a duvidar da inteligência dos bancários. Não entendia como, naquele tempo acontecia muito isso, se rasgava tanto papel e colocava-os no lixo. Se o papel não tinha nenhuma importância, por que usá-los no expediente bancário? Segundo Pacoty, o seu inesquecível pai queria apenas que as pessoas ficassem felizes, era tudo brincadeira.
Aqueles que compareciam aos campos de futebol para assistir os jogos do Bangu, Comercial, Avante, chegavam mais cedo para ouvir as estórias do Mestre Laranjeira. Dedé, treinador do Bangu, antes de orientar os seus craques, fazia questão de compartilhar da mesma alegria dos torcedores. O saudoso treinador, certa  vez nos contou que o filósofo do povo realmente obrigava os filhos a jogarem bola. Claro, isso motivado pelo sucesso de Pacoty. Os outros filhos homens, Agenor e Josimar(conhecido por Catolé) também chegaram a jogar em grandes clubes.
                                         
Ao entardecer, a sua casa na rua Tenente Cravo, era visitada por muitos vizinhos e até pessoas residentes em outras partes da cidade. A calçada, com muitas cadeiras, mais parecia um pequeno auditório. Todos queriam escutar as últimas do Mestre. Mas não apenas ouvir estórias mas também se alimentar de otimismo e de muita alegria, fortes características de Laranjeira. Otimismo mostrado com mais intensidade, por ocasião dos festejos do seu centésimo aniversário quando, para admiração de todos, declarou querer viver 200 anos. E encantou os presentes cantando"Sertaneja", famosa canção gravada por Orlando Silva. Ao seu aniversário compareceram não só o povão mas também diversas autoridades do município e do estado. Claro que não realizaria seu sonho de viver o tempo desejado mas  sua doce figura, suas tiradas irônicas ficarão para sempre guardadas e protegidas por esses belos monólitos que nos abraçam o tempo todo. O grande filósofo popular fez a grande viagem em 15.09.1996, já com quase 102 anos de idade. Divulgar nomes como o de Laranjeira é uma forma de manter de pé as pilastras mestres de nossa História. Certo está o memorialista João Eudes Costa ao afirmar que um povo que não tem zelo pela sua cultura, não existe. Não pode jamais mostrar o seu valor sem o registro do passado.

VIVA O MESTRE LARANJEIRA! VIVA!
-Nas fotos, gentilmente cedidas pela família, Laranjeira com a família e amigos; Sua segunda esposa,Maria do Carmo e Eudásio Carneiro, fã de carteirinha de Laranjeira
_Nota do autor do texto: A História não é definitiva! Novas informações podem ser acrescidas! Ela se faz com várias mãos.

terça-feira, 2 de abril de 2013

MEMÓRIA DO FUTEBOL QUIXADAENSE:" LUIZINHO PEITO DE AÇO! SÍMBOLO DA RAÇA E DO AMOR AO CLUBE QUIXADAENSE






"Depois de minha família, é do Quixadá Futebol Clube" que mais gosto. É assim, cheio de emoção que o ex-atleta Luisinho Peito de Aço, recebe a equipe de reportagem. E ainda foi mais longe ao afirmar que, se tivesse condições, ajudaria muito o time do seu coração. Quando jogador, cheguei, muitas vezes, a jogar sem receber, até comprei chuteiras. "Fiz tudo que pude, dediquei parte da minha vida ao canarinho".  Pode-se afirmar, com certeza, que foi um dos atletas que mais se dedicou ao clube. Quantas e quantas vezes, mesmo saindo de campo contundido, voltou ao campo para brigar, junto aos seus colegas por uma vitória. Por inúmeras vezes, colocou sua cabeça em meio aos pés de raivosos zagueiros. Ningúem metia medo ao "Peito de Aço", era verdadeiramente pura raça, dava mesmo o sangue pelo seu querido Quixadá. E a fiel torcida canarinha reconhecia isso e aplaudia Luizinho. Aliás, era grande a identificação do ex-artilheiro junto a torcida que via nele um atleta que jogava com garra, determinação, por amor mesmo ao clube.

 Antes de tornar-se profissional, Luizinho jogou em equipes amadoras,como o Salgado. Foi jogando nesta equipe que chamou a atenção de dirigentes do Quixadá Futebol Clube, em meados dos anos 70.  Jogou profissionalmente no período de 1975 a 1986 e sempre se empenhando nos treinos e, em especial, nos jogos. Lembra com saudades dos companheiros de clube como Tim, Tomé, Airton Bulinho, Modáli, Tico, Mazinho, Zé Antônio, Lucivaldo, Helano, Eduardo, Dedé, Wal e muitos outros. Teve como treinadores, Freitinhas(um pai, segundo ele), Dema, Zé Carlos, Sóstenes, tendo sempre tido o reconhecimento do mesmo pela dedicação, pelo amor, quase incontrolável, ao canarinho.  Nos contou que seu jogo inesquecível foi contra o Fortaleza, anos 80, quando no finalzinho do jogo, num lance memorável, apareceu como um leão no meio da zaga e mandou bola para as redes, calando a imprensa e a torcida que veio de Fortaleza. Enfrentou grandes craques do futebol cearense como Amilton melo, Zé Eduardo, Chinesinho, Josué, Lucinho, Edmar. Lembra de um momento quase folclórico, num jogo contra o Fortaleza. O zagueiro pedro Basílio lhe recomendou:"Não chegue perto de mim, vá lá pro açude do Cedro, aqui voce não faz gol". Luizinho levou aquilo na esportiva e no final do jogo, os dois saíram  abraçados.


Quando encerrou a carreira, em 1986,  não conseguiu se afastar do clube. Ficou tomando conta da sede, perto do estádio "Abilhão" por um bom tempo. Foi roupeiro, massagista, até garoto de recado.  O importante era estar próximo do canarinho. Atualmente trabalha em um dos pontos comerciais do "Abilhão", frequentado por torcedores e amigos. Assim como Zé Maria foi o símbolo da torcida corintiana, Rondinelli da galera flamenguista, Luisinho, símbolo da torcida vascaína, Luizinho Peito de Aço com sua garra, dedicação, amor à camisa, foi o grande ídolo e ícone da torcida canarinha.