terça-feira, 27 de dezembro de 2016

<>CHICO JAVALI- O CAÇADOR DE PROFETAS DA CHUVA

Caçador de profetas Chico Javali usa até cuia para se proteger do sol
 <>Como é bonito ver a asa branca, ave símbolo do Nordeste, voltando para o sertão que foi magistralmente fotografado pelas canções de Luiz Gonzaga. Que dias belos aqueles em que o sertanejo bate a enxada no chão molhado da terra dos monólitos e de todo o Nordeste. Que doce alegria é ouvir aquele ronco do "pai da coalhada" como chamamos o roncar dos trovões e que linda imagem aquela  dos relâmpagos que parecem uma luz que vem do céu  a iluminar aquele lindo torrão. Ver aqueles rios correndo, aquele cheiro de mato verde fazendo de cada localidade sertaneja um pedacinho do céu. Para o homem sertanejo, o melhor governo é um bom inverno. A chuva traz muita alegria a todos os moradores do pé de serra e também da cidade.Até os animais parecem fazer festa. Cavalos correm pelas colinas, o boi pasta com pose de príncipe, o vaqueiro faz linda sinfonia de aboios. E depois da plantação, do trabalho duro desses verdadeiros "cabras machos" vem a colheita e com ela a fartura. Aí os dias do sertanejo são ditosos, tudo são flores e uma eterna festa. De dia e de noite, como são felizes os dias desta brava gente. Com o inverno confirmado, certamente a fogueira queimará em homenagem a São João e o forró acontecerá neste sertão de gente honesta, trabalhadora. Os agradecimentos ao divino São José são apresentados nas novenas que acontecem de segunda a segunda nas capelas que existem em grande número na região. E claro, a zona urbana também fica feliz.  No inverno, até o luar fica mais bonito e os namoros à moda antiga, explodem por todo canto. Quando a chuva não vem e a seca se faz real, a tristeza toma conta do coração do homem nordestino. Não, essa gente não pode viver com dignidade se Jesus Sertanejo não atender suas preces e mandar bons invernos. O medo de ir morar em terras estranhas se apodera dos filhos deste pedaço do Brasil. É por isso que é grande a preocupação que toma conta de todos se teremos inverno ou não por essas bandas. Hoje em dia, a tecnologia permite conhecermos o que acontece com o clima. Sensores, sistemas automatizados, radares e até super computadores representam avanços significativos em relação ao monitoramento do clima, tornando possível uma previsão se teremos boas chuvas ou não. Acontece, porém, que o nordestino puro sangue não quer saber de ciência atmosférica. Ele prefere acreditar no saber dos profetas da chuva. Eles são verdadeiramente os doutores do tempo, pois conhecem, como ninguém, a ciência sertaneja. Conhecem o comportamento dos animais, como as plantas se desenvolvem, o vai e vem do vento, das nuvens e até dos astros. Eles têm o valor de cientistas da natureza e são respeitados, não só nas famílias de casas de reboco mas também nas casas bonitas da cidade. A terra dos monólitos tem sido destaque até fora do país pelo grande número de profetas de que dispõe, como por exemplo, Erasmo Barreira, Dr. Paulo, Irismar, Chico Leiteiro, Lurdinha Leite, Antônio Lima, Renato Lino, Josué, Ribamar Lima, Paroara e muitos outros. Estes senhores e senhoras do tempo ganharam um destaque todo especial na vida do sertanejo e até fez surgir a figura do caçador de profetas. Eles já existem em grande número e um fez fama por já ter localizado mais de uma dezena e já são muitos anos dedicados a encontrá-los. Seu nome de batismo é  Francisco Alves Leite, mas todos o conhecem por Chico Javali que já realizou muitas viagens nesta busca, não importando o meio de transporte se carro, moto, bicicleta, carroça ou até em lombos de animais. Muitos já viram o nosso herói montado em um jumento percorrendo as quebradas do sertão e visitando muitos lares nordestinos com o objetivo de descobrir novos profetas. Nesta procura interminável já passou por situações as mais incríveis possíveis como ter passado à noite toda no povoado de Cafundó. Procurava um casebre no alto da serra, mas quando se deu conta da situação já era mais de meia noite. O celular estava descarregado e não tinha como se comunicar com alguém para buscá-lo. Em outra situação nada agradável se deparou com um touro bravo e foi então que Javali mostrou seu lado de atleta olímpico realizando a maior carreira de sua vida. Garante que passou por tudo isso para valorizar os profetas que merecem um reconhecimento maior, afinal, eles são os que mais conhecem a realidade do sertão. Esta sua missão(assim ele acha) já foi motivo de reportagens em meios de comunicação até fora do Brasil. O caçador de profetas participa desde o início do tradicional encontro dos profetas que acontece na terra dos monólitos. Merece destaque o fato de Javali estar em busca de pessoas mais jovens para manter a tradição. Realiza uma intensa divulgação desta gente na revista "Emoções" de sua propriedade. Faz questão de ressaltar o empenho de João Soares e Helder Cortez e de outros entusiastas para que o encontros dos profetas tenha uma longa vida. Lembra que o pioneirismo coube ao radialista Jonas Sousa que entrevistava estas pessoas em seus qualificados programas. Com ar de seriedade, o caçador afirma que sempre exigiu respeito a estas figuras que são mensageiros das coisas boas que nos são enviadas por jesus sertanejo. A seca que é denunciada pelo pássaro acauã não vem do céu e deve ser coisa dos espíritos ruins, acredita. Chico Javali é paranaense da cidade de São Pedro Avaí mas veio ainda criança para Fortaleza e no começo dos anos 90 se instalou definitivamente na terra dos monólitos. Louco pelas coisas do sertão é devoto de São José e reza todos os dias para que ele proteja os profetas e toda gente nordestina. Pede pela sua saúde ao Padre Cícero e Frei Damião para que sempre tenha condições de continuar caçando profetas. O Nordeste precisa deles! Que se dane o tal de "respaldo científico"! No sertão o que vale é a palavras deles! Vamos dar muitos vivas aos profetas da chuva!   Eles são os nossos heróis! Nossa gratidão ao caçador Chico Javali por defender e divulgar essa gente abençoada de nosso Nordeste.
Javali pede respeito a figura dos profetas

Javali vem se empenhando em descobrir profetas mais jovens

Javali anda até em lombos de animais na caça aos profetas
Para o sertanejo o profeta é um cientista do tempo

A grande mídia tem dado grande cobertura ao encontro dos profetas

Para o sertanejo eles não precisam do tal "respado científico"

Os profetas dão boas ou más notícias sobre o tempo

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

<>IMAGENS QUE NÃO TIRAMOS DO CORAÇÃO-ELVIRA COSTA E FAMÍLIA(anos 60)

<><>Que linda imagem! Que bela família! Anos 60. A nossa querida amiga Elvira Costa(a Dia para a família e amigos), a princesinha Maria de Lurdes, senhor Vicente e o craque Helano Costa.Que bela recordação, amigos!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

<>MINHAS LEMBRANÇAS

<>Nos já distantes anos 70, a felicidade explodia em nossa família. Casa simples, mas todos muito felizes. Situações tão escandalosamente rudes nos traziam tantas alegrias, como o fato de ficarmos nas calçadas conversando, fazendo planos de como ajudar as pessoas próximas a nós que passavam dificuldades. Era quase uma obrigação! Aí vemos na calçada da casa da querida professora Baviera, a nossa tia Maura(em pé) e pela ordem: Robéria(mãe da professora Aparecida), Itamar(minha mãe), minha sobrinha Luisa Maurenn com a Amelinha no colo, Cecê(mais amiga que irmã) e Bandit, inesquecível cachorrinho. É, essas recordações QUASE me matam.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

<>IMAGENS QUE NÃO TIRAMOS DO CORAÇÃO-MÃE SINHÁ E IRMÃ PLÁCIDA


<>No comecinho dos anos 80, fizemos este registro que é, na verdade, o encontro de duas santas(eleitas pela família e comunidade). Mãe Sinhá era irmã da senhora Maria Angélica de Carvalho, esposa do maestro Nabor Crebilon de Sousa. Veio do Rio Grande do Norte e fixou moradia no chamado "sítio das Liinhas" (atual Baviera). Irmã Plácida, freira alemã, muito querida na comunidade, fez parte das primeiras religiosas que chegaram para administrar o Colégio Sagrado Coração de Jesus.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

<>A IMAGEM E O FATO<>QUIXADAENSES VIBRAVAM COM AS SANGRIAS DO CEDRO

  <>Era o ano de 1989. As sangrias do açude do Cedro proporcionavam muita alegria a todos os quixadaenses. Era sempre um belo espetáculo! Imagens que não saem da lembrança dos filhos da terra dos monólitos. Vemos na foto, Maria José, o inesquecível casal Nilo/Mocinha e Rafael. Ainda veremos este belo espetáculo. Quando será?                                                                

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

<>A SAUDADE QUE FICOU<>OSCAR BARBOSA DA SILVA-UM GRANDE AMOR AO TRABALHO, Á FAMÍLIA E AOS AMIGOS


               <>Temos dele perfeitas recordações. Nele encontrávamos a noção de um grande amor ao trabalho e senso de família, correção no proceder e alegria de viver, especialmente junto aos familiares e aos incontáveis amigos. Pode-se afirmar com convicção que Oscar Barbosa da Silva(nascido em 30.08.1919) foi um ser apaixonado pelo trabalho e segundo pessoas próximas a ele e que o conheceram ainda na adolescência garantem que sempre gostou de ajudar o pai Antônio Fernando Barbosa nas lides campesinas no distrito de Riacho Verde. Sua mãe, a bondosa Ernestina, sempre lembrava para que ele se dedicasse mais em aprender as coisas que os professores ensinavam, mas o rapazinho gostava mesmo era de dar duro, se dedicar ao trabalho. Sempre esforçado, ao vir morar na cidade foi conquistando seu espaço e instalou um ponto comercial no mercado público, ali permanecendo por exatos 30 anos. Sempre lembrava que o homem foi criado para trabalhar e por isso mesmo convocou os filhos para ajudá-lo no comércio. Com grande facilidade de fazer amigos convivia harmoniosamente com os outros colegas do velho mercado como Luquinha, Amadeu, João do Peixe, Baldluíno, Antônio Azevedo, Fransquinho, Luis Macena, Luciano, Lineu, Pedro da Inácia e com todos os outros. Aquele ditado que diz Deus ajudar a quem cedo madruga funcionou mesmo com nosso amigo Oscar, pois já na madrugada, começava a executar as tarefas do dia. Como resultado de tanto esforço conseguiu instalar uma pequena indústria de doce que em pouco tempo, conquistou a preferência de comerciantes e consumidores. Por muitos anos, nosso amigo Oscar abasteceu a terra dos monólitos e algumas cidades vizinhas. Através do trabalho honesto, de uma enorme dedicação ao que fazia, por fim, organizou a sua vida financeira. Com certeza, ao lado de um grande homem também haverá uma grande mulher. Não há como negar que a felicidade só é completa quando se encontra um grande amor e foi então que Deus presenteou Oscar com um verdadeiro anjo da guarda, uma rainha na expressão da palavra. Certamente, Maria Cândida Ferreira Barbosa veio preencher os dias deste bom homem. Oscar e Cândida escreveram uma das mais belas histórias de amor que tivemos o privilégio de acompanhar durante algum tempo. Depois de algum tempo de namoro(namoro à moda antiga e com suspiros ao luar), casaram-se e deste enlace matrimonial nasceram os filhos: Antônio Fernando, Maria Glória, Hermúzia, Wanderley, Romualdo, Francisco Ferreira Neto e Oscar. Quando a fábrica de doce encerrou suas atividades, passou então a cultivar frutas no sítio Glória, onde também criava alguns animais. Segundo o consagrado radialista Wanderley Barbosa, ao lermos o livro da vida de Oscar veremos que na sua simplicidade ele conquistou seu espaço sempre dando exemplos de retidão de caráter, honestidade, um imenso amor à família, aos amigos e uma sempre presente vontade de trabalhar. De acordo com a professora Hermúzia, seu querido pai foi um modelo para todos os filhos e netos que nele devem se espelhar para conquistarem seus espaços na vida, mediante o trabalho honesto, a dedicação e o respeito as determinações de Deus e serem amáveis para com todas as pessoas. No dia 25.11.1994, os braços do Senhor Deus abriram-se para receber nosso querido amigo Oscar. Com certeza, os anjos fizeram soar suas trombetas e todas as vozes celestiais disseram amém. Com muito alegria aceitamos tua chegada e com grande tristeza assistimos tua partida! Mas você, que foi bom pai e amigo sincero, não será esquecido por nós! Como bem descreveu o historiador João Eudes Costa no seu aclamado livro "Ruas que Contam a História de Quixadá", Oscar Barbosa viveu de seu trabalho, foi pai de família exemplar, bom esposo e um quixadaense de conduta isenta de qualquer restrição.
CÃNDIDA E OSCAR-UM AMOR PURO E INFINITO ENQUANTO DUROU
Radialista Wanderley Baarbosa-Meu pai foi um exemplo de retidão de caráter
Antônio Fernando(Barão) sempre se reportava sobre as qualidades de seu Oscar

Hermúzia(na foto com o esposo Duarte) lembra que seu pai acompanhava com muito interesse o crescimento dos filhos         

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

DUDU BARROS É O NOVO MAESTRO DA BANDA DE MÚSICA MUNICIPAL DE QUIXADÁ- AOS 11 ANOS TOCAVA TROMPETE COMO GENTE GRANDE


Dudu Barros-novo maestro da Banda de Música Municipal de Quixadá
Didi Barros se aposentou
<>O novo maestro da Banda de Música Municipal de Quixadá começou a demonstrar talento para  as artes aos 11 anos de idade já mostrando destreza e jeito para ser um mini astro no trompete, seu primeiro instrumento. A facilidade do garoto José Ferreira Filho(Dudu Barros) em aprender encheu de muita alegria o pai e maestro José Ferreira Barros(Zé Pretinho).  O garoto ficava ouvindo com muita atenção os velhos discos de cera com canções de trompetistas geniais como Arturo Sandoval, Miles Davies, Chek Bater e outros que faziam parte da coleção de seu pai. Era(e ainda é) uma família musical pois os irmãos também enveredaram pelo campo da música como Didi que se aposentou há poucos dias; Raimundo(Chinês) e João Ricardo(guitarrista do Mastruz com Leite). Dudu entrou na Banda de Música aos 14 anos de idade chamando a atenção pelo esforço e dedicação no sentido de evoluir como músico. Passou a estudar com mais empenho a clarineta e em pouco tempo evoluiu a ponto de passar o ocupar o papel de professor deste instrumento ensinando as novas gerações. Dudu sempre lembra que seu pai foi um grande professor, mas também recebeu orientação do amigo Marquinhos e de outros músicos. Dudu participou das grandes conquistas de nossa banda ,como por exemplo, o terceiro lugar obtido no Concurso Nacional de Bandas realizado no Rio de Janeiro e que foi transmitido para todo o Brasil pela Rede Globo de Televisão. Lembra que foram 34 os que viajaram para a cidade maravilhosa e jamais esqueceu o carinho dos quixadaenses que receberam os músicos com muita festa. Dudu Barros também é conhecido no mundo artístico como Dudu Black pelo fato de integrar a consagrada "Black Banda" desde a sua fundação. Recebe com muita responsabilidade e alegria sua nova função. Apenas fica um pouco triste pela saudade de companheiros que já morreram como o seu pai, o Marquinhos, Waldimiro Queiroz Mota, Chico da Mariana, Mário Rufino, Zi, Evilásio Costa e Nenem Dias.  Dudu fez parte de alguns grupos musicais como Os Dragões ao lado de Zé Raimundo, Ednilson, Zé Antônio, Raimundo Chinês e Didi. É um dos sócios proprietários da Black Banda desde 1982 e fala que fazer parte deste grupo é um privilégio, exatamente porque o grupo é respeitado até mesmo fora do estado. Merece destaque o fato de Dudu mesmo com a sua ocupação como músico profissional sempre se dedicou aos estudos chegando a atingiu o nível de especialista em Música.  O novo maestro nos lembra que a Escola Waldimiro Queiroz Mota continua recebendo inscrições de jovens a partir de 11 anos com o limite de 18. Lembra com carinho dos primeiros professores, em especial, Socorro Valentim com quem estudou no Grupo José Jucá que lhe incentivou na leitura de livros, prazer que continua a desfrutar nos dias de hoje. Com esta vontade de trabalhar pelo crescimento de nossa Banda, com este amor pela arte musical por parte do maestro Dudu Barros, com certeza, ela continuará passando pelas ruas da terra dos monólitos e cantando coisas de amor. 




quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

<>TIPOS POPULARES- ONTEM E HOJE ELES SÃO A POESIA E A ALEGRIA DAS RUAS QUIXADAENSES

Olho de Bila-O monstrinho agradável 
Pedão da água boa-um dos personagens mais populares da cidade
 <>Como podemos defini-los? Cronistas do cotidiano quixadaense, Trovadores, repórteres ou serão poetas da terra dos monólitos? Suas presenças são necessárias pois, na verdade, eles são as almas das ruas. Eles também fazem história e não podem ser esquecidos. Apesar do crescimento da cidade, ainda podem ser encontrados estas figuras únicas. Aqueles que já partiram ainda estão  presentes em nossa memória. Se faz necessário lembrar que ganha status de tipos populares não apenas aqueles que apresentam algum tipo de comportamento estranho, mas também os que se destacam nas suas atividades profissionais atraindo para si um grande número de admiradores. Para um bom começo de conversa, devo afirmar aos caros brechadores de minha coluna que a lista destes vultos é enorme e somente com a ajuda de vocês, poderemos melhorar este despretensioso artigo cujo objetivo é apenas tentar não deixar desaparecer um pouco da memória do que podemos chamar de geografia humana quixadaense. Convido os amigos leitores a adentrar no universo deste encanto, desta poesia incomparável que encontramos nestas pessoas. E para nossa alegria, Deus sempre nos presenteia com novos tipos populares e tem sempre um quebrando a casca do ovo. Quem esquece Zé Laranjeiras, o filósofo popular que desafiou a Ciência ao afirmar que só acredita no peso da terra apresentada pelos estudiosos se a ele fosse mostrada a balança que pesou nosso planeta. Não sai de nossas lembranças o querido Almeidinha que abraçava todos os aniversariantes do dia e não perdia um só enterro. E o Olho de Bila que botava muitos estudantes para correr, mas só quando o incomodavam e era bem inteligente, muitas vezes realizando bonitos desenhos e falando fatos de nossa história. A renomada escritora quixadaense Angélica Nogueira a ele se referia como "o monstrinho agradável". Capacidade foi um símbolo da alegria e da irreverência. Consertava panelas velhas e certa vez uma senhora achou que ele cobrava caro e perguntou se o preço baixaria se  ela desse o fundo. O Capacidade saiu-se com esta; Assim, eu faço até de graça! Na verdade, a mulher se referia ao fundo da panela. Impossível esquecer o Zé do Saco e seu irmão Ferrugem que foi assassinado na sua própria casa na pedra do Cruzeiro. E aquela bela figura do engraxate Pé de Lapa que com sua possante voz trovejava"Vai uma graxa, cidadão?". Sempre Serve gabava-se que nunca havia tomado banho. O Bom Legal que cumprimentava a todos com a saudação que lhe deu o apelido, mereceu até uma homenagem do empresário Hélder Lopes que colocou o nome "Bom Legal" em um de seus empreendimentos. Os de mais idade lembram a divina presença daquela senhora que fazia caretas para receber um trocadinho. Luzia de Pinho foi imortalizada ao dar nome a uma de nossas ruas. Quixadá tinha o melhor esgotador de fossas deste mundo(o exagero é por minha conta) que era o Pé de Aço. Ganhou nome, ficou famoso na cidade. Alô Pé de Aço, aí no céu, vem dar uma ajuda para limpar nossa suja cidade! E vovô Bananeira, o terror dos maridos de primeira viagem a quem tratava(na verdade, brincava) chamando os de "cornos". Tudo brincadeira num Quixadá alegre e onde todos se conheciam e eram amigos. Cabra Namorador deixou muitas devotas de Santo Antônio em pânico e foi morar no céu em 2013. Na sua banca de café, por detrás da Catedral, José Maria(seu verdadeiro nome) fez muitos amigos e fãs. E aquela idosa que ao se aproximar do monumento ao trabalhador na praça da estação, se ajoelhava e começava a rezar baixinho? Não sabíamos seu nome e apenas a tratavam como "dona Graúna". Outro tipo popular que deixou marcas foi Luís Chibata com sua grande irreverência e o fato de ter colocado em todos os seus filhos, nomes de presidentes da república.Tudo isso verdade, amigos! Naquele belo Quixadá parecia que tínhamos obrigação de ser felizes. E éramos ao conviver com esses seres iluminados. A dona Bela percorria as ruas da cidade e até cantava uma canção da Aracy de Almeida por um almoço dos bons. Tinha um carinho todo especial pela família do Senhor Qunizinho, onde sempre encontrou solidariedade. Bastante popular foi também  o Manchão que exercia as mais diversas profissões como carreteiro, lixeiro e se destacava dos demais, pelo fato de sempre carregar uma enorme mala na cabeça e um enorme saco nos ombros. Uma senhora já com uma certa idade que namorava com quase todo mundo(sempre aumentam a realidade nas cidades do interior) ganhou o apelido de Rural, quer dizer, vitalina(envelheceu, nunca casou), atrás de príncipes encantados. Como esquecer o Batoque, o Sebastião, Pedro, Augusto, Teresa, todos tidos como doidos? Como não lembrar o Zigago, Raimundo Padeiro, Croinha carreteiro? Mas, graças aos santos protetores dos tipos populares essa poesia oriunda dessas pessoas iluminadas, continua a brotar nas nossas praças e ruas. Quixadá passou por muitas transformações nos últimos anos, mas não fez desaparecer por completo essas figuras, ao contrário de outros lugares, onde elas não mais existem.Quer dizer, nossos espaços continuam com alma, com vida. Aqui na terra dos monólitos ainda não soou o toque de recolher para essa gente. Querem ver? Se em Fortaleza tinha a banca do Bodinho, aqui nós temos a famosa banca do Milton que é um símbolo da praça José de Barros. Raimundo Lima chegou a ser comparado ao famoso Lunga lá do Crato pois sempre tem uma resposta pronta para perguntas, digamos, desnecessárias. Os quixadaense sabem daquele fora que Raimundo deu numa freguesa(ele também é comerciante) que pretendia comprar um rádio para ouvir cantorias. Ao falar que não gostava de Raimundo cantando não mais conseguiu adquirir o aparelho. Ir a Quixadá e não provar dos saborosos churros de Candinho é um passeio incompleto. Candinho é uma figura muito popular e querida na cidade. Chico das Antenas ganhou notoriedade pelo fato de ser um dos pioneiros na montagem desses equipamentos na terra dos monólitos que a partir dos anos 70(século passado) começou com a sua explosão urbana. Pedão da água boa é um ídolo na cidade e quando sua carroça tricolor se aproxima de alguma casa, as crianças anunciam: "Mamãe, chegou o Pedão da água boa!". Este artigo é apenas um "mote" que lançamos e propomos aos interessados em conhecer ,com profundidade, estes atores considerados como secundários de nossa história que não podem ser esquecidos. E que também, quem sabe, possa servir de reflexão para que os registros do cotidiano não sejam apenas de pessoas pertencentes à elite da cidade. Se estas mal traçadas linhas contribuirem de alguma forma para a memória da terra dos monólitos ficarei muito feliz. E mais feliz ficaria ainda se nossos tipos populares merecessem um registro mais contundente feito pelos nossos historiadores.
Raimundo Lima tem respostas na ponta da língua
Vovô Bananeira- a irreverência em primeiro lugar

Almeidinha-lembrava o aniversário de todos
Luzia fazia caretas em troca de uma esmola
Laranjeiras desafiou os cientistas
Cabra Namorador conquistou muitos admiradores

<>A IMAGEM E O FATO<>CRAQUE QUIXADAENSE PACOTI FOI CAPA DA FAMOSA "REVISTA DO ESPORTE"


<>Olha aí, amigos! O quixadaense Francisco Nunes da Silva, o  craque Pacoti na capa da famosa "Revista do Esporte" no ano de 1961. Você sabia que ele foi o primeiro craque cearense a disputar a famosa liga dos campeões, a Champions League, nos anos 1961/1962 quando jogava pelo Sporting de Lisboa? Ele completa 83 anos no dia 28 deste mês.

-Imagem retirada da Internet

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A SAUDADE QUE FICOU-ALBERTO MAGAREFE: A FAMÍLIA E OS AMIGOS SEMPRE EM PRIMEIRO LUGAR

ALBERTO MAGAREFE
<>Naquele doce Quixadá da década de 30(século passado) um jovem cidadão, ainda na madrugada, se dirigia ao velho mercado público onde mantinha um ponto de venda de carnes e outros produtos alimentícios.  Alberto Duarte Saraiva atuou, durante muitos anos, na profissão de magarefe. No caminho para o trabalho sempre acontecia um encontro com os amigos do peito como, por exemplo, Carlos Bananeira. Ah, confesso, como gostaria de ter presenciado um papo entre os dois. Com certeza, rolava muitas brincadeiras gostosas. Ainda sobrava um tempinho para Alberto saborear um caldo de cana que era vendido no famoso carro"Colibri" de Antônio Camarão. Ao longe, ouvia o belo apito do trem e pensavam um dia viajar com a família e mostrar-lhes a beleza do mar.  Passava rapidamente na bodega do Senhor Quinzinho ou então do Senhor Paizinho com o objetivo de  comprar sal, produto indispensável ao seu trabalho. Ao chegar no seu ponto comercial, fazia questão de cumprimentar seus colegas de profissão como Zé Laranjeiras, Bastos, Chico Medonho, Vidal, Zé Curdulino, Chico Soares e todos os outros. Trabalhava duro e só voltava para casa, à tardinha. Ao meio dia, um dos filhos levava o almoço e o bom pai dava um tostão a quem fosse deixar a boa comida preparada pela bondosa Lídia Viana Cabral com quem casou-se no ano de 1935. Os filhos faziam questão de levar o almoço, pois com o tostão que ganhavam, iam assistir aos filmes de Tarzan no Cine Yara(para mim, o melhor cinema de rua do mundo exatamente porque ficava perto de minha casa). Alberto tinha uma preocupação enorme com a qualidade de vida dos filhos e sempre contou com o grande apoio de sua querida Lídia. Ela ajudava nas despesas de casa sendo a responsável pela compra das roupas que as crianças usavam. Acordava na madrugada para preparar gostosos pastéis que eram distribuídos em diversos pontos da cidade. Mas, a grande especialidade da dona Lídia eram os filós, salgadinhos fritos que faziam o maior sucesso. Nem sempre as vendas foram boas e quando chegava triste em casa, os filhos corriam, o abraçavam e a doce Lídia lembrava que só a sua presença enchia a casa de esperança.  A união de Alberto e Lídia foi abençoada pelo Padre Luís na nova matriz(Catedral) e como resultado do fruto do amor entre os dois nasceram os seguintes filhos: Ésio, Luis Alberto(militar), Sebastião(Tião da baladeira), Gilberto(funcionário dos correios), Djalma(setor educacional), Vilmar(professor), Evandro(militar da Aeronáutica), Marta, Irismar(dó) e Liduina. O casal sempre morou na rua do Baturité(hoje, Plácido Castelo) e a nova geração continua no mesmo local. A filha Liduina mora na mesma rua onde os seus pais sempre viveram. Sempre foi apaixonado pelos filhos e assim que chegava do mercado, ia logo perguntando: "Chegou carta do Luis ou do Evandro?" Quando entrava no quarto das crianças, elas já dormindo, falava: "Deus os abençoe!". Irismar(Dó) nos confidenciou que, algumas vezes, presenciou seu pai chorando bem baixinho por não poder atender o pedido de um filho. Mesmo quando atingiu uma idade avançada, Alberto trabalhava sem parar. Um dia, nas primeiras horas da madrugada, já cansado, preparava os produtos para vender no seu ponto. Parecia não ter mais condições para o trabalho, mas para ele o importante é que não faltasse nada aos meninos como os tratava. Um dos seus filhos, o Evandro que era militar da Aeronáutica, se aproximou e abraçado ao pai falou" "Papai, meu velho adorado, irei ganhar melhor e a partir de agora, o Senhor não irá  mais trabalhar".  Era um dia de março de 1975 e todos da casa ficaram felizes com este comunicado de Evandro. Porém, dois meses depois, o querido filho morreu num acidente automobilístico. E Alberto precisou trabalhar mais alguns anos. A sua filha Irismar certa vez nos contou que ele sempre repetia que " Não fiquei rico porque nunca roubei 100 gramas de carne de ninguém". Pouco tempo depois, em 17.05.2005, aos 99 anos, Alberto foi morar na pátria celestial.  Verdade que morreu sem deixar bens materiais mas permaneceu na família e  nas pessoas da terra dos monólitos, a imagem daquele homem íntegro, bom pai, prestativo e, em especial, apaixonado pela família e pelos amigos. Ao preparar este texto, fiquei muito emocionado ao ver uma das filhas de Alberto diante de um retrato seu se expressar desta forma: "A SUA BENÇÃO, PAI QUERIDO!".
Vamos cantar parabéns para o seu Alberto

Alberto amava a família e os amigos
Lídia ajudava nas despesas da casa

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

IMAGENS QUE NÃO TIRAMOS DO CORAÇÃO-OS 60 ANOS DE EDINHO(1998)

Os 60 anos de Paulo Edson de Sousa(Edinho)

Edinho com amigos e a família
 <>O ano era 1998. O querido Paulo Edson de Sousa, o Edinho, recebia os incontáveis amigos para a sua festa de aniversário. O bondoso amigo chegava aos 60 anos. Todos cantaram parabéns para ele. A sua esposa Irismar(Dó), a família e os seus admiradores lhe preparam uma grande surpresa, desejando-lhe votos de muitas felicidades. Nosso inesquecível Edinho foi chamado por Deus para outras missões que lhe foram confiadas em 7.11.2003. São imagens que, na verdade, não tiramos do coração.
Incontáveis amigos foram abraçar Edinho

Edinho e o carinho dos irmãos

Parabéns para você

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

<>A IMAGEM E O FATO- CORAL JESUS, MARIA E JOSÉ(anos 80)

<>Imagem do coral "Jesus, Maria e José(anos 80). Dalva Ventura, Baísa, Vicente, Ir. Odília, Maria dos Remédios, Irismar(Dó), Rosa e Padre José Maria. Com certeza, é importante a presença da música religiosa nas missas, daí a necessidade da sua valorização. Segundo a nossa amiga Irismar(Dó) Dom Joaquim Rufino do Rego, nosso primeiro bispo, tinha um grande carinho pelo coral "Jesus, Maria e José".

<>A IMAGEM E O FATO-"VOLTA MEU AMOR" FOI A PRIMEIRA MÚSICA GRAVADA DO COMPOSITOR QUIXADAENSE JOSÉ BARRETO

        <>O cantor romântico Roberto Muller lançou no ano de 1972 mais um disco em sua carreira na velha "CBS". A canção que deu título ao "LP" é de autoria do compositor quixadaense José Barreto. O quixadaense apresentou sua composição no programa "A Grande Chance" comandado pelo jornalista Flávio Cavalcante mas não obteve aprovação. Meses depois, lançada na voz de Roberto Muller invadiu os lares brasileiros através das ondas do rádio. Barreto também é autor da famosa canção "Assim Seja", conhecida como "a noivinha da igreja". José Irismar Lopes Barreto é filho do benfeitor quixadaense Percílio Barreto e de Francisca Bezerra. É irmão do inesquecível radialista Mont'Alverne Barreto, Maria Lucina, Osmarina, Leucina, Carmésio, Teresinha, Nereu e da poetisa Rita de Cássia. 
-As imagens foram retiradas da Internet

Capa do disco de Roberto Muller-1972
Compositor quixadaense José Barrreto

sábado, 3 de dezembro de 2016

<>GENTE(terra dos monólitos)6--LEONARDO-O PRÍNCIPE DOS BORRACHEIROS

           <>Há muitos anos o senhor José Leonardo Silveira vem reparando(consertando) diversos tipos de pneus e câmaras, recapando partes avariadas ou muito desgastadas. Este bondoso senhor morou bom tempo com a senhora Teresinha, merendeira que trabalhava nas escolas e Nenzinho que era vigia. Trabalha desde rapazinho e aprendeu muito com os colegas Expedito, Fransquinho, Almeida, Chiquinho, Antônio. A partir de 1980, passou a trabalhar com o senhor Sebastião Holanda Pinto que lhe proporcionou condições de trabalho, lhe cedendo um local para que pudesse atender sua fiel clientela. Com a morte deste bom amigo, adquiriu um trailer que fica localizado, próximo a estação ferroviária. O grande diferencial do trabalho deste profissional é a sua larga experiência. Quem, na terra dos monólitos, não conhece Leonardo Borracheiro, o príncipe?
Leonardo Borracheiro-larga experiência

Leonardo é dos tipos populares mais conhecidos da cidade

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

A IMAGEM E O FATO-PROFESSOR RAIMUNDO E SUAS ALUNAS NO COLÉGIO ESTADUAL(anos 70)

<>Nesta imagem dos anos 70, o querido professor Raimundo de Queiroz Rodrigues e parte de suas alunas da disciplina de Matemática no Colégio Estadual. Raimundo, menino criado no sertão, sempre foi uma pessoa esforçada e desempenhou as atividades que abraçou sempre com dignidade. Só para lembrar: O nosso velho de guerra Colégio Estadual começou a funcionar em 27.03.1965. Por favor, nos ajudem a identificar os brotinhos da foto.

GENTE(terra dos monólitos)5- VOCÊS CONHECEM PIRAMBU GENTE FINA?

Pirambu Gente Fina-Pessoa muito querida em Quixadá

Pirambu Gente Fina e seu amigo João
<>Este espaço ,que criamos, tem o objetivo maior de mostrar que a vida pulsa na terra dos monólitos e que todos, sem exceção, são agentes da história. Já ouviram falar em Pirambu Gente Fina? É assim que conhecemos o senhor Francisco Augusto Lima, 71 anos, nascido em Fortaleza e morando em Quixadá desde meados dos anos 90. Ele mora no prédio do antigo "Cine Yara" e graças ao tratamento que dedica a todos é uma pessoa muito querida. A maior vitória de sua vida foi ter vencido o vício do álcool que o obrigou a ser morador de rua na capital. Trabalhou em grande empresas de fundição e segundo relatos de ex companheiros foi um grande profissional. Na calçada de seu lar(como ele chama de forma carinhosa), as cadeiras estão sempre ocupadas e a espera de novos amigos.