sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A SAUDADE QUE FICOU-ALBERTO MAGAREFE: A FAMÍLIA E OS AMIGOS SEMPRE EM PRIMEIRO LUGAR

ALBERTO MAGAREFE
<>Naquele doce Quixadá da década de 30(século passado) um jovem cidadão, ainda na madrugada, se dirigia ao velho mercado público onde mantinha um ponto de venda de carnes e outros produtos alimentícios.  Alberto Duarte Saraiva atuou, durante muitos anos, na profissão de magarefe. No caminho para o trabalho sempre acontecia um encontro com os amigos do peito como, por exemplo, Carlos Bananeira. Ah, confesso, como gostaria de ter presenciado um papo entre os dois. Com certeza, rolava muitas brincadeiras gostosas. Ainda sobrava um tempinho para Alberto saborear um caldo de cana que era vendido no famoso carro"Colibri" de Antônio Camarão. Ao longe, ouvia o belo apito do trem e pensavam um dia viajar com a família e mostrar-lhes a beleza do mar.  Passava rapidamente na bodega do Senhor Quinzinho ou então do Senhor Paizinho com o objetivo de  comprar sal, produto indispensável ao seu trabalho. Ao chegar no seu ponto comercial, fazia questão de cumprimentar seus colegas de profissão como Zé Laranjeiras, Bastos, Chico Medonho, Vidal, Zé Curdulino, Chico Soares e todos os outros. Trabalhava duro e só voltava para casa, à tardinha. Ao meio dia, um dos filhos levava o almoço e o bom pai dava um tostão a quem fosse deixar a boa comida preparada pela bondosa Lídia Viana Cabral com quem casou-se no ano de 1935. Os filhos faziam questão de levar o almoço, pois com o tostão que ganhavam, iam assistir aos filmes de Tarzan no Cine Yara(para mim, o melhor cinema de rua do mundo exatamente porque ficava perto de minha casa). Alberto tinha uma preocupação enorme com a qualidade de vida dos filhos e sempre contou com o grande apoio de sua querida Lídia. Ela ajudava nas despesas de casa sendo a responsável pela compra das roupas que as crianças usavam. Acordava na madrugada para preparar gostosos pastéis que eram distribuídos em diversos pontos da cidade. Mas, a grande especialidade da dona Lídia eram os filós, salgadinhos fritos que faziam o maior sucesso. Nem sempre as vendas foram boas e quando chegava triste em casa, os filhos corriam, o abraçavam e a doce Lídia lembrava que só a sua presença enchia a casa de esperança.  A união de Alberto e Lídia foi abençoada pelo Padre Luís na nova matriz(Catedral) e como resultado do fruto do amor entre os dois nasceram os seguintes filhos: Ésio, Luis Alberto(militar), Sebastião(Tião da baladeira), Gilberto(funcionário dos correios), Djalma(setor educacional), Vilmar(professor), Evandro(militar da Aeronáutica), Marta, Irismar(dó) e Liduina. O casal sempre morou na rua do Baturité(hoje, Plácido Castelo) e a nova geração continua no mesmo local. A filha Liduina mora na mesma rua onde os seus pais sempre viveram. Sempre foi apaixonado pelos filhos e assim que chegava do mercado, ia logo perguntando: "Chegou carta do Luis ou do Evandro?" Quando entrava no quarto das crianças, elas já dormindo, falava: "Deus os abençoe!". Irismar(Dó) nos confidenciou que, algumas vezes, presenciou seu pai chorando bem baixinho por não poder atender o pedido de um filho. Mesmo quando atingiu uma idade avançada, Alberto trabalhava sem parar. Um dia, nas primeiras horas da madrugada, já cansado, preparava os produtos para vender no seu ponto. Parecia não ter mais condições para o trabalho, mas para ele o importante é que não faltasse nada aos meninos como os tratava. Um dos seus filhos, o Evandro que era militar da Aeronáutica, se aproximou e abraçado ao pai falou" "Papai, meu velho adorado, irei ganhar melhor e a partir de agora, o Senhor não irá  mais trabalhar".  Era um dia de março de 1975 e todos da casa ficaram felizes com este comunicado de Evandro. Porém, dois meses depois, o querido filho morreu num acidente automobilístico. E Alberto precisou trabalhar mais alguns anos. A sua filha Irismar certa vez nos contou que ele sempre repetia que " Não fiquei rico porque nunca roubei 100 gramas de carne de ninguém". Pouco tempo depois, em 17.05.2005, aos 99 anos, Alberto foi morar na pátria celestial.  Verdade que morreu sem deixar bens materiais mas permaneceu na família e  nas pessoas da terra dos monólitos, a imagem daquele homem íntegro, bom pai, prestativo e, em especial, apaixonado pela família e pelos amigos. Ao preparar este texto, fiquei muito emocionado ao ver uma das filhas de Alberto diante de um retrato seu se expressar desta forma: "A SUA BENÇÃO, PAI QUERIDO!".
Vamos cantar parabéns para o seu Alberto

Alberto amava a família e os amigos
Lídia ajudava nas despesas da casa