sexta-feira, 8 de março de 2013


CÍCERO BRANCO E OUTROS ARTISTAS QUIXADAENSES ESPERAM O RECONHECIMENTO DO PODER PÚBLICO ATÉ HOJE.


 <><><><> Quixadá ficou conhecida como a "Hollywood do Sertão" depois que emprestou sua  natureza bela(no inverno, no verão) para  servir de cenário a diversas produções, nacionais ou não. Na maioria das vezes, filmes que retratam a dura realidade nordestina como a seca, a injustiça social, governos desonestos, a fome,  os cangaceiros, os coronéis, a  religiosidade do povo. No final dos anos 50, a terra dos monólitos serviu de cenário a uma das maiores produções nacionais, sucesso de crítica e público e tendo sido até indicado ao "Oscar" na categoria de melhor filme estrangeiro: " A MORTE COMANDA O CANGAÇO". A cidade recebeu com muito carinho,  consagrados astros como Alberto Ruschel, Milton Ribeiro, Edson França, Aurora Duarte, Leo Avelar, além da presença do premiado diretor, Carlos Coimbra. E durante meses, a presença de tão ilustres  visitantes, alegrou a comunidade que acompanhava com bastante interesse, cada filmagem, acontecesse em qualquer lugar. Alguns quixadaenses tiveram o privilégio de se integrar ao elenco e participar de cenas importantes. Um dos mais presentes na fita foi o Senhor Cícero pinto de Araújo, 78 anos, conhecido mecânico e desportista, chamado por todos de Cicero Branco. Tal apelido surgiu devido a outro mecânico do mesmo nome mas de cor negra. Ambos, trabalhavam consertando carros em plena praça José de Barros. O nosso astro fazia no filme o papel de Aluísio, servindo ao  Coronel Nesinho(interpretado por Gilberto Marques) que era protetor do perverso Capitão Silvério(magistralmente interpretado por Milton Ribeiro). Os cangaceiros, os coronéis, sempre levando sofrimento ao sertão, eram combatidos por um grupo formado por pequenos fazendeiros, tendo a frente Raimundo Vieira(Alberto Ruschel). A cena mais marcante foi o duelo final entre Capitão Silvério e Raimundo Vieira, vencido por este, devolvendo a tão sonhada paz e justiça ao sofrido sertão.
                                        Cícero Branco nos contou que a equipe ficou instalada no Fonseca, tendo recebido todo o apoio da família do Senhor Maurício Holanda. No próprio local, aconteceram diversas cenas. Tem dificuldade ao lembrar outros quixadaenses que trabalharam no filme, mas citou alguns como Álvaro Holanda(rastrejador), Zé Macaco,  Moacir, Zé Bodó, Dona Ingrácia(aquela senhora que corre em uma das cenas, carregando uma criança, fugindo dos cangaceiros),  Luís, Justino. Mas admite que muitos outros participaram das filmagens. Cícero lembra que a cena mais importante de que participou foi aquela em que fica pendurado num pau, frente a frente com o perverso Silvério(foto) sendo obrigado a dizer o nome do macaco(policial era chamado assim pelo cangaço) que havia matado o Coronel Nesinho. Lembra emocionado do diálogo:" Capitão Silvério, não me mate, pelo amor do Padim ciço, tenho filhos para criar".
                                       O espaço, aonde hoje existe uma pracinha, no Putiú, foi o local de uma das cenas mais emblemáticas do filme( a chegada do Capitão Silvério), na vila, causando pânico aos moradores e até desafiando os macacos(foto). A senhora Francisca Morena de Sousa, moradora do bairro lembra com saudade daquele dia em que quase toda a população de Quixadá, se deslocou até o local da filmagem.
                                        Cícero Branco diz que jamais  esquecerá o dia em que Aurora Duarte(Florinda, no filme) chegou na oficina do Senhor Nequin, onde trabalhava e lhe perguntou"Quer trabalhar no filme, moço?". Consultou a querida esposa,Maria Zilma Siqueira, o anjo de sua vida   que concordou plenamente. E acompanhou a equipe até o encerramento das filmagens. Lembra ainda que, à noite, depois de um duro dia de trabalho, os astros compareciam ao "Cine Yara" para conferir as cenas.
  "A Morte Comanda o Cangaço" foi exibido muitas vezes em Quixadá e em todas elas, a platéia vibrava  com a presença do Cícero Branco e dos outros quixadaenses atuando no filme. O filme ganhou diversos premio nacionais e internacionais. Os atores então já consagrados e equipe receberam várias premiações no Brasil e no exterior. O mesmo não acontecendo com nossos astros que hoje, apenas matam a saudade, assistindo o filme, felizmente, disponível em dvd. Não seria então, o momento de reunir estes nossos astros e homenageá-los? Eles também ajudaram a divulgar nossa cidade. Cícero Branco e todos os outros ficariam muito felizes se forem lembrados  pelos que fazem a nossa Cultura. Vamos então, localizar e homenagear essa gente. Vamos!!!

                                           Nas fotos(arquivo do Blog), Cícero Branco, sua esposa, Senhora Zilma. Nas outras imagens, retiradas da Internet, Cícero Branco e Milton Ribeiro e em outra cena, no bairro Putiú, macacos e cangaceiros.