quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

<>MANUEL HOLANDA- UM ANJO DA NOITE(guarda noturno) QUE NOS PROTEGIA!

Manuel Holanda-sempre trabalhou na praça José de Barros
Estar sempre ao lado da família é sua alegria maior
<>Acreditamos que a nossa história se enriquece com o registro do cotidiano de alguns profissionais que nem sempre estão presentes em livros, jornais ou outras publicações. Eles, sem nenhuma dúvida, fazem parte da memória de uma cidade e suas atuações merecem registros e se faz necessário documentar o tempo e o espaço por eles ocupados.  Através de suas narrativas conheceremos outras facetas da cidade em que vivemos. Naquele Quixadá ingênuo, a figura do guarda-noturno enfeitava as nossas praças e parece que ainda ouvimos o apito que nos dava a certeza de que podíamos dormir e sonhar com coisas bonitas da vida. E ele será que também sonhava ou apenas se preocupava com nosso bem estar? Com a ajuda de amigos(minha memória não está muito legal por causa da labirintite) fisguei alguns nomes destes simpáticos trabalhadores que hoje estão aposentados e alguns já faleceram. Nas nossas principais praças, ali pelos anos 60, 70, 80, encontrávamos o Manoel Holanda, Kim, Paulo Cotó, Luis Elói, João Pedro, Fausto, Carlinhos, Mundô, Leão, Marcola, Zé Mauro, Gildo, João Guarda, dentre muitos outros. Como não seria possível saber um pouco da atuação de cada um, visitamos o Senhor Manuel Holanda Cavalcante que nos recebeu ,amavelmente, em sua residência na rua Juvêncio Alves. Hoje, aos 85 anos de idade, é possuidor de uma memória incrível e me fez logo um desafio: "Pode perguntar, meu cérebro tá uma beleza!" Foi logo informando que só trabalhou na praça José de Barros e durante 25 anos, só faltando nos dias em que se encontrava doente. Começou no ano de 1964 no governo de José Okka Baquit e exerceu sua atividade ainda nas administrações de José Linhares da Páscoa(o mais atencioso com os funcionários, segundo ele), José Everardo Silveira(o médico de todas as famílias dos funcionários), Azziz Okka Baquit(o amigo das horas incertas, ressalta) e Renato de Araújo Caneiro.  Faz questão de lembrar e nos contou com emoção  que seus filhos adoeceram e não tinha condições de lhes dar um atendimento médico adequado e foi falar com José Baquit que ,prontamente, custeou o tratamento dos meninos. Naqueles primeiros anos da década de 60(século passado) os quixadaenses só contavam  com a energia elétrica até a meia noite, fornecida por um grupo gerador com a potência de 450 KVA, adquirido no governo de Zé Baquit  que autorizou o então secretário de energia Dr. João Forte da Mota a adquirir o equipamento em Campina Grande que dispunha de vários geradores à venda. Por alguns anos, Manuel desempenhou seu trabalho em completa escuridão tendo apenas a lhe orientar uma lanterna. Lembra que ,algumas vezes, o motor funcionava até mais tarde por motivo da doença de um quixadaense ilustre. Sua companhia naquelas noites negras  eram as estrelas, funcionárias celestiais e a lua que guardava as poucas horas de sono daquele bom trabalhador. Naqueles anos imperava o sossego e jamais alguém o agrediu  nem fisicamente e nem com palavras. Quase todas as pessoas que passavam na praça o conheciam e o tinham como um anjo noturno que lhes protegia durante toda à noite. Gosta de lembrar das festas de fim de ano, os natais na praça, as novenas de maio, os carnavais quando a alegria tomava conta de todos. Para aquelas pessoas que passavam pela praça, a maldade parecia não existir pois nunca presenciou atos de violência. Sem nunca ter cursado uma universidade muitas vezes fez uso da psicanálise, pois consolava as angústias de muita gente que frequentava aquela praça. Outras vezes, se passava como conselheiro amoroso buscando saídas para os casais de namorados que estavam brigados. Os meninos o tinham como uma espécie de titio muito querido. Manoel lembra com ternura dos seus amiguinhos, todos ainda nos verdes anos como filhos de João Pires, Elias Roque e de todos os outros, hoje, homens na idade adulta e exercendo diversas profissões. Apesar do olhar vigilante no que acontecia na praça, era possível uma conversa agradável com Luquinha, o seu filho Alexandre Magno, Amadeu do velho mercado(meu pai), senhor Oswaldo que passava bem cedinho para abrir a Casa Vitória. Jamais esqueceu da amizade com os carreteiros Possidônio, Bôboco, Chico Damião e outros que ao amanhecer do dia começavam a trabalhar. No começo da noite, a praça era invadida por muitas famílias, em especial os mais jovens que ali compareciam para ouvir canções de amor na radiadora do Mestre Adolfo. Pouca se fala mas, quanta gente namorou e até chegou à casar ouvindo aquelas singelas mensagens musicais na voz celestial de Luisa Adolfo. Com uma boa gargalhada lembra das prosas com o filósofo popular Laranjeiras que certa vez reclamou e lhe exigiu que plantasse tomate, pimentão, alface e outros tipos de verdura ali na praça o que evitaria as família comprarem esses produtos.  Relata que uma das alegrias das crianças naqueles velhos tempos era o carrinho de pipoca de juvenal(pai do Milton da banca). Ele fazia a alegria da gurizada. Além de ser o guardião da praça José de Barros fazia ronda em algumas casas comerciais como, por exemplo, "Casas Pernambucanas"; "Loja do Elias", "Casa Vitória"; "O Boiadeiro"; "Cícero Bertoldo", "Panificadora João Pires", dentre outras. Muitas vezes era encarregado de acordar pessoas que precisavam viajar à Fortaleza com o objetivo de resolver algum problema. Como exemplo, lembra que durante muitos anos acordava o comerciante Geraldo Bertoldo e o padre José Bezerra que veio a se tornar um de seus melhores amigos.  O dinheirinho extra ajudava no sustento dos doze filhos, meus diamantes como os chama ainda nos dias de hoje. Manuel é natural de Senador Pompeu e veio para Quixadá ainda muito jovem, logo conquistando grandes amizades, pois além de realizar tarefas com honestidade, tratava a todos com muito respeito. Aprendeu muitas lições com os pais Abdoral Holanda e Ana Maria da Conceição que lhe pediram ter sempre Deus no coração e tratar todas as pessoas com muito carinho.  Casou-se com Maria José de Sousa no ano de 1982 e sempre se refere a sua falecida esposa com muita dor e saudade. "Ela foi minha rainha, um anjo bom que Deus colocou em minha vida!" Nunca esquecerei de sua alegria quando comprei nossa casinha com o dinheiro recebido ao final de longos anos de trabalho, lembra. Como toda gente, nosso amigo também teve seus momentos de dor. Recorda e suas lágrimas limpam seus olhos ao lembrar do seu companheiro dos dias e da noite, o inseparável cachorro Bambalão que foi morto à bala por uma pessoa com coração de pedra. Bambalão foi meu amigo sincero, leal e nunca esquecerei dele. Mas Manuel também teve(e tem) muitos motivos para sorrir como o nascimento dos filhos e netos que se constituíram na sua grande alegria. Não temos a pretensão de resgatar a memória do cotidiano quixadaense, mas apenas revelar um pouco da grandeza e beleza do trabalho desses honestos trabalhadores que, com certeza, escreveram bonitas páginas de nossa história. Quanto à mim, parece que ainda estou vendo o Manuel de capote preto, quepe, o porrete em uma das mãos, um apito na boca e sempre ao seu lado, o fiel   Bambalão.  Lembrar desta figura cheia de poesia é também ter de volta aquele Quixadá cheio de paz, alegria e amizade entre as pessoas. Ficaria muito feliz se você que é brechador de minha coluna, após ler um pouco da trajetória de Manoel Holanda lhe fizesse uma visita. Ele sorrirá como uma criança! Cecília Meireles estava certa ao chamá-los de "Os anjos da noite".


Para Manuel, os netos são os novos filhos

Parabéns para ele-Vemos na foto a sua querida Maria José

O pai Abdoral Holanda lhe ensinou muitas lições

Manoel gosta de receber visita dos amigos

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

A IMAGEM E O FATO<>O REI E O QUIXADAENSE WAGNER CAVALCANTE

<>Esta imagem é de 1994, obtida em Natal-RN. Roberto Carlos realizou uma apresentação naquela bela capital e , durante o dia, recebeu alguns fãs dentre os quais o nosso bom amigo Wagner Cavalcante, pessoa muito querida e admirador da obra poética do astro que canta o amor e por isso permanece presente na vida de muitos brasileiros. Atualmente, questiona-se muito o fato do cantor ser uma pessoa orgulhosa ao extremo, sem que faça caridade e até prejudicou alguns colegas artistas. O Wagner me falou que ficou impressionado com a simplicidade de Roberto e que, em momento algum, percebeu irritação do cantor com a presença dos fãs. Quanto a mim, admiro os dois, o artista e a boa pessoa que é o Wagner.
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domingo, 8 de janeiro de 2017

<>A SAUDADE QUE FICOU: MARIA LUISA E SILVA MAIA- A PAIXÃO DE UMA MULHER PELO TRABALHO, À FAMÍLIA E OS AMIGOS

A professora com Danuzo no Colégio Militar
 <>Somos eternamente gratos aos professores por terem lapidado e nos ensinado a percorrer caminhos até então completamente desconhecidos. Não foram apenas os conhecimentos que nos foram transmitidos, mas as lições de vida, os exemplos que nos deram. Guardamos , carinhosamente, em nossos corações a imagem de uma mestra dedicada, competente e ,em especial, uma grande companheira e amiga. Maria Luisa e Silvia Maia deixou sua marca e fez parte da história de muitas crianças e jovens da terra dos monólitos. Educar foi a grande missão que Deus lhe confiou e dela temos as mais belas lembranças, pois trazia consigo a seriedade no trabalho, paciência e um amor quase de mãe para com os alunos. Ela não apenas ensinou mas também foi uma espécie de mãe para seus alunos e um guia orientando-os de como deveriam enfrentar as dificuldades que, com certeza, surgirão na vida adulta de todos eles. Ela sempre falava que era possível alcançar aquilo com que se sonhava e para isso era necessário muito estudo e um grande respeito aos pais e mestres. Altruísta, sempre foi solidária com seus alunos e colegas de trabalho. A professora Neli Sousa, hoje, residindo em Salvador nos contou que Maria Luisa certo dia a viu chorando e tendo perguntado o motivo lhe falei que papai não podia comprar meus óculos e foi aí que ela me levou num profissional e me deu este presente. A saudade me invade quando lembro dela e desejo toda felicidade a seus filhos e netos.No Grupo Escolar José Jucá era uma profissional muito estimada por todos. Foi colega de Cezarina, Auristela Camurça, Dalva Aguiar, Maria Guedes(Tuzinha), dentre outras. Era como se fosse verdadeiramente uma família. Dedicação e ,em especial, a seriedade foram suas marcas mais presentes. Reprovou um de seus filhos, o Junnior, recomendando-o a estudar com um maior empenho. Junnior sempre se refere a este fato e afirma que esta atitude de sua mãezinha querida lhe ajudou muito no seu crescimento como pessoa e na vida profissional. Este dinamismo e organização sempre presentes em sua vida profissional fez com que fosse convidada pelos administradores José Linhares da Páscoa(1967-1971) , Azziz Okka Baquit (nas duas administrações) e Renato de Araújo Carneiro(1977-1983)    a compor suas equipes no setor educacional. Trabalhou ao lado de destacados nomes de nossa cultura como José Artur, Regina Amorim, Luis Osvaldo, Francisca Gurgel da Costa,José Aírton Borges, Marlene França, Socorro Pinheiro, Milvia Pinheiro, Lucileuda, Lindalva, dentre muitos outros. Mesmo com toda a dedicação ao trabalho, os filhos eram a sua razão maior de viver e lutadora como sempre foi os criou com garra e muita determinação. Carlos Danuzo, José Tarcísio, Evandro Jr, José Danilo, Evanisa Maria, Marcos José e Evamisa Meire eram os seus verdadeiros tesouros dedicando um amor permanente e incondicional. Deixou marcas eternas na vida de todos os filhos e são por eles lembrada como o bem mais precioso que lhes foi dado por Deus. Ela foi o alicerce de nossas vidas, foi quem nos educou, assegura sua filha Evanisa que sempre lembra daquela figura de uma mulher guerreira e uma referência de mulher honesta, paciente e sobretudo, amiga. Ela superou com dignidade as adversidades que surgiram em nosso caminho e é por isso que tenho muito orgulho de minha eterna mãe, complementa. Maria Luisa, é do conhecimento de todos que a conheceram, tinha uma preocupação muito grande com a educação dos filhos e sempre  os lembrava que na vida todos devemos ter ideais. Desde a adolescência sempre demonstrou uma grande paixão pelos livros e foi leitura assídua de Machado de Assis, Monteiro Lobato, Cecília Meireles, Clarice Lispector e de outros escritores. Também chegou a escrever poemas que encantam pela sutileza como abordou diversos temas. Estes poemas estão guardados com um cuidado todo especial pela Evanisa que, no entanto, não se nega a mostrá-los aos amigos que se interessarem em apreciá-los. Gostava de boa música e em especial  da música brasileira que para ela era incomparável. Nas poucas horas de lazer gostava de apreciar o chorinho "Saxofone Por Que Choras", principalmente na gravação de Domingos Pecci.  Apreciava os bons programas do rádio e ficou muito feliz com a chegada na cidade da Rádio Uirapuru tornando-se colaboradora e grande amiga de todos os radialistas a quem sempre defendeu cobrando uma maior valorização à esses profissionais. Alguém que se detiver a escrever a biografia desta mulher(não é o meu caso, não sou biógrafo) deverá dedicar um capítulo especial ao fato de Maria Luísa e Silva Maia ter dedicado um tempo precioso as pessoas mais humildes da comunidade. Ela tinha plena certeza que a solidariedade é o único bem durável nesta vida e que a dignidade humana deveria merecer de nossa parte um profundo respeito. Sabe-se que frequentavam a sua casa onde almoçavam e recebiam roupas, o Olho de Bila, Sempre Serve, Bom Legal, Zé do Saco e outros. Aos que se admiravam destas presenças, afirmava que eram seus queridos amigos e afirmava com voz suave que cada ser humano tem seu próprio valor. Todos nós em algum momento de nossa vida, podemos adoecer e tal aconteceu com esta mulher de fibra. A sua alma, no entanto, não ficou doente e a maneira como enfrentou o adoecimento suavizou ,em grande parte, o seu sofrimento e jamais deixou de ser a mãe que sempre foi e a amiga sempre presente. Enquanto lhe foi possível compreendeu e aceitou com porte altivo de uma grande mulher os desígnios de Deus. Maria Luisa nasceu em Quixadá no dia 2 de abril de 1936, filha do comerciante José Bento e da bondosa Luisa Pires. Na certeza da missão cumprida aqui na terra, com honradez, honestidade, competência e acima de tudo dedicação em seu trabalho de educadora, Deus a chamou  em 24.12.1991 para desfrutar da vida eterna. Nos conforta o fato de sabermos que estais aqui do nosso lado, que pode nos ver e ouvir como no passado e que não nos esquece assim como nós, família e amigos, não a esquecemos.
Maria Luisa sempre se dedicou aos estudos

Danuso sempre enalteceu as virtudes de sua mãe

Com o filho Evandro

Maria Luisa com os filhos Evandro, Danilo, Tarcísio, Evamisa, Marcos e evanisa 
Evanisa: Mamãe foi uma mulher exemplar