sexta-feira, 26 de julho de 2019

A SAUDADE DE PADRE VICENTE PERMANECE NO CORAÇÃO DOS QUIXADAENSES



Padre Vicente: Gostar das pessoas o fazia bem feliz

Parte interna do Colégio do Padre à época da direção do Padre Vicente
<>A diocese da terra dos monólitos foi instalada em agosto de 1971 e seu primeiro bispo foi o piauiense Dom Joaquim Rufino do Rego. Foi ele o responsável pela vinda para nossa cidade do sacerdote, advogado e professor Vicente Gonçalves de Albuquerque, o Padre vicente que mesmo tendo nascido em Acaraú dizia-se quixadaense pois amou como poucos esta terra e as pessoas que nela habitam sem levar em conta motivos religiosos. Cultivou a amizade e a simplicidade sem jamais considerar o fato de alguém pertencer a determinada classe social ou por motivo de cor. Conquistou grande estima por parte da população quixadaense, em especial, os mais jovens pois sendo detentor de uma grande cultura sempre os orientou nas suas escolhas.  Nas missas que celebrava atraía a presença de seguidores de outras religiões que faziam questão de acompanhar seus sermões que transmitiam paz e reflexões. Jamais reagiu negativamente quando alguém o tratava como professor e ,na verdade, lecionou História e outras disciplinas em vários colégios não só em Quixadá mas em outras localidades onde atuou como padre, como por exemplo, Escola Técnica de Manaus e Instituto de Educação de Manaus, Cadeira de Ciências Políticas na Faculdade de Serviço Social de Campina Grande. Foi diretor do Ginásio Valdemar Alcântara onde conquistou o carinho e respeito de pais e alunos. Era graduado em Filosofia, Teologia e Direito mas jamais atuou como advogado pois ele mesmo afirmava que sua missão era estar próximo das pessoas e falar da importância de Cristo na vida de todos. Ordenou-se sacerdote no ano de 1954 em Itacoatiara, Amazonas e por dez anos seguidos exerceu a função de Vigário em Manaus a todos fascinando pela dedicação e atenção especial com as pessoas mais simples. Também exerceu por algum tempo, o vicariato no interior do Amazonas, em Nova Olinda e Rio Madeira. Quando cursava Direito Civil em Campina Grande foi Vigário no distrito de Galante. No ano de 1974 foi nomeado Vigário da Paróquia de São Sebastião em Choró. Em 1983, Vigário cooperador da Paróquia da Catedral de Jesus, Maria e José e no ano de 1985, Pároco em Choró onde realizou um grande trabalho junto a juventude local. Em 1986 foi nomeado Vigário Geral por Dom Rufino sendo reconduzido pelo novo bispo da Diocese, Dom Adélio Tomasin e sempre exercendo sua missão com muita seriedade e dedicação. Se achava um filho da terra dos monólitos e foi agraciado com o título de cidadão quixadaense no  ano de 1994 como um reconhecimento ao grande trabalho realizado na sua atuação religiosa e educacional. Simples, atendia com paciência a todos que o procuravam no conhecido Colégio do  Padre e na maioria das vezes com uma gostosa gargalhada. Nos meus jovens anos, cheguei a trabalhar algum tempo com ele que me recebia desta forma "Já sei, tá com cara de quem precisa de dinheiro!"Quando ficou doente, sentiu-se muito triste por não mais ter condições de estar perto das pessoas que amava e claro, ser solidário como sempre foi com aquelas pessoas com mais necessidades de atenção. No hospital São Mateus foi flagrado por diversas vezes com lágrimas nos olhos ao lembrar da terra dos monólitos, dos seus irmãos da igreja, dos colegas do magistério e de toda a comunidade que aprendeu a amá-lo. Quando recebia a visita de algum quixadaense, seus olhos pareciam com os de uma criança ao ver sua primeira árvore de natal. Tornou-se cidadão do céu em 31.10.1995 e a notícia deixou os quixadaenses muitos tristes e foram vistas muitas pessoas chorando nas igrejas e em outros espaços. Uma intensa corrente de oração ocorreu por toda a terra dos monólitos e em outras cidades da região. Nas igrejas onde celebrou missas muitas orações, silêncio respeitoso e lágrimas. Lembro ter presenciado o sofrimento de famílias e amigos se abraçando e chorando pela partida do querido sacerdote e amigo. O sepultamento aconteceu no Cemitério Parque da Paz em Fortaleza. Em nossa cidade, eternizando o nome deste santo eleito pela população temos a Escola de Ensino Fundamental Padre Vicente Gonçalves Albuquerque que funcionas nas proximidades do quartel da Polícia Militar.  Por ter buscado sempre alguma forma de ajudar a quem a ele recorria, por se sentir sempre feliz em estar próximo das pessoas, por nunca se achar superior aos outros e , em especial, pelo grande empenho na divulgação da palavra de Jesus, Padre Vicente continuará vivo em nossas lembranças. 
Padre Vicente esteve sempre perto dos amigos

O sorriso sempre presente  .......................................................................................................................................................................................................................................

terça-feira, 16 de julho de 2019

DISSINHA MITCHEEL- UM TALENTO DE QUIXADÁ PARA O MUNDO

Ator transformista conquistou muitos admiradores

Madonna quixadaense
 <>No começo dos anos 90, um garoto cheio de talentos e muitos sonhos convidou alguns amigos para assistir um pequeno espetáculo montado por ele mesmo no salão paroquial aqui em Quixadá. Com certeza, um lugar desapropriado para o evento mas, incrivelmente, ainda nos dias de hoje nossa cidade não dispõe de um espaço para este tipo de manifestação artística. Naquele dia, um show terrivelmente "simples" com poucos recursos mas cheio de entusiasmo, energia e muito, muito "TALENTO". Naquele momento, só as pessoas mais próximas a Dissinho sabiam do seu talento, de sua arte já presente em seus anos verdes. Alguém da platéia falou que ele precisava mostrar seu trabalho para um público bem maior. Desde então despertou naquele sonhador o desejo de um dia mostrar sua arte para muita gente. O impulso também era acompanhado do medo e da reação da família que nem imaginava que o talento dele em realizar performance artística e se transformando em grandes estrelas da música o faria querido e respeitado. O show de Dissinho não se tratava de um evento igual a todos de um cantor ou dançarino mas de um ator transformista e em outras expressões, um garoto vestido de mulher, talvez, uma situação estranha para a cidade naquele momento. Mas este jovem astro tinha uma criatividade além, muito além daquela época. Com muita confiança, tendo consciência do valor de sua arte alugou o Balneário Cedro Clube e sem nenhum centavo no bolso, realizou um grande espetáculo que atraiu a atenção até de pessoas de outras cidades. Dia e noite, cuidava da montagem deste evento, praticamente sozinho.  A partir daí seus shows já contavam com grande público e muitos admiradores vinham de Fortaleza para aplaudi-lo de forma entusiástica. A partir dai, seu nome artístico passou a ser "Dissinha Mitchell' Já era sucesso e ficou conhecido na cidade e em todo o estado como "MADONA QUIXADAENSE". Chegou a vez de Fortaleza e O jovem talento se tornou uma das maiores atrações em muitas casas de espetáculos e até em teatros de grande porte. Num belo dia, um empresário europeu o viu em show na capital e fez o convite para trabalhar numa famosa boate na Alemanha. Lágrimas, muita emoção e um grande desejo de divulgar Quixadá para todo o mundo e ter mais condições de ajudar sua família, as pessoas mais humildes da cidade e encorajar aqueles que nasceram para a arte e na maioria das vezes são incompreendidos.  Era o ano de 2009 e toda a cidade tomou conhecimento do sucesso daquele artista nosso, filho da dona Luciene e que tanto batalhou pela cultura local na formação dos blocos de carnaval, nas quadrilhas juninas a quem  imprimiu um toque profissional.  Hoje, ele trabalha na "REVUE PALASST", uma das maiores casas de shows do continente europeu. É sem dúvida, um nome respeitado em vários países pois realizou muitas apresentações. Foi uma conquista que nos inspira a ter mais confiança na busca de nossos ideais e claro, teve que enfrentar muitos desafios, superar as decepções, preconceitos e até indiferença. Segundo a produtora artística Edna Letícia, Dissinha Mitchell é um ser humano maravilhoso que nunca respondeu a alguma ofensa e quer apenas mostrar a sua arte que segundo o próprio foi uma dádiva do criador. Ele vem aí, 9 de agosto, e fará uma apresentação única no hotel Vale das Pedras em show aberto ao público. Vamos lá aplaudir este nosso astro e certamente, ele ficará muito feliz com a presença de seus irmãos quixadaenses. LUZ NA PASSARELA! VEM AÍ DISSINHA MITCHEL.
A produtora cultural Edna Letícia produziu vários espetáculos de Dissinha


Apesar da distância, o astro não esquece sua querida Quixadá

Sempre confiou no seu talento

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quinta-feira, 11 de julho de 2019

MANUEL ONÇA- A SUA PRESENÇA NAS RUAS É A INSPIRAÇÃO PARA NOS MOSTRAR QUE TODO TRABALHO É DIGNO

Manuel Onça nos dá a certeza da dignidade presente em todas as profissões


Manuel e sua deusa Luisa 
 <>As ruas de nossa bela Quixadá não são tão desprovidas de poesia e apesar dos problemas tão presentes como, por exemplo, a violência nos dias atuais, não deixam de ter seu encantamento. Almas povoadas de bondade e de uma sempre presente vontade de trabalhar acabam se constituindo em pessoas muito queridas e não obstante a simplicidade da profissão que exercem  se tornam respeitadas e admiradas na comunidade. São Trabalhadores humildes e nunca querem mais do que o necessário para a sua sobrevivência e quando é possível até estender as mãos para aqueles mais necessitados. O valor destes cidadãos não são avaliados por bens materiais mas pela honestidade, caráter e uma imensa vontade de levar alegria as pessoas. Trabalhando sempre com roupas modestas mostram que a simplicidade é uma coisa divina e que a todos fascina. Francisco Manuel Germano, o popular "Manuel Onça" é um desses privilegiados  se destacando por realizar um trabalho honesto e em todos dias conquistando mais amizades. Há mais de cinquenta anos ele exerce a atividade de lustrador de carros e sua presença nas ruas de Quixadá e de outros trabalhadores  nos fortalece pelo exemplo que dão ao mostrar que o trabalho, a força de vontade e a correção no exercício da profissão tornam a nossa vida mais interessante. Quando os quixadaenses vão as ruas para suas rotinas é difícil não dar de cara com aquele senhor lavando carros com tanto profissionalismo e cuidando com tanto zelo como se eles fossem de sua propriedade. O seu principal local de trabalho é nas proximidades da Câmara Municipal mas atende seus clientes em qualquer outro espaço. Manuel Onça, ainda muito criança, ajudava seu pai Francisco Germano que trabalhava como carreteiro naqueles anos 60 do século passado.  Lembra de alguns colegas de profissão de seu pai como o Croinha, Miron, Henrique, Luis Carreteiro e tinha outros que já não recorda o nome. Trabalhou durante algum tempo na Prefeitura Municipal na administração do senhor José Okka Baquit(1963-1967) realizando algumas tarefas no setor que cuidava da limpeza da cidade. Durante este período foi muito bem tratado pelos secretários Dr. Sátiro, titular da  Agricultura e Dr. Otávio Belisário da secretaria de urbanismo e pelo próprio chefe da municipalidade. Manuel Onça mora hoje no bairro Campo Novo e quando adolescente testemunhou o crescimento daquele espaço que naqueles anos só apresentava casas de taipa. Afirma que José Baquit ajudou do próprio bolso na construção de casas de muitas famílias. Faz questão de lembrar de alguns de seus fiéis clientes como Dr. Eudásio Barroso, Dr. Arlindo, Gonçalo, Adamastor, Aziz Baquit, Dr. Mesquita, José Páscoa, Evandro, vereadora Dadá e muitos outros. Contou ele para o colunista que alguns poucos clientes deixavam propositadamente algum dinheiro ou objeto de valor para por à prova a sua honestidade mas não ficava com rancor. Nunca esqueceu o dia em que o seu cliente e amigo Lafaiete Albuquerque lhe falou: "Não fique triste, meu amigo Onça, não é a ocasião que faz o ladrão pois este já nasce feito e você é uma pessoa corretíssima". Merece ser destacado o fato de que naquele anos 60, 70, a água utilizada por estes profissionais era retirada do rio Sitiá que era limpo até demais mas com o passar dos anos a qualidade da água foi ficando péssima. Não custa lembrar que muita gente levava seus carros para ser lavados ali próximo a ponte do Putiú e muitos profissionais deste ramo dali retiravam a quantidade necessária para nais um dia de trabalho. Com ar de uma pessoa triste fala que o Sitiá já foi  referência de um rio limpo e integrado a vida da cidade. Como se fala nas canções, ao lado de um grande homem deverá existir uma grande mulher e Manuel Onça se diz muito agradecido a Deus por ter colocado no seu caminho o que ele chama de uma verdadeira deusa, no caso, a sua esposa Luisa com quem divide as alegrias e tristezas e garante que o grande segredo para uma vida a dois é sempre caminhar lado a lado sabendo encarar os momentos complicados presentes na vida de todo casal. Conheceu seu grande amor na na residência da senhora Cristina Capistrano, mãe do saudoso Zequinha Capistrano de quem se tornou um grande amigo. Mas o namoro começou mesmo numa festa de reisado que acontecia na praça José de Barros e que se constituía numa atração na terra dos monólitos. Antes de ir para a praça, Manuel e seu amigo Mourão Sapateiro foram tomar uma cachacinha no bar do Alberto da Onça e assim criar coragem para arranjar uma namorada. Foi pouco tempo de namoro com sua Luisa mas o suficiente para o surgimento de uma grande paixão. Quando os jovens apaixonados se divertiam na roda gigante do parque do senhor Pedro aconteciam beijos roubados no momento que o brinquedo alcançava o local mais alto e os dois se sentiam bem pertinho do luar. Muita gente tem curiosidade em saber de onde surgiu o apelido de Manuel Onça e ele nos contou que quando iniciou seu trabalho como limpador de carros andava bastante no carro de um motorista conhecido como Raimundo Muriçoca que percorria vários sertões de Quixadá e o pessoal perguntava a ele se tinha visto alguma onça no caminho e ele respondeu que não precisava pois já carregava uma no carro se referindo ao nosso amigo Francisco Germano. Pronto, o apelido pegou e assim é conhecido até os dias de hoje. Manuel carrega por todos esses anos um sério problema no seu braço direito motivado por uma queda que levou quando montava um jumento bem brabo(diz, com risos). Como acontecia naquele passado já bem distante correu para o seu Quinzinho que encanou o braço, mas 15 dias depois quando se encontrava na chamada ruinha(rua Juvêncio Alves) pastorando o gado do senhor Mário Ferreira sofreu uma grande queda e resolveu não mais cuidar da fratura. Manuel se diz feliz com seu trabalho e aprendeu que a vida é uma batalha diária e com muita fé e dedicação é possível  ser feliz. Acostumado a encarar as adversidades na vida sempre com muito entusiasmo acaba por se constituir numa referência para todos nós e sempre lembra que é preciso ter muita fé em Deus e na vida. Trabalhadores como Manuel Onça e outros que desenvolvem atividades mais simples sofrem a invisibilidade social mas são pessoas da mais alta dignidade e suas presenças nas ruas é a certeza de que todo trabalho é digno e é tão gratificante vermos a alegria estampada  no rosto dessa gente executando suas atividades como se fosse uma festa. Manuel Onça com a sua leve presença nos faz entender que as dificuldades também enriquecem a nossa vida e nos faz realmente acreditar que todos temos nosso valor, nossa importância. Tiro o chapéu para Manuel  Onça e acredito que nossos leitores também façam o mesmo.
Onça exibe com orgulho seus instrumentos de trabalho

Devemos acreditar naquilo que fazemos

Manuel Onça já é um símbolo de nossas ruas
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