segunda-feira, 28 de outubro de 2019

OS "ANOS DE CHUMBO" NA TERRA DOS MONÓLITOS(Parte 2)



Prefeito José Baquit nos jovens anos

<> Naquela manhã de 26 de Abril de 1964, os quixadaenses acordaram assustados com a presença de militares do exército cercando a residência do prefeito José Okka Baquit, um cidadão de bem, bastante respeitado e em especial pelas pessoas simples, eleito democraticamente para a chefia do poder executivo da terra dos monólitos no período de 1963 a 1967. Segundo o memorialista João Eudes Costa, o regime de força implantado em 31.03.1964, passou a perseguir pessoas e grupos que eles entendiam terem idéias socialistas e, injustamente, acusou o jovem prefeito que gozava da estima da população. Na praça José de Barros, onde se localizava a casa de Jose Baquit , a família e a população temia que ele saísse algemado para um quartel militar. Chegaram a acusá-lo de pertencer a um esquema contra o regime militar e de que armas eram enviadas de Recife por Miguel Arrais. Felizmente, prevaleceu o bom senso de alguns oficiais do Exército e nada aconteceu ao jovem prefeito. Os próprios oficiais entenderam que as atitudes de José Baquit eram em prol do bem estar da população e sem nenhum objetivo político.
Memorialista João Eudes Costa

Praça José de Barros

Charge sobre o regime militar(internet)
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OS "ANOS DE CHUMBO" NA TERRA DOS MONÓLITOS(PARTE 1)- O DIA EM QUE O PROFESSOR LUIZ OSWALDO FOI SUSPENSO DA RÁDIO MONÓLITOS

Professor Oswaldo
José Pessoa de Araújo

Ribamar Lima lia as crônicas 
Dom Hélder Câmara

Imagem da Ditadura(internet)

Memorialista João Eudes Costa
<><><><>A primeira emissora de rádio instalada em Quixadá foi a "Uirapuru" que pertencia à Rede Uirapuru de Comunicação da organização José Pessoa de Araújo. O ano, 1980. Estávamos ainda na Ditadura Militar e tivemos a imposição de censura prévia à imprensa e o rádio não ficou de fora. Uma das maiores audiências da "Uirapuru" era o programa "Boa Tarde Para Você" que apresentava crônicas escritas pelo professor Luis Oswaldo e pelo escritor João Eudes Costa. As crônicas eram lidas pelo inesquecível radialista Ribamar Lima que foi um dos responsáveis pelo sucesso do programa com sua festejada voz de veludo. O diretor ,naquele momento, era o militar e também radialista Célio Aragão. Certo dia, foi apresentada uma crônica escrita pelo professor Oswaldo que destacava a figura de Dom Hélder Câmara que se opunha ao regime militar. Como se sabe, o nome deste religioso foi proibido de ser divulgado na mídia. A direção da emissora comunicou o fato ao senhor José Pessoa de Araújo que afastou o professor Oswaldo do programa. Solidário ao amigo, João Eudes Costa largou o programa e também não escreveu mais crônicas. Foi, então, que José Pessoa procurou Eudes e pediu que ele voltasse a escrever suas crônicas, pois o povo estava sentindo falta daquela atração. João Eudes falou que voltaria se Luis Oswaldo também apresentasse suas crônicas e fez um pedido para que a crônica sobre Dom Hélder fosse novamente apresentada o que acabou acontecendo. Era ainda um radialista jovem, mas lembro dos militares(não todos) chamarem Dom Hélder de demagogo, comunista, bispo vermelho, subversivo. Para mim e muita gente, ele foi uma pedra santa no caminho da Ditadura.
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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

ANTÔNIO BENJAMIM DE OLIVEIRA- ELE CONTINUA ENTRE NÓS

Maria Rosicler e benjamim Oliveira
Família do senhor Benjamim: A esposa Maria Rosicler e os cunhados João Eudes, Tadeu, Elvira e Dedé
Benjamim(à direita) e Aziz Baquit
<>No dia de amanhã, 24 de outubro,  ano de 2007, tornava-se cidadão do céu o senhor Antônio Benjamim Oliveira. Já se passaram 12 anos.  Ele partiu, é bem verdade, mas para a sua família e amigos ele continua aqui sempre com uma imensa vontade de trabalhar e estar sempre perto das pessoas de sua convivência. Ele continua aqui para o seu anjo da guarda, Maria Rosicler, com quem casou-se no dia 16.06.1945. Desde cedo, orientou os filhos no enfrentamento dos combates da vida. Nasceu em Solonópole e veio para a terra dos monólitos no começo da década de 40(século passado). No livro "Ruas que Contam a História de Quixadá", o memorialista João Eudes Costa destaca a disposição de Benjamim para o trabalho começando ainda muito jovem nas lides campesinas. Foi garçom, balconista e por fim, teve o reconhecimento e foi convidado para fazer parte da Fábrica de Rede Nossa Senhora de Fátima. Depois de algum tempo, comprou a parte dos sócios e deu a empresa um toque empresarial e a mesma chegou a importar redes para a Europa. Foi sócio fundador do Rotary Club de Quixadá e consta que jamais faltou a uma reunião. Foi presidente do Balneário Cedro Clube e teve participação ativa na construção de sua sede no centro da cidade. Presidiu por vários anos, a Associação Comercial de Quixadá. Uma de suas maiores alegrias foi ter recebido o título de cidadão quixadaense em 27.03.1979. O prefeito Renato Carneiro justificou desta forma esta honraria: "Como reconhecimento aos relevantes serviços prestados à nossa coletividade". Não se pode falar em Benjamim, sem lembrar que
Memorialista João Eudes Costa lembra que Benjamim foi um guerreiro
ele foi o representante do "FUNRURAL" só se afastando por não concordar com a nova orientação do mesmo que assumia caráter político.  Tornou-se cidadão do céu em 24.10.2007, depois de vários anos em inatividade. Mas Benjamim não partiu para os seus familiares e amigos. Ele está aqui como a nos lembrar que a vida é um eterno combate e por isso, é única, é bela!
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terça-feira, 8 de outubro de 2019

ZÉ MARIA CARPINTEIRO- 50 ANOS DE CHÃO


Zé Maria Barbeiro-50 anos na profissão
<>Ele é uma espécie de "Pelé" no manejo do martelo, esquadro, serrote. São as ferramentas essenciais na profissão exercida por José Maria de Lima que há exatos 50 anos se dedica a uma das mais antigas profissões do mundo. Na entrada de sua residência mantém os objetos do trabalho que desenvolve com tanta dedicação que se tornou conhecido em toda a terra dos monólitos como "Zé Maria Carpinteiro". Faz questão de sempre lembrar tratar-se de uma profissão que exige muita dedicação e concentração. Quando criança, batia enxada no chão ajudando seu pai na agricultura e nos momentos de folga, ficava num canto do roçado produzindo brinquedos de madeira e chamando a atenção da família e vizinhança. A mãe, como todas as mamães, queria que o filho se dedicasse ao estudo, mas o garoto frequentou por pouco tempo os bancos escolares.
Carrinhos de madeira fabricados pelo Zé Maria
Por poucos anos, assistiu aulas na escolinha do Curtume Belém. Os tempos de infância e adolescência foram bem vividos na rua da Palha, onde toda a comunidade parecia pertencer a uma só família. Zé Maria lembra dos banhos nos canais cheios de água que vinham do açude do Cedro. Diz não esquecer aquela imagem de mulheres lavando roupa, todos os dias. Bem jovem, já trabalhava com o Senhor Daniel Capistrano fabricando e fornecendo os produtos para a venda na loja daquele comerciante. Fabricava uma média de 30 carrinhos de madeira por semana e todos eram vendidos de forma rápida. Reconhece ter aprendido bastante com Daniel e ainda com o Vicente e guilherme, colegas do trabalho. Antes de montar sua oficina na atual residência, próxima a estação ferroviária, exerceu a profissão em diversos locais da cidade, começando na mercearia do seu pai. Só na rua José Jucá permaneceu trabalhando  por 13 anos. Hoje, Zé Maria expressa muitos motivos para celebrar estes 50 anos de profissão. Tem muita gratidão com a família e os amigos que sempre o apoiaram na escolha deste oficio.  Quando perguntam se ele é feliz na profissão, responde com um largo sorriso: "Não era a profissão de Jesus que seguiu os passos do pai José?" Parabéns, grande Zé! Profissional de grande competência e um amigo especial de todos nós.

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ferramentas de trabalho