sábado, 27 de julho de 2013

FREITINHAS-O ETERNO TÉCNICO DO QUIXADÁ FUTEBOL CLUBE

1973: Repórter Raimundo Sousa, Freitinhas e Gaguinho
Visita de Lula a residência do técnico
Carteira de técnico profissional
Futebol em primeiro lugar
<> Ele era um "paizão" para os jogadores que defendiam os times que ele treinava.Correto, justo, paciente. Mas foi também um conhecedor das teorias, das estratégias que tornavam possíveis mudanças de resultados nos jogos. Mas principalmente, era um parceiro dos jogadores.Apesar da grande amizade que tinha com os comandados, era disciplinador, exigindo seriedade nos treinos e nas disputas das partidas. Plantou sementes que deu frutos no quesito da revelação de novos jogadores. Dos técnicos que passaram pela equipe do  Quixadá, ele é o que teve maior identificação com a torcida. Ele foi o profissional que dirigiu a equipe canarinha por mais tempo. Foram mais de 20 anos, fato realmente impressionante num futebol que muda o comando técnico com uma rapidez incrível. Pode-se com absoluta certeza, afirmar que ele era um "Sinônimo de Quixadá Futebol Clube". Durante toda a sua vida, deu demonstrações de amor ao time.  José de Freitas Neto, quixadaense, nascido em 22 de junho de 1934, desde criança, era um apaixonado pelo futebol, participando das peladas deliciosas e já começando a demonstrar liderança, levando seus times à conquistas.
                                                                       Antes de assumir o comando do Quixadá e da seleção da cidade, treinou algumas equipes e, durante um bom tempo, o Avante Esporte Clube, sempre incentivado pelo diretor de esportes e amigo, Edinho. Sempre contou com o apoio dos desportistas Zé Abílio e Zeque Roque(foi presidente do Quixadá). Com este último, trabalhou muitos anos na "Casa São Paulo". Costumava dizer que "Zeque era um grande amigo". Ainda está nas lembranças daqueles com mais idade, as vitórias conquistadas por Freitinhas, em situações adversas, enfrentando grandes equipes e muitas vezes, arbitragens comprometedoras. Numa das entrevistas do saudoso zagueiro Zé Preguinho, ele afirmou que o técnico quixadaense pedia " joguem de cabeça erguida, mostrem sua dignidade, vocês têm valor!"
                                                                     Freitinhas tinha como maior incentivadora a esposa e torcedora Maria de Freitas, com quem casou-se em 19 de maio de 1962, na igreja de Santo Antônio, em Quixeramobim. Desta união, nasceram os filhos Isabel, Kátia e Guaracy. Tão grande era o envolvimento do casal com o futebol que os jogadores faziam refeições, às vezes até dormiam, na residencia do mesmo. Maria de Freitas se tornou uma espécie de mãe e logo conquistou o carinho de todos. Quando os atletas voltavam das férias em seus estados de origem, traziam cartões com mensagens de agradecimento e respeito.
                                                                     O eterno técnico do Quixadá Futebol Clube também participou da vida política da cidade, tendo sido um dos fundadadores do Partido dos Trabalhadores. Em sua primeira campanha a presidência da república, Lula fez uma demorada visita ao casal. Mas jamais a sua paixão pelo futebol foi afetada. Treinar, descobrir novos talentos da bola foi sempre seu maior ideal.
                                                                      Depois de muitos anos de dedicação ao nosso esporte, Freitinhas adoeceu, se afastando definitivamente, com muita tristeza, do que mais amava que eram às cores do time que representava a cidade. Os médicos Bidula, Everardo Silveira e os demais, tudo fizeram para recuperar a saúde do técnico.  Depois de 30 dias, internado no hospital de Messejana,  morreu no dia 28 de setembro de l998. Com muita tristeza, o torcedor canarinho recebeu a notícia e se despediu daquele que deu à própria vida pelo nosso esporte. Por isso, ele sempre será o"ETERNO TÉCNICO DO QUIXADÁ". Ele tem até hoje o seu nome lembrado por todos os quixadaenses. Ele é imortal para a torcida canarinha!
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terça-feira, 16 de julho de 2013

DEZINHO-DE CARROCEIRO A HERÓI BRSILEIRO

de carroceiro a pracinha
anos 90: em família
Preparado para defender a pátria
<><> "Preferia morrer que matar. Achava que não deveria atirar em ninguém! Não foi isso que mamãe me ensinou". O depoimento do quixadaense José Ferreira Filho, conhecido como Dezinho, que foi dado há alguns anos, mostra o grande despreparo dos brasileiros nos campos de batalha na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. O jovem brasileiro, assim como os demais, não tinha muito ideia porque estava ali, muito distante de seu Quixadá querido, não sabia qual exatamente a motivação daquele combate. "Eu tinha medo de matar as pessoas" afirmou muitas vezes. Frio, muitas vezes enrolados em jornais, falta de higiene, comida ruim, lama, campos minados( que não sabíamos de sua existência), tudo isso fez parte do dia-dia de Dezinho e dos outros pracinhas(termo referente aos soldados brasileiros que foram enviados para integrar as forças aliadas contra o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial).
nosso herói e Maria Araújo
                   O grande conflito mundial, o mais abrangente da História se deu entre os anos de 1939 a 1945. Estimativas sugerem que mais de 60 milhões de pessoas tenham morrido nesta guerra. Segundo a maioria dos historiadores, a posição de neutralidade do Brasil durou até 1942, quando algumas embarcações brasileiras foram afundadas por submarinos alemães no oceano Atlântico. O presidente Getúlio Vargas fez um acordo com o governo norte-americano e assim, nosso país entrou na guerra ao lado dos aliados(Estados Unidos, Inglaterra, França, União Soviética). Muitos estudiosos do assunto, condenam até os dias de hoje, esta decisão do governo brasileiro. Apesar de vitórias, centenas de soldados brasileiros perderam a vida em combate. Na dura batalha de Monte castelo, cerca de 400 brasileiros foram mortos.
                                   Começo da década de 40, aquele jovem recebia ainda conselhos de Seu Júlio  de como se tornar um grande carroceiro. Chegou então a idade do serviço militar e Dezinho serviu no vigésimo terceiro batalhão de caçadores em Fortaleza, durante um ano. Era o ano de 1941 e cumprido o tempo, voltou para Quixadá. Mas quando foi pegar o certificado militar foi comunicado que havia sido convocado para lutar na Itália, junto com outras cearenses. A notícia deixou a  esposa Maria Araújo e toda a família muito tristes. E depois de dois meses no Rio de Janeiro, embarcou para terras italianas. Foram 25 mil brasileiros.
                                     Nas montanhas da Itália, o jovem voltava seu pensamento para a sua querida Quixadá. Voltaria a trabalhar na carroça do seu mestre Júlio Carroceiro? E os passeios ao açude do cedro, aos domingos, pegando frutas no caminho! Voltaria a conviver com os amigos Caboclo, armando do Brasília e seus colegas de trabalho! Veria o filhinho que ainda estava na barriga da mãe? Queria acompanhar seu crescimento, ensinar-lhe a ser carroceiro, a fazer o bem! E o restante da família, como estava? Naquele relevo montanhoso, tão estranho, quando possível, à noitinha, junto com outros pracinhas, uma oração improvisada, curta mas eterna. Sofria ao ver jovens como ele, tombados naquela terra estranha.
                               Dezinho contava que, apesar das dificuldades e da falta de experiência, os pracinhas conquistaram vitórias ao lado de soldados aliados. Fazia questão de citar Turim, Monte Castelo e Montese. Terminado o sangrento conflito, foi as lágrimas ao ser comunicado que ele E os seus colegas retornariam ao Brasil. Nos contou que a História quase não registra o fato de, ao saberem da notícia, todos se abraçavam, brasileiros e soldados de outras nações. Desembarcando no Rio de janeiro, contava as horas de voltar para a terra que tanto amava. Interessante que ao desembarcar no porto do cais, em Fortaleza, não fora reconhecido de imediato pela dona Maria Araújo. "Ele estava com um uniforme impecável, usando óculos". Feito o reconhecimento, um longo abraço e aquele beijo de toda história de amor. O casal ficou algum tempo morando em Fortaleza, voltando a Quixadá anos depois. Já na terra dos monólitos, voltou ao seu antigo ofício de carroceiro, trabalhando por um bom tempo.
                                                                                   Nos desfiles da Independência, Dezinho junto a outros quixadaenses, marchava pelas ruas de Quixadá. Todos aplaudiam aqueles que lutaram pela liberdade , democracia e pela defesa da pátria. "Meu filho, aqueles homens deram a vida pelo Brasil", dizia uma das mães que assistia ao evento". Dezinho morreu no dia 20 de setembro de 1998, deixando tristes os amigos e os filhos José Edílson, Maria Celene, Nazira, Jacinta, Aparecida, José Francisco, José Aírton, Antônio Fernando e Lúcia. Apesar de sempre se manifestar contra a guerra, Dezinho afirmava que tinham sido injustos com o Brasil, afundando submarinos nossos, matando inocentes.  Antes de morrer, nos contou que seu grande desejo em vida foi realizado ou seja, uma prova incontestável da existência de Deus! Esta certeza tive quando voltei para o Brasil, para o meu querido Quixadá. "Ele existe sim, existe" afirmou no último contato que teve com este repórter e amigo. Existe sim!fique sempre com ele, Dezinho!

sexta-feira, 12 de julho de 2013

ALOÍSIO, O CHEFE- A SIMPLICIDADE DE UM VENCEDOR

O sorriso sempre presente
 SEU ALOÍSIO: A SIMPLICIDADE DE UM VENCEDOR<>Ele, pode-se dizer que "tirou leite de pedra"! Enfrentou a rudeza, bateu enxada no chão, suou muito! Conheceu muito bem a aridez do ambiente sertanejo trabalhando junto com o pai Manuel Luís Rabelo(Neco), a mãe Dona Júlia Rabelo e os irmãos. Uma família verdadeiramente do sertão quixadaense, distrito de Barra do Sitiá, no lugar Santo Antônio. Foi aí que nasceu Aloísio da Silva Rabelo, no ano de 1934. Aprendeu a ler com seu pai e as aulas só aconteciam de setembro a dezembro, fora do período da plantação.
                                                                                             Em 1944, veio para a cidade, exatamente para estudar no Grupo José Jucá. Mas em 48, voltou para o seu sertão pois sua tia havia adoecido. Foi o Senhor José Maria Aguiar o responsável pela sua vinda definitiva(1952) para Quixadá. A sua tia que recebera uma visita deste amável cidadão lhe pediu um emprego para o jovem Aloísio. E assim, durante 4 anos, trabalhou na mercearia de José Maria. Além de atender os fregueses, cuidava de outros afazeres como cortar lenha, puxar água para a caixa d'água(durava 75 minutos), fazia mandados. "Tirei até leite de vaca" nos conta com uma forte emoção. Mas a partir de 1959, seu pai montou um comércio para o dedicado filho na rua Epitácio Pessoa onde começou a mostrar todo o seu potencial como vendedor, atendendo a todos com um jeito todo especial. Mas em pouco tempo, veio trabalhar com o Senhor Francisco Nepomuceno no "Armazém Sitiá", um dos seus grandes incentivadores. Alguns anos depois e já se vão mais de 54 anos, iniciou seu grande momento nos negócios montando o famoso ponto comercial que se chama"O Chefe", denominação baseada num apelido que lhe foi dado pela comunidade.
                                                                                            O cognome "O Chefe" surgiu pelo fato de quando ter deixado a Barra do Sitiá sua mãe lhe havia recomendado: "Não chame ninguém de "Seu Zé", "Seu Menino" e, sendo mulher, não a trate como "Comadre", "Dona Maria". Como Aloísio praticamente não conhecia ninguém quando aqui chegou, ficava se comunicando com as pessoas destas formas:"Bom dia chefe amigo!", "como vai chefe amigo?"e assim, de forma definitiva, ficou conhecido por todos como "O CHEFE".
                                                                                            Seu Aloísio, casou-se em 1960 com Naidinha(filha de Seu Júlio Leles, barbeiro), na igreja do Choró em cerimônia realizada pelo padre José Bezerra. É pai dedicado de Henrique e Júlio que receberam do pai a vontade de trabalhar e servir. Para contar a verdadeira História deste guerreiro seria necessário um livo mas como a simplicidade é sua marca maior, sei que ficará feliz com este simples texto mas que foi produzido pelo coração. O nosso amigo Aloísio( O Chefe) faz parte da vida dos filhos da terra dos monólitos. Com certeza!
Com seus amigos do comércio

A companheira de todas as horas
Zé Maria Aguiar, seu descobridor

quarta-feira, 10 de julho de 2013

PROFESSOR RAIMUNDO- MESTRE RESPEITADO, AMIGO E BENQUISTO NA TERRA DOS MONÓLITOS

Com a esposa Rita e os filhos Robson e Riharly
 <><> Professor Raimundo: Mestre respeitado, Benquisto e Amigo<><><> Existem palavras que se encaixam perfeitamente . Quando uma é mencionada, logo várias outras são lembradas imediatamente. É, digamos, instintivo. Por exemplo, falando-se de Quixadá, nos vêm a mente uma cidade bela, acolhedora. Porto lembra o mar, navios. É impressionante como as palavras se engrenam e como têm denominadores comuns. Assim, quando se diz mestre dedicado, competente, vem-nos, sem demora a nossa mente a figura do professor Raimundo. Isso realmente acontece. É, na verdade, uma associação de idéias: Quem não conhece o grande valor do professor Raimundo? Ora, Quixadá inteiro sabe que este profissional tem uma personalidade forte,realmente presente em suas atitudes, como profissional e como pessoa humana. Transmitiu sua sabedoria, lecionando Matemática no Colégio Estadual, Sagrado coração de Jesus, Ginásio Valdemar Alcântara. Tornou-se uma figura muito estimada na terra dos monólitos por sua extraordinária capacidade de transmitir aos jovens uma disciplina, muita vezes, odiada, e pela maneira afável e atenciosa para com alunos, colegas e comunidade.
                                                                 Raimundo de Queiroz Rodrigues, filho de Francisco Rodrigues Sobrinho e Ivana Paulina de Queiroz, nasceu no chalé da ponta da barragem do açude cedro, vindo ao mundo pelas mãos da mãe Vieira, parteira do Cedro velho e de outros lugares.No seu primeiro dia de aula na Escola Rural do Cedro não foi muito feliz. Por não  lembrar como se rezava o pai nosso, a pedido da professora, saiu correndo em direção a sua casa pois iria experimentar uma indesejada palmatória. Voltaria, no entanto, a estudar no mesmo local. Teve aulas particulares, que lhes foram bastante úteis, ministradas pela mestra que não esquece, Dona Mundinha. Rapazinho, foi estudar no Ginásio Valdemar Alcântara, o respeitado "colégio do Padre" onde teve o privilégio de ter como professores o Padre Clineu(Também diretor), Maria Braga, Francy Gurgel e tinha como colegas, entre outros, Aílson da Silveira Medeiros, Jaime Ferreira, Hélio Gurgel.
Wanderley, Cleune, Aílson, Aurenice, Pery,Eduardo,Raimundo,Valda e Socorro
           O convite para lecionar no Colégio Estadual surgiu devido a uma honrosa colocação na prova de Português no vestibular, realizado em Fortaleza. Foi o quinto colocado na prova de Português o que motivou matérias em diversos jornais e revistas acadêmicas. Realmente, um grande feito para um menino criado no sertão onde as dificuldades sempre são bem maiores. A partir daí o Colégio Estadual entrou definitivamente em sua vida. Se tornou bastante comum as pessoas o identificarem como "Raimundo do Estadual". Teve como diretores Lúcia, Padre Clineu, Dr. Glauco, Dr. Aílson,  entre outros. Algum tempo depois, foi vice-diretor do turno da noite. E sempre trabalhando com empenho e conquistando amizades. Mas no final dos anos 70, foi aprovado em concurso do "Banco do Estado do Ceara(BEC)" e, tempo depois, teve que optar pela atividade de bancário. Mas nunca deixou de ser tratado por todos como "professor Raimundo", o que continua nos dias de hoje, mesmo já aposentado.
Naidinha,eduardo,Raimundo,Aurenice  e Dr. Aílson
          É casado com a senhora Rita de Cássia Queiroz, aluna que fisgou o coração do mestre(como nas belas histórias de amor). Casaram-se pela lei de Deus, no ano de 1971, na Catedral, em celebração presidia pelo padre Dourado. É pai dedicado dos jovens Robson e Renarly que, não fugindo a regra dizem com muita alegria: "Somos filhos do Professor Raimundo". Católico fervoroso, sempre esteve presente nas atividades da igreja até os dias de hoje.
           Dificilmente encontraremos quem não conheça,pelo menos de ouvido, a dedicação, a bondade, o respeito aos jovens que fizeram deste professor, uma figura respeitada e querida na comunidade. Mesmo tendo escolhido a mais temida das disciplinas, Raimundo criou uma didática própria tendo como instrumento maior a paciência, a dedicação, até hoje lembrada. A sua interação com os alunos foi tão intensa que hoje, ao encontrarem-se com o professor, fazem questão de enaltecer a sua atenção para com todos eles. Carismático, conquistou e continua conquistando novas amizades. Por tudo isso, nós tiramos o chapéu para ele! Viva o Professor Raimundo! Viva nosso grande amigo!
doce juventude

1971- cerimonia de casamento

Com Betinha, Rita e Hill Holanda

sábado, 6 de julho de 2013

TIPOS POPULARES DE QUIXADÁ(7)<> TIÃO DA BALADEIRA-A ALEGRIA DA CIDADE

 <> Numa manhã tranquila da bucólica Quixadá do começo dos anos 50, um menino levado da breca(endiabrado, travesso), levou uma surra danada, caprichada pelo cinturão do pai Alberto(magarefe do velho mercado público).Não fosse o doce coração da mãe Dona Lídia, a peia bateria muitos recordes. Motivo: O menino Tião(Sebastião Vidal Soares) não queria saber de estudo, só de brincar com uma companheira que lhe acompanha até hoje, a doce amada baladeira(pequena forquilha de madeira com elástico para atirar pedras). Pedaços de giz eram atirados em todos os cantos da Escola. A senhora Maria de Lurdes, diretora do Grupo José Jucá, naquele momento, teve que puxar as orelhas do "capeto em forma de gury". Para que? Tião deu um tiro certeiro nas pernas da educadora! "ele é um Durango Kid!", diziam todos no grupo. O certo é que nunca mais voltaria a sentar num banco escolar. Só queria saber da sua atiradeira, nada mais!
                                                                                Contam os familiares que Tião ganhou sua primeira baladeira aos dois anos de idade e não largou mais, conduzindo-a sempre pendurada no pescoço. Nas caçadas, se tornou campeão, não encontrando rival à altura no manejo do estilingue. Já rapaz, virou uma atração na cidade. Ganhou bom dinheiro em apostas, não perdendo nenhuma. Contam seus admiradores que uma pessoa segurava um cigarro em uma das mãos e nosso herói acertava bem no alvo, sem jamais ter ferido alguém. Na rodoviária, quase todas as noites, muita gente comparecia não para assistir um televisor ali instalado mas para presenciar nosso herói, derrubando, um a um, os copos colocados sobre o aparelho. Mas a consagração definitiva viria por ocasião de um jogo entre o Quixadá Futebol Clube X Ferroviário, meados dos anos 80. O árbitro roubava descaradamente para o time da capital. Na anulação de um gol, Tião não se conteve e desferiu um tiro(ou pedrada) certeira no juiz lalau. Espanto geral! Como poderia, com aquela distância da arquibancada para o centro do gramado acertar o alvo! Jogo parado por bom tempo! Tião jurava por todos os santos que não foi ele e sim um torcedor ao seu lado! "Ele dizia que fui eu, eu garantia que foi ele"! O certo é que a partir deste fato, os árbitros só iniciavam as partidas depois que nosso herói entregasse a baladeira.                    
                                                                                Garante Tião que usa a atiradeira não como uma arma mas como uma velha amiga. Casado com Dona Fátima, é pai amoroso de Paulo Henrique, Veridiano, Sofia e Narcisa. Já foi motivo de matérias jornalísticas elaboradas pelo jornalista Jonas Sousa com repercussão nacional. É tão grande a sua paixão pela sua companheira que pode-se ler na parede de sua casa: "Seja bem vindo mas não me peça emprestada a minha baladeira"   Então, tá certo velho amigo!
                 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

ZÉ ADOLFO-O PAI DO CINEMA EM QUIXADÁ

Foto gentilmente cedida por Clébio Viriato
Com o pai Adolfo Lopes
Com o amigo Aziz Baquit
                                                             <>ZÉ ADOLFO: O PAI DO CINEMA EM QUIXADÁ-Muito antes do advento da "TV", da Internet, o cinema era a alegria de uma cidade. As salas exibidoras que se situavam nas ruas mais movimentadas da cidade, ficavam lotadas, a espera da próxima sessão. Antes do início do filme, o bate-papo entre amigos nos bancos, um desfile de moda natural, as primeiras paqueras, os primeiros suspiros, a simpatia dos vendedores de bombons, aquele pipoqueiro(assistia os primeiros beijos dos jovens apaixonados). O Cinema foi durante muitos anos o maior atrativo das pessoas e Quixadá, a exemplo de outras cidades, possuía esses atrativos. É impossível contar a história da sétima arte na terra dos monólitos sem que seja levada em conta a presença e as benfeitorias deste homem completamente apaixonado por esta maravilha. Tão apaixonado  que montou numa caixa de papelão uma lâmpada e ficava passando fitas tendo a parede como tela. Ainda criança, muitas vezes,escapando da vigilância dos pais Adolfo Lopes e Luisa, ia assistir as sessões no primeiro cinema de Quixadá, o "Paroquial", ainda no tempo do cinema mudo. Logo passou a trabalhar, sendo o porteiro da geral. Fechadas as portas(determinação de Dom Lustosa, já tinha beijos nas cenas), surgiu então o "Ideal", também mudo(ficava aonde hoje é o prédio da Macavi) e colaborava na confecção dos cartazes, na venda das entradas. Foi no "Cine Quixadá" que começou a ter contato com projetores, se tornando, em pouco tempo, um maquinista de talento. O senhor Anísio, proprietário, tinha total confiança no jovem amante da sétima arte.
                                                  Foi José Lopes Dantas quem deu a sugestão da montagem daquele que viria a  ser o maior de todos, o "Cine Yara". O prédio foi construído pelo industrial  José Capelo, proprietário do "Curtume Belém"(onde Zé Adolfo trabalhou algum tempo). A inauguração foi um acontecimento que atraiu a atenção de toda a cidade . Era o dia 20 de setembro de 1951 e o primeiro filme ali exibido foi "O Castelo Invencível" com grande presença de admiradores. Zé Adolfo sempre contou com seus amigos e família no trabalho do cinema como Dedé Sousa, Sebastião, Zé Fernandes, Tarcísio,Pedro Nunes, Zé Paulino, Adolfo Filho, Nina, Chico Nascimento, Luis Marinho e outros.
Com o Senhor Renato Carneiro
                                      Zé Adolfo montou o "Cine São José" e ficamos então com duas salas exibidoras. Pessoas das cidades vizinhas vinham até nossa cidade para assistir grandes filmes. Destemido, construiu uma sala exibidora em Banabuiú. Mas pelos fatores já expostos, os cinemas fecharam deixando tristes os que gostavam de frequentar. Nosso herói ainda tentou manter o cinema funcionando, através de um acordo com a secretaria de cultura mas não obteve êxito pois as autoridades daquele momento, não demonstraram nenhum interesse.

Com o pai Adolfo e os irmãos Francisco e  Maria José
                                                     José Lopes Dantas(filho de Mestre Adolfo e Luisa Lopes, nascido em 9 de março de 1928), não se limitou ao cinema, tendo sido vereador e durante 16 anos, secretário municipal, em 4 administrações, sempre zelando pelo que era público. Este benfeitor nos deixou em 12 de setembro de 1991, deixando tristes a família e os amigos que conviveram com ele, principalmente nos tempos do cinema. Já que existe um "pai" para tudo,  nada mais justo do que o chamarmos de "Pai do Cinema em Quixadá"