sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

ESQUECERAM DE MIM



<>Neste natal, pedi a meu PAI para ficar o mais próximo possível das pessoas, pois tenho saudade daquela convivência. Com recomendações, agradeci a bondade dele. Expliquei que não os chocaria, pois iria me apresentar da forma mais simples possível e não me reconheceriam. Estava feliz, tal qual um menino, gosto muito de toda essa gente. Dei e daria, novamente, minha vida por todos eles. Confesso ter estranhado a grande diferença daquele tempo em que aqui estive, mas importante era aquele contato e, bem confiante, decidi participar da festa e, afinal, eu sou o ANIVERSARIANTE. Me aproximei de um lindo prédio, era um hotel, de frente para o mar e emocionado falei para um moço na portaria: "Moço, posso entrar? Queria conversar um pouco com essa gente tão feliz, me parecem tão agradáveis!". Me assustei um pouco com a resposta do moço! Ele falou que ali não podia entrar, ali era lugar de gente bacana e não de pessoas como eu, trajando aquelas roupas. "No  nosso Natal, não entra pobre!". Continuou falando que eu não tinha condições nem de entrar ali e que, naquele hotel, dispunha de acomodações até com "quarto quádruplo com vistas para o mar".  E esta sua roupa horrível! A partir dali, me senti verdadeiramente humano. E ainda andei um bocado, mas sem encontrar guarida e lembrei que tinha falado para eles que todos são irmãos, são iguais. Imaginei que meus queridos filhos não queriam ser perturbados e compreendi. Caminhei um pouco mais e me deparei com uma linda casa, enorme, linda! Pude ouvir a alegria daquelas pessoas e pedi ao Senhor que atendia na entrada e ele, para meu espanto, falou que aquele local era um "Resort" e local de gente "Chique" relaxar e não entrava ninguém do meu jeito. Perguntei se estavam comemorando o  aniversário de alguém, de um tal Jesus. Falou que não e que estavam ali para entretenimento, alto astral, boa alimentação, nem falam no cara que deu sua própria vida por eles. Percebi que aquele trabalhador ficara triste e falou: "Quando eles passam na portaria, a maioria, me entrega o convite e nem aceitam os meus desejos de feliz natal. Fiquei imaginando, acreditando até que muita gente esqueceu que falei que todos os seres humanos são irmãos. Bem triste, resolvi voltar para meu pai, mas, de repente, alguém me chamou e  convidou para a sua ceia de natal. Logo percebi ser um morador de rua, tão humilde no vestir, no falar, mas tão rico no olhar. Vem moço, passou uns jovens aqui e deixou boa alimentação e brinquedos para as crianças. Recusei a comida, mas fiquei bom tempo com aquele bom homem. Quase chorava diante dele, mas me segurei quando falou estar comemorando aniversário de Jesus e lembrou que ele foi uma criança nascida nos fenos, dormia nas forragens para o gado. "Que maravilha se ele estivesse aqui!". Consolei-o afirmando que Jesus está perto de todas as criaturas. Agradecido, feliz por saber que alguém ainda lembra de mim, voltei ao meu pai, mas sem antes lhe fazer mais um pedido: "Pai, proteja dos perigos aqueles que estão comemorando este natal em ricos lugares. "Também os amo e muito!" "Por que me esqueceram?".  
(Texto de Amadeu Filho) - Imagem retirada da Internet