sexta-feira, 21 de julho de 2017

PAROARA- FUNDADOR DA 'VOZ DO NORTE" LEMBRA COM SAUDADES DO QUIXADÁ CHEIO DE PAZ E ALEGRIA


                         "Lá vem o locutor da Voz do Norte!". Estes diálogos eram bastante comuns, meados dos anos 60, quando funcionava à rua Tenente Cravo, o Serviço de Alto-Falantes " A Voz do Norte" e mostram a influencia destes meios de comunicação, à época, e a incrível popularidade de seus locutores. O conhecido Paroara, diretor e locutor daquele veículo de comunicação, então com 20 anos, conquistou muitos admiradores. Antônio Anastácio da Silva, seu nome de batismo, nasceu em Baturité, filho de José Anastácio da Silva, um dos 25 mil brasileiros que lutaram, durante sete meses na Itália e de Maria Martins da Silva. A principal voz da radiadora, por ter morado bom tempo no Pará, ficou conhecido como Paroara, denominação que mantém até os dias de hoje, nos seus programas na querida FM Central. Veio para Quixadá junto à toda família, aos 14 anos de idade. Paroara faz questão de citar nomes que os acolheram de forma carinhosa, como o Senhor João Bezerra que foi sempre um bom amigo. Com alguma dificuldade financeira, encontrou naquele homem, um espécie de amigo certo daquelas horas incertas da vida de todos nós. Paroara lembra, emotivo, o Senhor Francisco Enéas de Lima, que ele ainda hoje, guarda no lado esquerdo do peito. Simpático e atencioso com todos, o jovem ao chegar em Quixadá, foi conquistando a amizade e confiança de todos. Precisava trabalhar, para ajudar em casa, é claro! Primeiro trabalho, ajudante de caminhão do Senhor Josino.Em seguida, vieram outros trabalhos em postos de combustíveis, como do senhor Severino Pires. Trabalhou por muito tempo, no "Posto Bandeirantes", aonde fez grandes amizades.A grande paixão de Paroara, era, era não, sempre foi, o Rádio. Ouvia, até altas horas da madrugada, diversas emissoras, citando algumas como"Dragão do Mar", "Ceará Rádio Clube", "Vale do Jaguaribe". Ficava , quase enfeitiçado, ouvindo aquelas vozes e tentava imitá-las. Era o momento da explosão do movimento"Jovem Guarda" e adquiria aquelas revistinhas pra aprender as letras das canções. Chegou um momento em que decidiu"VOU MONTAR MINHA RADIADORA! CUSTE O QUE CUSTAR E IRÁ SE CHAMAR "A VOZ DO NORTE". Decisão tomada, partiu prá luta(quer dizer, prá montagem do equipamento. Comprou parte dele, no velho fiado(lembra com uma boa gargalhada). Contou com a valiosa colaboração do querido amigo, Chiquinho do Rádio e do Valmir. A documentação foi toda preparada pelo Senhor Edwardes Mendes. E assim, a "Voz do Norte" ganhou condições de operar, depois de meses de espera. Fez questão de que tudo funcionasse de uma forma correta. Estava chegando o grande dia da inauguração mas faltava ainda, ir a Fortaleza, vivíamos os tempos da Ditadura Militar e era(como era!) necessária, autorização do "Exército". Mas a autorização foi conseguida, sem problemas, apenas com a recomendação de vez por outra, executar algumas marchas militares. "Coloque lá, na sua radiadora, Avantes Camaradas!" "Não toque lá, seu moço, um tal de Geraldo, viu? "(Referia-se a Geraldo Wandré, aquele do "Prá Não Dizer Que Não Falei das Flores". Paroara, nem ouviu bem a recomendação e partiu pra estação João Felipe e no velho e bom trem(não era o das onze), se mandou para a terra da galinha choca.O estúdio foi montado num ponto comercial do Senhor Chico Padeiro. Com a ajuda de um amigo, levou quase o dia todo, subindo e descendo numa escada. E, finalmente, depois de tanta espera, tanta expectativa, nervosismo até, a "Voz do Norte" começou a sua programação, nos períodos da manhã e da noite. o grande sonho deste jovem intrépido foi realizado. Em pouco tempo, a radiadora começou a fazer parte da vida das pessoas da tenente Cravo e até de outras ruas mais distantes. Naquele tempo, Quixadá apresentava uma configuração urbana muito diferente de hoje. Era o tempo da "Jovem Guarda" e as vozes de Roberto, Jerry, Wanderley, Erasmo, Martinha , invadiam, perfumavam a rua de tanta felicidade.Só não podia tocar, "Quero que vá tudo pro Inferno", atendendo um pedido das senhoras que rezavam o terço. Mas constava da programação também, programas noticiosos e esportivos, além de campanhas beneficentes. A "Voz do Norte" também serviu de escola para futuros profissionais do microfone como Jonas Sousa(destacado radialista), Amadeu Filho, João Camurça(consagrado nome da crônica esportiva), Raimundo Sousa(único radialista quixadaense que entrevistou Pelé, no auge da carreira) e muitos outros.A "Voz do Norte" foi uma bela forma de entretenimento de nossa gente. Naquele momento, era a voz das pessoas, inclusive na solicitação de melhorias para a comunidade. Foi um som ainda hoje presente nos ouvidos de Anastácio e de muitos moradores da Tenente Cravo. Um som inesquecível, que embalou os sonhos de muita gente. Quanta gente não namorou, até casou, ouvindo José Roberto cantando "Não Presto mas te Amo" na programação da "Voz do Norte"? Quem não se lembra dos serviços de Alto-falantes de sua cidade? Hoje é uma saudade! Mas foram importantes( e como foram) no lazer das famílias e até na formação da cidadania. Paroara tem uma história muito bonita! Ama Quixadá! E lembra com saudades daquela cidade de paz e alegria! Por que ainda este cidadão de bem ainda não foi devidamente homenageado?