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Liquidificador antigo |
<>Todos nós temos a nossa parcela saudosista. Peço licença aos meus amigos para contar um pouco das minhas andanças do tempo de adolescente na praça Coronel Nanan. Sou feliz por ter nascido no passado e ter vivido tantas coisas e sem a violência presente nos dias de hoje. Sou do tempo em que ainda não se utilizava o liquidificador e nem se falava em bananada . As bananas eram amassadas com colher e em seguida, colocava-se o leite. Até os primeiros anos da década de 60, ainda não havia fornecimento de energia na terra dos monólitos durante o dia. Só a partir de 1963, passamos a dispor de energia das 6 até às 24 horas.
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Quixadaenses num passado inesquecível: Veinho é o último da esquerda(em pé) |
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Nilo:figura querida na terra dos monólitos |
Segundo o memorialista João Eudes Costa, o prefeito José Baquit encarregou o secretário de Energia, Dr. João Forte da Mota, mais o mecânico José Adolfo de viajarem até Campina Grande com o objetivo de adquirir um grupo gerador com a potência de 450 KVA. Mas, dois anos depois,chegou a luz de Paulo Afonso. O novo sistema de fornecimento de energia encheu de orgulho e felicidade os moradores da querida cidade. Já conhecia vitamina de banana , pois na viagem que fiz à Fortaleza com meu papai, ele nos levou até o abrigo Central e lá, saboreamos uma divina bananada. Assim, conhecemos um dos tipos populares mais conhecidos de Fortaleza, Pedão da Bananada, famoso torcedor do Ceará Sporting. Na verdade, com a chegada da energia, é claro, os velhos costumes foram sendo substituídos e com certeza também na forma de se alimentar. Certo é que em poucas casas tinha um liquidificador e ,então, o jeito era frequentar os locais onde se preparava a bananada, a nova coqueluche do pedaço. Era a grande novidade, um sucesso danado. Bendita energia de Paulo Afonso. Lembro que pedia a minha mãe para ir lá na praça Coronel Nanan, pois lá no comércio do Senhor Doca Tomé tinha liquidificador. Minha santa mãezinha, recomendava com uma moral cheia de ternura: "Não vá jogar sinuca não, tome tenência!" E num chique ferro de engomar ,à brasa, preparava minha inesquecível camisa "Volta ao Mundo" e ia, inocente e feliz, 14 anos, abençoada idade, saborear aaquela novidade alimentar. Mesmo adorando a vitamina de banana, jamais deixei de tomar o refresco preparado pelo Zé Pinto e, em especial, o de laranja, acompanhado de um pão que parecia ter sido preparado no céu. Até os dias atuais, não se sabe qual o segredo do preparo do refresco do Seu Zé Pinto. Tinha me esquecido que antes de ir lanchar e passear na praça, comprava brilhantina "Suspiro de Granada" no Zé Metero ou Pedrosa e passava no cabelo ali mesmo. Aí, pensava que era o Elvis presley ou o Alain Delon. Ali, pertinho, bodega da dona Santinha e Fátima. Doces figuras. ,E, mesmo com pouca idade, frequentava o bar do boa gente, Nilo Lopes, que tratava todos com muita ternura. Que saudade, estimados amigos! Era uma grande alegria para nós adolescentes dos anos 60, sair de casa. Havia uma vigilância dobrada por parte dos pais. Passeio era uma festa para a galera daqueles anos. Saia do sítio das Lilinhas(hoje, bairro Baviera) e antes ir no Doca Tomé, passava em vários locais e ficávamos à vontade pois todo mundo conhecia todo mundo. No local onde ,atualmente, localiza-se à biblioteca municipal, funcionava uma pensão e passava por lá, pois tinha amigos ali. Gostava muito da família do Luís Paraíba e passava por lá para tomar um café muito gostoso e toda gente ali daquela casa, era muito atenciosos. O Viana Vieira, filho de Seu Luis, adolescente como eu, era um companheiro das primeiras paqueras. Lembro da simpatia de Luis Bombeiro, sempre muito atencioso com todos. Era uma vila de casas e jamais esqueço das gostosas conversas do velho Cambé que conhecia o passado de Quixadá como poucos. Ainda tenho na memória que pegava garrafas pela rua para vender aos Senhores Antônio e Manuel Monteiro que compravam vidros, couros e outras coisas. Pegava todo o apurado da venda e entregava nas mãos da querida Nina que vendia ingressos para os filmes no Cine Yara. Queria me encontrar com a primeira namorada que era a Jane dos filmes do Tarzan interpretada pela Brenda Joyce. Era amigo de todo aquele pessoal que trabalhava no cinema como Zé Adolfo(proprietário), Dedé Sousa, Chico Nascimento, Pedro Nunes, Luis Marinho e todos os outros. Ficava sentado no chão, assistindo o filme na geral(ingresso mais barato) para ficar bem perto da tela. Disputava a Jane com outros adolescentes como os meu primos Jonas Sousa, Raimundo Souza, Francisco Calhambrey e outros caras da cidade. Nas minhas voltas por aquela praça achava bem legal um mecânico dando verdadeiro show no concerto de todo tipo de carro. Era o senhor Furtado que deixava novinho as kombis, gordines, fuscas ou caminhão Chevrolet que aparecesse por ali. Gostava de passar no escritório da fábrica de algodão e conversar com o senhor Aziz Baquit(me chamava de meu jovem) que sempre lembrava o fato de ter sido aluno da minha tia, a professora Baviera Carvalho no Jardim da Infância do Colégio das Irmãs. Conversava muito com o Murilo e, às vezes, com o Papinha. Quando estava na companhia de mamãe, das tias, Maria, Maura, Elba e Robéria, passava na casa de alguns conhecidos e muito amigos,como por exemplo, o lindo casal Hercílio Bezerra e Laura. Ficávamos na calçada ouvindo a radiadora de Adolfo Lopes e aí a simpática filha do casal, Graça, falava "Adolfo está apaixonado!" As minhas irmãs Cecê e Corrinha na companhia da Teresa, curtiam as revistas "Ilusão", e "Capricho". Vizinho, morava o senhor- Turbay e tinha inveja daquela grande casa, pois falavam que de lá dava para assistir os filmes do Cine Yara. Naquele tempo, já gostava muito de música e recordo que o Sebastião dos caminhões colocava músicas do Nelson Gonçalves para gente ouvir, mas eu queria mesmo era escutar Cely Campello, Tony ou o Elvis Presley. Mesmo sem nenhuma grana, gostava de passar na bodega do Senhor Apolinário. Ele, sempre legal, me entregava uma garrafa do refrigerante Crush e falava que depois papai pagava. Passava na ourivesaria do Zé Belisário e ficava admirando aqueles relógios tão bonitos. E naquela praça, muitos tipos populares como o "Veinho" que se fazia passar por Getúlio Vargas e lá do coreto, discursava, gesticulando muito. Lembro do Pedro Paraíba que dava uma de Vicente Celestino e muita gente se emocionava quando ele cantava "O Ébrio". Lembro demais que um amigo(não lembro o nome) levava para a praça uma radiola "Philips" comprada na loja da querida Zélia e ouvíamos disco e imitávamos os artistas: Eu era o Chubby Checker e me amostrava ao som de "L'ets Twist Again". Ás vezes, muita correria na praça e o pessoal gritava "Lá vem o Pedro Doido!" Quando somos novinhos, não temos vergonha de ser feliz e eu dançava na frente da banda quando tocava um lindo dobrado e ficava admirando a perfomance do maestro Benício. Recordação é muita saudade que nunca esqueceremos. Pergunto a vocês, meus amigos: Será que o tempo bom não vem Mais? Por favor, amigos, imploro! Digam que virá, pelo amor de Deus! Por favor! Quero ser feliz como era naqueles anos. Ou será que tenho que aceitar a realidade de que o tempo bom ficou mesmo para trás.
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Maestro Benício à frente da Banda de música |
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Lamparina não sai de minhas lembranças |
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O lindo casal: Hercílio e Laura |
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velho ferro de engomar |
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