quarta-feira, 25 de setembro de 2019

MEUS JOVENS ANOS: NA PRAÇA CORONEL NANAN GASTEI GRANDE PARTE DE MEUS VERDES ANOS



Liquidificador antigo
<>Todos nós temos a nossa parcela saudosista. Peço licença aos meus amigos para contar um pouco das minhas andanças do tempo de adolescente na praça Coronel Nanan.  Sou feliz por ter nascido no passado e ter vivido tantas coisas e sem a violência presente nos dias de hoje. Sou do tempo em que ainda não se utilizava o liquidificador e nem se falava em bananada . As bananas eram amassadas com colher e em seguida, colocava-se o leite. Até os primeiros anos da década de 60,  ainda não havia fornecimento de energia na terra dos monólitos durante o dia. Só a partir de 1963, passamos a dispor de energia das 6 até às 24 horas.
Quixadaenses num passado inesquecível: Veinho é o último da esquerda(em pé)

Nilo:figura querida na terra dos monólitos
Segundo o memorialista João Eudes Costa, o prefeito José Baquit encarregou o secretário de Energia, Dr. João Forte da Mota, mais o mecânico José Adolfo de viajarem até Campina Grande com o objetivo de adquirir um grupo gerador com a potência de 450 KVA. Mas, dois anos depois,chegou a luz de Paulo Afonso. O novo sistema de fornecimento de energia encheu de orgulho e felicidade os moradores da querida cidade. Já conhecia vitamina de banana , pois na viagem que fiz à Fortaleza com meu papai, ele nos levou até o abrigo Central e lá, saboreamos uma divina bananada. Assim, conhecemos um dos tipos populares mais conhecidos de Fortaleza, Pedão da Bananada, famoso torcedor do Ceará Sporting. Na verdade, com a chegada da energia, é claro, os velhos costumes foram sendo substituídos e com certeza também na forma de se alimentar. Certo é que em poucas casas tinha um liquidificador e ,então, o jeito era frequentar os locais onde se preparava a bananada, a nova coqueluche do pedaço.  Era a grande novidade,  um sucesso danado. Bendita energia de Paulo Afonso. Lembro que pedia a minha mãe para ir lá na praça Coronel Nanan, pois lá no comércio do Senhor Doca Tomé tinha liquidificador. Minha santa mãezinha, recomendava com uma moral cheia de ternura: "Não vá jogar sinuca não, tome tenência!" E num chique ferro de engomar ,à brasa, preparava minha inesquecível camisa "Volta ao Mundo" e ia, inocente e feliz, 14 anos, abençoada idade, saborear aaquela novidade alimentar. Mesmo adorando a  vitamina de banana, jamais deixei de tomar o refresco preparado pelo Zé Pinto e, em especial, o de laranja, acompanhado de um pão que parecia ter sido preparado no céu. Até os dias atuais, não se sabe qual o segredo do preparo do refresco do Seu Zé Pinto. Tinha me esquecido que antes de ir lanchar e passear na praça, comprava brilhantina "Suspiro de Granada" no Zé Metero ou Pedrosa e passava no cabelo ali mesmo. Aí, pensava que era o Elvis presley ou o Alain Delon. Ali, pertinho,  bodega da dona Santinha e Fátima. Doces figuras. ,E, mesmo com pouca idade, frequentava o bar do boa gente, Nilo Lopes, que tratava todos com muita ternura.  Que saudade, estimados amigos! Era uma grande alegria para nós adolescentes dos anos 60, sair de casa. Havia uma vigilância dobrada por parte dos pais. Passeio era uma festa para a galera daqueles anos. Saia do sítio das Lilinhas(hoje, bairro Baviera) e antes ir  no Doca Tomé, passava em vários locais e ficávamos à vontade pois todo mundo conhecia todo mundo. No local onde ,atualmente, localiza-se à biblioteca municipal, funcionava uma pensão e passava por lá, pois tinha amigos ali.  Gostava muito da família do Luís Paraíba e passava por lá para tomar um café muito gostoso e toda gente ali daquela casa, era muito atenciosos. O Viana Vieira, filho de Seu Luis, adolescente como eu, era um companheiro das primeiras paqueras. Lembro da simpatia de Luis Bombeiro, sempre muito atencioso com todos. Era uma vila de casas e jamais esqueço das gostosas conversas do velho Cambé que conhecia o passado de Quixadá como poucos. Ainda tenho na memória que pegava garrafas pela rua para vender aos Senhores Antônio e Manuel Monteiro que compravam vidros, couros e outras coisas. Pegava todo o apurado da venda e entregava nas mãos da querida Nina que vendia ingressos para os filmes no Cine Yara. Queria me encontrar com a primeira namorada que era a Jane dos filmes do Tarzan interpretada pela Brenda Joyce. Era amigo de todo aquele pessoal que trabalhava no cinema como Zé Adolfo(proprietário), Dedé Sousa, Chico Nascimento, Pedro Nunes, Luis Marinho e todos os outros. Ficava sentado no chão, assistindo o filme na geral(ingresso mais barato) para ficar bem perto da tela. Disputava a Jane com outros adolescentes como os meu primos Jonas Sousa, Raimundo Souza, Francisco Calhambrey e outros caras da cidade. Nas minhas voltas por aquela praça achava bem legal um mecânico dando verdadeiro show no concerto de todo tipo de carro. Era o senhor Furtado que deixava novinho as kombis, gordines, fuscas ou caminhão Chevrolet que aparecesse por ali. Gostava de passar no escritório da fábrica de algodão e conversar com o senhor Aziz Baquit(me chamava de meu jovem) que sempre lembrava o fato de ter sido aluno da minha tia, a professora Baviera Carvalho no Jardim da Infância do Colégio das Irmãs. Conversava muito com o Murilo e, às vezes, com o Papinha. Quando estava na companhia de mamãe, das tias, Maria, Maura, Elba e Robéria, passava na casa de alguns conhecidos e muito amigos,como por exemplo, o lindo casal Hercílio Bezerra e Laura. Ficávamos na calçada ouvindo a radiadora de Adolfo Lopes e aí a simpática filha do casal, Graça, falava "Adolfo está apaixonado!" As minhas irmãs Cecê e Corrinha na companhia da Teresa, curtiam as revistas "Ilusão", e "Capricho". Vizinho, morava o senhor- Turbay e tinha inveja daquela grande casa, pois falavam que de lá dava para assistir os filmes do Cine Yara. Naquele tempo, já gostava muito de música e recordo que o Sebastião dos caminhões colocava músicas do Nelson Gonçalves para gente ouvir, mas eu queria mesmo era escutar Cely Campello, Tony ou o Elvis Presley. Mesmo sem  nenhuma grana, gostava de passar na bodega do Senhor Apolinário. Ele, sempre legal, me entregava uma garrafa do refrigerante Crush e falava que depois papai pagava. Passava na ourivesaria do Zé Belisário e ficava admirando aqueles relógios tão bonitos. E naquela praça, muitos tipos populares como o "Veinho" que se fazia passar por Getúlio Vargas e lá do coreto, discursava, gesticulando muito. Lembro do Pedro Paraíba que dava uma de Vicente Celestino e muita gente se emocionava quando ele cantava "O Ébrio". Lembro demais que um amigo(não lembro o nome) levava para a praça uma radiola "Philips" comprada na loja da querida Zélia e ouvíamos disco e imitávamos os artistas: Eu era o Chubby Checker e me amostrava ao som de "L'ets Twist Again".  Ás vezes, muita correria na praça e o pessoal gritava "Lá vem o Pedro Doido!" Quando somos novinhos, não temos vergonha de ser feliz e eu dançava na frente da banda quando tocava um lindo dobrado e ficava admirando a perfomance do maestro Benício. Recordação é muita saudade que nunca esqueceremos. Pergunto a vocês, meus amigos: Será que o tempo bom não vem Mais? Por favor, amigos, imploro! Digam que virá, pelo amor de Deus! Por favor! Quero ser feliz como era naqueles anos. Ou será que tenho que aceitar a realidade de que o tempo bom ficou mesmo para trás.
Maestro Benício à frente da Banda de música
Lamparina não sai de minhas lembranças
O lindo casal: Hercílio e Laura

velho ferro de engomar
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sexta-feira, 20 de setembro de 2019

<>QUIXADAENSE FAZ UMA FANTÁSTICA VIAGEM ATÉ A IDADE MÉDIA

Aqueles instrumentos medievais faziam me lembrar os músicos da terra dos monólitos
<>Realizei a mais fantástica, a mais empolgante das viagens e, com certeza, inesquecível. Foi, na verdade, estimados amigos, uma viagem no tempo. Não sei dizer que ano estive ali e só sei que este período durou mais de l mil anos. Jamais puderia imaginar que um simples vivente tivesse este privilégio! Um quixadaense na Idade Média! Não sei explicar, mas aconteceu! Estive na Idade Média! Sem entender o que acontecia, pude ver e bem assustado, passar pertinho de mim, cavaleiros, senhores feudais, condes, duques, boçais senhores feudais que não olhavam para ninguém e parecia que todos ali o adulavam. Como em todo canto, vi gente simples como os camponeses, artesãos. Vi muita gente trabalhando na agricultura, muitos carros de bois. A religião não me causou estranheza pois só dava católico naquele espaço. Vi e fiquei muito impressionado com castelos, modernas pontes, lindas catedrais. Vi também coisas feias como muita gente morrendo por causa da peste negra, bubônica. Me desculpem, amigos meus, que são cultos mas não achei aquilo ali "Idade das Trevas", não,  de jeito nenhum. Vi muita arte, sobretudo na Arquitetura e Literatura. Não gostei nem pouco mas presenciei crianças de 12 anos trabalhando duro na agricultura e revoltante, quem ficava com tudo era o Senhor Feudal. Já que estava vivendo este momento único, viajando num tempo que não era meu, quis conhecer e ia pedir um autógrafo a Tomás de Aquino e Agostinho de Hipona mas, não foi possível. Eles  eram muito requisitados e respeitados e nem todos se aproximavam. Agostinho, um doutor da igreja, muita pretensão minha, não é amigos? Desde pequeno meu querido pai me contava maravilhas do rei Arthur e tinha a maior vontade do mundo de conhecer mas qual foi minha grande surpresa quando pude sentir que por ali ninguém sabia de sua existência.  Foi aí que recordei que, certa vez, o professor Hill Holanda me falou numa das salas de aula do Colégio Estadual que o rei Arthur era um personagem literário. Confesso que não me alimentava muito bem, pois só me ofereciam pão e poucas vezes, sopas. Viche Maria, que povo prá gostar de pão! Me lembre dos pães da Padaria Estrela do português Manuelzinho. Tive que entrar na onda e comer com as mãos mesmo. Tinha um alimento parecido com pastel que gostei muito mas não sabia do nome. Só sei que lembrei dos pastéis preparados por Luisa Lopes, a esposa querida do mestre Adolfo Lopes. Não havia água encanada mas  confortava o fato de lá não existir a "Cagece" para infernizar a vida daquela gente. Mas, sabia-se se a água era propícia para consumo ou não. Fiquei encabulado mas era o jeito, fazer o que?  É que os banhos, na maioria das vezes, eram coletivos, sim Senhor. Senti saudades da minha linda cidade ao presenciar a presença de muitos animais pelas ruas. Pensei que estava na praça Coronel Nanan. Uma cachorra me levou as lágrimas pois lembrei da minha amiga Linda que, com certeza, está com saudades de mim. Vou contar uma coisa prá vocês, pois vi com esses olhos. Vi e muitas vezes, gente jogando urina e fezes no meio da rua. Não sou médico mas acho que era por isso que muita gente ali nem chegava nos trinta e poucos anos. Lembrei então que no meu Brasil, meu doce amado, muitos dejetos são jogados diretamente na natureza nos dias de hoje. Os rios eram bonitos mas o visual da água muito suja me entristecia e então, lembrei desolado do nosso rio Sitiá que ficou só na saudade.  Nos poucos dias que passei na cidade de Siena, não me acostumava com aquela escuridão da noite, mas faziam fogueiras em vários espaços. De qualquer foma, era um consolo saber que a "ENEL"  não existia em parte nenhuma.  Fiquei encantado com uma linda camponesa que parecia com a atriz Catherine Deneuve naquele filme "A Bela da Tarde" mas, um senhor de idade me fez entender que nem pensasse no assunto, pois era tudo proibido e a Igreja Católica era quem comandava isso. Me lembrei, então, das censuras, proibições que acontecem no Brasil da atualidade. Nesta minha incrível viagem pelo tempo, pude matar as saudades das músicas de Chico, Roberto, Luiz Gonzaga, Amado Batista. É que tinha música no meio da rua e eu não ia as igrejas para ouvir os monges cantarem. Nesses locais, só canto religioso ao passo que em outros espaços rolava as cantigas que falavam de sofrência, decepções amorosas. Me veio a lembrança das serestas do Juninho Quixadá, do Tony Remelexo ou do Django. Nos grupos musicais não tinha a guitarra tocada pelo Mavi ou o violão do Vinicius mas tinha um cara dando verdadeiro show na Cítola que era um instrumento de 4 cordas, tocado com os dedos. O angelical som da harpa me fazia pensar estar ouvindo a beleza de melodia executada pelo talentoso Evandro dos teclados. O som da rebeca me trazia saudade dos vídeos de André Rieu que curtia no "You tube". Tinha um gordinho tocando flauta com muita categoria que me fez lembrar de Benedito Lacerda. Vez por outra, aparecia um cara com um negócio esquisito na boca dando informações sobre às ordens dos senhores feudais. Pensava ser o jornal radiofônico apresentado pelo Jonas, Wanderley ou Herley Nunes. Observava com muita atenção um cara barbudo que ficava quase todo o tempo olhando pro sol, talvez, querendo saber das horas. Confesso ter sentido muita saudades do Almeidinha que ficava repetindo as horas todo o tempo.  Vi e falo para vocês, diletos amigos, que aquela gente se divertia também. Não esqueço de um torneio que assisti em que cavaleiros armados se enfrentavam entre si e com torcida. Parecia o "clássico rei" quando jogam o time do Ceará contra o Fortaleza. Só que, algumas vezes, jogadores(cavaleiros, quero dizer) saiam feridos ou até mortos. Tinha chefes de torcida, sim. Tinha um deles, vibrador até demais e que lembrava o Guaracy Fernandes, o rei da galera, nos dias de jogos do canarinho do sertão. Mas, como nada neste mundo é eterno, essa fantástica viagem também teria seu final. Iria realizar um grande sonho que era conhecer Guido D'Arezzo, aquele que foi o responsável pela atual pauta musical e designou as notas DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, SI.  Ele estava num mosteiro bem próximo e meu amigo local o conhecia e iria me levar até ele. Meu coração dava pinote  dentro do peito de tanta alegria. Seria o único cara desse mundo  à conhecer um verdadeiro gênio. Mas, eis que, de repente, alguém lambe meu rosto querendo avisar que já era 5 da manhã. Era a minha doce cachorra Linda. É, FOI TUDO UM SONHO, MEUS DILETOS AMIGOS! 









Aquele som das flautas faziam me lembra da melodia de Benedito Lacerda








guido d'arezzo

<>Imagens retiradas da Internet<>

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