Aqueles instrumentos medievais faziam me lembrar os músicos da terra dos monólitos |
<>Realizei a mais fantástica, a mais empolgante das viagens e, com certeza, inesquecível. Foi, na verdade, estimados amigos, uma viagem no tempo. Não sei dizer que ano estive ali e só sei que este período durou mais de l mil anos. Jamais puderia imaginar que um simples vivente tivesse este privilégio! Um quixadaense na Idade Média! Não sei explicar, mas aconteceu! Estive na Idade Média! Sem entender o que acontecia, pude ver e bem assustado, passar pertinho de mim, cavaleiros, senhores feudais, condes, duques, boçais senhores feudais que não olhavam para ninguém e parecia que todos ali o adulavam. Como em todo canto, vi gente simples como os camponeses, artesãos. Vi muita gente trabalhando na agricultura, muitos carros de bois. A religião não me causou estranheza pois só dava católico naquele espaço. Vi e fiquei muito impressionado com castelos, modernas pontes, lindas catedrais. Vi também coisas feias como muita gente morrendo por causa da peste negra, bubônica. Me desculpem, amigos meus, que são cultos mas não achei aquilo ali "Idade das Trevas", não, de jeito nenhum. Vi muita arte, sobretudo na Arquitetura e Literatura. Não gostei nem pouco mas presenciei crianças de 12 anos trabalhando duro na agricultura e revoltante, quem ficava com tudo era o Senhor Feudal. Já que estava vivendo este momento único, viajando num tempo que não era meu, quis conhecer e ia pedir um autógrafo a Tomás de Aquino e Agostinho de Hipona mas, não foi possível. Eles eram muito requisitados e respeitados e nem todos se aproximavam. Agostinho, um doutor da igreja, muita pretensão minha, não é amigos? Desde pequeno meu querido pai me contava maravilhas do rei Arthur e tinha a maior vontade do mundo de conhecer mas qual foi minha grande surpresa quando pude sentir que por ali ninguém sabia de sua existência. Foi aí que recordei que, certa vez, o professor Hill Holanda me falou numa das salas de aula do Colégio Estadual que o rei Arthur era um personagem literário. Confesso que não me alimentava muito bem, pois só me ofereciam pão e poucas vezes, sopas. Viche Maria, que povo prá gostar de pão! Me lembre dos pães da Padaria Estrela do português Manuelzinho. Tive que entrar na onda e comer com as mãos mesmo. Tinha um alimento parecido com pastel que gostei muito mas não sabia do nome. Só sei que lembrei dos pastéis preparados por Luisa Lopes, a esposa querida do mestre Adolfo Lopes. Não havia água encanada mas confortava o fato de lá não existir a "Cagece" para infernizar a vida daquela gente. Mas, sabia-se se a água era propícia para consumo ou não. Fiquei encabulado mas era o jeito, fazer o que? É que os banhos, na maioria das vezes, eram coletivos, sim Senhor. Senti saudades da minha linda cidade ao presenciar a presença de muitos animais pelas ruas. Pensei que estava na praça Coronel Nanan. Uma cachorra me levou as lágrimas pois lembrei da minha amiga Linda que, com certeza, está com saudades de mim. Vou contar uma coisa prá vocês, pois vi com esses olhos. Vi e muitas vezes, gente jogando urina e fezes no meio da rua. Não sou médico mas acho que era por isso que muita gente ali nem chegava nos trinta e poucos anos. Lembrei então que no meu Brasil, meu doce amado, muitos dejetos são jogados diretamente na natureza nos dias de hoje. Os rios eram bonitos mas o visual da água muito suja me entristecia e então, lembrei desolado do nosso rio Sitiá que ficou só na saudade. Nos poucos dias que passei na cidade de Siena, não me acostumava com aquela escuridão da noite, mas faziam fogueiras em vários espaços. De qualquer foma, era um consolo saber que a "ENEL" não existia em parte nenhuma. Fiquei encantado com uma linda camponesa que parecia com a atriz Catherine Deneuve naquele filme "A Bela da Tarde" mas, um senhor de idade me fez entender que nem pensasse no assunto, pois era tudo proibido e a Igreja Católica era quem comandava isso. Me lembrei, então, das censuras, proibições que acontecem no Brasil da atualidade. Nesta minha incrível viagem pelo tempo, pude matar as saudades das músicas de Chico, Roberto, Luiz Gonzaga, Amado Batista. É que tinha música no meio da rua e eu não ia as igrejas para ouvir os monges cantarem. Nesses locais, só canto religioso ao passo que em outros espaços rolava as cantigas que falavam de sofrência, decepções amorosas. Me veio a lembrança das serestas do Juninho Quixadá, do Tony Remelexo ou do Django. Nos grupos musicais não tinha a guitarra tocada pelo Mavi ou o violão do Vinicius mas tinha um cara dando verdadeiro show na Cítola que era um instrumento de 4 cordas, tocado com os dedos. O angelical som da harpa me fazia pensar estar ouvindo a beleza de melodia executada pelo talentoso Evandro dos teclados. O som da rebeca me trazia saudade dos vídeos de André Rieu que curtia no "You tube". Tinha um gordinho tocando flauta com muita categoria que me fez lembrar de Benedito Lacerda. Vez por outra, aparecia um cara com um negócio esquisito na boca dando informações sobre às ordens dos senhores feudais. Pensava ser o jornal radiofônico apresentado pelo Jonas, Wanderley ou Herley Nunes. Observava com muita atenção um cara barbudo que ficava quase todo o tempo olhando pro sol, talvez, querendo saber das horas. Confesso ter sentido muita saudades do Almeidinha que ficava repetindo as horas todo o tempo. Vi e falo para vocês, diletos amigos, que aquela gente se divertia também. Não esqueço de um torneio que assisti em que cavaleiros armados se enfrentavam entre si e com torcida. Parecia o "clássico rei" quando jogam o time do Ceará contra o Fortaleza. Só que, algumas vezes, jogadores(cavaleiros, quero dizer) saiam feridos ou até mortos. Tinha chefes de torcida, sim. Tinha um deles, vibrador até demais e que lembrava o Guaracy Fernandes, o rei da galera, nos dias de jogos do canarinho do sertão. Mas, como nada neste mundo é eterno, essa fantástica viagem também teria seu final. Iria realizar um grande sonho que era conhecer Guido D'Arezzo, aquele que foi o responsável pela atual pauta musical e designou as notas DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, SI. Ele estava num mosteiro bem próximo e meu amigo local o conhecia e iria me levar até ele. Meu coração dava pinote dentro do peito de tanta alegria. Seria o único cara desse mundo à conhecer um verdadeiro gênio. Mas, eis que, de repente, alguém lambe meu rosto querendo avisar que já era 5 da manhã. Era a minha doce cachorra Linda. É, FOI TUDO UM SONHO, MEUS DILETOS AMIGOS!
Aquele som das flautas faziam me lembra da melodia de Benedito Lacerda |
guido d'arezzo |
<>Imagens retiradas da Internet<>
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