sexta-feira, 10 de maio de 2013
<><>GENTE ASSIM COMO A GENTE -- "Olha a banana! Nanica, da terra, ouro, maçã, prata! Tem laranja- lima, laranja da baía! "Quem vai querer milho, aqui tem para vender". Quem passa pela rua Epitácio Pessoa, nas proximidades da estação férrea, se depara com um Senhor muito simpático, 83 anos, sentado em um caixão, os produtos da venda sobre um lençol ou folhas de jornais velhos. Neste local, há mais de 30 anos, junto com os filhos, em nome da sobrevivência, Geraldo Sousa Lino é um vendedor de frutas, atividade a que sempre se dedicou, sempre com muito esforço e dedicação. Ele revela que trabalhou muitos anos com Manuel Januário, até o falecimento deste, com quem muito aprendeu.
Seu Geraldo, é natural da "princesinha da serra", Pacoti, cidade localizada no cinturão verde do maciço de Baturité. Veio para Quixadá, no ano de 1955, no velho trem, vagões puxados pela Maria Fumaça, aquela locomotiva alimentada por carvão ou lenha. " Nas curvas, ficava admirando aquela beleza, tanta fumaça", diz emocionado. Trabalhador, honesto, logo se enturmou e fez muitas amizades. E logo começou a trabalhar no que realmente gosta, ou seja, vender frutas. Com a morte de Manuel Januário, passou a trabalhar por conta própria, montando sua banquinha, contando com a ajuda dos filhos. Apesar da falta de estrutura, a banca de seu Geraldo é uma das mais visitadas pois ele sempre procura vender produtos novos. Cedo da madrugada, vai aos sítios, fazendas, comprar os produtos. O Senhor Carlos Augusto, 66, aposentado, diz que é "difícil passar por aquele local e não comprar alguma coisa. Compro muito milho a ele, é tudo muito natural. E seu Geraldo é gente muito fina e os meninos também". O simpático vendedor diz que alguns chiam com relação ao preço mas com uma boa conversa, já mandam ensacolar os produtos.
Casado com a Senhora Maria José(Mocinha), é pai amável de Elivan, Neguinho, Elenilda, Eliane, Eliete, Eliene. "É pela família que ainda hoje, divido minha atividade entre lucros e algumas decepções". O segredo do negócio, segundo Geraldo é o respeito ao comprador. Atendendo bem, ele sempre volta. Com relação aos que querem pendurar o valor das compras tem um remédio infalível: "Fiado só amanhã!" E tem deles que voltam e dou a mesma receita(risos).
O nome de Geraldo não está presente nos livro de nossa história, não é conhecido na Universidade mas a sua presença, exercendo há muitos anos a profissão de vendedor de frutas, é sim, quer queiram ou não, um personagem de nossa História. Ela também é feita de pessoas simples. Este vendedor é possuidor de um riquíssimo conteúdo interno, imperceptível na maioria das pessoas, sempre endeusando o exterior, valorizando o que não tem nenhum valor. Os mais velhos afirmam com muita sabedoria( e não é besteira como alguns querem) que " O melhor livro é o da vida". Esta matéria é dedicada aos compradores da banquinha de seu Geraldo(muitos pediram) e aqueles que, mesmo sem comprarem, ficam admirando aquela figura possuidora de uma beleza ímpar. Sobre essa questão do saber, nosso herói encerra a conversa com "Olha seu Amadeu, quanto menos sabemos, mais somos felizes!" Agora, me deixe trabalhar, tenho compromissos a cumprir. Tá certo, seu Geraldo, o Senhor é quem manda!