<>Será que existe um crime maior, algo tão abominável neste mundo de meu Deus do que tirar o pão de crianças famintas e também adultas? Há informações de que prefeitos deste Brasil varonil fizeram(e fazem) esta maldade. Tem até notícias de que primeiras damas estariam vendendo merenda das crianças e comprando ração para seus cachorros. Lindo, não? Para elas, claro! Tirar alimento da boca daqueles que realmente precisam é puro banditismo. Todos nós ficamos chocados com essas informações. Sempre tive muita curiosidade para saber se ,comprovadamente, nossa bela Quixadá já teve algum prefeito desse jeito, alguém que meteu o chicote no lombo das pessoas sofridas. Quem foi, meu Deus? Que prefeito foi este que envergonhou nossa historia. Nestes momentos de aflição cultural recorro ao nosso mestre que sempre está pronto a nos socorrer. Quem é ele? Ora, ora, claro que é o Mestre joão Eudes Costa, incansável divulgador de nossa memória. Eudes percebeu de cara que estava precisando de uma informação e que informação! É porque há necessidade da veracidade dos fatos e ele só realiza seu trabalho de historiador com respaldo documental. Vencida a habitual timidez, perguntei ao mestre: Quixadá já teve prefeito que tirou o pão da boca de pessoas famintas? Com a segurança de sempre mas com indignação respondeu: "Teve sim Senhor!" Com ar de seriedade prestei muita atenção no que ele informou. Eudes relatou que até crianças morreram por causa deste prefeito corrupto. Ainda bem que teve um padre cabra macho que fez a denúncia e não temeu as consequências. Pelo amor de Jesus, diga logo, amigo João, quem foi este cara que merecia uma pena sem igual. Diga logo, nós o conhecemos? Foi recente? O Mestre percebendo meu nervosismo, disparou um míssil histórico: Laurentino Belmonte de Queiroz, nosso primeiro prefeito que governou de 1871 a 1873. Onde, diabos(desculpem falar no capeta) o Mestre obteve essas informações? O memorialista falou que teve acesso a registros de óbitos lavrados no livro número 1 da paróquia que consta terem morrido crianças de fome e também adultos. João teve acesso aos registros de óbitos dos inocentes Raimundo e Sabina que morreram pela falta do alimento. Foi o Pe. João Sacalígero Augusto Maravalho(assumiu a paróquia em 1873) que fez a denúncia a "Comissão de Socorro" de que as mercadorias que chegavam a Quixadá para suprir as necessidades dos flagelados da seca estavam sendo desviadas pelo prefeito. Como se vê, não é só hoje que isso ocorre, não é gente? O padre deixou registrado todos esses fatos verídicos na comissão de Socorro. Laurentino, eita, consumia, vendia e dividia entre si os gênero alimentícios desviados. Pe. João ficou tão decepcionado que foi embora alegando que não se sentia bem ficar numa localidade onde as autoridades eram desonestas. Terminada a grande aula do mestre, ele percebeu que eu estava satisfeito mas falou que percebeu alguma tristeza neste seu admirador. Falei que quantos raimundos, quantas sabinas ainda morrem neste país por conta de autoridades que tiram o pão da boca de crianças e de outras pessoas sofridas. É motivo de indignação também o fato de esposas de prefeitos por este Brasiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiil trocarem o alimento de crianças por outros produtos e levarem para seus ricos lares, uísques e, pasmem, ração para cachorros. Lembrei do meu avô que teve vida longa quando afirmava que os homens do passado eram homens de caráter, de vergonha. Não é bem assim não, viu vovozinho! Nos velhos tempos já tinha cabra safado.
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Memorialista João Eudes Costa |
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Vítimas da seca |
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Eu e o mestre Eudes |
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