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Luiz e seu amado carrinho de pipoca |
<>Das doces lembranças que guardamos da infância uma das mais presentes é a imagem daquele carrinho de pipoca que olhávamos arregalados escutando o barulhinho de milho estourando. Naqueles verdes anos sempre nos esbaldávamos de brincar de bolas de meia, piões, baleeiras, amarelinha, esconde-esconde, petecas, mas sem a presença do carrinho de pipoca era uma infância sem poesia. Felizmente, alguns guerreiros resistem e mantém viva esta tradição e encantam as crianças de hoje. Podemos encontrá-los, em pequeno número, é verdade, nas praças da Catedral, José de Barros e em outros locais da cidade. Dentre esses heróis da resistência, podemos destacar o simpático vendedor ambulante Luís Pinto Bezerra, chamado por todos, em especial pelas crianças, de Luís Pipoqueiro e que desde 1981 exerce com orgulho e alegria este honroso trabalho. Foi uma opção que encontrou para ter sua renda e cuidar de sua querida família. Sabia que a pipoca tem admiradores em muitos lugares como nas praças, cinema, parques de diversões, eventos esportivos e religiosos. Com o dinheiro que havia recebido dos trabalhos executados anteriormente comprou o tão sonhado carrinho ao senhor Paulo Afonso. A primeira panela(o pipoqueiro nunca esquece) foi comprada no comércio do senhor Eliezer Firmino e os outros produtos como bombons, saquinhos, foram adquiridos no Novinho e na dona Judite. Todos esses detalhes são contados por Luís com muita emoção, afinal, ser pipoqueiro é a grande paixão de sua vida. Jamais esqueceu o primeiro dia de trabalho e depois da oração da tardinha, partiu rumo a praça da Catedral, onde já trabalhavam há algum tempo, o professor de todos os pipoqueiros, senhor Juvenal, de quem se tornaria grande amigo e Seu Zé do Alto e Pedrinho. Faz questão de lembrar o fato de que quando as vendas eram maiores e algum produto chegasse a faltar em algum de nossos carrinhos, nos ajudávamos e socorríamos uns aos outros. Antes de exercer o atual trabalho, ali pelos anos anos 70(século passado), trabalhou durante algum tempo em Fortaleza no Canecão e , claro, ganhou bastante experiência tornando possível trabalhar em diversas atividades. A partir de 1974, passou a trabalhar no Posto Bandeirantes e lá permanecendo por cinco anos. Tornou-se um funcionário da confiança de Sebastião Holanda Pinto e garante ter encontrado não apenas um patrão, mas um amigo que nunca lhe faltou quando dele precisou. Tanto é verdade que lembra ter recebido com tristeza a notícia do falecimento do conhecido empreendedor quixadaense que aconteceu em 16.03.1988. Depois, foi trabalhar na borracharia do seu irmão Chico Pinto, um irmão muito querido e que sempre lhe deu forças para enfrentar a difícil rotina que é próprio das famílias simples. Os natais em Quixadá naqueles anos 80, eram muitos divertidos e Luís montava neste período a sua barraca, próximo ao parque do seu Pedro, o inesquecível Parque Brasil. Nos dias atuais, é possível encontrá-lo com mais frequência na praça José de Barros e sua presença é uma alegria para as crianças e os de mais idade, pois seu carrinho transmite uma linda paz e por algum tempo, todos parecerem voltar aos belos dias da infância. Sabemos que um homem não pode edificar seu trabalho e sua vida estando sozinho e por isso mesmo, Deus presenteou Luiz com uma verdadeira deusa e que sempre lhe deu apoio incondicional em todos os seus momentos. Conheceu Raimunda Maria quando ainda trabalhava no Posto Bandeirantes e ela num hotel bem próximo, e no primeiro momento que se conheceram surgiu um enorme desejo de que acontecesse um namoro. O casamento aconteceu em 28 de maio de 1975 com as bênçãos do Padre Orlando e desta união nasceram as filhas Cosma e Damiana que encontram nos seus queridos pais o porto seguro de que tanto precisam para enfrentarem esta vida que, como falou o poeta, não é brincadeira não. Luiz Pipoqueiro é um homem de muita fé e desde 2010 participa do terço dos homens e sempre estar a lembrar que a presença do homem na igreja é imprescindível para a formação de famílias cristãs. Com tanta gente mergulhada na falta de coragem para enfrentar os desafios da vida, história bonita como a de Luiz inspira e dar esperanças e, com certeza, levanta a auto-estima das pessoas que estão sem trabalho, mostrando que se pode enfrentar os desafios da vida em qualquer idade. Leva demais, à sério, o seu trabalho e tem um zelo todo especial com o seu material de trabalho e eu mesmo pude constatar que seu carrinho está sempre imaculadamente bem limpinho, as panelas bem lavadas e por fim, todo o equipamento do trabalho. Luiz pediu que publicasse nesta sua história, um pedido que ele pretende fazer: "Nunca desanimem da vida, tenham fé, todo trabalho é digno e há um Pai fiel que não nos abandona". Que bonito é, que inspiradora é a vida deste trabalhador que é um pai amoroso, um amigo verdadeiro, um exemplo de cidadão que fascina pelos belos exemplos. Ver Luiz passar com seu carrinho é lembrar com ternura, pedaços de nossa infância e ter de volta aqueles verdes anos quando guardávamos moedas no cofrinho e corríamos felizes para comprar um saquinho de pipoca.
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Luiz tem orgulho de sua profissão |
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Luiz com a esposa Raimunda Maria e a filha Damiana |
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Luiz tem em Dom Adélio um grande conselheiro |
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Com o irmão Chico Pinto |
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Anos 70- trabalhando no posto Bandeirantes |
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O pai Antônio Joaquim Bezerra |