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<>O autor deste blog ao lado de Rosa da Fonseca e sua irmã Maria Luisa |
<><><><>Nem São Pedro tinha vista tanto movimento como aquele. Eram tantos que aguardavam a chegada de uma rosa quixadaense. Ao chegar e para surpresa de Rosa Fonseca o santo chaveiro falou: "Bienvenido guerrero". Com um bonito sorriso, ela diz nunca ter pensado ser recebida com um cumprimento em espanhol. Talvez, imaginou, Miguel de Cervantes lhe ensinou. De repente, se dá o mais belo abraço que já se viu. Rocilda Ferreira, em lágrimas, tenta segurar a emoção e fala docemente: "Minha filha, a sua batalha pelos humildes, o seu amor pelos invisíveis nos enche de orgulho e felicidade". E a convidou para depois dar um passeio de charrete como fazia na terra dos monólitos. Cantarolou baixinho para a filha"Soldados de Jesus marchemos sobre a cruz com São José e Maria" para lembrar das procissões que acompanhavam até o açude do Cedro. Rosa ri com alegria quando Rocilda lembra do Padre Luis quase gritando: "Todos, todos cantem o hino da Sagrada Família". Lembra, filha, quando declamávamos Luar do Sertão do Catulo e eu falava para você e seus irmãos: "Não há, ó gente, oh não, luar como o de Quixadá". O seu herói maior, o pai Manoel Rodrigues da Fonseca, com jeito carinhoso beija-lhe a face e quase sem poder falar afirma que Deus o presenteou com a mais linda rosa, a filha que fez do amor pelo próximo a sua razão de viver. Todos ao redor olhavam aquela cena mágica e eis que seu pai se encanta num fadista e entoa para ela os versos de "Casa Portuguesa". Educadamente, Rosa pede licença aos seus familiares para agradecer a todos que vieram lhe receber. Ficou emocionada ao se encontrar com Frei Tito e muitos jovens estudantes. Falou em ter chorado a noite inteira ao saber que ele tinha levado muitos choques na boca para não mais receber a hóstia num ato de tortura abominável pelo fato de combater uma cruel ditadura. Torquato Neto fez questão de desejar boas vindas a Rosa e dedicou para ela os versos: "Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado". Davi Capistrano lhes disse "Menina você foi e será sempre símbolo de bravura na lutas em favor dos oprimidos. Sofremos, mas o sonho não acabará jamais. Rosa olhou de lado e o coração deu pinote de alegria ao ver o quixadaense como ela, Francisco Brasileiro. Lembro de você cantando "Prá Não Dizer Que Não Falei das Flores" do Vandré, acompanhado por um violão nas ruas de Quixadá. Os dois sempre lutaram por um mundo melhor. E foi abraçada por muitos cearenses que estiveram ao seu lado na interminável luta por um mundo mais fraterno. Impossível descrever tudo que aconteceu naquele momento da chegada da grande mulher ao céu. De repente, mais que de repente, começa a chorar ,copiosamente, ao ser abraçada com carinho por aquele a quem mais admirou por toda a vida. O abraço carinhoso daquele que sempre falou que todas as pessoas são iguais, Jesus, que lhe confortou mostrando que a saudade que ela tem daqueles que ficaram faz com que eles estejam sempre pertinho dela. ADEUS, ROSA QUIXADAENSE!
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