quinta-feira, 23 de junho de 2022

<>CALDEIRÃO DOS MITOS QUIXADAENSES

Zé Laranjeiras- filósofo popular da terra dos monólitos

Zé Leônidas- O Pelé quixadaense
Senhor Quinzinho, à direita e dona Lulu e o neto Joaquim Gommes
<><><>Numa bela tarde de domingo, descansava numa velha rede adquirida na fábrica  do senhor Benjamim. Naqueles anos, trabalhava no Colégio Municipal e lembro ter sido muito bem atendido pelo simpático Célio Oliveira, um dedicado gerente. Como sempre, o rádio ligado e naquele momento prestava atenção a canção"Caldeirão dos Mitos" com a melodia e letra do poeta campinense, Bráulio Tavares. O balanço da rede, aquele gostoso vai e vem, logo proporcionou um bem vindo relaxamento. E a voz de Elba Ramalho cantando aquela música bem nordestina logo me levaria para um sono tranquilo. Quando acordei, logo percebi que sonhei com os mitos destacados pelo Bráulio naquela canção, só que foi com uma narrativa mítica diferente, isto é, no meu sonho  os personagens eram quixadaenses. Corri para minha velha máquina de escrever Olivetti(Podem gargalhar amigos meus, mas ainda utilizo) e comecei a criar meus heróis da terra dos monólitos. Na verdade, uma paródia sem  nenhum objetivo cultural, mas, uma brincadeira entre amigos. Combinado, assim? Então, vamos começar? Gostaria de lembrar aos que acompanham as minhas, sempre, mal traçadas linhas que considero quixadaense não somente os que aqui nasceram, mas os que vieram de outros lugares e sempre tiveram uma ligação afetiva com nossa cidade. No primeiro momento do sonho, Vi os monólitos de Quixadá todos iluminados por   um possível incêndio que acontecia nas matas das terras de Cícero Moreno e com medo algumas pessoas corriam de um lado para outro. Porém, garanto que não era Nero tocando fogo em Roma e nem mesmo acontecia nada. O que clareava o céu  eram as fogueiras de São João nas festas promovidas pelo mestre Pereira. No meu sonho lembro que vi um padre(Seria um profeta?) atraindo multidões paras as festas dos padroeiros Jesus, Maria e José. Garanto com firmeza que não era Antônio Conselheiro reunindo  milhares de seguidores no arraial de Canudos e nem também os profetas Jeremias, Ezequiel ou Malaquias. Era, isto sim, o Padre Luiz Braga Rocha(O mais quixadaense de todos os caucaienses) celebrando com ardor as festas de nossos padroeiros acompanhado de muitos fiéis para a procissão do Cedro.    Lindos sons invadiam a bela Quixadá e até os monólitos se deliciavam com as belas notas. Foi aí que vi  e ouvi Glen Miller e sua orquestra tocando "Moonlight Serenade" e ainda me deliciava com o som da flauta de Benedito Lacerta. Mas não era nada disso, amigos! Era a orquestra de Cego Aderaldo(quixadaense de coração) tocando nas festas que aconteciam nas fazendas Olinda e Equador pertencentes aos senhores João e Luiz Cândido.   E a rede velha naquele gostoso vai e vem prolongava meu momento onírico. E eis que com muita alegria estava em Mônaco aplaudindo a McLaren de Ayrton Sena em grande velocidade deixando para trás outros competidores.   Também, eis que assisto o piloto austíaco, Nikki Lauda, em disputa sensacional com Alain Prost. Nada disso! Tampouco era o o escravo de Roma antiga, Flávio Scorpus, que ganhou  duas mil corridas de biga. Era ,isto sim, o senhor Quinzinho no seu fiat caçamba conhecido como Cafuringa passando como um raio pelas tranquilas(eram) ruas de Quixadá.    No meu sonho singular, vi um cara com as duas pernas tortas para o lado esquerdo se encantar num anjo e desbancar a poderosa seleção da Rússia num jogo da  Copa do Mundo.  Assisti um cara dar um vôo no ar e marcar um gol que foi o primeiro de bicicleta na história. Mas não era nem Garrinca e nem Leônidas da Silva e sim, o craque Zé Leônidas dando show de bola jogando pelo Avante no estádio da rua do Prado e sendo aplaudido pelo presidente Edinho e toda a torcida, inclusive adversária. O sono se prolongava e imagens e fantasias se apresentavam. Em determinado momento, lembrei que chorava ao ver um médico atendendo com muito amor aos escravos e todos que não podiam pagar e operava quem necessitasse. Prescreveu uns remédios para uma mulher que não podia comprar e deu-lhe seu anel de formatura. Mas não era Bezerra de Menezes e sim o caridoso médico Everardo Silveira que foi encantado como filho da terras dos monólitos pela generosidade para com todos, sempre mostrando ser um médico caridoso e não um negociante da medicina.  De repente, me vi em Mileto, uma antiga cidade  no Sul da Ásia Menor e vi caminhando num determinado espaço os filósofos Sócrates, Platão e Xenofante e mesmo a certa distância, pude perceber que discutiam sobre os problemas da cidade. Pórem, não era nem Aristófanes criticando Sócrates e sim o filósofo popular Zé Laranjeiras exigindo que lhe fosse apresentada a balança que pesou a pedra do cruzeiro. Nos sertões paraibanos vi uma arte brasileira com dois cantadores cantando repente e encantando aquela gente nordestina. Me encantava com a viola de Pinto Monteiro e seus improvisos. Muitos o chamavam de rei dos cantadores. Mas, não era Pinto Monteiro e nem Geraldo Amâncio e sim, Mariano e sua bela viola fazendo versos de improviso na velha estação ferroviária. Como em sonho tudo pode acontecer, eis que ganhei na mega sena e fui fazer turismo na Suiça e cheguei a frequentar o famoso restaurante "Le Relais" em Genebra, famoso pela carne assada e com um tempero especial. Tinha qualidade, era muito gostosa, mas saber temperar como o Senhor João da Carne Assada, jamais, jamais. E eis que no último momento do grande sono, vejo Eros, o Deus do amor desfilando pelo Olimpo e passando bem perto de mim. Parecia que a rede comprada no seu Benjami tornavam os sonhos mais bonitos, pois surgiu em minha frente, ela, Pavarti, a deusa hindu do amor. A magia do amor explodia e ficaria para sempre no imaginário. Mas, não eram deuses ou deusas da mitologia e sim, o belo casal que tornava os momentos dos quixadaenses mais bonitos, Waldir do Couto Dinelly e a deusa Branca. Este grande amor fascinava os filhos da terra dos monólitos. Mas, o sonho acabou como tudo acaba. Fui acordado pela cachorra Linda que me lembrava a hora de tomar os remédios da pressão. Nunca minha imaginação esteve tão excitada quanto neste sonho. O que muito me alegrou ao acordar foi o fato de que todo o conteúdo onírico teve como motivação maior o amor pelo meu Quixadá querido. Como alguém já falou certa vez; "Sonhar é melhor que viver.

Dr. Everardo-Fez da Medicina um sacerdócio