quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

TREINADOR CEGO FEZ SUCESSO NO FUTEBOL DE QUIXADÁ


                           
"Vamos chutar no gol!"; "Cola em cima do ponta deles!"; " Quero o time prá frente!"; "Vamos correr, olha a moleza!";  " Vamos! vamos! Vamos! Tá na hora de empatar!";  "Hei, seu juiz, foi pênalti!";  "Quem não quiser jogar, peça prá sair".  Estas expressões fazem parte do vocabulário do técnico de futebol, a beira do gramado. É absolutamente normal! Mas o que dizer quando essas recomendações todas partem de um treinador completamente cego? O que que é isso? Que papo é esse? Acredite se quiser mas em Quixadá, durante um bom tempo, um deficiente visual fez muito sucesso como treinador. É VERDADE! Temos notícias  de cegos extraordinários que consertavam motores de carros,  relógios, outros que foram bambas na cantoria popular mas um técnico cego é algo realmente muito interessante. Fomos atrás desta figura única que nos repassou muitas informações que, com certeza, serão do agrado dos seguidores de nosso "blog. Este simpático Senhor veio ao mundo no dia 14 de Fevereiro de 1930. Nasceu aqui em Quixadá na "Mãe domingo", como ele chama carinhosamente. Seu nome, Expedito Nogueira de Queiroz. Seus pais, Francisco Nogueira de Queiroz e Anísia Nogueira de Queiroz. Foi batizado na velha matriz pelo Pe. João Lucas Heuser, sendo os padrinhos Hermínio pinheiro e D.Mariquinha, um dos casais pioneiros no comércio lojista de Quixadá.  Aos 8 anos, foi acometido de grave doença e desenganado pelos médicos. Mas apareceu alguém que indicou para a sua cura, ervas sertanejas como pega-pinto, vassourinha e casquinha de Jatobá. "Fiquei curado e passei a admirar as plantas medicinais". A admiração foi tanta que, ainda hoje, mantém uma farmácia(como ele chama) que vende esses medicamentos caseiros. A família recebeu como herança, a fazenda "Serrote Branco", que se tornou uma das paixões de sua vida. Aos 27 anos, o mundo se escureceu para ele, ficou completamente cego. Sempre contando com o carinho dos pais, foi superando com dignidade esse momento. Seu Francisco Nogueira, querendo levar alegria ao filho, montou um comércio prá ele, um salão de dança e, a poucos metros do comércio, um campo de futebol. Chegou a hora de montar o time de Serrote Branco que logo ganhou o nome de "Cearasinho". Os craques do lugar se apresentaram querendo vestir aquela camisa. Um problema: Quem seria o técnico? Só havia um morador no Serrote Branco que tinha um profundo conhecimento sobre futebol, pois, ainda com a visão , leu tudo sobre o técnico da seleção brasileira Vicente Feola(foto). E aprendeu tudo sobre como montar uma equipe de futebol. Seu nome:expedito Nogueira de Queiroz. Cego? Sim, cego! mas manjava só tudo  sobre a bola. E assim se tornou o vitorioso treinador do "Cearasinho" que se tornou uma espécie de "Mais Querido do Sertão", comecinho dos anos 60. Como acontecia o treinamento da equipe? Ora, Expedito ficava no centro do gramado(ou melhor, várzea), e o seu auxiliar narrava quando acontecia jogadas no ataque ou na defesa. Se fosse no ataque,  o Feola do sertão gritava"CHUTA NO GOL!" Se fossem jogadas na defesa, o alerta em voz alta: "MARQUEM! NÃO DEIXEM CHUTAR"! O time tinha um protetor, Padre Cícero, numa decisão do treinador.

A fama do treinador cego logo se espalhou por toda a cidade e até fora dela. O time de Serrote Branco virou uma grande atração, não tanto pelo futebol que jogava mas sim, porque todos queriam ver de perto Expedito comandar a equipe. A Senhora Maria de Lurdes, testemunha ocular do fato nos confirmou que foi tudo a mais pura verdade. "Achava legal quando ele gritava pedindo garra ao time" e nunca me esqueci quando ele  discutia com o juiz, reclamando das marcações que ele achava errado". Os melhores do time, segundo o próprio Expedito. eram  o goleiro Raimundo Grosso(para ele, igual a Gilmar); O ponta José Ribeiro, o meia José Maria, que ele comparava ao mestre Didi(o da folha seca).

Quando perguntam a ele como um homem cego pôde treinar um time de futebol, tem sempre a resposta na ponta da língua:" Um cego não foi o maior cantador do sertão? (referindo-se a Aderaldo Ferreira de Araújo); José esmeraldino de Vasconcelos não tocava mil instrumentos? Meu amigo Adolfo Lopes não dominava como ninguém a mecânica? Então, eu fui o cego que treinou por quase 10 anos um time de futebol! Expedito Nogueira de Queiroz ganhou fama, seu feito é sempre lembrado. Jornais de Fortaleza deram destaque especial. Ele mereceu até uma cronica que foi escrita por João Eudes Costa e apresentada em várias emissoras do estado. esperamos que a divulgação que estamos realizando chegue ao conhecimento de todos aqueles que ainda não sabiam deste fato. E o nosso treinador cego, assim se despediu de nossa equipe: " TRAGAM AQUI O FELIPÃO! TENHO MUITAS DICAS PRÁ ELE!"  Apôs tá certo, Seu Expedito!
NR. As fotos de Expedito Nogueira de Queiroz pertencem ao arquivo do Blog. As outras imagens foram retiradas da Internet.