domingo, 4 de setembro de 2016

A SAUDADE QUE FICOU- WANDERLEY ALVES: O PROFESSOR AMIGO

                       <>Quando a família comunicou a morte do professor Wanderley Alves de Oliveira, ocorrida em 05.02.2014, causou uma profunda consternação e dor aos quixadaenses, especialmente, aos que integram o setor educacional. Naquele dia, família e amigos choravam abertamente a partida do querido "Dedê", como era chamado ,carinhosamente, por todos. Alguém já falou que só sentimos saudades daquilo que foi bom, verdadeiro, puro. E "Dedê" era aquele professor "paizão", bom filho, amigo verdadeiro e possuidor de uma coragem extraordinária, pois enfrentou a doença com dignidade sem deixar, em momento algum, de acreditar num ser superior que nos criou e nos ama verdadeiramente.  Seus alunos o amavam e conta-se que nos intervalos das aulas, os jovens se acercavam dele para ouvirem gostosas estórias, acompanhadas daquele sorriso cativante. Junto aos colegas professores Dias, Eduardo Bananeira,  Hill Holanda, Peri, Raimundo, Lolota, Conceição Oliveira e outros, transformava o Colégio Estadual, naqueles momentos, em um pedacinho do céu. A sua irmã Valda Alves nos contou que o grande sonho dele era a Medicina e mesmo ,ainda muito jovem, não aceitava o fato de muitas pessoas não terem condições de cuidar da saúde e poderia ,tornando-se um médico,ajudar nem que fosse um pouquinho só. É preciso que se afirme que o Senhor Francisco Alves e a dona Isabel queriam todos frequentando a escola e assim aconteceu o mesmo com os irmãos do Wanderley: Valdécio(hoje, advogado conceituado), Wanderlô, Francisco Junior, Veimar, Virgínia, Valber,Vanusa e Valda. Com o objetivo de realizar seu grande sonho o jovem quixadaense foi residir em Fortaleza na casa do médico Eudásio Barroso, muito amigo dos seus pais. Concluiu o ensino médio no conceituado Colégio Castelo Branco, tendo se destacado nas disciplinas de Química e Física, chamando a atenção de professores e colegas.  Na capital, ocupava grande parte dos dias, frequentando cursinhos e estudando em casa de conhecidos, muito deles, filhos da terra dos monólitos. Tentou, algumas vezes, o vestibular e sempre obtendo posições que lhe permitiam cursar outras carreiras, que não fossem a medicina. O próprio dr. Eudásio o aconselhou a cursar Enfermagem, mas a ideia não apeteceu os desejos do "Dedê". Mesmo assim, fez o curso de Ciências Físicas e Biológicas, na UFC, meados dos anos 70.  Na verdade, sempre gostou de estudar e mesmo nos tempos de criança, adorava ir até a escolinha da professorinha Neusinha Jataí. Mal acordava e já estava mexendo no caderno Avante, na cartilha do ABC e pedindo que o levassem até a casa, onde aconteciam as aulas. Como toda criança, brincava bastante com os amigos de infância, na maioria das vezes com Pepe, Luiz Capelo, Evandro e Walter Ferreira. No Final da década de 70(século passado) voltou para sua amada Quixadá e não demorou muito a fazer parte do quadro de professores do Colégio estadual. Naquele momento, o professor Mano foi assumir a gerência das "Casas Pernambucanas", surgindo então a vaga que foi ocupada pelo Wanderley que se destacou, ganhando a confiança do diretor Hill Holanda, dos colegas professores e, em especial, dos alunos. Em 1976, ingressou no Banco do Brasil e ali trabalhou até o ano de 1995. No ano seguinte, voltou a lecionar no Colégio Estadual,  o que muito alegrou os seus colegas professores, o núcleo gestor ,naquele período, e aos pais dos alunos, pois sabiam que seus filho melhorariam seu rendimento nas temidas Química, Física e Matemática. Sempre foi bom filho e mesmo na vida adulta tratava seu pai, Francisco Alves, como "Paizão!". Foi bastante solitário e sofreu bastante ao tomar conhecimento da morte de seu irmão Francisco Junior que morreu quanto pertencia a Marinha Mercantil. Nos primeiros anos da década de 90(século passado), ainda trabalhando no Banco do Brasil, o querido professor começou a apresentar os primeiros sinais da doença de "Alzheimer", cabendo ao atencioso Carlos Magno comunicar aos familiares. Sabedores que era um mal incurável, mas que poderia ser tratado  e assim retardando seu avanço, todas as atenções se voltaram para o querido Dedê. Ficar sem aquele sorriso, aquela bondade de uma criança, nem pensar. Nas preces que realizava na igreja, a irmã Valda Alves olhando para a imagem de Cristo na cruz, pedia, com os olhos cheios de lágrimas: "Leva tudo o que nós temos Senhor, mas deixa o Dedê ao nosso lado!". Com o agravamento do quadro foi transferido para Fortaleza e foi aí que apareceram verdadeiros anjos da guarda que passaram a cuidar com muita dedicação de Wanderley, como por exemplo, o conceituados médicos Virgínia Tabosa, Sérgio e outros bondosos profissionais. Mesmo em uma situação tão delicada, tão difícil, "Dedê" jamais deixou de gostar da vida, das pessoas e encontrou em Deus forças para lutar contra a doença e o fez até ser possível. A família, os amigos se admiravam de tanta força, aquela vontade de viver e o que mais impressionava, o sorriso nunca deixou de encantar a todos. O professor amigo, o filho querido, o irmão solidário, o amigo presente nas horas incertas, foi chamado por Deus para outras missões em 05.02.2014, mas permanece entre nós aquela figura amável, prestativa, simpática e caridosa. Sempre que tenho oportunidade de me encontrar com os irmãos do professor Wanderley, escuto deles a vontade que  nutrem de , novamente, o terem em sua companhia. E , de forma imediata, respondo aos meus queridos amigos que ele está presente sim, cada vez que uma criança sorrir, toda vez que alguém prestar solidariedade, onde a alegria e a paz se fizerem sentir, ele estará presente sim! Quero até comunicar aos familiares e amigos do Wanderley que ,uma certa vez, não faz tanto tempo assim, sonhei com o Dedê pedindo que transmitisse um recado a todos: "Não deixei de existir, até nem me despedi, pois haverá um reencontro!" Todos nós, família e amigos, gostamos muito de você, amigo Dedê!