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Pedro Nunes não será esquecido pelos quixdaenses |
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Nesta bicicleta o talentoso mecânico andou pelos chãos quixadaenses |
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Industrial José Capelo e senhora Fernanda-grandes amigos de Pedro Nunes |
<><>Naquele Quixadá calmo e bonito, últimos anos da década de 30, século passado, um jovem mecânico passava pelas tranquilas ruas, pedalando uma bicicleta alemã "Sieger"e trajando um "macacão de mescla azul, seguia para mais um dia de trabalho. No caminho , ele cumprimentava os amigos mais próximos como Chico Enéas, Juca Gomes, Maurício Holanda, José Maria Libório, Carlos Bananeira, Amadeu Ferreira, Luquinha, Chagas Holanda, Firmo de Holanda, Zé Alexandre que parava o caminhão com o objetivo de ouvir a conversa agradável daquele jovem trabalhador, dentre muitos outros. Praticamente, em todos os dias, passava na residência do Mestre Adolfo, um de seus professores na arte mecânica, onde recebia preciosas informações. Pedro Nunes da Souza já era um conceituado profissional na montagem e conserto de instalações elétricas, hidráulicas e máquinas forrageiras. Ao amanhecer, pegava sua caixa de ferramentas e ia atender os diversos pedidos, na cidade ou na zona rural, pois acreditavam na sua eficiência e honestidade. No caminho, uma paradinha no famoso "Café da Rosa Gorda" para o saboreio de uma tapioca que parecia ter sido feita no céu. Atendia, com mais frequência na zona rural e na ida para as fazendas ou sítios, cumprimentava aquela gente com as enxadas nas mãos se dirigindo para a roça, no enfrentamento de mais um dia de trabalho. A fama do jovem mecânico chegou ao conhecimento do proprietário do "Curtume Belém", então, uma próspera indústria de transformação e , naquele momento, o motor de nosso desenvolvimento, como bem destacou o professor Gilberto Telmo Sidney Neto. José Capelo confiou à Pedro Nunes, o exercício de diversas atividades naquele próspero espaço industrial. Ali, começou no cargo de auxiliar de mecânico no ano de 1939, não demorando, no entanto, a assumir o cargo de chefe da caldeira que é aquele profissional encarregado do reparo das mesmas e ainda verifica a fabricação dos produtos, lidera a equipe de caldeiraria, dentre outras atividades. Respeitador e atencioso para com todos, conquistou a amizade dos companheiros de trabalho como, por exemplo, Edgar Lima e Silva, José Raimundo, Chico Nascimento, Chico Alves, Pedro Monte, Medeiros, Nonato, Zé Albano, Raimundo Bezerra, Paulo Camilo, pedro Rufo, Chico Nobre, Eunice, Maria Dias, Natália, Bidida e de todos os outros. Um dos mais constantes, entre os amigos, foi José Honório, sempre juntos no trabalho e na convicência social. Outros diletos amigos que sempre o visitavam em sua residência foram os senhores Geraldo Bezerra, Orlando e Gersário. Mesmo sem jamais ter essa pretensão, tornou-se uma espécie de líder, considerado um "Paizão", pois nos momentos de dificuldades dos colegas, recorria a direção do Curtume com o objetivo de resolver as dificuldades que surgiam no dia-a-dia daquela gente honesta e trabalhadora. Nos contou o advogado Felipe Nunes que ao pesquisar um pouco da vida de seu avô, descobriu que nos anos de grandes "secas" na terra dos monólitos, Pedro Nunes coordenava um fornecimento de mercadorias só para os operários. Todas as semanas, um caminhão se dirigia a Fortaleza, onde pegava mercadorias para suprir as necessidades dos seus colegas de trabalho. Os pagamentos eram descontados em folha cabendo a Pedro Nunes gerenciar este procedimento. Se faz necessário destacar que antes de pertencer aos quadros do Curtume Belém, assumiu cargo de motorista na Companhia Algodoeira do Brasil em Russas-CE, no ano de 1937. Dois anos depois, já na sua querida Quixadá, assume o cargo de gerente no "Café Mantiqueira", de propriedade do senhor Luis Pontes Lima. O Cine Yara, inaugurado no ano de 1952, foi uma inciativa do industrial José Capelo que convidou Pedro Nunes para exercer a função de porteiro naquela casa de diversão, no ano de 1961. Com o fechamento das atividades do Curtume Belém Ltda em 1970, o conceituado mecânico transferiu-se para Juazeiro do Norte indo trabalhar na empresa "J. Luis e companhia'', pois o seu proprietário José Agostinho necessitava de um profissional para a montagem dos equipamentos e ainda para ensinar os funcionários no seu manejo. Pedro nunes voltou definitivamente a terra dos monólitos em 1973, reassumindo seu cargo de porteiro, agora no Cine São José de propriedade de José Adolfo, um de seus grandes amigos. No trabalho do cinema teve como colegas de trabalho e amigos: dona Nina, Chico Nascimento, Zé Paulino, Dedé Sousa, Tarcísio, Sebastião Mamede, Luiz Marinho, Téo Miranda, João da Geral e Zé Fernandes. Apesar de apaixonado pelo trabalho, este bondoso homem foi um pai amoroso que ,através do seu exemplo, cuidou em educar os filhos para o enfrentamento das dificuldades que aparecem ao longo da vida. Apesar de ter sido um pai muito carinhoso, não deixava de chamar a atenção dos filhos e o fazia com firmeza, quando achava que algo não era bom para a formação dos mesmos. Como se fosse um verdadeiro "anjo da guarda," uma mulher admirável entrou na vida de Pedro Nunes e, sempre juntinhos, formaram um belo casal. Rufina Viana Nunes foi escolhida por Deus para ser a grande companheira e protetora daquele homem de bem. Desta abençoada união nasceram os filhos: Eunice, Wilson, Lucilene, Arlene, Gilson, Fátima, Lúcia, Cristina e Arleide. Pedro Nunes e Rufina não foram ricos no aspecto financeiro, mas sim, dois corações e duas vidas abençoadas pelo amor de Deus. O querido mecânico sofreu muito com a partida de sua querida Rufina em 27.09.1999, mas o conforto dos filhos e a sua fé inabalável em Deus o ajudou a superar a dor, mas sem jamais esquecer aquela companheira de todos dias, na alegria ou na adversidade. Uma das marcas deste notável mecânico era fazer amigos e dentre eles, há um que merece ser citado, José Viana da Silva, músico de grande talento que deixou registrado um depoimento sobre seu amigo: "Como operário, dedicou-se a prover o sustento de sua família, que vinha sempre acompanhado do amor de uma esposa dedicada e um pai extremamente zeloso. Seus filhos se deliciaram com o teor do simples, porém, cheio de cuidados ricamente doados a cada um. Criou laços entre todos os quais permanecem mesmo depois de sua ausência física. Não sabíamos como aquele generoso coração cabia em seu peito". Pedro Nunes de Souza faleceu em 25.02.2008, cercado pelo carinho da família e dos amigos, deixando para todos nós, a mensagem da fé e do amor. Fraternidade, amizade, amor à família e ao trabalho foram suas marcas maiores. Foi um homem que andou pelos chãos quixadaenses, fazendo amizades, ajudando pessoas necessitadas, falando da importância do amor de Deus e ensinando que "Quem planta o bem, colhe o que é bom da vida!". Não há dúvidas de que Pedro nunes estará sempre entre nós! Lembrar dele é a certeza de que a vida, apesar de tudo, é bela!
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Pedro Nunes e Rufina- abençoada união |
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A filha Arleide mostra as ferramentas de trabalho do seu querido pai |
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Pedro nunes- Mecânico de muitos talentos |
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Pedro Nunes e Rufina- Uma linda história de amor |