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Zé da Banca-trabalhador de rua que merece nossos aplausos |
<>Numa dessas manhãs do mês do nascimento do Menino Jesus, passando pela praça José de Barros, como faço ,praticamente, em todos os dias, sempre vejo na calçada da agência do Banco do Nordeste, um Senhor com jeito de gente boa, chapéu à moda Jackson do Pandeiro, camisa aberta para suavizar um pouco o forte calor. Chama nossa atenção o fato de estar sempre a sorrir como se a vida fosse uma eterna folia. Parei do outro lado da calçada e pensei em escrever algo sobre ele, mas quase desistia da ideia, pois o fato de um homem manter uma banquinha de vendas nas proximidades de um banco pode, sim, ser notícia de um jornal, mas, jamais ser considerado um texto literário. Aprendi com o craque da Língua Portuguesa, meu inesquecível amigo, Eduardo Bananeira, que me falou que nem tudo que se escreve é Literatura. Acontece, amigos, que aquele trabalhador de rua me provocava uma estranha inspiração. Senti aquela vontade de contar nem que fosse um tiquinho de sua trajetória, de sua vida. Poderia ,sim, ser motivo para uma criação literária, afinal, via nele alguma misteriosa poesia. Então, já perto do meio dia, com aquele sol quente que só Quixadá tem e que parecia rir da minha impaciência, me aproximei com jeitinho de quem não quer nada, mas querendo. Queria saber um pouco sobre ele e repassar para meus amigos. Para criar um ambiente daqueles próprios dos velhos amigos, tomei um cafezinho e que cafezinho! Não falei que ali tinha algo diferente! Até me lembrei do sabor do café preparado por aquela que foi a rainha desta bebida tão apreciada por todos nós, a Rosa Gorda, que tomava ,menino, na sua banca ali perto da velha estação ferroviária. E fui anotando num velho caderno Avante que levo sempre comigo desde os tempos em que estudava com a professora Neusa Jataí. Seu nome, José Pereira da Silva, mas o conhecem como Zé da Banca, o original, diz e com pose de bom vendedor. Tão vendo como é motivo para um texto literário? Só esta apresentação tem muita beleza estética, não é gente? Nos informou que só(Só, que legal isso!) tem 22 anos no mesmo local e faltar não é com ele, seja no inverno ou no verão. Afirma que sempre foi bem tratado pelos gerentes e por toda a equipe do banco e cada cliente se torna um amigo. Veio de Ibaretama para Quixadá já com cinquenta e poucos anos, pois trabalhar na agricultura não estava dando para ganhar o necessário para o sustento. Sempre muito organizado, pagando tudo direitinho, como faz questão de afirmar, conseguiu sua aposentadoria. Tremendo os lábios de emoção nos fala que aquela banquinha tem um significado todo especial, pois muito o ajudou nas despesas da casa. Como quase todo trabalhador de rua, tem suas tiradas filosóficas, não grega, mas filosofia quixadaense pura e dispara como um Platão sertanejo: "O problema aqui não é dinheiro, mas a falta dele". Creio que meus amigos, sempre generosos com meus textos, hão de considerar estas mal traçadas linhas como um texto literário. Missão cumprida e feliz por ter destacado um pouco desta pessoa de tanto valor, que sai cedinho de casa e busca o sustento de forma honesta. Mas, confesso, estar um pouquinho triste pelo fato de ter demorado tanto tempo para perceber o imenso valor desta gente humilde. Mas, nunca é tarde para aprendermos a valorizar muito mais estes seres humanos que merecem nossos aplausos. Zé da Banca, meu amigo, nosso amigo, você é uma pessoa de grande valor!Gostamos muito de você!
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Zé da Banca trabalha há 22 anos na calçada do BNB |
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Ele conquistou os funcionário do Banco do Nordeste e uma grande clientela |
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Faça sol ou faça chuva lá está ele no trabalho |
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