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Ananias dos porcos-um grande amor à causa animal |
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Ananias e Maria de Deus-30 anos de um grande amor |
<>"Tá na hora da ração minha Rainha!; Vamos tomar a vacina Faixa Branca!"; É hora do banho Brigite!". Era desta forma bem carinhosa que Ananias dos porcos, um dos tipos populares mais conhecidos da terra dos monólitos tratava os seus suínos, na verdade, animais de estimação e que recebiam cuidados básicos e, é claro, muito carinho. Só chegou a vender alguns pelo fato de sua criação ter atingido mais de duzentos animais e ademais, a cidade crescia a passos largos, muitas residências foram surgindo e tornou-se quase impossível a presença de pocilgas na zona urbana. Chamava a atenção os cuidados que Ananias dos porcos dispensava aos animais. Nos seus chiqueiros improvisava telhados, pois um veterinário falou que eles poderiam sofrer queimaduras. Aqueles que têm mais idade lembram que era seu costume colocar um rádio com um volume nas alturas para, segundo ele, evitar que ficassem estressados. Dizia, mas só para os mais próximos que os porcos só gostavam de ouvir Luiz Gonzaga. Sua paixão pelos porcos era(e é) tão exagerada que chegou a levar seus suínos para as festas de São Francisco e afirmava que ele era o protetor dos animais. Mas, atendendo apelos dos padres, deixou de fazê-lo. Cuidava com bastante zelo de todos os suínos, mas tinha um carinho toda especial com um que recebeu o nome de Rainha. Jurava, por todos os santos deste mundo(e do outro também) que era um animal inteligente, além de muito amigo. Ainda hoje, lembra com lágrimas nos olhos, o dia em que Rainha foi atropelada por um trator. Hoje, aos 86 anos, Ananias Antônio de Oliveira, seu verdadeiro nome apenas lembra com muita saudade de Rainha e de todos os outros suínos. O amor pelos animais vem desde os tempos de infância em Capistrano, onde nasceu e aprendeu com os pais Vigorvino e dona Antônia Alves. Este pacato cidadão veio jovem para Quixadá, na década de 50, do século passado, em busca de trabalho. Assim que as densas nuvens de vapor saíam da chaminé da Maria Fumaça e cobriam a estação de Quixadá, anunciando a sua chegada, o jovem Ananias, logo ao descer, foi pedir emprego. E nem andou muito, pois próxima a estação ferroviária se localizava a padaria do senhor Cisne que o empregou na hora. Não demorou e logo conquistou a confiança dos patrões e sendo bastante querido pelos colegas de trabalho, ganhando a amizade do senhor Kléber Carneiro, filho do proprietário. Com o dinheiro que ganhava e, sem dizer a ninguém, ia comprando alguns suínos. Ananias já tinha experiencia no trabalho em padarias, pois aos dez anos, era operário do senhor Julio de Freitas, na sua cidade natal. Depois de alguns anos, passou a trabalhar na famosa padaria do João Pires, de quem se tornou um grande amigo. Paralelo a este trabalho, começou a montar suas pocilgas e cada dinheiro recebido, reservava uma parte para comprar seus tão queridos porcos. Todos sabem que João Pires criava um casal de leões e Ananias morria de medo que os mesmos fugissem e fossem devorar sua tão amada criação. Imaginava o rei das selvas devorando a sua Rainha. Lembra que seus colegas de trabalho riam muito disto. Hoje, Ananias já não cria mais porcos e sua única lembrança é um retrato de Rainha já amarelado pelo tempo em uma velha moldura presente na estante de sua casa. Sempre falou não conseguir entender o fato de algumas pessoas acharem estranho o seu amor pelos animais. Afirma em tom emocionado que eles são nossos irmãos de criação. Há mais de 30 anos, Ananias tem a companhia de Maria de Deus que sempre está ao seu lado em todos os momentos. Quixadá é realmente pródiga em tipos populares e suas histórias precisam ser perpetuadas. Essas pessoas com uma forma toda especial de viver à vida, na realidade, são cidadãos de bem e que se dedicam, de uma forma toda especial, à família e ao trabalho, sendo, portanto, cidadãos na expressão da palavra. Essas situações que acontecem na vida de muitas pessoas, na verdade, são provas reais de um grande amor pelas pessoas e pelos animais. Por toda esta dedicação a causa animal, Ananias dos porcos conquistou seu lugar na galeria dos grandes defensores dos mesmos, fato reconhecido por todos que o conhecem de perto e por aqueles que ouviram falar de sua doação aos nossos irmãos de criação, exatamente como ele sempre fala. Ao agradecer pela sua atenção, me despedi, mas sem antes ver uma velha fotografia de sua Rainha e um pedido: "Sempre lembre na sua coluna na "Revista Central" que os animais são criaturas de Deus! Tá certo, amigo Ananias!
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Maria de Deus e Ananias dos porcos-anos 70 |
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A porca Rainha era sua maior amiga |