<>Num canto da sala de uma casa localizada na rua da pedra, um velho baú de madeira, de grande valor sentimental, guardava parte da história do casal Oliveira e Silvia. Naquela vida simples e feliz, o adolescente Marcelo Gomes saía correndo do Grupo José Jucá e, adentrando ao doce lar, começava a cantar, utilizando o baú como uma bateria. Naqueles doces momentos, pensava ser um Ringo Starr( Beatles), um Lécio(Fevers), Netinho(Incríveis) ou um Gelson Moraes(do Blue Caps), todos, emblemáticos bateristas. No entanto, foi a sua bela voz e uma interpretação convincente, que chamou a atenção da família e dos vizinhos. Diziam assim "esse menino da Silvia será um grande artista!". Realidade, logo constatada, pelo sanfoneiro Otílio Moura, amigo da família, que começou a ensaiar e dá lições de interpretação ao garoto. Com o apoio dos amigos e forte torcida dos pais e irmãos, participou dos programas de auditório que, naqueles anos, alimentava a vida cultural da terra dos monólitos. Se tornou uma presença, quase obrigatória, por exigência do público, nos eventos artísticos comandados, à época, por José Maria Libório, Manoel das Pernambucanas, Zé Pereira. Passou a disputar a preferência dos jovens quixadaenses com Adailton Menezes, Rômulo e outros. Numa votação promovida pelo programa "Show da Juventude" apresentado por Raimundo Sousa no "Serviço de Alto-Falante Solon Magalhães" foi eleito o "Rei da juventude quixadaense" com uma votação expressiva. Centenas de cartas chegavam aos estúdios que se localizavam na residência do proprietário Adolfo Lopes. Acompanhada da votação ao nome de Marcelo Gomes, um turbilhão de declarações de amor e até pedidos de casamento. Na noite do recebimento do prêmio, grande número de fãs, em cada praça, onde tinha uma repetidora da programação, acompanhava tudo com muito interesse. Marcelo, então, começou a trabalhar profissionalmente, participando de uma banda, comandada pelo amigo Otílio, que se apresentava em diversos municípios do estado. Convidado pelo músico José Raimundo passou a integrar o grupo "Os Dragões" que tinha em sua formação, músicos de qualidade, como José Antonio(guitarra), José Nilton(guitarra), José Cera(baterista), Carlos(baixista), Raimundo Chinês(sax alto), Holanda(trombone de vara) e Zé Raimundo(tecladista). Foi aí, neste momento, que apareceu o músico e amigo Dudu Viana que o convidou a fazer parte de "Os Monólitos" e, assim,cantar ao lado do consagrado intérprete, Zé Maria do BEC, como era conhecido, a quem faz questão de ressaltar ter sido um professor na arte de cantar. No novo grupo, conviveu com notáveis músicos como Zé Pretinho, Mondrongo, Francisco, Vinicius, Luis baterista, Manuel, Tito Maravilha. Vivíamos os primeiros anos da década de 70(século passado) e "Os Monólitos" era considerado como os reis do baile em todo o interior, dando maior visibilidade ao trabalho do novo astro. Nas inesquecíveis vesperais do "Terraço Clube", comandadas pelo saudoso Carmélio Queiroz, recebia o carinho dos fãs e faixas com mensagens de muito amor. Arrancou suspiros e aplausos numa apresentação na "TV Verdes Mares" cantando no programa de Luiz Vieira. Ouviu do apresentador o seguinte conselho: "Menino, vá para o Rio, você tem talento!". Algum tempo depois, foi a cidade maravilhosa, mas não para tentar a carreira artística e sim, trabalhar em outra área, com certeza, vislumbrando um futuro bem mais seguro, digamos assim. Era setembro de 1974. Mesmo com os apelos da família e de Dudu Viana, Marcelo sentia necessidade de se firmar no trabalho. Nos primeiros anos em Volta Redonda, cidade em que mora há 41 anos e constituiu uma segunda família foram de uma grande saudade. Sonhava com os beijos na testa que dona Silvia, todos os dias, lhes dava. Lembrava, com os olhos cheios de lágrimas, os firmes passos de seu pai, no caminho para o trabalho, mas, sem antes deixar de dar o recado: "meu filho, não falte a escola". E as brincadeiras com as irmãs, no quintal da casa, onde a cisterna se transformava num palco, ele imitando o querido astro Paulo Sérgio e as meninas, dançando, fazendo mímicas de Wanderléa, Rita Pavone, Cely Campelo, dentre outros? Mas, como falou o poeta Cazuza, o tempo nunca pára e Marcelo foi se acostumando a nova realidade, agora já com família constituída e a presença de novos amigos neste seu novo momento. Pela seriedade no trabalho, dedicação aos amigos, um coração de criança a bater no peito, conquistou o carinho das pessoas de sua convivência na atualidade. Foram 5 anos longe de seu Quixadá querido, uma vontade gigantesca de pedir bençãos aos pais, sentir, novamente, o gostoso convívio com os irmãos. A saudade só era amenizada pela chegada do carteiro com alguma carta vinda da terra dos monólitos. A distancia nunca foi motivo para Marcelo esquecer os ensinamentos de Silvia e Oliveira, eternos guias de sua vida. Na luta pela obtenção de seu espaço na grande cidade, encontrou seu anjo da guarda, Adélia, com quem contraiu matrimônio e hoje é pai de Marcelo e Alice. Em Volta Redonda, chegou a cantar, algumas vezes, com o pai de sua esposa, mas não profissionalmente. Seu coração está dividido entre Volta Redonda e Quixadá. Em, praticamente todos os anos, vem rever seus queridos pais e os irmãos Narcélio(Quininin), Angela, Francisco Aelio, Josefa, Rosangela, Sílvia, Denise, Márcia, Adriana e Alexandro. Revela que o momento mais difícil que vivenciou foi a morte do irmão, Narcélio, o querido Quininin. Foi uma dor intensa, mas enfrentada com coragem, pois, toda a família, sempre acreditou na existência de um Deus misericordioso. Marcelo tem saudades daquele tempo quando cantava nos "Dragões", no "Os Monólitos", mas confessa ser muito feliz por ter uma família maravilhosa e a abençoada presença física dos seus queridos pais Oliveira e Sílvia. "Ainda hoje, eles são meus guias! Todos os dias, antes de dormir, telefono e peço às bençãos! afirma aquele que já foi um dos maiores ídolos da juventude quixadaense.
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Monólitos anos 70- Zé Maria, Tito Maravilha, Vinicius, Marcelo, Fransquinho, Dudu Viana, Manuel, Mondrongo e Luís |
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Éramos todos jovens |
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Com os pais Silvia e Oliveira |
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Marcelo curtindo a netinha |