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Sangue policial nas veias |
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Pela ordem: Reginaldo, Pe.José Maria, Gomes e Mariana |
"Sentimento do dever cumprido com determinação e seriedade!" Foram as primeiras palavras que ouvimos de Francisco Mulato Gomes, o soldado Gomes, quando o visitamos em sua residência com o propósito de conhecer um pouco a sua trajetória como policial militar e em especial, no trabalho desenvolvido na terra dos monólitos. Desde 1966, quando entrou para as fileiras da polícia, alegrias, tristezas e muitas lições aprendidas. É certo que acompanhou durante os 30 anos que esteve na corporação, mudanças significativas que aconteceram na rotina desses protetores do cidadão. Conversar com Gomes, é tornar possível o conhecimento de um pouco da história desta importante instituição militar e com mais ênfase, a realidade das atividades relacionadas a segurança no interior. Se faz necessário afirmar que ele sempre alimentou o grande desejo de integrar os quadros da polícia militar. Aquela coisa mesmo de sangue policial nas veias. Naqueles anos, os soldados iam cumprir suas missões determinadas pelos comandos sem qualquer contestação. Podia fazer sol ou pintar chuva, tinham que comparecer ao local de trabalho. Não havia viaturas para conduzi-los aos espaços das missões a serem cumpridas. O percurso até esses locais, durante bom tempo, foram feitos à pé mesmo. Ao serem designados para tarefas em outras cidades, ficavam alojados no quartel local, mas sem nenhuma ajuda financeira no caso de alguma necessidade inesperada. O que importava para esses trabalhadores era garantir a ordem e a proteção da comunidade. Em 1966, em Fortaleza, trabalhava em um armazém e ao mesmo tempo realizava exames para adentrar nos quadros da polícia. Durante 6 meses, participou do curso preparatório na Academia localizada no bairro Antônio Bezerra. Sempre muito esforçado, realizou com brilho a sua preparação para a nobre missão e então, tornou-se um soldado pronto como se diz no jargão militar. Atuou em várias localidades como Russas, Alto Santos, Aracati, Morada Nova, Boqueirão do Cesário, sempre exercendo com galhardia o trabalho que resolveu abraçar. Na terra dos monólitos começou a atuar nos primeiros anos da década de 70(século passado) e mesmo realizando um trabalho de organização nos espaços da cidade, conquistou muitos amigos, pois sempre tratou a todos com muito respeito. Quando começou a trabalhar em Quixadá, o comandante da corporação era o capitão Neto. Lembra(risos) de quando era designado para trabalhar em bairros mais distantes, como o Campo Novo, por exemplo, e chovia bastante, tinha que comparecer ao local de trabalho para cuidar da proteção do cidadão. Se rolasse algum lanche, a despesa era do próprio bolso. Acontecia naquele tempo um bem planejado policiamento ostensivo, pois a cidade crescia, adquirindo ares de cidade grande. Para a condução de presos até o quartel utilizava-se um fusca de cor preta que ganhou o simpático apelido de pretinha. Quem estava, na maioria das vezes, conduzindo o veículo era Chico Benedito. A pretinha conduzia muitas pessoas doente aos hospitais e por isso conquistou a população. Quando se aproximava, as crianças anunciavam: "Mamãe, lá vem a pretinha!" As ocorrências eram em grande parte, relacionadas ao uso excessivo de álcool. Gomes lembra que por ordem do comando, o cabaré existente no Campo Velho tinha que encerrar as atividades às 22 horas. Uma radiadora que ficava nas proximidades, anunciava que dentro de 15 minutos era para terminar o movimento. Anos mais tarde, veio de Russas uma Caravan para ajudar no patrulhamento da cidade. Lembra com uma dose forte de saudade, alguns dos colegas com quem conviveu durante muitos anos como Aldir, Ernesto, Pires, Franco, João Branco, Beto, Batista, Edson Gouveia, Sabino, Salviano, Jerônimo, Coronel Carlito, Prado, Oliveira, Tenente Iran e de muitos outros. Patrulhar as ruas naqueles anos era bem mais tranquilo. Havia um trabalho cooperativo, éramos amigos e isso resultava em bons resultados que beneficiava a população. Era bem presente o nosso envolvimento com as pessoas da comunidade e este diálogo possibilitava uma maior proteção para todos, lembra. É do conhecimento de todos que o trabalho do policial militar é dos mais estressantes e que ele sempre vive mais perto do perigo, mesmo no passado. Por esse motivo, Gomes precisava de uma companhia, de alguém que estivesse sempre perto dele nas horas incertas. E foi aí que os céus o presentearam com uma verdadeira deusa que tem sido aquela companheira que sempre esteve(e está) ao seu lado. Mariana Moreira Gomes é o seu nome e para que o casamento se tornasse uma realidade foi preciso passar por cima de muitos obstáculos. Mas, como acontece nas lindas histórias de amor, o enlace matrimonial aconteceu na cidade de russas em 31.10.1970, sob às bênçãos do padre Afonso. Desta abençoada união nasceram os filhos que são o motivo maior do sorriso do apaixonado casal: Reginaldo, Regian, Lídia, Ramon, Efigênia e Marciana. Começaria tudo outra vez? Seguiria novamente a carreira policial? Perguntamos e Francisco Mulato gomes assim nos deu a resposta: " Amava o que fazia! Por destino e pela vontade de deus, cuidei junto com meus colegas da proteção de muitas famílias. Mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos, o amor ao trabalho nos fez fortes, assegurou. Contando um pouco da trajetória do soldado Gomes, estamos dando o mote para que seja contada a trajetória desses cidadãos e bravos protetores do cidadão. Eles precisam ser homenageados, pois engrandeceram a instituição militar e a serviram com dignidade. Vamos em busca destes bravos heróis, atualmente, na reserva, mas com o coração ainda pertencendo a profissão que devotaram um grande amor. Gostaríamos de encerrar o presente texto dedicado a este cidadão de bem com uma oração que ele fazia todos os dias antes de iniciar mais um dia de trabalho: "Eu fiz do Senhor a minha rocha, escudo e proteção e nenhum mal sucederá a minha pessoa ou aos meus colegas!" Gomes você merece os nossos aplausos! Um grande abraço da equipe do blog, dos seus colegas de profissão, da sua família que é a sua grande paixão e de toda a comunidade quixadaense.
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Gomes, cabo Gustavo, Oliveira, Neuton, ?(posto rodoviário, 1981) |
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Gomes na solenidade de formatura de sargentos(1993) |
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Mariana, Gomes e o primeiro neto Matheus |
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Começaria tudo outra vez como policial |
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Gomes e uma amiga da família |
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Momento familiar: Mariana, Reginaldo e Gomes |
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Soldado Gomes e as crianças Reginaldo, Lídia, Ramon e Regian. |
<>Imagens: cortesia da família
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