quarta-feira, 4 de março de 2020

<>FRATERNIDADE, CAMINHO E SALVAÇÃO - - CRÔNICA ESCRITA PELO ESCRITOR E HISTORIADOR JOÃO EUDES COSTA


 <>Com a divina sapiência Deus arquitetou e fez bela a natureza. Colocou as estrelas para enfeitar as noites e colorir as trevas, o sol brilhante para despertar o dia, as árvores e os pássaros para alegrar a terra e amor no coração dos homens para perfumar o mundo.
O criador ofereceu este universo de mistério e fascínio e nada exigiu, nem fez qualquer restrição. Este conjunto da arte divina deveria pertencer a todos. Com total liberdade e perfeita harmonia deveria viver nobres e plebeus, gênios e deficientes. Não ditou padrão racial nem idiomas diferentes, porque a fraternidade deveria ser a linguagem única que todos falariam, pois, na gramática do amor não há erros nem exceções.
Quando permitiu a presença de cegos na terra, jamais imaginou que alguém se negasse a conduzi-los no afetuoso caminho da vida. Se há pessoas com pernas e braços paralisados são porque Deus confiou que braços fortes e pernas sadias ajudassem os deficientes, mostrando a força da solidariedade, a grandeza da fraternidade e a exuberância do amor, néctar capaz de aromatizar o universo, levado pelo vento, soprado pelo céu.
O mestre Criador não imaginou um mundo sem ajuda mútua, com guerras fratricidas, de ódio, vingança e violência. O grande arquiteto não criou o mundo para que os fortes pisassem, impiedosamente, os mais fracos, nem para os poderosos usassem do prestígio e da força para humilhar o irmão indefeso. Agoniza no leito enfermo e preste a sucumbir o mundo de compreensão, onde a fraternidade deveria ser a força capaz de sufocar a maldade, extirpar o ódio e sepultar a violência. Encontra-se moribundo porque lhe negamos a união, remédio para a sua cura e lhe aplicamos mortais punhaladas com o punho da desunião e do desamor.
A ausência da fraternidade já poluiu a alma pura das crianças que ontem abandonamos e hoje exigimos que as ponham em cárceres, como se não fosse a nossa indiferença, o egoísmo e a ganância responsáveis pelos criminosos que, agora, apavorados, colocamos nos presídios.
Não foram os fracos, os deficientes, desamparados e humildes trabalhadores que cobriram de luto o mundo pelo crime e pela miséria. Os fortes, os poderosos, os que detêm o poder e manuseiam o destino da massa foram os organizadores do mundo de violência, de crimes, sem fraternidade e afeto.
A igreja católica administrou seu prestígio, sua força e sua riqueza, por vários anos, numa omissão revoltante, ao lado e sob a proteção do poder. Tocada pela inspiração divina, renunciou tais privilégios para ficar ao lado da dignidade, clamando justiça, solidariedade  e amor.
A campanha da fraternidade deste ano tem como tema “Juventude Caminho Aberto”. Neste imenso fogo que incendeia e destrói a fraternidade, os jovens indefesos e excluídos do processo do bem estar e das decisões administrativas foram as primeiras vítimas atingidas pelas lavas mortíferas do vulcão enfurecido.
Se quisermos reerguer o grande monumento da fraternidade e do amor, teremos que iniciar pela  reconstrução de seu alicerce e este é representado pela juventude, fundamento principal desta gigantesca obra. Não se recupera um edifício aproveitando-se pilastras corroídas, telhados apodrecidos, usando-se a mesma argamassa que o fez ruir.
Se a abra da fraternidade mostra um glorioso  caminho para a juventude, não adianta encostá-la ao peito, se a abraçamos com ódio e repulsa. Teremos que lhe dar as mãos, emprestar-lhe nossas forças e abrigá-la no fundo de nossos corações.
Foi Deus quem demonstrou  esperança na força do amor, pondo frágeis criaturas no mundo, confiando na generosidade dos fortes, porque o afeto, une, fortalece, iguala e dignifica a pessoa humana
<>Imagens retiradas da Internet